O Castelo Dos Meninos escrita por Lady Padackles


Capítulo 4
Capítulo 4




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Fazer da vida de Dean um inferno... Esse era o novo propósito da vida de Sam. Toda a admiração que antes o moreno nutria por Dean, agora transformara-se em raiva. Uma sentimento que logo Sam percebeu que não se aliviaria se ele apenas se apropriasse das merendas do louro, o que ele fez seguidamente durante uma semana inteira. Dean sempre lhe entregava tudo o que tinha de bom grado, o que só servia para deixar Sam ainda mais irritado.

Para provocar o louro, Sam passou a pegar sua merenda e jogá-la no lixo logo em seguida, ou amassá-la com as mãos, destruindo o que quer que fosse. Nada disso adiantava para tirar Dean de seu estado de absoluta calma. Certo dia, Sam e Castiel estavam na lanchonete da escola quando viram Dean passar por eles tomando sorvete. Sam notou-o imediatamente e seus olhinhos faiscaram ansiosos.

- Eu estava esperando por isso há dias! – disse sorrindo para Castiel. Em seguida foi até o encontro de Dean, e como todas as vezes anteriores recebeu o sorvete sem precisar pedir. Sam então chegou mais perto do louro, segurou a gola de sua camisa e enfiou o sorvete ali dentro. Dean estremeceu quando o creme gelado tocou sua barriga morna, e afastou a camisa do corpo para que o sorvete se soltasse e caísse no chão. Ele então olhou para Sam surpreso. O moreno sorriu. Em seguida, Dean desviou o olhar e abriu o livro que carregava consigo, ignorando Sam novamente. Nem mesmo foi ao banheiro para limpar a roupa.

Sam voltou para perto de Castiel. Gostou de ver a surpresa no olhar de Dean, porém voltara a ficar com raiva quando o louro o ignorou.

- Sam, o que foi aquilo? – Castiel perguntou rindo, fazendo a amigo sorrir também.

- Você viu que o infeliz nem foi limpar a camisa? – Sam perguntou indignado.

- Castiel apenas riu. Nessa hora Clark e Oliver chegaram e se uniram a eles.

- O que foi? Mais uma tentativa fracassada do Sam contra o Dean? – Quis saber Clark.

Sam acenou afirmativamente, e Castiel contou sobre o que o amigo havia feito com o sorvete. Clark e Oliver acharam muita graça da história.

Mas ele pouco se importou... – comentou Sam tristemente. – Acho que nada que eu faça vai fazer esse infeliz cair na real e perceber que ele não é melhor que ninguém aqui.

Talvez não adiante mesmo ficar insistindo com esse lance de merenda... – sugeriu Oliver. Talvez a gente devesse mudar de tática. Quem sabe dar a ele algum apelido irritante?

Todos gostaram da ideia. Muitos meninos naquela escola tinham apelidos que eles simplesmente detestavam. O Arthur, garoto gordinho e guloso, era conhecido como "Eleglutão". Era só ouvir esse apelido que o menino saía de si. Tinha também o "Quasímodo", que era ligeiramente corcunda; o "Girafeio", que era pescoçudo e feioso; o "Beiçorão" que era beiçudo e chorão... E além desses, vários outros.

Os quatro amigos ficaram sentados em silêncio pensando, até Sam dar a primeira sugestão.

- Que tal "Frackles"?

Os outros olharam para ele sem entender – Por que? – Castiel então perguntou.

- É uma mistura de "freckles" e "Ackles".

Castiel, Clark e Oliver continuaram a encará-lo confusos.

- Por causa das sardinhas que ele tem...

Sam então parou de falar sentindo-se envergonhado. Corou. Será que eles nunca haviam repararam naqueles pintinhas que o Dean tinha no rosto?

- Ah deixa pra lá – disse Sam – Esquece... Vamos pensar em alguma coisa melhor.

Os meninos ficaram em silêncio, aparentemente tentando pensar em algum apelido que prestasse. Infelizmente para eles Dean era perfeito demais, o que tornou a tarefa difícil. Acabaram se decidindo por um apelido bem comprido: "bicha do nariz empinado". Nos dias que se seguiram o louro foi perseguido pelos quatro amigos que tentaram irritá-lo em vão com o novo nome. Sam tornava-se cada vez mais amargo com a indiferença de Dean.

Certo dia, Sam estava especialmente de mau humor. A primeira aula que teria depois do almoço era a mais chata de todas: história. A professora, Senhorita Evans, era enjoada, e falava baixo e arrastado. A aula durava três longas horas, que pareciam aos meninos uma eternidade. Sam havia dormido tarde preparando um trabalho que precisava entregar à professora naquele dia, e por isso se sentia especialmente cansado. Durante o almoço, o garoto como sempre se sentou com seus três amigos. Assim que começou a comer, entretanto, lembrou-se que tinha largado o trabalho em cima da mesa de seu quarto.

- Que merda! - reclamou ele em voz alta, surpreendendo os colegas.

