—Ai, Soul!

—Que foi, Maka?

—Não é assim que se faz!

—Eu sempre faço assim!

—Você tem que pressionar e puxar! Assim vai sujar todo o banheiro!

— Eu sei o que eu estou fazendo, vai me dizer que você não gosta?

— Não é isso, é só que está totalmente errado!

—Você quer me ensinar?

—Droga, me dá isso!Viu?Pressionar e puxar!

—Não preciso que ninguém me ensine a desentupir uma privada!

Ow!!kiss x Kiss more LOVE”

I

— Certo, com o banheiro pronto só faltam os quartos. — dizia a garota de cabelo loiro, exausta, seu nome era Maka Alban, e embora hoje estivesse trabalhando feito uma condenada no seu maldito apartamento, era mais conhecida por ter sido um dos primeiros integrantes do spatroi da Shibusen, hoje, era especializada em matar bruxas, o que preferia fazer se pudesse escolher entre qualquer missão e a bagunça que se encontrava seu quarto nos últimos dias. Apesar de ainda ter dezesseis anos as missões pareciam chover sob seus ombros, hoje ainda se encontrava em casa por conta do cancelamento de uma, a sua sorte, suspirava, era poder dividir o serviço irritante da casa com outra pessoa.

—Tá fazendo o que ai parada? — perguntava o garoto de cabelo prateado e olhos vermelhos. Soul ainda estava carregando os materiais de limpeza do banheiro numa mão e o desentupidor de vaso na outra, era difícil de imaginar que aquele Soul era um death scythe, sua foice. Na verdade uma das melhores em sua opinião. — O seu quarto nem deve estar tão bagunçado, você é certinha demais...

—Não sou!

—Desde sempre... — dizia sorrindo — E depois de todos esses anos ainda continua sendo uma tábua.

—Ei!Isso não é verdade!Eles cresceram sim!! — gritava irritada — Estão bem maiores!Humf! Você que é cego! — furiosa via que de nada adiantava gritar ele já tinha saído — Argh!!

O Soul era sempre assim. Será que não percebia a passagem dos anos? Ela deixara de ser só uma menininha. Tinha agora um porte feminino, um andar, os gestos. A voz já firme e forte recebera um tom sensual.

—Idiota!!

Ela não era tão idiota assim. Ela tinha percebido que ele mudara! Soul também estava muito mais alto, com muito mais estilo, e força de vontade. Ele havia amadurecido muito. Mas...

Continua sendo uma tábua... Tábua... Tábua... Tábua...

—ARGH!!

Apesar disso Soul tinha razão quanto ao seu quarto. Não estava tão ruim quanto tinha pensado. Não se lembrava de tê-lo arrumado antes... Rapidamente colocou os livros nos lugares, organizou a cama, a pequena quantidade de roupas fora do lugar, os sapatos já estavam todos devidamente guardados. Abriu a janela, triunfante. Já era noite? A lua sorridente ria da sua confusão.

—Onde será que está a Blair?

Na verdade sequer havia sentido aquela alma, nunca a sentira dessa forma. Sempre estivera tão perto, mas nunca com essa intensidade. Quando se virou ele já estava ali, segurou firmemente o corpo dela contra o seu.

—Soul? — sentia-se prensada contra a parede, não via o rosto do Soul, mas podia ver a sua alma, os seus sentimentos. Não ostentava a racionalidade de sempre, estava eletrizada, podia senti-la vibrar, ampliar-se e deformar-se, como num turbilhão de emoções — Soul?Você está bem? — ele não respondia — SOUL!

A alma dele foi se acalmando. Aos poucos, parecia que refletia sobre algo, imaginava Maka, ele não a soltava, sentia o corpo quente dele contra o seu e isso a assustava, a proximidade que Soul estava, tão de repente. Com o rosto vermelho, levantou o rosto dele com as mãos, queria ver o seu olhar. Os olhos estavam semicerrados, e a encaravam penetrantes. Não percebeu o rosto dele se aproximando, a poucos centímetros do dela. A respiração calma não combinava com a ampliação das suas ondas de alma. A alma de Soul agora preenchia todo o quarto.

—Maka...

