Shark escrita por ervilha


Capítulo 4
Capítulo 4 - Conversa no carro


Notas iniciais do capítulo

;D Boa tarde, caros leitores.

Obrigada por continuarem lendo!



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- Seu prédio ainda fica longe? – Eu olhava pela janela do carro dele… que nem era muito grande. Apenas dava para duas pessoas sentarem. O condutor e alguém do lado dele, claro.


                - Prédio? – Ele riu. Fiquei meio que envergonhado com minha ignorância. – Ora, eu não vivo em um prédio! Eu vivo em uma casa. Apesar de ser pequena, com dois andares, dá para eu e minha filha vivermos.


                Eu fiquei em estado de choque. Não sabia mesmo que ele era casado! Nem nunca ele quis falar disso… então eu nunca perguntei esse tipo de coisas para ele. Continuei calmo.


                - Nossa, eu morria de felicidade se tivesse uma casa tão grande assim! E ainda fala que dá para você e sua filha! – Eu tentava desviar do assunto.


                - Desculpa eu nunca ter mencionado que tinha uma filha. É que… são assuntos do passado e


                - Não se desculpe! – Eu o interrompi. Não era normal da minha parte, esse era um costume dele, mas eu estava precisando naquele momento. – Tudo bem que seja um assunto pessoal. Você não precisa contar tudo para mim!


                - Cara, mas é que eu me sinto mal em esconder coisas que… eu realmente sinto que não devia esconder de você.


                Senti uma certa admiração por mim da parte de Vicent naquela altura.


                - Não se culpe! Eu também não contei tudo da minha vida para você… não fica assim, Vicent!


                Ele finalmente mostrava um sorriso.


                - Tá, mas eu agora preciso falar  sobre isso a você! – Ele acelerava o carro. Com certeza estava nervoso. – É que…


                - … Só não esbarre em nenhum carro. – Eu procurava fazer ele descontrair um pouco.


                - Certo. – Ele soltou uma leve risada e acalmou o carro. – Bom, quando eu tinha uns vinte e poucos, eu casei com uma garota. Não é que nós realmente nos amassemos… era daqueles casamentos arranjados pelos pais, entende.


                - Sim…


                - Mas daí, a garota gostava mesmo de mim. Só que… eu não conseguia sentir nada por ela!... e ela era mesmo gostosa. Mas eu não tinha nenhum interesse em transar com ela.


                Como nós somos idênticos… e nunca eu notei nisso.


                - E… como nasceu a filha? – Eu mostrava algum interesse na história.


                - Ah, isso foi em uma noite que ela me embriagou. Ela estava sóbria, e “brincou” comigo como ela quis. Esse foi o fim do nosso casamento. – Ele desviava os olhos da estrada.


                - Mas… se você não gostava dela, porquê você ficou com esse jeito melancólico?


                - Estou assim por causa da minha filha, não dela. – Ele travava lentamente o carro… estávamos quase chegando. – Ela não devia ter nascido… ela se arrepende de ter nascido. Só que nós não pudemos fazer nada por ela. Ela odeia seu pai, ela odeia sua mãe, ela odeia todos seus colegas da escola… ela odeia tudo. – De repente, travou o carro bruscamente. Eu senti que algo estava errado com ele.


                - Vicent! – Eu levantei o rosto dele, que estava encarando seus sapatos. – O que há, cara?


                - Eu… eu sou um péssimo pai! – Ele chorava.


                - Porque fala isso?! O que você fez?


                - Ela queria uma mãe “a sério”… só que… mesmo que ela me ajudasse, eu sempre dava um fora nas mulheres. Porque… eu sempre escondi isso de todos…


                - Isso o quê?, Vicent!?


                - Eu  sou… g…


                - … gay? – Eu interrompi ele, sussurrando.


                Ele gesticulou com a cabeça afirmativamente. Aquele sinal… me fez ter medo, ter pena, ter felicidade… ter todos os sentimentos possíveis naquele único momento.


                - E sua filha te odeia por isso?!


                - Sim… ela não tem razão?! Não, Karl?! – Ele olhava para mim, com os olhos molhados.


                - Não… eu acho que não, né. Se ela agora quisesse ser gótica, você começava odiando ela?


                - Não… mas isso não tem nada a ver, Karl!


                - Tem pois. Vicent, isso são escolhas que se fazem na vida. Se você quer viver com um homem, viva! Se você quer viver com uma mulher, viva! A sua filha… só tem que ser feliz por você achar sua felicidade tão perto e tão fácil!


                Ele ergueu a cabeça, enxugou seus olhos e saiu do carro. Eu saí também. E olhei na cara dele: ele demonstrava aflição de novo.


                - Vicent, o que há agora?


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Notas finais do capítulo

B) Reviews?

Sério, eu ficaria muito feliz .o.

Mesmo que não goste, me review!



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