Nisi Amare escrita por LA_Black


Capítulo 16
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

notas/LA_Black:
Antes que me batam, a culpa foi, primeiro, da minha mãe e, segundo, da minha Internet. CTBC é "bão" demais gente. ¬¬'
Vocês viram a capa e a sinopse novas? Fiz com todo amor e carinho. E espero que gostem dela, assim como espero que gostem desse capítulo. Vou tentar postar outro antes de sábado e antes que vocês descubram uma forma de enviar bombas via Nyah! rsrsrs
Aproveitem a leitura.



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A primeira vez que estivera naquela cidadela escondida da civilização fora há quase sete anos. Eram férias de verão e ele tinha três meses para aproveitar a natureza e a famosa reserva vegetal e animal da qual Lorem fazia parte. Em outras palavras, curtir. O que significava traçar muitas mulheres.

Porém, infelizmente, certa nativa ofuscou as outras mulheres que poderiam ter passado por ele durante esses meses. A pele morena, os olhos com a medida certa de doçura e malícia e, obviamente, o corpo delgado o enfeitiçaram.

Enganar a nativa não havia sido difícil, apesar de extrovertida, ela era completamente inexperiente em se tratando de paixão e sexo. Para a sorte de ambos, ele estava mais que disposto a ensinar os prazeres da carne.

Quem diria que ele encontraria sua primeira virgem no meio de uma reserva natural? E quem diria que ela ainda tentaria lhe dar o golpe engravidando? Mas Scott era esperto. Ou se achava. Assim que Samantha contou-lhe sobre a gravidez, ele tratou de dispensá-la e entregar a quantia equivalente a um aborto.

Agora, anos após o ocorrido, lá estava ele em um carro alugado, cruzando a rodovia principal em direção à Lorem. Não sabia por que resolvera passar por ali novamente, alguma compulsão por aventura. Ele só acordara na manhã anterior com uma vontade enorme de viajar até Lorem e atormentar um pouco a pequena Samantha.

Scott gargalhou e correu os dedos pelos fios louros. A garrafa de cerveja, apoiada no banco do carona logo foi tomada por ele, num gole generoso. Uma olhada no retrovisor, apenas para checar se tudo estava normal, e focou os olhos verdes na estrada à frente. Bem no ponto em que uma figura, coberta por um manto negro, estava parada. O pé, automaticamente, pressionou o freio e as mãos giraram o volante para a esquerda, somente o suficiente para não atingir a pessoa.

Entretanto, ele calculou errado. O carro acertou em cheio o pedestre. O corpo dele girou sobre o capô e desapareceu, enquanto Scott, dentro do veículo, capotou diversas vezes na estrada, até parar rente ao tronco de uma árvore.

A garrafa com a bebida quebrara, assim como os vidros do carro e alguns ossos do corpo do motorista imprudente.

Scott sentia o sangue escorrendo testa. Pingando no mesmo ritmo em que a gasolina tocava o asfalto.

A visão começava a anuviar-se, mas ele teve tempo de ver um manto escuro arrastar-se silenciosamente até sua janela. A falta de ruídos o fazia escutar nitidamente o coração retumbando como um desesperado, tentando salvar um corpo entregue à morte.

Então o manto parou.

O frio que Scott sentia aumentou absurdamente e, a última coisa que ele viu, antes de apagar, foi uma luz verde o cegando.

...

Escuro.

Gelado.

Solitário.

Ela tinha certeza de que estava com os olhos abertos, mas, mesmo assim, não conseguia enxergar um palmo a sua frente. Com os braços esticados, tentou encontrar algo sólido ao redor. Nada. Não havia uma só parede, ou algo em que pudesse se apoiar.

O vazio era para ser, ao menos, calmo. Não este. Kahli sabia que havia algo a espreita. Assim como sabia que algo se aproximava, como a serpente mirando a presa indefesa.

Um passo para trás. Uma pequena faísca.

