Maison De Rosalia (Black Rose) Interativa escrita por Izabell Hiddlesworth


Capítulo 20
Say To Me


Notas iniciais do capítulo

Oii!!

Pra dar uma amenizada no barraco, decidi colocar um pouquinho de romance nessa bagaça u.u Mas, calma, ainda vai ter mais barraco na Maison de Rosalia (para a desgraça de Ginger haushuas)

Boa leitura!! ^^



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"Me disseram que dias melhores viram, mas eu só vejo a tempestade se aproximando. Me disseram que tudo tem um porquê, mas eu acho as reticências sem sentido. Me disseram tantas coisas, me deram tantos conselhos, porém eu perdi o meu próprio zelo."


Então é pra isso que ele serve? Para me orientar, ajudar e zelar por mim? Ou era?


Estávamos na cúpula do telhado, na parte do jardim. Minha cabeça repousava solene em seu colo, eu podia sentir uma brisa suave e perfumada balançando minha franja contra minha testa. Ele tentava ajeitar os fios para que não batessem em minhas pálpebras. Era um carinho gostoso.


O silêncio se fazia presente, como sempre. Mas hoje não estava fazendo o papel de rede, sustentando tudo o que ambos queriam dizer, mas não tinham coragem de colocar para fora. Não estava pesado, não estava me sobrecarregando.


– Quer um biscoito? - Ele ofereceu.


Fiz que "sim" com a cabeça e ele roçou o biscoito em meus lábios.


– Diga "ah" - ele mandou.


O doce do biscoito aguçou minhas papilas, e pareceu completar algo. Estava tudo bem, ou pelo menos eu queria acreditar que estava. Minha escrivaninha estava abarrotada de lições de casa, trabalhos para terminar, livros para estudar e o notebook aberto com um texto para terminar. Ele tinha ene coisas para fazer, mas ainda assim estava me proporcionando um momento de calmaria. Sou grata por isso, sou grata por ter ele.


Os outros talvez estejam na sala de jogos, nas trilhas do pomar na parte de trás da propriedade ou largados em seus quartos. "Parece que o mundo está rodando lento demais hoje, me disseram para ter paciência".


– Cashmire-hime? - Ele me chamou com sua voz doce.


– Hm.


– Qual é a minha função para com você?


Hã? De onde veio isso?


– Sua função é me dar um tremendo nó na cabeça, me fazer corar e me colocar em êxtase - respondi de olhos fechados, como se não ligasse.


Ele mirou o teto de vidro da cúpula, e os pássaros que estavam passando do lado de fora. Ouvi um riso satisfeito e divertido escapar de seus lábios quando ele me mirou. Uma mecha de minha franja foi erguida e depois jogada para trás.


– Acho que é isso mesmo - sua voz era rouca e calma.


– E a minha para com você?


– Hm, acho que é me confundir, me manter de pé e me exaltar demais - ele não pôde conter uma gargalhada. - Sua função é me dar um motivo para viver.


Se eu estivesse de pé, cairia nesse exato instante. Virei meu rosto em suas pernas e o escondi com as mãos. Yusuke riu abafado, tentando afastar minhas mãos de meu rosto.


– Ah, assim não tem graça - ele sorriu. - Vamos, me deixe te ver corando.


"Me explique os seus sonhos, eu te contarei os meus.". Ele conseguiu me ver ruborizada, e meu rosto esquentou mais ainda. Depois de mais algumas risadas, perdeu-se a graça e, talvez, até mesmo o sentindo.


– Vamos entrar - disse, me levantando de seu colo. - Eu tenho lições a fazer.


Incrivelmente, não havia barulho nos corredores. A porta do quarto de Mira estava trancada às sete chaves, Shiyo fora proibida de passar por aquele andar e os outros estavam no jardim lateral. Silêncio, amado silêncio. Posso ficar mais um pouquinho no regaço do Yusuke? Nem ferrando!