Maka não entendia o sentimento que tomava o olhar de Soul. Desejo? A alma dele explodia.

—Soul...?

Ele escapou por suas mãos, seus lábios agora tocavam os seus. As mãos dele chegaram ate a sua nuca, aos seus cabelos. Agora sentia sua alma explodindo também, as duas vibrando num novo turbilhão de sentimentos. A descoberta.

Aventurou-se, agarrava a sua camisa com força, puxava-o para mais perto de si. Quando Soul deixou seus lábios, se sentia tonta nos seus braços. Ele beijou o seu pescoço, sentia-o ai com tamanha intensidade que fez seu corpo se arrepiar. Maka tinha certeza que sentia uma outra presença, mais fraca, mais confusa e ainda assim alegre.

—Bla-blair? — sussurava, distinguindo finalmente a alma que sentia. —Blair?!

—Miau... Blair vai dormir na casa do peixeiro. — dizia alegremente, embora só tivesse ouvido a sua voz, ainda pode se perguntar se ela já sabia de alguma coisa. Soul parecia ter ignorado a presença da gata facilmente, assim como Maka sentia-se puxada para os seus braços com a mesma facilidade, como um ímã.

As mãos dele puxavam a sua blusa pra cima facilidade, tocou a barriga. Soul pode sentir o arrepio que a percorreu. Nesse momento também podia sentir suas almas sincronizadas. Não imaginava, quando a conheceu que sentiria algo tão forte por alguém. Estar ao lado dela não era o suficiente. Ser seu parceiro não era o suficiente. Sentiu-a empurrá-lo com força, confuso seguiu a direção que ela apontava. Ela o empurrou para a sua cama, deitado, Soul se concentrou na própria respiração, pesada.

Maka estava em pé a sua frente. Os olhos verdes dela o encaravam, questionavam-no.

—O que esta acontecendo? — ela falava com dificuldade, apontou Soul.

—Exatamente o que parece, Maka.

—Quando sincronizávamos nossas almas, nas lutas, eu não sentia isso.

—Acha que já sabe tudo sobre mim?

—Achava... — completava, observando o olhar que ele a lançava.

—Eu também achava. Mas tem varias coisas que eu ainda quero descobrir.

—Sobre? — questionava a garota, duvidando da resposta que deduzia em sua mente.

—Você. — acertara.

—Soul! Não ia dar certo!Nós estamos sempre brigando!Nunca entramos num acordo, é um milagre que nós possamos sincronizar nossas almas. E...

—E quantos motivos você vai inventar para dizer que não pode dar certo? Já deu certo há muito tempo.  — Soul ainda se encontrava deitado, observava seus movimentos, sua postura, conhecia Maka o suficiente pra saber que ela também queria. Ao contrário dele, ela nunca escondeu parte dos seus sentimentos durante a sincronização. Ele sabia o que ela sentia. De outro modo, nunca a tocaria, esconderia seus sentimentos, suas necessidades, desejos. Decidiu esperar, não se moveu,esperou a iniciativa dela. — Se você acha que não daria certo, o que está fazendo aqui?O que está esperando?

Soul dizia isso sério. Observou Maka, muito mais sério do que ela imaginava. Podia ver a alma dele. Sabia que a vontade dele era puxá-la pra perto novamente, de agarrá-la como antes e não soltar nunca mais. Como não havia percebido isso antes?

— Feche os olhos.

—O quê? — o olhar confuso dele a divertiu.

—Apenas feche.

Soul os fechou no mesmo instante que a sentiu sob seu corpo, desabotoando sua camisa tão facilmente. Ela o tocava com as pontas dos dedos, sua pele macia, tremendo.

—Maka... — Soul pegou a sua mão, colocou-a no seu peito. Tinha certeza que ela podia ouvir suas batidas, como uma música, única. Ela riu baixinho. Quando ela tocou seus lábios de novo podia sentir a descarga elétrica que fluía do corpo dela até o seu.

Podiam sentir o que era uma verdadeira sincronização de almas, as ondas em sincronia, os acordes, as batidas de seus corações juntas, outro sentimento, escondido, em meio a tantos outros, destacando-se, abrindo seu espaço violentamente no interior de seus seres.