As chamas começaram a poucos metros, a centelha verde tomando conta do que ela acreditava ser o chão, depois se alastraram ao redor de Kahli. Queimando como o gelo queimava. O frio cortando seu corpo. O rosto ardendo com as lágrimas que caiam e logo eram transformadas em pequenos cristais de granizo. As labaredas lambendo sua pele, a dor sugando os ossos das pernas... dos braços.

Kahli sabia que gritava, a dor lancinante na garganta lhe indicava isso, entretanto, os ouvidos pareciam inúteis. Ela não escutava nada. Ou seria sua voz que não funcionava?

Buscando trazer sua fala para o exterior, Kahli levou as mãos ao pescoço. A força ali exercida machucou o único pedaço de seu corpo que ainda estava sadio e não adiantou em nada. Então ela soltou. No mesmo instante, as chamas se fecharam, não restando uma parte que não estivesse consumida pelo fogo.

Respirar tonara-se inviável.

Ver algo ali era impossível.

Com as palmas viradas para frente, tentando conter as chamas esverdeadas, ela se concentrou na dor espalhada pelo corpo. O medo subindo pelos membros e concentrando-se no peito. O frio das flamas incomuns transformado em fogo. O fogo transmutado em poder. Poder exalando por seus poros.

De repente, as mãos não estavam mais doendo. Elas estavam quentes, emitindo uma luz avermelhada e, inesperadamente, contendo o mal presente nas chamas. E, abandonando o brilho inibido, elas irradiaram o fulgor vermelho rosé que sufocou o incêndio.

Kahli observou com estranhamento as mãos, que pareciam faróis, se apagarem aos poucos. A claridade diminuindo até restar uma pequena espiral em cada palma. Espiral que se desenrolou em uma energia brilhante e se arrastou por sua pele. Braços. Ombros. E ela sabia, não precisava enxergar através da blusa destruída, que as duas linhas brilhantes pararam bem em seu coração. Foi ali que o calor aumentou. Foi ali que ela sentiu a dor cortar. Foi apenas com essa dor que ela pode escutar seu grito.

Apertando o centro do tórax, Kahli despertou.

Só um sonho. Só um sonho.

Respirava em um ritmo entrecortado e olhava para a janela freneticamente, como se houvesse alguma coisa lá fora que não fosse o exemplo de bondade.

Assustar-se com qualquer coisa, ou sonho, nunca fora de seu feitio, entretanto, agora parecia ser sua realidade. Passou as mãos pelos fios negros, apertando mais os cabelos no rabo que estava frouxo. Enrolou uma mecha no indicador e pôs-se a torcê-la indiscriminadamente. É... Ela estava nervosa.

Pousou os olhos escuros na janela, novamente.

É claro que tinha alguém lá fora! E o fato confirmou-se ao escutar a parede ser arranhada. O coração pulsou forte contra as costelas e Kahli engoliu em seco. Adquirindo uma enorme vontade de desaparecer, ela se apertou à cabeceira da cama e apertou as cobertas entre os dedos compridos.

O tempo pareceu se arrastar, enquanto o barulho ficava cada vez mais próximo. Com a vista vidrada, a jovem aguardava o momento em que, aquilo que esperava do lado de fora, pularia para dentro do quarto e terminaria o que iniciara na noite anterior.

Talvez seja apenas a árvore em frente à janela.

Assim, contrariando suas expectativas, quando o vidro da sacada abriu-se e uma enorme massa aterrissou no piso, ela pulou da cama e correu em sua direção.

O encontro dos dois corpos trouxe o alívio que, ela acreditava, jamais se acostumaria. Percorrendo as costas largas, suas mãos passearam pelos músculos definidos e pararam nos ombros fortes. Sem hesitar, escondeu o rosto no peito coberto por uma fina camisa e aspirou o cheiro peculiar feito sob medida para ela.

— Você está bem? — Jacob perguntou, apesar de saber que a resposta, independente do que ela dissesse, seria não.

