O Cajado Da Primavera escrita por Natacha


Capítulo 4
Um pesadelo, ou um pedido?




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Will conversava bastante comigo, na verdade, ele era sociável com todos na sala, sempre sendo simpático com todos. Aquele típico garoto “príncipe” de toda escola. Algumas pessoas me olhavam meio torto se ele falasse algo comigo. O sino tocou, havia chegado a hora do intervalo, fui para o refeitório... Ou melhor, zona de guerra. É como nos filmes, cada grupinho possuiu sua mesa, cada um marcando seu território, tinham as mesas dos “excluídos”, mas eu realmente não queria me sentar lá. Peguei o meu lanche e saí daquele lugar. Subi as escadas até chegar na “laje” da escola. Eu gostava dali, podia ver tudo o que acontecia lá em baixo, eu comi minha comida e depois fiquei sentada no chão, de costas para o “pequeno muro” que me separava de cair á uma enorme altura. Encostei meu dedo no chão e fechei os olhos... Quando abri toda a parte que antes era piso, havia se transformado em uma pista de gelo, sorri pra mim mesma e me levantei, quase cambaleei, mas me posicionei em pé, comecei a dar um passo, e então outro, depois fui aumentando a velocidade, logo eu já estava deslizando pelo gelo. Eu adorava fazer isso, ás vezes enquanto eu patinava começava a rir do nada, era de certa forma prazeroso poder ter domínio sobre o gelo, de repente escutei um ranger de porta e escutei um barulho de queda, derrubando algo e fui correndo, quer dizer... Deslizando ver o que era, quando cheguei não pude evitar soltar uma gargalhada, Will Pevensie havia caído e tentava se levantar mas deslizava e caia de novo.

–-- Er... Bem que uma ajudinha seria boa. --- Disse ele meio sem jeito.

Finquei bem meus pés no gelo e ergui minha mão para Will, ele a segurou, mas mesmo assim ainda cambaleava, eu o ajudei a ficar em pé e ele finamente conseguiu.

–-- Não sabe patinar? --- Perguntei.

–-- Não no gelo. --- Respondeu ele ainda um pouco tenso esperando á qualquer minuto se espatifar no chão novamente. --- Então aqui é seu esconderijo?

–-- Na verdade... Ele é até bem visível, e à mostra. --- Respondi abrindo os braços e mostrando o local. --- Mas, as pessoas raramente olham pra cima.

Will arriscou dar mais um passo e depois mais um, até me alcançar.

–-- Vamos sentar, por favor... --- Pediu ele quase implorando.

Deslizei e o ajudei a patinar junto comigo até onde eu estava sentada.

–-- Perséfone não é muito fã do frio. Destrói algumas plantas, e a faz lembrar-se da irmã dela, que é relacionada ao inverno. --- Falou ele.

–-- Poxa, parece que finalmente apareceu algo do qual talvez você não possa ser perfeito. --- Ironizei um pouco.

Will riu um pouco deprimente.

–-- Não sou perfeito. Sabe, ela também é a rainha do submundo, da escuridão. Tenho um lado negro também.

–-- Acho que todos nós temos. --- Falei criando pequenas bolas de neve e montando um boneco.

–-- É relaxante aqui, e poder conversar com alguém que sabe mais ou menos o que você passa... Não importa o quanto você tente ser normal, parece que os outros mortais, simplesmente nunca vão poder te ajudar, te compreender.

Eu estava em meu juízo perfeito porque ao que me parecia Will estava se sentindo bastante deprimido. Olhei pra ele tentando o decifrar.

–-- Por favor, espero que não esteja tentando me congelar com esses olhos azuis. --- Brincou ele.

–-- Desculpe! É que eu estava apenas, tentando analisar algumas coisas.

–-- Como?...

–-- Você tem me motivado bastante, e eu não faço a mínima ideia de como te motivar... Talvez tente algo como... Sorrir?

Will gargalhou.

–-- Você é realmente imprevisível. --- Disse ele.

–-- Acho que nem precisa dessa dica, já faz isso o bastante.

Ficamos em silêncio por um tempo.

–-- Tenho tido uns sonhos estranhos... --- Contou Will.

–-- Estranhos como? --- Perguntei.

–-- Não sei direito... Eu vejo um cajado, ele está no meio de um enorme campo grama é verdinha, as flores desabrocham... Mas então vem uma brisa gelada e o cetro some, toda a linda paisagem começa a morrer. Sei que talvez seja estranho ou talvez até indelicado contar isso à você, mas é que sinto que preciso decifrar isso...

Fiquei pensando naquilo... Foi a brisa gelada que levou o cajado, não poderia ser minha mãe não é?! Ou, poderia...

–-- E então você tem desconfiado que é mais do que apenas um sonho? --- Perguntei.

–-- Sim... Mas ás vezes podem ser só pesadelos.

Ri ironicamente e disse:

–-- Você é um semideus... Pesadelos nunca são pesadelos...

Ele me olhou um pouco desconfortável.

–-- Você acha que talvez tenha haver com...

–-- Quione? --- Disse o interrompendo. --- Não sei... Mas porque ela faria isso? Tipo... Ela gosta do gelo, só que... --- Me calei, me dei conta que não podia dizer nada a favor, nem contra minha própria mãe... Afinal, eu nunca a conheci. --- Eu vou voltar pra sala. --- Decidi impulsivamente. Me levantei e saí quase correndo por cima daquela 'pista de gelo'.

–-- Susan, espere! --- Will protestou. Ele deve ter tentado se levantar e deslizado, mas nem sei... Eu já havia ido embora pra sala.

Não nos falamos na sala, e fui embora o mais rápido possível... Parece que só agora havia caído minha ficha... Eu não conhecia minha mãe, eu não sabia como ela era, o seu temperamento... Afinal, eu poderia chamá-la realmente de mãe?


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Notas finais do capítulo

O próximo capítulo vai demorar um pouco a ser postado, porque vou estar um meio ocupada esses dias e_e Espero que tenham gostado desse *-*



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