Diários escrita por Tai Bluerose


Capítulo 10
Diários de Ciel 9: O Segredo do Labirinto


Notas iniciais do capítulo

Exatos 1 ano, 6meses e 29 dias depois, estou finalmente de volta com um capítulo novo,

Espero realmente que gostem.

Saudades de todos vocês ^-^
Boa leitura



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Diários de Ciel 9: O Segredo do Labirinto

 

14 de Junho de 1889

Nunca pensei que fosse dizer isso, mas é estranho acordar e perceber que não estou no Instituto Griffiths. Nem ouvir pela manhã as vozes de tantos meninos já perambulando pelos corredores, apressados para não perder a hora do café ou a hora da primeira aula.

Estes dias tenho acordado tarde. Nos dias em que acordei cedo, me demorei na cama apenas pelo prazer de poder ficar ali.

Nos primeiros dias, eu fiz minha cama, pelo costume de fazê-la no Instituto. Mas Tanaka disse que gostava de arrumar as minhas coisas, que ele não fazia apenas como um dever. Bem, eu não iria discutir com ele por isso. Mesmo que tê-lo de volta fazendo essas coisas por mim faça com que eu me sinta um bebê.

Tanaka disse que não havia nada de errado nisso. Que eu estava dando trabalho a ele, algo útil para fazer, e ele gostava de cuidar de mim. Ele me disse que se eu desejasse, quando for mais velho, poderia ter meu próprio valete.

Tanaka também cuida do papai, mas papai tem seu próprio valete, o Sr. Perkins. Porque Tanaka já não está tão jovem, e papai não quer sobrecarregá-lo.

No entanto, Sr. Perkins nunca vem para a Mansão Phantomhive, ele sempre fica na nossa residência em Londres e só auxilia o papai lá e em viagens a trabalho.

Ainda não sei se eu gostaria de ter um valete. Não me saio muito bem com pessoas estranhas. Principalmente com um estranho que teria que me ver em roupas de baixo.

O que será que Sebastian está fazendo nas férias?

 

 

 

15 de Junho de 1889

Sonhei com Sebastian.

No sonho, ele era meu valete. Eu o mandava fazer coisas para mim e ele as fazia absurdamente rápido, como mágica. Eu disse que estava com fome e ele tirou um bolo de chocolate de dentro da casaca. Eu comi o bolo enquanto Sebastian fazia malabarismos com os talheres de mesa.

Foi um sonho bem estranho, mas divertido.

Preciso escrever para ele contando do sonho. Será que ele vai achar engraçado ou se sentirá ofendido?

 

 

 

21 de Junho de 1889

Elizabeth e tia Frances vieram nos visitar. Eu gostei de revê-las, mas sempre fico um pouco irritado. Tia Frances sempre tem algo para criticar sobre o meu cabelo e minha postura ou qualquer outra coisa. E Elizabeth... Ela está sempre querendo fazer tudo da maneira dela. Eu acabo cedendo porque contrariá-la tornaria tudo mais problemático.

Eu gosto dela, mas... Não sei, a cada ano parece que ficamos mais diferentes.

Quando éramos crianças era tão divertido brincarmos juntos.

 

 

 

05 de Julho de 1889

Hoje faz exatamente 25 dias que não o vejo.

Amanhã é a noite da ópera que Sebastian falou. Felizmente, consegui convencer meu pai a me levar.

A ópera se chama Don Giovanni. Papai disse que não achava muito apropriado para minha idade e perguntou se eu não preferia ir ver A Flauta Mágica, que também tem músicas compostas por Mozart. Sinceramente, eu preferia A Flauta Mágica — eu já li o livro quatro vezes e adorei —, mas os pais do Sebastian não o levarão para assistir A Flauta Mágica e sim Don Giovanni. Então, entre ver as aventuras do Príncipe Tamino e Papageno e encontrar o Sebastian novamente, eu escolho o Sebastian.

(Obs.: perguntar ao Sebastian se ele gostaria de assistir A Flauta Mágica comigo.)

— Porém, seu amigo Sebastian tem 15 anos, se não me engano. Você só tem 13. — disse o meu pai quando eu falei que o pai de Sebastian o levaria.

— Treze e meio. Farei catorze em breve. Não sou mais criança.

— Em dezembro, filho, ainda estamos em julho.

Eu me rebaixei a implorar, como uma criança de oito anos, traindo minhas próprias palavras.

— Muito bem. Está bem. Podemos ir; mas apenas se sua mãe concordar também.

