Sam sofreu o dia todo e não conseguiu prestar atenção nos professores. Sentia-se culpado por Dean estar perdendo todas as aulas do dia. Estava também preocupado com ele. Dean era durão, não gostava de dar o braço a torcer. E se a pancada tivesse sido forte demais e ele estivesse realmente passando mal, sozinho, sem pedir ajuda a ninguém? O louro, que antes ignorava Sam, agora devia achá-lo o brutamontes mais agressivo do universo. Devia odiá-lo.

Com pouco apetite, Sam não comeu quase nada no jantar e se retirou para o quarto mais cedo que de costume. Sentia um aperto no peito e precisava pedir desculpas a Dean e verificar se ele estava bem. Ele foi então até o quarto do louro e bateu na porta. Dean abriu.

- Ahh... É você? O que foi? - perguntou ele com a habitual cara de indiferença.

- Ahh – Sam perdeu a fala por alguns instantes, sentindo-se nervoso. Dean apenas o olhava.

- Bem... É... Está tudo bem com você?

- Claro que sim – Dean deu um risadinha debochada, como se fosse impossível que qualquer atitude de Sam pudesse afetá-lo de alguma maneira.

- É... Eu queria só te pedir desculpas. Eu não tive a intenção de te machucar...

- Não me machucou, eu aproveitei para matar essas aulas chatas. E quanto às desculpas, não precisava ter se dado ao trabalho. Para mim tanto faz.

E dizendo isso Dean fechou a porta. Sam ficou novamente irritado. Ele passou o dia todo preocupado, e Dean, de novo, mostrava-se frio e inatingível. Sam não conseguia nem mesmo que Dean sentisse raiva dele. Aquele infeliz era simplesmente indiferente a qualquer coisa. Não tinha sentimentos. Sam então decidiu que pensaria no pior dos castigos para Dean e ganharia o desafio proposto por Clark.

No dia seguinte Castiel, Clark e Oliver ficaram felizes ao ver o velho Sam de volta, já doido para aprontar com Dean. Na hora do almoço eles se reuniram para conversar sobre a aposta. Era domingo, portanto tinham o dia livre para fazer o que quisessem. Clark passara a manhã toda pensando nas regras do jogo.

- Vamos as regras! - disse Clark animadamente – Bem, a minha ideia foi a seguinte. Cada um de nós vai sortear uma data para pôr em prática a sua brincadeira. Hoje é dia 31 de Maio, e eu coloquei nesse saquinho papéis com datas que vão desde amanhã, dia 01 de Junho, até dia 20 de Junho. Cada um retira o seu papel e mostra para os outros.

- Ahhh, mas assim quem tirar datas mais distantes terão vantagem, pois além de ter mais tempo para pensar, poderão ver a reação do Dean aos ataques anteriores e planejar sua brincadeira de acordo. - Opinou Oliver.

Castiel respondeu por Clark.

- Sim, mas ao mesmo tempo, Dean estará mais desprevenido nos primeiros ataques. Depois que ele perceber que nós decidimos aprontar com ele, não será tão fácil pegá-lo de surpresa.

- Pois é, e por isso vamos pegar as datas de forma aleatória, assim ninguém pode reclamar – disse Clark.

- E qual vai ser o prêmio para o vencedor? – quis saber Oliver.

- Sabe aquele trabalho de grupo insuportável que vamos ter que fazer de geografia? O vencedor só precisa assinar o nome, não precisa fazer mais nada. Que tal?

Todos concordaram. Também concordaram que o "atacante" da vez poderia pedir ajuda aos colegas caso fosse necessário, e que estes não poderiam se negar a ajudar. A ideia em si era o que mais importava, e não a sua execução. Todos iriam trabalhar para que os planos saíssem da melhor forma possível, pois o objetivo principal de fato era chatear Dean. Não fazer o trabalho de geografia era apenas um bônus para quem tivesse a melhor ideia.

- Bem, e por último mas não menos importante – prosseguiu Clark – é que o "ataque" não pode ser um ato de violência física. Nós podemos xingar, assustar, sujar... A única regra é não machucar.

Castiel, Sam a Oliver concordaram e ficou decidido que aquele que machucasse Dean seria desclassificado. Clark então estendeu um saquinho contendo vários papeizinhos dobrados, cada um com a anotação de uma data. Oliver foi o primeiro a enfiar a mão no saquinho e tirar sua sorte:

- Dia três de Junho! Não acredito, é daqui a três dias... Não vou ter muito tempo para pensar! Que droga! – esbravejou o louro.

- Para de reclamar, Oliver. Quem mandou ser azarado – disse Clark sorridente. Depois o menino estendeu o saco em direção a Sam.