Dei algumas batidas leves na porta do quarto de Fran. Meu primo veio me atender, com o olhar caído e sonolento. Ele ainda estava de pijama, mesmo sendo 15h da tarde de domingo. Fran coçou as pálpebras e bocejou.


– Está melhor? - Perguntei com calma.


– Hm, sim. Pode me trazer alguns doces? Ginger me proibiu de comê-los - ele fez beicinho.


– Haha, o problema é seu. Quando eu estava resfriada você não quis me levar sorvete escondido - devolvi.


– Nhaa, que injusto, priminha - ele cruzou os braços.


– Vai, volta pra cama. Você tem de melhorar para ir pra escola amanhã - o empurrei de leve. - Bons sonhos.


Depositei um beijo na testa de meu primo e fechei a porta. Yusuke permanecia ao meu lado, encarando alguma coisa nas minhas costas.


– Que foi?


– Você sempre teve essa macha? - Ele tocou o lugar.


Uma onda de ardência se alastrou por minha coluna, parecia penetrar fundo em minhas entranhas. Levei a mão à macha e me contraí um pouco.


– Hm, nada bom - Yusuke me pegou no colo. - Vamos, tenho que ver direito o que é isso.


Eh? Como assim?! Não quero brincar de médico com você!


Ele nos levou até seu quarto e me colocou no centro de sua cama. Seus olhos passeavam em meu corpo, mas não havia alteração em sua expressão.


– Vire-se - ele ordenou.


Me senti rapidamente e dei as costas para ele. Um bufo de decepção escapou dele, enquanto se sentava atrás de mim. Seus dedos tocaram minha escápula e um calafrio me eriçou os pelos da nuca. Ele riu abafado.


– Parece que você é meio sensível aqui. Que kawaii - ele me beijou no pescoço.


Kami-sama, isso é uma pegadinha? Eu não vou aguentar por muito tempo. Essa criatura me provoca sem nem mesmo querer.


– Tire a camiseta.


– Hã? Tem noção do que está pedindo?


– Quem te disse que eu pedi? Eu mandei– ele foi breve.


Como eu fiquei com um pouquinho de medo do Yusuke-kun depois disso, resolvi obedecer. Tirei a camiseta com as mãos tremendo um pouco e a coloquei ao lado de minha coxa na cama. Ainda bem que eu lembro de usar sutiã.


Os dedos esguios escorregaram por meu ombro até minha escápula, contornando a mancha que tinha se tornado roxa. Yusuke se aproximou mais um pouco de mim, o suficiente para que sua expiração chegasse as minhas costas.


– Que engraçado, sua mancha tem a forma de uma rosa - ele observou.


Desde que a mancha surgira, nunca tinha reparado muito em sua forma. As únicas coisas relevantes nela, para mim, eram sua coloração e a dor que ela causava.


– Se parece com a minha - Yusuke se levantou da cama.


Me senti um tanto desprotegida, percebendo a falta do calor humano. Virei-me aos poucos, usando as mãos de apoio, até que estava de frente para ele. Yusuke desabotoava a camisa azul-marinho de forma casual, deixando a franja cair por sua testa. Admito, ele estava muito tentador.


Mordi o lábio inferior, esperando que meu olhar não ficasse totalmente em aberto. Ele me olhou com o canto do olho, depois - notando que eu o observava -, me encarou completamente. Demorei um pouquinho pra me tocar, aí baixei meus olhos e o rosto avermelhado.


– Gomen... - me virei para a parede.


Ele riu como se fosse algo engraçado e ingênuo.


– Não tem problema. Se eu sou seu você pode fazer o que quiser comigo, não é mesmo? - Ele retornava à cama, caminhando de quatro ao meu encontro.


Estou tentando decidir se eu sou muito sortuda ou muito azarada para estar numa situação dessas. Só pode ser o karma!


– Naa, que tal brincarmos um pouco? - Yusuke me lançou um olhar muito sugestivo.


Por favor, alguém me salva. Deu a louca no Yusuke!