Minha mãe foi mais fácil de convencer. Ela não costuma me negar muita coisa. Papai diz que ela me mima demais.

 Apesar de tudo, papai pareceu gostar da ideia de Sebastian estar me incentivado a gostar de ópera. Francamente, ópera, com raras exceções, nunca me atraiu muito. Prefiro os livros e o teatro, há menos cantoria.

Evidentemente não estou indo pela ópera, acho que meu pai sabe disso. Ele só não sabe que Sebastian não é apenas meu amigo.

Eu sinto meu coração palpitar só de pensar nisso.

Vinte e cinco dias. Os dias pareceram se arrastar até aqui, por mais que eu tenha me divertido. Espero que ele compareça amanhã. Nem quero imaginar ter que esperar até o fim das férias para vê-lo novamente.

 

 

 

 06 de Julho de 1889

Acabei de voltar da ópera.

Se me perguntassem agora qualquer coisa sobre o enredo, eu provavelmente não saberei dizer muito. Em parte, porque me distraí com Sebastian. E também porque a apresentação era em italiano.

Não podem me culpar por não entender. Há pouco tempo tive de praticamente reaprender meu próprio idioma, não se espera que eu aprenda italiano tão rápido.

Oh, sim... Meu pai comprou um traje de gala para mim, que é um pouco mais apertado e desconfortável do que minhas roupas normais, ele até me presenteou com uma cartola.

 Mamãe disse que eu fiquei muito parecido com papai quando ele era mais jovem. Isso foi um elogio, porque papai era um jovem bem bonito. Ele tem muitas fotografias de quando era moço.

Mamãe estava muito bem de saúde hoje, a propósito. Fiquei feliz por ela poder ir conosco. Ela esteve de repouso nos últimos dias e cheguei a achar que ela não melhoraria antes de hoje. Felizmente, eu estava errado.

Nós chegamos cedo ao teatro, havia muitas pessoas elegantes. Papai me apresentou há vários conhecidos dele. Eu me senti um adulto completo.

Eu me esforcei para parecer educado e atencioso, respondendo a perguntas de maneira séria. Eu queria que todos me vissem como adulto e não como uma criança.

Quando o vi, meu desejo foi de sair correndo e abraçá-lo. Mas ele estava com a família dele e eu estava com a minha. E creio eu que esse tipo de atitude chamaria um pouco de atenção.

E duvido que um adulto sairia correndo para abraçar outro na frente de tantas pessoas.

Mas o sorriso que Sebastian me deu quando me viu, foi tão caloroso quanto um abraço.

Finalmente conheci os pais do Sebastian. A mãe dele se chama Catharina, com “a” no final. Ela é muito bonita e muito parecida com o Sebastian. Melhor dizendo, Sebastian é muito parecido com a mãe. Ela é alta, tem longos cabelos pretos e olhos castanhos como os do Sebastian. Ela tem um sotaque castelhano que achei encantador. Fiquei realmente admirado com ela. Acho que ela deve ter a idade da minha mãe.

 Catharina Michaelis tem uma presença muito forte e um sorriso radiante, como o do Sebastian. Mas há algo de triste em seus olhos. Ou talvez foi impressão minha. Mas ela foi muito amável e gentil comigo.

O pai do Sebastian, Kenneth Michaelis, é um homem loiro, alto e forte. Seus olhos eram azul ardósia. Um sujeito muito sorridente e falador. Tudo o que posso dizer sobre ele é que ele é completamente diferente de Sebastian e a senhora Catharina, na aparência e nos modos. Ele é bem mais velho que meu pai. Talvez ele tenha uns 40 anos, tenho que perguntar a Sebastian depois.

Infelizmente, não conheci as irmãs de Sebastian, Josefine, Corina, Annabel e Alice. Sebastian disse que seu pai as deixou em casa porque a apresentação não era apropriada para meninas.

— Por quê? — eu sussurrei para Sebastian enquanto meus pais e os dele conversavam. — Há algo de indecente na nessa ópera?

­— Não sei ao certo. Mas meu pai costuma acreditar que praticamente tudo pode corromper a mente das meninas.

Eu pedi ao senhor Michaelis para permitir que Sebastian se sentasse comigo e meus pais em nosso camarote. O senhor Kenneth fez uma carranca olhando para Sebastian. Pensei que ele negaria, mas por fim ele deu permissão.

Os pais de Sebastian tinham lugares na plateia, e o senhor Kenneth recusou o convite do meu pai para ficar conosco em nosso camarote.

