– Não encoste nela

Aquela voz ecoava na minha mente um pouco longe e aos poucos eu fui abrindo meus olhos, eu olhei era o Bruce em pé na frente da cama com a espada apontada para o Nathan que permanecia imóvel e silencioso. Aquilo só podia ser um sonho de verdade, eu me levantei um pouco mais rápido, confesso que me senti um pouco tonta por ter levantado de vez.

– O que está acontecendo?

Eu me sentei na cama e fiquei olhando o Bruce que estava ainda esperando uma resposta do Nathan, eu senti uma tensão no ar e a ausência de palavras pioravam isso. Como ninguém não fez nada eu tratei de me levantar e me aproximei do Bruce abaixando a sua espada.

– Esse é o Nathan, é do reino de Hambre.

Bruce foi cedendo e guardou a espada, ele estava um pouco mais enigmático até que sua expressão aos poucos era mais confusa, também não o culpava, era um dia de fortes emoções.

– Ele é... - Bruce não conseguiu pronunciar.

– Sim, eu sou seu irmão.

Nathan falou o olhando enquanto abria um sorriso acabando a tensão e se aproximou o abraçando. Eu sorri olhando como os dois estavam se entendendo naquele momento e aos poucos Bruce foi se permitindo e o abraçou também. Assim que eles se afastaram o Nathan continuou a falar.

– É um protetor, uma boa característica.

– Como assim? - Bruce perguntou e confesso que nem eu tinha entendido aquilo.

– Essa espada foi do último bisavó do Joey Sylian IV, ele possuia essa mesma espada, a sua característica era ser um guerreiro sem igual, a espada era o símbolo da sua força, mas um pouco e eu teria sido morto. - Ele deu um sorriso um pouco mais tranquilo.

– Uau, como sabe dessas coisas Nathan? - Eu o perguntei encantada com a possibilidade do Bruce ser o mais forte do reino inteiro e parece que até o próprio Bruce permanecia estático olhando a espada em suas mãos.

– O Baity me ensinou muitas coisas sobre a linhagem dos Sylian's.

– Eu preciso aprender mais sobre os Calton's.

Eu tentei descontrair e o Nathan sorriu me olhando e foi quando eu olhei ao Bruce, ele permaneceu calado e continuei a ter assunto.

– Então Bruce, o Nathan tem o poder de entrar nos sonhos, não é legal?

– Muito - Bruce respondeu um pouco quieto e foi quando eu mudei de assunto.

– Então Nathan, nós chegamos hoje e apenas o Yukiw o viu, queria que ficasse em segredo, até porque estamos sobre ameaça do Winxy.

– Tudo bem Sophie, sabe que pode confiar em mim. Eu imagino que vocês estão cansados, amanhã eu passarei aqui e conversaremos mais se quiser Bruce.

– Amanhã conversaremos então Nathan.- Bruce o respondeu mais sereno.

– Fico Feliz que tenha retornado para seu lar

O Nathan se aproximou de Bruce e o abraçou de novo e forte. Eu me senti feliz naquele momento, eram dois irmãos se encontrando depois de tanta coisa, o Nathan tinha movido céus, terra e mar para encontrar o seu irmão. O Nathan se aproximou de mim e sorriu, eu percebi o seu rosto iluminado e seus olhos brilharem, seus braços foram envolta da minha cintura me abraçando enquanto me girava no ar, eu ri por isso e assim que ele me colocou no chão ele alisou uma mecha do meu cabelo e sussurrou com seu rosto um pouco mais perto do meu.

– Obrigado Sophie, de verdade. Sou grato por tudo que você fez e por ter aparecido na minha vida.

– Que isso Nathan, sabe que pode contar comigo

Ainda bem que estava a noite, minhas bochechas coraram naquele momento, ele apenas encostou seus lábios na minha testa me dando um beijo, em seguida ele caminhou para perto do espelho onde entrou desaparecendo. O Bruce ficou um pouco calado. Eu daria um espaço para ele, afinal ele tinha acabado de conhecer o seu irmão. Caminhei novamente para a cama e me sentei olhando para ele no meio daquela escuridão.

– Você está bem? - Eu tinha que perguntar qualquer coisa.

– Sim... digo.. é confuso. Porque ele usa máscara?

– História longa... Mas ele estava te procurando e nessa busca conheceu uma moça e se apaixonou, mas se decepcionou. Resumindo, ele se feriu no mundo real, eles não podem passar muito tempo no nosso mundo que se machucam, lá é sem magia.

