A Deslocadora - a Rosa Negra escrita por BuriChan


Capítulo 10
Capítulo 10




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/36314/chapter/10

Capítulo 10


 


         Eu estava entrando na minha própria casa como um ladrão, o Ben disse que eu poderia subir até o meu quarto pela árvore que havia perto do telhado antes dá janela, andar pelo telhado e entrar pela janela, mas eu preferi não me arriscar do jeito que eu sou, podia até cair de cabeça do chão.


 


         Por falar em Ben, lá estava ele no meu quarto novamente, e eu estava sem graça, afinal, eu o havia tratado mal, e ainda assim, ele me ajudou.


 


         -Obrigada...- senti minhas bochechas queimarem, só de lembra do beijo que ele havia depositado na minha mão.


 


         Ele estava sentado na beirada da minha cama, tinha um jeito de se comportar muito diferente do meu pai, que era muito moralista, o Ben era mais moderno, mesmo sendo um fantasma de uns 200 anos ou mais. Reparei no uniforme da Inglaterra, que ele vestia, certamente ele estava lutando contra os colonos americanos na guerra da independência.


 


         -Vá dormir, Lady Samantha. Tenha bons sonhos. - ele sorriu antes de desaparecer.


 


         Senti os pelos do meu braço se arrepiar, passei a mão por cima rapidamente.


 


         -É o sotaque. -falei alto, antes de fechar os olhos e dormir, com certeza eu teria ÓTIMOS sonhos.


 


         Mal fechei os olhos alguém invadiu meu quarto aos berros.


 


         -Acorda monstrenga!!! A gente vai se atrasar!-Justin, aquele maldito, ele sabe que eu acordo de mau humor e vem gritar logo cedo.-O que deu em você? A Califórnia te fez mais preguiçosa! Levanta!!!


 


         Abafei a voz dele com o travesseiro no rosto, nada me faria levantar, não mesmo, foi ai que me lembrei que o papai não sabia da minha escapadela noturna, me obriguei a por me de pé.


 


         A água fria me fez acordar, comecei a lembrar dos eventos da madrugada anterior. O Nick é realmente uma pessoa especial, refletia enquanto olhava o lindo anel de prata no meu dedo, comecei a ficar com pena dele, acho que se ele soube-se que eu sinto pena dele, ficaria irritado comigo, afinal, os homens odeiam ser objetos de pena.


 


         Certo, ele tinha algumas jóias, deviam ser valiosas, mas dinheiro acaba rápido, não é? Pelo menos na minha mão acaba.


 


         Eu sei que não deveria me meter na vida dele, mas eu tinha que fazer alguma coisa para ajudá-lo financeiramente, mas o que? Tipo, ele nunca aceitaria dinheiro, eu podia contratá-lo para fazer alguma coisa como limpar a piscina! Mas o Nick é do tipo nerd, não deve saber limpar uma piscina, tipo nerd... Era isso! Eu podia contratá-lo como professor particular. Perfeito!


 


         -Mas eu sou inteligente...-falei sozinha enquanto desligava o chuveiro, e comecei a pensa: “Bem, mas ninguém daqui sabe disso, e ninguém precisaria saber que o Nick seria meu professor particular, agora é só convencer o papai.”


 


         Peguei a roupa que havia separado na noite anterior, antes de sair, terminei de me vestir e corri escada abaixo. Papai não estava na mesa, estava enfrente ao fogão de avental, fritando ovos.


 


No dia em que eu me casar, meu marido tem que ficar tão sexy de avental quanto o papai.


 


         -Bom dia!!!- gritei animada, saber que de alguma maneira eu poderia ajudar ao Nick me deixou feliz.-To morrendo de fome.


 


         -Novidade...- Justin falou enquanto comia.- O Jorge ligou, pediu para você retornar...


 


         -Ai droga! Esqueci de ligar para o Jorge, ele vai me matar.- bufei enquanto pegava torradas.- Vou ligar para ele, quando voltar do colégio.


 


         -Por que toda essa agitação Cariño?-papai perguntou ao mesmo tempo em que me servia de omelete. -Diga logo, eu te conheço, o que você quer?


 


         Era agora ou nunca.


 


         -Pai ontem eu tive algumas aulas, e senti dificuldade de assimilar o assunto...- nessa hora meu pai levanta umas da grossas sobrancelhas.-Acho que eu preciso urgente de aulas extras, então queria um professor particular, o que você acha?


 


         Justin estava me olhando desconfiado, ele não havia caído na minha, mas o meu pai abriu o sorriso, sinal de que caiu fácil.


 


         -Certo. Estou feliz por vê-la tão interessado nos estudos. -Papai começou a comer. – Temos que procurar alguém para ensiná-la, vou pedir ao Padre Dom, que me indique alguém.