Sebastian estava muito sério e rígido. Ele se afastou da mãe e veio conosco, e só voltou a sorrir depois que estava sentado ao meu lado em nosso camarote.

Papai e mamãe estavam sentados à nossa frente e nós mais ao fundo. Quando as luzes diminuíram, eu discretamente segurei a mão de Sebastian e sussurrei:

— Eu senti tanto, tanto, a sua falta. Estive contando os dias até hoje. Eles pareciam intermináveis.

— Eu também senti a sua, meu Ciel. — Ele disse, apertando minha mão. Senti meu rosto queimar. — Tive medo de que seu amor por mim tivesse esfriado com o tempo e a distância.

O tempo não foi tão longo assim para me causar tamanha mudança nos sentimentos, mas ainda assim me pareceu uma eternidade. Me preocupou que Sebastian parecia convicto de que aquele seria o resultado final.  Começo a pensar que ele está sempre acreditando que eu irei abandoná-lo, apesar de eu sempre afirmar o contrário.

Esse pensamento me fez querer ficar mais perto dele. Eu não podia abraçá-lo, mas podia segurar sua mão entre as minhas.

Quando a música começou algo me chamou a atenção e eu disse em voz alta:

— Em que língua eles estão cantando? Eu não entendo nada.

Eu imediatamente me arrependi. Meus pais viraram para nós e Sebastian retirou sua mão das minhas rapidamente.

Acho que meus pais não notaram. Graças. Mas me pergunto o que eles diriam.

— É italiano, querido — respondeu minha mãe.

Eu resmunguei que eu não sabia italiano. Se fosse em hindi, mas acho que não há óperas em hindi.

— Foi você que insistiu em vir — meu pai parecia muito divertido com isso.

— Eu sei italiano — disse Sebastian. — Posso traduzir para você.

Eu olhei para Sebastian, agradecido.

Meus pais voltaram a assistir e Sebastian arrastou sua cadeira para mais próximo da minha, de modo que ele pudesse sussurrar em meus ouvidos.

— Aquele sujeito mascarado é o Don Giovanni. Ele está fazendo galanteios para aquela mulher. O nome dela é Ana.

Eu olhei para os atores no palco, mas toda minha concentração estava na voz macia de Sebastian e em sua respiração quente adentrando meu colarinho.

— Onde você aprendeu italiano?

— Minha mãe me ensinou. Ela é poliglota. Ela sabe castelhano, inglês, francês, alemão e italiano.

— Sua mãe é muito inteligente.

— Sim, ela é. — ele falou com carinho e um pouco de tristeza.

— Por que o Don Giovanni está fazendo galanteios para a Ana? Ela é sua amada?

— Não sei ainda. — Sebastian ficou olhando para o ator cantar. Um outro ator entrou seguindo a tal Ana. Esse último parecia bravo e disposto a briga. Eu imaginei que pudesse ser marido ou noivo da tal Ana. Sebastian disse que era o pai dela. — Não acho que ele ame a Ana. Acredito que ele só queira seduzi-la. Ele se gaba de conquistar muitas mulheres.

— Um sedutor, como você? — eu provoquei. Sebastian sorriu.

— Acho que é o contrário, Ciel. Foi você que me seduziu — ele disse.

— Eu não vejo assim.

— Mas eu vejo. E foi assim que foi.

Eu busquei sua mão novamente e a segurei. Sebastian continuou sussurrando a tradução dos diálogos em meu ouvido. Eu dificilmente prestava atenção. Principalmente depois que, entre uma fala de personagem e outra, ele disse:

— Seu perfume é maravilho. Estou tentado a afogar-me em seu pescoço.

Eu estremeci e apertei forte a mão dele.

Sebastian começou a acariciar o meu pulso. Com seu toque contínuo e gentil, sua voz sussurrada e rouca, a pouca luz e a música que parecia distante em meus ouvidos, não sei... senti como se estivesse mergulhado em um sonho. Nem percebi quando girei minha cabeça na direção dos lábios de Sebastian, para beijá-lo.

Ele se assustou e se afastou. Acho que ele viu a decepção e amargura em meus olhos, pois se apressou em dizer:

— Eu também quero, meu amor. Eu quero. Mas aqui não.

Percebi quando Sebastian espichou o pescoço para olhar para as pessoas na plateia, provavelmente procurando os pais.

— Vocês estão conseguindo acompanhar?

Me assustei com a voz de meu pai. Ele perguntou, mas não estava realmente olhando para nós.

— Sim pai. Sebastian está me fazendo um resumo do que está acontecendo.