– Percebi que são bem próximos ... - Ele falou enquanto se aproximava da cama e se deitava encostando sua cabeça no travesseiro.

– Sim... nós somos amigos. Nathan é um cara legal e ele te procurou por tanto tempo que fico feliz que isso tenha acontecido.

– Poupe-me Sophie, amanhã acordaremos e não passará de um sonho. Boa noite.

Aquele velho Bruce havia retornado, eu sinceramente não entendia porque ele tinha que ser tão nojento em alguns momentos, ele se virou para o lado oposto evitando me olhar.Eu o deixei um pouco assim e algo veio na minha mente:

– Eu só queria passar aqui pra falar algumas coisas antes de ir dormir.

– O que queria me falar?

– Sophie eu...

Depois daquela confusão toda eu não sabia o que ele queria me falar naquela noite em meu quarto, afinal esse era o motivo de estarmos ali. Eu me virei e o toquei gentilmente no ombro tentando-o virar para me olhar e foi quando ele me olhou ainda em silêncio.

– Bruce...

– O que é?

Eu suspirei fundo, sinceramente não estava afim de brigar.

– O que queria falar comigo quando veio no meu quarto?

– Nada importante, só queria falar pra você não confundi as coisas e nem alimentar falsas esperanças. Eu ouvi o Noah comentando com o Paul que achava que eu estava afim de você. Queria deixar isso bem claro.

Eu engoli seco, sim aquilo tinha sido um soco na boca do meu estômago, senti meus dedos frios e um choque de realidade. Bem feito Sophie Cohen, era justamente disso que você precisava, largar de falsas ilusões.

– Não se preocupe.

– Que ótimo, tudo que eu menos queria agora era você iludida achando que quero algo contigo.

– Eu já entendi Bruce amanhã será um grande dia e estou com sono, Boa Noite.

– Boa noite

Foram suas últimas palavras, eu fiz questão de virar para o outro lado, assim não teria que olhar nada a não ser os móveis escuros. Eu sinceramente senti uma pontada no meu corpo por dentro, tentei ignorar aquele sentimento e fechei meus olhos apenas a única coisa que queria me lembrar era da felicidade em que o Nathan estava ao encontrar o Bruce, isso certamente me deixava menos arrependida de tê-lo trazido ao reino.

*****

# Versão Bruce

Aquela loucura acabaria assim que eu abrisse meus olhos, na certa o efeito do ecstasy já teria passado, ou qualquer outra droga alucinógena muito louca que fosse. Eu abri meus olhos e para minha surpresa ainda estava no mesmo lugar, inclinei meu rosto para o lado e lá estava ela dormindo de uma maneira engraçada em um sono profundo com mechas dos seus cabelos sobre o rosto. Eu elevei minha mão e tirei levemente uma mecha da sua face e a analisei melhor e foi quando eu ouvi barulhos vindo de fora no jardim. Eu caminhei com cuidado para não acordar a Sophie que estava adormecida, assim que me aproximei da janela eu vi algumas pessoas no jardim cuidando dele, era incrível aquelas pessoas com características e engraçadas ao mesmo tempo e sim, era um mundo mágico que de alguma forma eu e ela pertencíamos ali, devagar eu fui me permitindo acreditar em tudo aquilo que estava vendo.

Ouvi alguns barulhos, parecia que alguém se aproximava, eu tentei me esconder por trás da cortina apenas ouvindo uma voz feminina dizer

– Bom Dia minha Rainha chegou tão tarde, bem que tinha ouvindo sussurros a noite.

– Bom Dia Lilyh. Eu cheguei tão tarde sozinha não é?

– Sim minha rainha, estás sozinha, alguém esteve aqui?

– Não Lilyh, só impressão, mas acho que era apenas você mesma.

– Trarei o seu café, o povo de Ehipo ficará feliz em saber que a vossa alteza está aqui.

– Já sabe que não precisa me chamar assim não é?

– Desculpe-me apenas mania. Quer que eu escolha o seu vestido?

– Não Lilyh, apenas traga-me café que irei tomar um banho.

– Voltarei minha rainha.

Eu ouvi o silêncio e podia sentir que Sophie estava caminhando pelo quarto e assim que eu saí por trás da cortina ela me olhou e logo sua respiração permaneceu ofegante.

– Aí está você. O que houve? - Ela me olhou com seus olhos arregalados.

– Eu vim olhar o jardim pela janela e ouvi alguém se aproximar e como você falou ao Nathan ontem sobre o perigo eu resolvi me esconder.

– Ainda bem que é esperto - Ela abriu um sorriso e foi quando o mesmo barulho apareceu e eu me escondi novamente.