— Sim — a voz saiu abafada.

— Acredito — colocou o queixo na cabeça de Kahli e fechou os braços em torno do corpo frio dela.

— É verdade — insistiu, enquanto sentia o coração acalmar-se e a respiração se normalizar.

— E eu acredito.

Descendo mais as mãos, Jacob segurou-a pelas coxas e a ergueu nos braços. Kahli apenas ajeitou melhor a cabeça e se deixou ser levada de volta para o colchão ao qual ainda estava desacostumada.

— Melhor? — Ouviu Jacob questioná-la, após ambos se ajeitarem na cama, um de frente para o outro.

— Sim — respondeu, abrindo os olhos e encontrando os castanhos tão familiares e, ao mesmo tempo, recentes.

— Vou querer saber o que aconteceu? — Sorriu de lado, quebrando toda a tensão.

— Só um pesadelo. — A cabeça sacudindo de um lado a outro, não deixou margem para que Jacob insistisse no assunto. — Como sabia que eu precisava... precisava de você?

Kahli sempre teve o costume de ser direta, contudo essa determinação acabou pegando Jacob desprevenido e ela também. Acabara de admitir – e em voz alta – que precisava dele. Mas não era só isso. O “precisar” englobava o fato de que ela estava balançada pelo cara que a salvara. Estar com ele se tornara muito mais que a ajuda que Jacob parecia oferecer de bom grado. Sentir isso, quando nunca sentira, era assustador e surpreendente. E Kahli queria saber até onde aquele sentimento daria.

— Eu sinto quando precisa de mim. Simples. — Abriu o sorriso branco que a encantava.

— Não — o contrariou, esticando a mão para passar sobre os curtos fios de Jacob, uma intimidade que ela não sabia ter. — Não é simples. Mas por hora basta.

— Você não gosta das respostas simples, não é? — Fez uma careta, fechando os olhos ao sentir os dedos de Kahli passeando por sua nuca.

— Não, prefiro as respostas complexas e difíceis de conseguir.

— O que me lembra... Aquele não foi o melhor pedido de encontro da sua vida, não é? — Soltou uma risada curta, sendo seguido por Kahli.

— Considerando que só me chamaram para sair duas vezes, foi um ótimo pedido.

— Não, não foi.

— Foi ótimo, Jacob. Não sei por que essa implicância. Você pediu eu aceitei. Ponto. — Terminou, cerrando os olhos, enfezada. Tudo bem, ele não estava muito seguro quando a chamou, mas se ela aceitou foi porque realmente queria. Aquela não era como as outras vezes em que saiu com rapazes apenas para deleite da mãe e de Samantha.

Parecendo ignorar a última fala de Kahli, Jacob ergueu uma das mãos e escovou uma pequena mecha dos longos fios negros para longe do rosto dela. Não querendo quebrar aquele contato, deixou-a palma acariciar a pele do rosto. Os dedos acalorados escorregando pela testa, maçã do rosto, queixo, até parar, finalmente, no pescoço. Engoliu a onda de desejo que surgiu. Não era suficiente. Ele queria fazer aquele mesmo caminho, mas com os lábios. Queria deslizar a língua pela pele delicada do pescoço e venerá-la com beijos e carícias.

— Aceita sair comigo mais tarde? — Falou mergulhando nos olhos escuros, lagos imensos e escuros.

Então aquilo era o real pedido de encontro? Kahli, agora, se arrependeu de não tê-lo permitido fazer a pergunta mais cedo. Bem melhor que a primeira. Mais calma. Mais direta. Mais desejosa.

— Sim — enviou-lhe um cálido e sincero sorriso. Aceito sair com você.


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Notas finais do capítulo

notas/LA_Black:
Gostaram? Contem nos comentários o que acharam do capítulo e da nova capa!
Aumentei mais um pouquinho o capítulo, viram? rsrs
Leitoras novas, sejam muito bem vindas!
Beijos e até mais.