— No intervalo vamos pegar algum refresco e água. Seu amigo veio para assistir e não para servir de tradutor pessoal. Ficar traduzindo tudo é cansativo, eu imagino.

— Eu não me importo, senhor Phantomhive. Assim aproveito para treinar meu italiano. — Sebastian respondeu e sorriu para mim.

Nós ficamos de mãos dada durante toda a apresentação. Sempre tomando o cuidado para ver se meus pais ou as pessoas dos outros camarotes não estavam nos vendo.

Eu percebi que meus pais também estavam de mãos dadas e me senti alegre e quente por dentro ao pensar em Sebastian e eu como um casal.

Foi maravilho.

Minha mãe convidou a senhora Catharina e Sebastian para um chá em nossa casa. Eles aceitaram.

 

 

 

10 de Julho de 1889

Hoje foi uma quarta-feira maravilhosa!

A melhor quarta-feira de todas.

Quando a senhora Catharina e Sebastian chegaram, eu logo arrastei Sebastian comigo. Minha mãe e a mãe de Sebastian pareceram não se importar em tomar o chá sozinhas. Imagino que eles puderam falar sobre coisas de mães ou algo assim.

Eu tinha pedido para Tanaka preparar uma cesta de piquenique para mim e Sebastian. Quando estávamos nos jardins, longe dos olhos dos empregados da casa, eu me senti livre para segurá-lo pela mão e guia-lo até o labirinto.

Temos um pequeno labirinto no nosso jardim. Não é possível se perder nele realmente, mas as sebes são bem altas, dois metros e alguns centímetros, e no centro há uma fonte de água com grama ao redor e flores. É bonito e tranquilo. Eu tenho ido ali sempre que quero ler do lado de fora sem ser incomodado. É bem espaçoso, dá para o vento correr. Logicamente, as paredes altas das sebes nos davam privacidade.

Sebastian não disse nada enquanto eu o guiava pelos corredores verdejantes. Ele apenas sorria. Quando chegamos ao centro, eu coloquei a toalha sobre a grama e comecei a tirar as comidas e os refrescos da cesta.

— Você preparou tudo isso para mim?

— Sim. Você gostou? — Eu perguntei com expectativa. Eu temia que ele achasse, não sei, romântico demais, feminino demais? Era o tipo de coisa para a qual Elizabeth vivia me arrastando, eu sempre achei um pouco entediante. Mas quando a ideia de fazer isso com Sebastian me veio a cabeça, fiquei muito entusiasmado. E o labirinto era o lugar perfeito para nós.

— É claro. Está perfeito.

Sebastian olhou para as coisas ao redor e para mim. Ele parecia bem emocionado e acho que ele realmente gostou. Nós comemos algumas coisas, depois me deitei com a cabeça apoiada nas pernas dele.

O sol estava fraco e agradável. Os dedos de Sebastian adentravam meus cabelos e eu brincava com o lenço de seu pescoço. Puxei-o até que o laço se desfizesse e o tecido deslizasse completamente para minha mão. O colarinho dele abriu e eu pude ver a pulsação da jugular. Senti uma estranha vontade de beijá-lo ali. Em vez disso, apenas deslizei os dedos pela pele de seu pescoço. Eu o senti se arrepiar e o vi fechar os olhos e se inclinar em direção ao meu toque.

— Você cresceu desde a última vez que te vi. — Ele disse numa voz tranquila.

— Você acha?

— Sim. Você está mais alto e mais bonito.

Eu me levantei, constrangido, e peguei um livro para ler para nós.

Sebastian pegou alguns gipsos, começou a entrelaçar os seus galhinhos enquanto eu lia e me fez uma coroa de flores. Eu a coloquei na cabeça e ele sorriu. Depois, com o restante dos raminhos verdes ele fez um anel, com uma pequenina flor azul onde deveria ser uma pedra preciosa. Ele segurou minha mão e deslizou o anel pelo meu anelar.

— Está me pedindo em noivado? — Eu perguntei.

— Eu não poderia, meu caro. — Ele respondeu, beijando minha mão. — Pois já estás noivo.

— Por arranjo da minha família e da dela, não por escolha minha. Se me fosse permitido escolher, eu escolheria você.

— E eu diria sim.

— Então façamos nosso próprio noivado — eu disse, animado. E peguei um ramo de gipso para fazer um anel também. Não ficou tão perfeito quanto o que Sebastian fizera, mas pelo menos ficou na forma de um aro. — Só entre nós.