– Aqui está minha alteza, Luby e o Field mal esperam pra vê-la.

– Eu estou com saudades deles também, pode avisá-los que irei comer e tomar um banho que já desço.

–Não precisarás de mim ?

– Não Lilyh, está dispensada, muito obrigada.

Novamente o silêncio foi aparecendo e eu ouvi um barulho, era a porta que estava se fechando, claro que a Sophie deveria ter trancado o quarto, seria mais seguro para nós e os dois reinos.

– Eu irei tomar banho, aqui está o café.

– Tudo bem

Ela entrou no banheiro e eu fui comer, realmente estava morto de fome. Degustei de algumas coisas aparentemente estranhas, mas me agradou muito, era saboroso e sabia que tinha algum ingrediente diferente, parecia muito nossas comidas, porém algo era exótico e melhor.

Assim que terminei de comer e deixei um pouco eu a vi saindo do banheiro com um vestido realmente lindo que caiu perfeitamente nela. Tentei não olhá-la muito até que ela se aproximou do espelho e sentou em um banco, ficou ali penteando o seu cabelo que era grande e pesado, seus dedos habilidosos fizeram um coque prendendo enquanto alguns fios ficavam soltos. Eu fiquei um pouco olhando a sua nuca e foi quando a olhei tocar o espelho e o seu anel acender enquanto todo o espelho ficava vibrando que nem água e de repente apareceu o Nathan do outro lado esboçando um sorriso.

– Bom dia Sophie.

– Bom dia Nathan.

– Eu vou ter que sair hoje, a Lilyh descobriu que eu estava aqui, ainda bem que não viu o Bruce.

– Se ele quiser, pode vim para cá, mostrarei como é Hambre.

– Ótima ideia. Seria bom ele conhecer o seu próprio reino.

– Eu estou aqui - Eu tentei ser irônico. Sophie me olhou sorrindo, era incrível como sua expressão mudava quando o via.

– Bruce, eu preciso que fique com o Nathan, eu terei que ver o meu povo hoje, estou com saudades deles e também você precisa conhecer um pouco suas origens.

– Tudo bem Sophie, será uma boa ideia - Eu olhei para o espelho e o Nathan exibia um sorriso. Ela se levantou e se afastou me dando espaço para que eu me aproximasse do espelho.

– Como eu irei até.... -

Eu mal pude terminar e a Sophie segurou a minha mão, eu senti um choque percorrer no meu corpo, com certeza naquele mundo era mais intenso, eram correntes elétricas percorrendo meu corpo e atraísse, ficava difícil soltar minha mão da dela, não porque eu quisesse, apenas porque era enorme energia. Ela conduziu a minha mão até o espelho que foi mergulhando, aos poucos foi tirando e senti aquele empuxo grande me sugando para dentro. Assim que me dei conta eu estava em um quarto grande e era o Nathan na minha frente sorrindo. Ali deveria ser o seu quarto, era bem antigo, um pouco mais escuro, porém bem interessante.

– Seja Bem Vindo meu irmão. Este é Hambre seu reino.

– Obrigado.

– Por onde quer começar?

– Eu queria tomar um banho pode ser?

Eu o respondi sinceramente e ele apenas sorriu e foi até o armário pegando algumas roupas. Vesti a de tonalidade um pouco mais escura, era um verde. O Nathan era muito receptivo e aquilo me incomodava de uma certa forma sinceramente. Entrei no banheiro e tinha uma banheira, eu demorei um pouco ali, senti o aroma que era bem diferente. Assim que vesti os meus trajes eu peguei a espada a colocando na cintura.

– Eu entendo que é muita coisa pra processar Bruce, se quiser pode ir para casa.

– Agora? De jeito nenhum. Quero saber sim, é só muita coisa pra assimilar.

– Farei de um jeito simples então. Vamos dar uma volta no castelo e assim se algo lhe for curioso você me pergunta combinado?

– Tudo bem, mas não corre risco de ninguém me ver?

– Eu pensei nessa possibilidade, por isso o Baity fez uma porção pra você ontem. Ela aguentará pelo menos o nosso passeio.

Ele pegou um pequeno frasco e me entregou, eu não sabia se podia confiar naquilo, porém lembrei da confiança da Sophie nele. sei lá, lá era um mundo mágico e vá que ele me queria morto? Eu me arriscaria, também seria tudo culpa dela no final. Eu bebi e aos poucos fui sentindo meu corpo sumi e o Nathan sorriu, espera... ele estava tirando a sua máscara e por incrível que pareça seu outro lado do rosto era normal, sem cicatrizes. Eu hein.. gente mais doida desse mundo, eu sei que minha irmã Jessi não seria assim.