O menino engoliu a comida o mais depressa que pôde e correu em direção ao dormitório para recuperar seu trabalho e tentar chegar a sala de aula sem muito atraso. O caminho estava deserto, pois todos a essa hora já estavam no refeitório ou se encaminhando para as aulas. Foi então que Sam, surpreso, avistou um garoto escalando o muro da escola. O menino correu assustado até o colega para ver o que estava acontecendo. Não que o muro da escola fosse alto ou difícil de escalar, porém do outro lado dele havia apenas um amontoado de pedras que desciam até de encontro à praia, a vários metros de distância abaixo do nível da escola.

- Hei, o que você pensa que está fazendo? - Sam foi logo perguntando aflito. Seu espanto foi ainda maior quando ele olhou o menino de perto e reconheceu Dean.

- Estou indo à praia – o louro respondeu com naturalidade, já do outro lado do muro.

- Como assim? Você vai descer tudo isso a pé?

- Vou.

- E vai perder a aula de história?

- Sim. - Dean respondia monossilabicamente enquanto descia pisando cuidadosamente nas pedras.

Sam ficou indignado. Dean fazia o que bem quisesse, e ele teria que ir para a detestável aula de história... Aquilo não estava certo. Sem pensar, o moreno pulou o muro atrás do louro.

- Então vou com você – anunciou ele.

- Faça o que quiser – respondeu Dean, como sempre pouco se importando.

Dean descia depressa, como se já estivesse acostumado com o caminho. Sabia exatamente por onde passar. Sam foi seguindo desajeitadamente e com medo de cair. Por pouco não acabou desistindo, mas não queria que Dean o achasse um moleirão. Apesar de cansado e com remorso de estar matando aula, após algum tempo de caminhada, Sam sentiu-se animado. Uma agradável brisa que vinha do mar acariciava seu rosto, aliviando a sensação de calor. Era um dia claro, ensolarado e a visão que tinha da praia e do mar era estonteante. O menino desejou ardentemente se refrescar nas águas do mar e desfrutar de todo aquele paraíso. E Dean estava indo com ele... Iriam matar aulas e pular ondas juntos... Por algum motivo aquilo fazia Sam sorrir.

O que aconteceu na praia, entretanto, foi muito diferente do que o menino previra. Assim que Dean colocou os pés na areia, ele se encaminhou para um pequena gruta de onde tirou uma tela, tinta e pincéis. Sam ficou olhando sem entender.

- O que você está fazendo? - ele então perguntou a Dean.

- Eu vou pintar – respondeu o louro sem lhe dar muita atenção. Começou a misturar as tintas compenetrado.

- Você vem aqui sempre? Deixou todo esse material aqui para pintar?

Dean apenas acenou afirmativamente com a cabeça.

- Não vai entrar no mar? - Sam então perguntou desapontado.

- Não.

Sam ficou sem ação, afinal, para ele, se alguém estava indo a praia era para mergulhar no mar... Bem, mas se Dean não ia entrar na água, aquilo não era problema dele, ou pelo menos não deveria ser... Sam ficou exitante. Deveria tirar as roupas e ficar apenas de cueca? O que ele deveria fazer? Ficou aflito olhando para o rochedo que teria que escalar, e dessa vez subindo, para voltar a escola. O que ele estava fazendo ali afinal? Enquanto tudo aquilo passava por sua cabeça, Dean pintava calmamente. O moreno sentiu-se enganado e teve vontade de esganar o louro. Voltou-se para perto dele.

- Por que não me avisou que não ia nadar? - perguntou com um tom indignado.

- Você não perguntou. E eu estou pouco ligando para o que você veio fazer aqui, então me deixe pintar em paz.

Sam então se virou para ver a pintura que o colega fazia. Era uma pintura muito bem feita, o retrato de um menino lindo e louro. Sam notou surpreso que Dean pintava a si mesmo. Dean não o impediu que olhasse e aparentemente não se importou com o fato, continuando seu trabalho.

O fato de Dean estar pintando sua própria imagem ofendeu Sam profundamente. Aquela era a prova de que ele era um narcisista que só pensava em si. Sam então se afastou, se despindo furiosamente. Se jogou contra as ondas do mar, sentindo um misto de tristeza e raiva. Mas de alguma forma o sol quente, o frescor da água e o balançar das ondas acabou por relaxá-lo e Sam nem viu mais o tempo passar. Quando deu por si Dean já havia guardado seu material e se encaminhava para subir até a escola.

- Se eu fosse você voltaria agora, já vai anoitecer e é perigoso subir no escuro – Sam ouviu Dean dizer, enquanto se encaminhava para começar a sua escalada.

Sam então voltou para a areia e colocou suas roupas que colaram no corpo molhado. Dean não esperou por ele, e foi se distanciando cada vez mais e sem olhar para trás.


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Notas finais do capítulo

Comentários? pleeeeeeaaaaaasee! :)