Após aquele dia, sua percepção do mundo começou a mudar aos poucos, pois quando o olhava, percebia que ele não via somente a sua beleza, como outros rapazes. Ele parecia ser diferente dos garotos que conhecia, mas também não o podia colocar como um personagem, pois sua personalidade era completamente diferente dos garotos perfeitos encontrados em seus livros.

Alexia começou a conversar mais com Dylan, mesmo o ignorando e sendo indiferente com ele as vezes. Entretanto, iria tentar dar uma chance para aquele que tanto insistira em pegar sua amizade. Após um mês, os dois já estavam se dando bem, ou pelo menos, bem melhor do que quando se conheceram. Ele criou várias amizades, mas continuava a ser o único a conversar com Alexia.

Aos poucos os dois começaram a se dar bem. Como percebera que ele não sairia de perto, ela já fechava o livro e prestava atenção no que dizia. Na verdade, ficar com ele não era tão estressante quanto pensou que seria.

Conforme eles começaram a andar juntos, Alexia começou a ouvir comentários que as meninas estavam fazendo sobre eles, como “Porque o Dylan esta andando com essa garota que é tão estranha? Só porque ela é bonita?”, ou então “A Alexia quis pegar logo o garoto novato que é tão bonito!”.

Isso tudo era muito constrangedor para ela. Mas não queria se importar. Não sabia ao certo quem eram aquelas garotas e nem desejava saber. Afinal, ela não precisava de amigos.

É verdade que o repentino desejo de Dylan ao querer conversar com ela foi algo misterioso e isso a remoía por dentro ao pensar no porque dessa questão.

No mesmo dia em que ela escutara tais comentários, a curiosidade de saber o que o levou a insistir tanto ao falar com ela tomou conta de seu ser. Quando Alexia sentou-se em um banco do pátio, logo ele apareceu sorrindo e feliz ao vir conversar com ela. Rapidamente, foi perceptível os olhares das outras garota sobre ela. Era como se estivesse cometendo um crime ao conversar com ele. Mas sempre foi assim. Parecia que todos a odiavam, mas ela só queria ficar sozinha. Desde que mudara para aquela escola isso acontecia; e quando tentava fazer amizades, as pessoas já vinham criticando e fazendo boatos, o que a fazia pensar que era melhor desistir de fazer amigos, pois poderia magoar alguém com os comentários que se formavam em volta deles. Por isso queria tirar a história a limpo com Dylan. Ou ele não havia percebido tais comentários, ou sabia e mesmo assim queria permanecer ao lado dela.

–Por quê...?- disse interrompendo o que ele falava, pois já nem prestava mais atenção.

–O quê? O que você disse? – ela tinha falado em uma voz tão baixa que nem ele pôde compreender, mas ficou feliz, pois ela normalmente apenas respondia as perguntas que fazia.

– Por que você insiste em falar comigo?- respondeu olhando fixamente para Dylan.

Nesse instante, a mente dele voou para quando estava na sua roda de amigos e eles falavam sobre Alexia, elogiando a sua beleza, como se tudo de bom que ela possuísse fosse apenas a beleza. Ele olhou-a, ela estava de cabeça abaixada, como que se estivesse envergonhada. Olhou ao redor. Reparou que a maioria das pessoas estavam os observando. Voltou seu olhar para ela e disse baixinho e sorrindo:

– Ora, você é a mais bela da classe.

Com isso ela ergueu o rosto para encará-lo. Ela pensava que ele poderia ser diferente dos outros garotos, mas agora acabara de demonstrar que era igual. Levantou-se pronta para sair, mas ele a segurou pela mão, fazendo-a permanecer sentada.

– Você realmente não se lembra de mim Alex?

Alex... Alex... Pequeno apelido que não ouvia a muito tempo. Sua mente viajou a um passado em que ainda era uma garota sorridente, alegre e rodeada de amigos; passado o qual se encontrava naquele olhar triste que a fitava no momento, parando com o leve sorriso que ele deixou despontar ao ver que ela finalmente o reconhecera.

– Jin?! – ele sorriu afirmando com a cabeça- Jin!!

Alexia pulou em seus braços, dando-lhe um forte abraço, o qual se dá em amigos que não se vê a muito tempo. Mas Dylan realmente era isso, um amigo que ela não via a alguns anos. Era um dos únicos amigos que já tivera, e Jin era o apelido que botara nele.

Quando Alexia se deu conta de que estava abraçando-o, ela o soltou rapidamente e pediu desculpas. Falou que estava feliz por tê-lo reencontrado e pediu perdão por não ter o reconhecido. Dylan estava tão impressionado com a atitude inesperada da garota de abraçá-lo que não conseguiu pensar em algo para dizer.

Dylan então começou a contar que quando havia voltado para fazer o colegial, ela já não estudava mais na mesma escola. Então quando mudou para esta, achou que seria difícil reencontra-la, mas com sorte tinha caído na mesma sala. Confessou que não esperava que fosse tão difícil conversar com ela, ou que ela não o reconheceria. Novamente Alexia pediu perdão. Sabia que ele deveria estar magoado, mas ela havia percebido algo familiar em seu rosto que não sabia explicar ou como descrever, enquanto, na verdade já tinha vivido muito tempo ao lado daqueles olhos que considerava misteriosos.

Quando ele se mudou de escola, logo nos primeiros anos do ensino fundamental, Alexia começou a se tornar a garota vazia e desesperançosa do mundo a qual era agora. Talvez fora porque Dylan era o que a ligava no mundo e quando ela perdeu essa ligação, nada mais importava. Aquele reencontro tão inesperado para Alexia a deixava sem ações diante do garoto. Enquanto ela viajava em seus pensamentos, não percebeu que ele havia se levantado, até afagar sua cabeça batendo levemente.

– Hey, Alex. Você mudou bastante sabia? – O sorriso no rosto do garoto era um tanto taciturno - Pensei que você me reconheceria... Mas tudo bem, pelo menos agora você sabe porque eu insisti em falar com você.

Com isso ele saiu. Alexia sabia o quão triste ele deveria estar por ela não ter se lembrado dele. Ela havia mudado? E quanto a ele? O que acontecera com o garoto tímido, mimado e bobo que ele era?

Realmente o tempo tem o poder de mudar. Agora os papeis se invertiam: Alexia, que era tão alegre e adorada, tornara-se a menina estranha e quieta; e Dylan, o menino tímido e retraído, tornara-se tão lindo e popular que ela não o reconheceu.

Mas agora Dylan estava de volta, alguém havia voltado. Mas o que ela não sabia era o sentimento oculto que ele guardava por ela, sentimento o qual fizera que ele a procurasse após tanto tempo. Pois ela havia reencontrado um amigo, mas ele uma paixão.