Nós começamos a caminhar pelos corredores do castelo, ele era imenso que nem o de Ehipo, porém um pouco mais escuro, mal tratado eu diria.

– Então, gosta da Sophie? - Ele perguntou interrompendo nosso silêncio.

– Por que me pergunta isso? - Eu o olhei e ele estava olhando para o nada, afinal não estava me vendo.

– O modo como você a protegeu ontem. - Ele olhou para o chão enquanto caminhava e eu fui olhando os detalhes do castelo me distraindo.

– Eu me assustei, estou em um mundo desconhecido. E respondendo a sua pergunta, não eu não gosto dela daquela maneira, apenas como uma amiga.

– Sinto essa liberdade de falar isso com você. Eu a acho encantadora, admiro seus sofrimentos e a sua força, a forma de agir em situações complicadas, a Sophie é realmente uma rainha.

Eu sinceramente apenas senti o meu corpo queimar e logo uma pintura me fez distrair, eu olhei embaixo o nome era o Joey Sylian IV, ele era humano normal, aparentemente não tinha nada de anormal, apenas a Cassy que possuia umas orelhas um pouco pontudas, lembrava um elfo algo do tipo, mas seus traços eram bem finos, era uma loira linda, porém seus olhos eram negros lembrando muito os do Nathan.

– Esses são meus pais?

Eu fiquei ali parado olhando aquele retrato e o Nathan apenas confirmou. Era estranho aquela sensação naquele instante, era como se aqueles rostos fossem conhecidos, era esse meu sentimento. Ouvimos um barulho, eram apenas os guardas passando e cumprimentando o Nathan. Passamos a tarde conversando sobre os antepassados e indo para a sacada do reino, eu podia ver a Hambre toda, era uma visão espetacular de verdade, o jardim era algo diferente, as cores intensas, aquele era um mundo mágico que me custou um tempo a pensar sobre aquilo.

– Eu pensei em lhe encontrar a vida toda - Ouvi o Nathan puxar assunto.

– A Sophie me contou das dificuldades. Essas cicatrizes em parte foi minha culpa não é?

– Não ache isso meu irmão, foi apenas culpa minha em confiar algo que não era confiável.

– Entendo. É meu meio irmão então?

– Sim. Somos filhos da mesma mãe.

– Quem é o seu pai então?

– Minha mãe nunca me contou, tentei descobrir a todo custo e foi uma busca a pistas falsas.

– Lamento Nathan - Eu falei sinceramente.

– Então... você como conseguiu se comunicar com a Sophie hoje de manhã? O anel brilhou. - Tentei mudar de assunto

– Ah sim, é algo em que combinamos pensamentos, eu não consigo entrar em seus sonhos então descobrimos essa loucura de pensarmos ao ponto de nos vermos e o anel liga isso de alguma forma.

Eu sinceramente não tinha o que dizer, eles pensavam um no outro e assim apareciam? Isso pra mim era muito mais do que uma simples amizade inocente.

– Eu acho que precisamos voltar, está anoitecendo e ainda preciso voltar para o mundo real. - Eu falei tentando desviar o assunto.

– Tudo bem, vamos e aposto que o efeito da porção está passando.

Nós caminhamos pelos corredores até que chegamos em seu quarto. Ele parou na frente do espelho e se concentrou enquanto eu via claramente aquele quarto que estava antes, eu fechei o meu punho e nós entramos, novamente aquele empuxo e aquele espelho me sugava. Estávamos agora em pé no quarto real da rainha Sophie enquanto eu pudia ouvir um barulho no jardim, eu me encostei na janela de curiosidade e era ela com algumas pessoas em sua volta, deveria ser os cidadãos do reino. Ela sorria, se divertia e carregava uma menininha no colo bem diferente.

– Todos daqui gostam dela. - Era o Nathan adivinhando o que eu estava pensando na certa.

– Sim, ela é tão diferente aqui do que no mundo real. A Sophie é mais viva...

Não demorou muito para que eu percebesse que ela estava se despedindo, já estava escurecendo e a vi acariciar um pássaro, era uma coruja. O Nathan foi falando o nome de todos do reino, eu olhei com bastante cautela tentando gravar o nome de todos. Era muita informação para um dia, tinha conhecido o reino de Hambre, confesso que ele parecia mais triste do que Ehipo, aquele castelo estava carregado de energias intensas e sentia uma presença muito forte.