– Y-Yusuke-kun... - eu tentava o afastar com as costas da mão - V-Você está muito perto, não acha?


Yusuke me olhou confuso e se sentou sobre as pernas. Ele fez um biquinho e depois riu deliciosamente.


– Ah, então você não curte ser hentai comigo? - O beicinho retornou aos seus lábios.


Franzi as sobrancelhas e lhe dei um soco no ombro.


– Baka.


– Ok, agora é sério. Olha só - ele me deu as costas e apontou por cima do ombro para sua escápula.


Pisquei algumas vezes para focar a marca negra em suas costas. Ah, qual é? Eu tenho uma queda por costas, é difícil ter que olhar para um único ponto.Ergui a mão para tocá-lo, mas puxei-a de volta antes que a ponta de meus dedos encontrassem sua pele nua.


– Pode me tocar, sem medo - ele autorizou.


– Hum, você tem olhos nas costas? - Ri baixinho.


– Talvez - ele retribuiu.


Sua pele era quente, febril - mesmo com perfeito estado de saúde. Seus traços eram tão perfeitos, se declinando na fenda das escápulas. A fragrância impregnada nele me deixava em êxtase, tal qual era sua função.


– Parece um rosa, totalmente aberta - falei por fim. - Acho que combina com a minha.


Ele subiu seus dedos por seu ombro e os entrelaçou aos meus, que estavam abandonados em sua clavícula.


– Unidos por uma mancha - ele riu depois de cinco segundos de ter falado.


Isso poderia ser romântico, se ele não tivesse dado risada, se ele não estivesse ciente de que eu estava quase tendo um sangramento nasal. Procurei o reflexo de minhas costas no espelho grande ao lado da cabeceira da cama.


Minha mancha tinha mesmo o formato de uma rosa, desabrochada, elegante e exibicionista. Não estava mais roxa, tinha se tornado negra. Que ironia, literalmente o significado dos meus sobrenomes unidos e cravados em minha pele. E, pelo visto, na de Yusuke também.


– Não arde? - Soltei nossos dedos e o toquei mais uma vez.


– Um pouco. Quando nós brigamos, quando você se afasta, quando eu tenho pensamentos tristes sobre você - ele se virou para mim lentamente.


– Hm.


– E a sua?


– Acontece o mesmo - dei de ombros.


Peguei minha camiseta com movimentos curtos e tímidos. A vesti novamente, tentando evitar os olhos castanhos profundos que me observavam caldados.


– Eu devo continuar assim? - Yusuke perguntou.


As palavras se engasgavam na minha garganta, formando um bolo de massa sem sentido. Por um lado, eu queria dizer sim, mas se ele saísse do quarto as outras o viriam assim. No entanto, dizer não me privaria da visão do paraíso. Ah, vamos lá.


– Vista-se - desci da cama e me apressei para a porta. - Até o jantar.


Fechei a porta com uma pressa evidente. Meus pulmões clamavam por ar, pareciam estar sufocados. Me escorei à porta, com as mãos atrás do corpo. Ginger apontou no corredor e me encarou com a sobrancelha arqueada.


– A senhorita não tinha lição para fazer? - Ele perguntou seco.


– Sim. E, não, eu não terminei - respondi.


Seu cenho se fechou no mesmo instante.


– Vá para o seu quarto. Só saía de lá quando tiver terminado - ele mandou.


Como o moreno já estava por aqui comigo, obedeci. Baixei a cabeça e caminhei com passos pesados até a porta vizinha. Antes de entrar no quarto chamei por Ginger. Ao que ele se virou, dei-lhe com a língua e puxei a pálpebra para baixo com o indicador.


Ah, Ginger, Ginger. Haha, vai achando que só você sabe irritar.


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Notas finais do capítulo

As citações que aparecem pelo cap. entre aspas são de um texto que eu escrevi. Por coincidência (ou não), o título dele é "Say To Me". ^^ Qualquer dia eu mostro pra vocês (se quiserem, é claro u.u).

Nos vemos nos reviews :3

Bjs