 


         -Ok.- sorri, sabia que se eu menciona-se o nome do Nick, ele não acreditaria na minha história, teria que passar novamente na sala do Diretor, e induzir o bom velhinho a indicar o Nick.


 


         Terminamos de comer, corremos para terminar de nos arrumar e partimos, papai nos deixou em frente ao colégio dessa vez, nada de entrar e fazer a gente pagar mais um mico, uma vez já havia sido suficiente.


 


         Logo que entrei senti um peso sobre meus ombros, era meu primo Brad, ele estava todo sorridente.


 


         -Bom dia priminha.- ele fez questão de bagunçar meu cabelo de leve, e apertar a mão de Justin.-Bom dia primo.


 


         -Michelle disse que você estava mal, cara.- Justin apoiou a mochila em um banco.-Como você está agora?


 


         O Brad Jr. é um amor. Os cabelos dele também eram loiros como os da mãe e os olhos eram castanhos, era mais alto que o pai e tinha sempre um sorriso brincalhão no rosto que fazia as pessoas se sentirem a vontade com ele.


 


         -Tranqüilo. Só foi uma gripezinha de nada. Pena que perdi o dia de ontem, queria ter apresentado vocês a alguns amigos meus. Mal cheguei hoje e os caras já pularam no meu pescoço, querendo saber tudo sobre a Sammy.- Brad Jr. bufou pareceu levemente irritado e Justin também pareceu não gostar nada.- Sammy mantenha-se longe de todos os meus amigos, eles não prestam.


 


         -Você fala isso por que são seus amigos imagina se não fossem...-comecei a rir.-Mas por que não prestam?


         Eu já sabia qual seria a resposta, convivo com dois ciumentos super protetores, o papai é pior que o Justin.


 


         -Por que eles são homens horas!- ele falou isso como se fosse óbvio e só me fez começar a ter uma crise de riso.


 


         Algumas pessoas passavam e olhavam curiosas para nós, principalmente porque eu estava rindo horrores, diga que meu primo não é fofinho, ele está com ciúmes, assim como o Justin, dá primeira vez que me viu de mãos dadas com um carinha, nosso lembro como se fosse hoje, o Justin ficou assustadoramente irritado. Esses homens da minha vida...


 


         -Concordo com o Brad.- Justin disse sorrindo e apertando a mão de Brad.


 


         -Bom dia! Oi Sam, Justin... Brad?- Nick parecia meio incerto de devia cumprimentar meu primo ou não, logicamente eles nunca devem ter se falado já que Brad pareceu confuso.


 


         -Bom dia, Nick.- Sorri, afinal o garoto estava começando a fizer vermelho, deve ter sido um esforço para ele nos cumprimentar.- Gente vou indo nessa. Vamos, Nick?


 


         Acenei e puxei Nick pelo braço antes dele poder falar alguma coisa, percebi a cara irritadinha de Justin e confusa de Brad, mas nem liguei, caminhamos na direção da nossa sala de aula. Depois de um bom pedaço de silencio, ele resolveu falar o que provavelmente queria falar.


 


         -Mais uma vez obrigado Saman... Quer dizer Sam.- as bochechas dele estavam vermelhas.- Sem a sua ajuda não teria achado as jóias.


 


         -Não foi nada, e além do mais ganhei um lindo anel.- abanei a mão enfrente ao rosto dele, e ele só fez sorrir torto.-Viu? Sai no lucro... Nick sobre o lance dos fantasmas... Você poderia guardar segredo?


 


         -L-lógico!- ele quase gritou. -Não se preocupe, eu vou morrer e levo seu segredo junto, sou um tumulo.


 


         -Certo. Não é pra ser tão dramático, mas isso serve. - rindo dei uma tapinha no ombro dele e entramos na sala de aula.-Olha a Diana guardou os nossos lugares.


 


         Diana acenou para nós, então fomos para o fundo da sala de aula, certo, eu nunca fui aluna de fundão, sempre de primeira banca ou meio, dependendo do professor, mas fundão jamais, e lá estava eu sentado no fundão ao lado dos meus novos colegas de classe, com manias estranhas, como a do JB de fala: “Yo Nega.”


 


         -Semana que vem é o nosso aniversário. - Mark anunciou sorridente, enquanto Diana resmungava alguma coisa sobre estar ficando velha demais. -A gente decidiu dar uma festinha, só pra o nosso grupo, que tal?


 


         -Eu já sabia disso.- JB falou sorrindo, tinha os pés apoiado na banca.-Lógico que não perco a comida do Tio Adam!


 


         -Eu vou.- levantei a mão de brincadeira e todos riram.