– Vi que passaram uma tarde juntos e se entenderam não é?

Era ela com um semblante mais feliz do que eu já tinha a visto, ela estava iluminada literalmente, parecia uma luz, uma energia em sua volta, a sua presença me transmitia tranquilidade.

– Sim, levei para ele conhecer o reino de Hambre - Nathan falou sorrindo e ela o olhava com um certo sorriso nos lábios.

– Foi um dia bem interessante, entretanto acho que precisamos ir Sophie, não quero que minha mãe se preocupe. - Eu falei e ela me olhou finalmente.

– Tem razão Bruce, lá já deve ser de manhã

Ela falou enquanto o Nathan caminhou na sua direção e segurou a sua mão entre a sua enquanto ela o olhava parecendo que era um feitiço, eu podia ouvir a conversa dos dois, eu era totalmente ignorado ali, era como se minha presença não os afetasse.

– Eu lamento não ter passado o dia com você - Nathan a olhou enquanto seus dedos ficavam entrelaçados e aquilo me fez engolir seco.

– Tudo bem sem problemas Nathan, fico feliz que vocês tenham se conhecido - Ela esboçou um sorriso meigo e isso fez com que o meu irmão encostasse sua mão em seu rosto alisando a sua bochecha enquanto a olhava.

– Eu não sei o que faria sem você, em forma de agradecimento quero lhe entregar algo.

– O que?

Ela o perguntou curiosa, era só o que me faltava naquela hora. Ele tirou do bolso uma caixa e a abriu, era uma espécie de um colar, parecia um medalhão.

– Ele pertencia a minha mãe, ele é um símbolo ao agradecimento e a proteção.

– É lindo Nathan, mas era de sua mãe, da mãe de vocês eu....

– Aceite Sophie, ela sempre me falou que eu deveria entregar a alguém especial e que merecesse.

Ela automaticamente corou e o abraçou esboçando um enorme sorriso, sinceramente já estava de saco cheio daquelas trocas de carinhos e falei impaciente.

– Eu sei que está muito lindo, eu estou cansado e preciso voltar para casa.

– Já vamos Bruce - Ela me respondeu um pouco mais ríspida. Eu caminhei até em frente o espelho, eu olhei o meu reflexo e logo atrás era a Sophie que me ignorava novamente e se despedia do Nathan enquanto ele colocava a corrente no seu pescoço.

– Bruce, obrigado por hoje. Espero que tenha gostado do castelo

Nathan se aproximou me dando outro abraço, que cara afetivo, ele tinha sérios problemas com isso. Meio sem jeito eu tentei retribuir da minha forma. Apenas esbocei um sorriso e a Sophie segurou a minha mão novamente, ela parecia não se importar, era loucura dizer que ela mão era diferente? Não parecia a mesma quando tocou o espelho mais cedo, as reações eram diferentes. Não demoramos muito e senti o empuxo final, o espelho tinha nos sugado.

Era o quarto da Sophie desta vez no mundo real.Eu olhei para o relógio que tinha em cima da cama e marcava 06:30 da manhã, ainda dava tempo de descansar um pouco, eu precisava disso e por incrível que pareça nossas roupas ainda eram a mesma, não tinha nada de medieval, era apenas meu mundo. Ela estava com um sorriso no rosto enquanto olhava o medalhão e eu a olhei:

– Não se iluda também com ele. - Eu suspirei

– O que quer dizer? - Ela me olhou confusa.

– Ele falou que você era uma boa amiga e era uma pena não ser linda.

– O Nathan disse isso? - Ela me olhou um pouco mais quieta do que o normal.

– Sim o Nathan disse.

– Seu mal é achar que me iludo com tudo não é? O Nathan é meu amigo assim como você. Vou descansar um pouco, estou cansada, brincar com os menininhos do reino me deixaram exausta

Ela parecia realmente não se importar, eu fiquei calado enquanto a olhei e ela puxava os lençóis da sua cama. Eu caminhei para fora do seu quarto, senti uma vertigem percorrer no meu corpo. Como eu poderia ter feito aquilo? Não precisava mentir e muito menos sobre algo que meu irmão mal falou, porque porra eu fui falar aquilo? Me senti culpado, pior que isso, eu estava confuso e perdido no meio daquela revelação, eu apenas desabei meu corpo na minha cama. As cortinas ainda permaneciam fechadas e o meu quarto escuro. Meus olhos se fecharam, eu não queria pensar em nada e muito menos na culpa que estava sentindo, porém aqueles retratos dos meus verdadeiros pais ficaram por um bom tempo ecoando na minha mente.