Sebastian sorriu e estendeu a mão para mim. Eu ri e disse:

— Sebastian William Michaelis, aceita ser meu noivo?

Sebastian inclinou a cabeça olhando para mim. Ele tinha os olhos brilhantes e sua expressão era de carinho. O sol fazia os olhos castanhos dele parecerem uma mistura de sangue e mel.

— Sim, meu lorde.

— Então, agora você é meu noivo. E eu sou o seu.

Ele tinha minhas mãos nas dele e tocou o ramo entrelaçado em meu dedo com o polegar.

— Eu li darei um anel de verdade. — Ele disse e depois ergueu os olhos para mim. — Feche os olhos?

Ele pediu e eu os fechei.

Eu podia ouvi o vento nas folhas das sebes do labirinto. Eu fodia ouvir o leve balançar das flores. Eu podia ouvir meu coração acelerando cada vez mais. Eu podia ouvir a respiração de Sebastian se aproximando.

Seus lábios pressionaram os meus gentilmente. Uma vez, lento e macio. Uma segunda vez, um pouco mais rápido e cálido. Uma terceira vez, prendendo meu lábio e o sugando de leve, fazendo-me sentir, mesmo que brevemente, a umidade de sua boca.

Quando ele se afastou. Eu sabia que eu estava muito vermelho, porque eu senti minhas orelhas queimarem.

Ele também estava corado. E parecia um pouco assustado.

Eu não sei o que aconteceu comigo, eu levei a mão aos meus lábios e eu comecei a rir. De alegria, de vergonha, de amor... não sei. Simplesmente transbordou de mim. E eu tinha que externar aquela felicidade.

Eu me inclinei e beijei Sebastian também. Eu o senti relaxar e suspirar.

Eu me afastei e voltei a pegar o livro, em parte para esconder meu rosto vermelho. Ele me pediu para deitar em seu colo novamente. Eu continuei lendo enquanto ele afagava meus cabelos.

Nós passamos o resto da tarde meio constrangidos um com o outro. A presença do beijo entre nós. Nós nos beijamos. É fato.

Foi... foi maravilhoso! Foi maravilhoso! Foi maravilhoso!

Só consigo dizer isso.

Acho que nunca conseguiríamos fazer isso no Instituto Griffiths.

Estou tão feliz que ele tenha vindo. E estamos noivos agora, mesmo que não seja de verdade. Mas para nós é.

E ele virá me visitar novamente.

Esse é o melhor dia da minha vida!

 

 

 

11 de Julho de 1889

Hoje pela manhã, quando Tanaka veio me trazer o desjejum, ele me disse algo que me deixou preocupado.

Ele disse exatamente:

— Se me permite um conselho jovem mestre, evite interações mais... íntimas no labirinto do jardim. O interior dele pode ser visto das últimas janelas da mansão.

Eu empalideci completamente e deixei cair a xícara. Tanaka juntou os cacos e limpou a sujeira.

— Não se preocupe, apenas eu estava lá e seu segredo morre comigo. ­— ele disse. Depois, vendo que eu ainda estava assustado ele me fez uma pergunta. — Ele é um bom rapaz?

Eu apenas balancei a cabeça afirmativamente. Eu nem conseguia falar.

— O senhor gosta dele realmente?

Eu confirmei novamente. Dessa vez com mais convicção.

— Você confia nele? É importante saber se ele é confiável. Se não vai tornar o segredo de vocês público. Ele é confiável?

— Ele é. — Minha voz finalmente saiu.

— Bom. — Tanaka falou, balançando a cabeça afirmativamente de uma maneira que sempre o faz parecer mais japonês. Depois ele disse: — Meninos são apenas meninos. Não se preocupe, jovem mestre.

Eu ainda não sei exatamente o que ele quis dizer com isso. Depois ele me deixou para terminar o desjejum sozinho.

Eu sei que Tanaka não contará a ninguém. Caso contrário já teria dito ao meu pai, mas não posso deixar de sentir um pouco de medo. Sebastian é sempre muito paranoico e definitivo sobre os riscos de alguém nos descobrir. Ele só diz que seria muito, muito ruim.

Também sinto um pouco de excitação. A simples sensação de saber que mais alguém sabe que estou feliz e porquê.

 

 


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo:
Elizabeth com ciumes
Sebastian com ciúmes
As irmãs do Sebastian
E muito mais fofura e amor.
.
.
Obrigada por ler até aqui.
Comentário são bem vindos se desejar fazê-los.

beijos da Tai ^3^



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