- Dia quinze de junho... – O garoto não comentou nada, mas ficou decepcionado. Gostaria de ter tirado uma data mais próxima, pois não via a hora de aprontar alguma coisa logo.

Depois foi a vez de Castiel. Para surpresa geral ele conseguiu tirar uma data ainda anterior à de Oliver.

- Ahhh, ninguém vai acreditar no que eu tirei! Primeiro de junho! – Disse ele rindo e mostrando o papelzinho para os amigos – vou ter menos tempo que você, Oliver...

Por fim Clark enfiou a mão e também tirou sua sorte

- Dia dezesseis de junho! Um dia depois do Sam.

Todos concordaram que o Sam tinha sido o mais sortudo, afinal, além de ter tempo para pensar, Dean não estaria esperando um ataque depois de tanto tempo passado dos ataques de Castiel e Oliver. Clark teria tempo também, porém, tendo sido recém atacado por Sam, Dean estaria mais alerta. Isso até Castiel se lembrar de um detalhe importante.

- Gente, dia quinze de junho é um dia especial! É dia de visita das famílias! Nós não teremos aula... –exclamou o moreno de olhos azuis.

Isso poderia ajudar Sam, mas poderia atrapalhar muito também. Principalmente porque aquele seria o primeiro dia de visitas desde que Sam entrara na escola, então ele nem sabia muito bem como seria. Os outros meninos lhe explicaram como era. Os familiares vinham visitar, almoçavam com os meninos e muitos davam a eles doces e guloseimas de presente. Sam, que sentia saudades de seus pais e irmã, estava muito empolgado em revê-los. Mas teria que preparar o seu "ataque" para esse mesmo dia.

Sam passou o resto do dia pensando de que forma poderia conseguir uma reação de Dean. Chegou a pensar no lindo quadro que o louro pintava na praia. Na certa ele iria se chatear se Sam pintasse um bigode naquele rostinho perfeito do quadro. Entretanto, aquele foi apenas um pensamento passageiro, pois Sam jamais faria isso. Ele inconscientemente considerava a praia como um segredo seu e de Dean, e não queria que ninguém mais compartilhasse isso com eles.

Quando se encontrou com seus amigos no dia seguinte ainda não havia conseguido ter sequer uma ideia razoável. Teve pena de Castiel que tinha que fazer seu "ataque" naquele mesmo dia.

Castiel não pediu ajuda, e não demorou a pôr sua ideia em prática. Logo na primeira aula do dia a professora de matemática chamou Dean ao quadro negro. Assim que o menino se levantou, a turma toda percebeu uma gosma nojenta grudada na parte traseira de sua calça. A gargalhada foi geral. Castiel chorou de tanto rir. As únicas pessoas que se mantiveram sérias foram Dean e a professora. O garoto pouco se importou, e a professora ficou zangada. Deu uma bronca na turma.

- Como podem ser tão imaturos! Quem colocou essa coisa na cadeira do Dean? – esbravejou ela.

Como ninguém se acusou a professora apenas continuou seu discurso para turma, chamando todos de infantis e sem graça. Mandou Dean ir até o quarto trocar de calça apesar da gosma aparentemente não incomodá-lo. Os quatro amigos notaram com indignação que Dean saiu até satisfeito da sala, após ter escapado de resolver as equações.

Mais tarde o grupo de amigos se reuniu para discutir o "ataque" de Castiel. Infelizmente ele fora muito mal sucedido quanto ao propósito da competição, ou seja, Dean permaneceu totalmente indiferente à brincadeira. Entretanto todos concordaram que tinha sido bastante engraçado, e dado o pouco tempo que o menino tivera para pensar dificilmente poderia ter conseguido muito mais do que aquilo.

O próximo competidor agora era Oliver, e ele teria mais dois dias para arquitetar seu plano... Oliver não quis comentar sobre seu "ataque", mas logo no dia seguinte já apresentava um semblante maquiavélico. Disse que estava encomendando algo muito especial, mas que preferia manter segredo.

Enquanto isso, Sam também colocava a cabeça para funcionar. Qual seria o plano ideal? Sujar e xingar não pareciam nada eficazes contra o inabalável Dean... Acabou chegando a conclusão que a melhor opção seria assustá-lo. Lembrou-se de uma loja especializada em história natural e taxidermia localizada próximo à casa dos seus pais. Eles tinham produtos assustadores: caveiras, esqueletos de pequenos animas, bichos empalhados... Como o seu dia de atacar seria exatamente no dia da visita, teve a brilhante ideia de pedir para a sua irmã lhe trazer um "presentinho" especial. Finalmente pôde sossegar, satisfeito com o plano que teve.