 


         Notei olhares do resto da turma para nós, que riamos e brincávamos, o professor de História entrou e começou a dar sua aula normalmente. Tudo correu bem tranqüilo. Logo deu a hora da terceira aula, era o momento apropriado para ir à sala do padre Dom. Eu disse que ia entregar alguns documentos pendentes e sai da sala, notei que alguem me seguia, era Richard.


 


         -Olá novata, desculpe-me por perguntar, mas por que você não se dá bem com a sua prima?- ele andava ao meu lado, certo ele é bonito, mas não mais que o Ben.


 


         -A gente nunca se deu muito bem.- dei os ombros e sorri para ele.


 


         -Vocês deveriam se dar uma chance, sua prima é muito legal.- Ele sorriu e entrou no banheiro masculino, me deixando sozinha com meus pensamentos.


 


         Certo se a Michelle é legal, o Elvis é o cão! E com certeza o Elvis não é o cão, se o Elvis fosse vivo eu casava com ele. Elvis era O cara! Mas voltando a Michelle, ela não presta, não mesmo.


 


         -Bom dia. - a freira da recepção sorriu. -O padre Dom mandou chama-la?


 


         -Não, mas ele disse que qualquer problema eu poderia vir falar com ele, ele está?


 


         -Espere um pouco, querida. - ele entrou na sala do padre, voltou rapidamente. -Pode entrar, ele a aguarda.


 


         Logo que entrei dei de cara com o sorridente padre Dom, ele estava sentado na sua cadeira e em cima da mesa havia milhares de papeis.


 


         -Samantha, o que a traz aqui?


 


         -Bom dia, padre. Desculpe o incomodo. Mas eu tinha que vir conversar com o senhor.- sentei na cadeira enfrente a dele.- Meu pai vai vir perguntar ao senhor se conhece alguém que possa me dar aulas particulares, e eu gostaria que o senhor indica-se o Nick, quer dizer o Nicolas Campbell.


 


         Esse era o nome completo dele, claro que eu não havia perguntado, apenas sorrateiramente peguei o caderno dele e olhei o nome dele. Eu sei, eu sou um gênio.


 


         -Sim... Bem, o Sr. Campbell realmente seria uma ótima opção, mas por que esse pedido?- os olhos do padre brilhavam, certo agora ele deve estar pensando que eu to afim do Nick, e não é por nada, mas eu não to.-Por que ele?


 


         -Não posso contar o motivo.- Qual é?! Eu não posso sair por ai dizendo que a família dele estava na pior.


 


         O Padre abriu um sorriso imenso, recostou-se na sua cadeira e me analisou. Comecei a ficar encomendada com a avaliação, afinal, aquela era uma situação delicada, a vida financeira de um amigo, que por sinal sabe o meu maior segredo, estava em jogo.


 


         -Você tem as melhores notas que um aluno transferido para a Missão, já teve, com a exceção do Sr. Slater.- o padre girou a caneta na mão.- Mas irei fazer o que me pede, sinto que tem um motivo muito forte para pedir isso.- os olhos claros do padre entregaram tudo, ele sabia tudo sobre a situação do Nick, mas não iria comentar nada.-Pode ir Samantha.


 


         -Valeu padre. - levantei-me rápido e sai.


 


         Missão cumprida, agora só me restava me fingir de burra na frente do Nick, porque de bobo aquele garoto não tem nada, e se perceber o menor sinal de que eu estou tentando ajudá-lo, ele vai pular fora, eu sei, conheço o orgulho masculino, afinal, vivo com dois homens.


 


         Encontrei com o pessoal no carvalho, Justin estava lá e já havia comprado nosso lanche, Brad também estava e parecia ter se em turmado bem, ele e JB discutiam sobre carros, algum dia alguém deve me explicar essa paixão dos homens por carros.


 


         -Yo Nega.-JB me cumprimentou sorrindo, também sorri.


 


         -Tudo bem, Sammy?- Brad perguntou antes de mordeu um pedaço da coxinha que tinha nas mãos.


 


         -Tudo bem, sim.- Sorri e me sentei ao de Justin.-Cadê e Diana e o Mark?


 


         -Foram comprar comida e ainda não voltaram.- Nick respondeu calmo, ele estava tomando um daquele sucos de soja em caixa.-Quer?


 


         -Soja, eca, não obrigada.- abanei a mão.- Cadê meu lanche? Estou faminta.


 


         -Novidade.- Brad e Justin falaram juntos e todos nós rimos.


 


         O intervalo foi tranqüilo, Brad também foi convidado para o aniversário dos gêmeos e todos pareciam se dar muito bem, senti um arrepio subir a coluna, aquele que eu sempre sinto quando o Ben está por perto. Olhei para todos os lados, mas não havia sinal dele, então resolvi apenas seguir meus amigos para mais uma aula de Historia.


 


 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Deixar reviews não mata!!! ;3



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Deslocadora - a Rosa Negra" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.