Never Let Me Go escrita por patch


Capítulo 11
Meu, Seu, Nosso.




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O suspense que Jason fazia me incomodou. Eu estava quase o segurando pelo colarinho e gritando pra que ele falasse o que via naquele minúsculo monitor em sua frente.

— E então, dr. Peckwell? — Izzie quis saber.

— Preparados? — Ele atiçou. Revirei os olhos e pensei em responder: “Há anos, seu idiota!”, mas apenas assenti. Izzie fez o mesmo.

Eu estava em pé e ela, deitada em uma daquelas cadeiras ginecológicas, com a barriga nua. Ninguém diria que ela estava com 5 meses, mas estava. Sua barriga de grávida era discreta, não atraía atenções.

— É... — ele passou o ultrassom pela barriga de Izzie mais uma vez, para certificar-se do resultado e aumentar a apreensão. — Um garotão! — Ele sorriu para Izzie e depois voltou-se para mim, fechando o sorriso.

Quando Izzie disse que faria seu pré-natal no GSM, tentei de tudo para tirar aquela ideia de sua cabeça porque eu sabia que só um médico daqui lidava com essas coisas de mãe. Jason. Meu santo não batia com o dele, aquilo já estava claro, mas agora teria que aturá-lo pela Izzie. Ela insistira tanto, que decidi apenas concordar. Não queria gerar uma desavença entre nós, não agora. Ela havia me perdoado pelo beijo roubado e correspondido Jo me dera, portanto, não tinha como me sobrepor aquele pedido inofensivo. Pelo menos, pensava assim.

— Aqui está o garotão de vocês — Jason virou o monitor, para que pudéssemos ter uma visão ampla do que ele observava. Visualizei aquela pequena imagem e senti como se o sentisse em meu colo, em carne e osso. Toquei a tela com as mãos trêmulas. Tão miúdo, tão frágil, tão nosso. Izzie que já segurava minha mão direita, apertou-a. Olhei para ela e estava chorando. Ambos estávamos muito emocionados.

— Eu amo você — ela sussurrou.

— Eu te amo mais — consegui dizer em alto e bom som.

Eu a amava. Estava cansado de bancar o durão e não dar o braço a torcer. Eu a amava. Insano e inquestionavelmente. Debrucei-me e a beijei. Nossos lábios encontraram-se ansiosos e com sede de mais, mas nos contemos. Olhei para Jason, que observava aquela cena sem expressar praticamente nada.

— Obrigado — eu disse, sem fazer o favor de esticar minha mão para apertar a dele.

Ele balançou a cabeça num movimento que queria dizer: “É o meu trabalho, então nem se preocupe em agradecer.”

— Eu quero uma imagem dele, você pode scannea-la para mim? — Izzie pediu, educada.

— Claro. Por você, qualquer coisa — Jason sorriu, saindo.

Imbecil...

— Vou me vestir e te encontro no sala dele, tudo bem? — Izzie alisou meu rosto e despediu-se com um beijo.

— Ok.

Dirigi-me à sala de Jason, que ficava ao lado da sala de exames neo-natais. Quando bati na porta e adentrei ao cômodo, ele já estava nos esperando, revisando alguns exames que Izzie fizera mais cedo.

— Sente-se, por favor — ele ofereceu o assento esquerdo, diante dele, com um gesto.

O desconforto tomou conta da sala. Nossas bolhas estavam mais resistentes do nunca, para que nada as estourassem.

— Os exames de Izzie estão excelentes — Jason falou, pomposo e profissional. — Pressão, colesterol, diabetes... O ecocardiograma revelou que o coração dela está ótimo e batendo. — Sério que ele iria fazer piada disso? Não ri. Eu não queria conversar sobre aquilo sem Izzie estar presente.

— Você pode esperar Izzie voltar para falarmos sobre os resultados? — Interrompi-o.

— Hm... Tudo bem — ele respondeu, sentido.

Ele era um falso e esnobe. Ele vinha com esse papinho para tentar se aproximar de mim e conseguir a minha confiança, mas eu sabia muito bem quem ele era de verdade. Manipulador, metido, e hipócrita.

Cruzei os braços, esperando que desse jeito, ele percebesse que eu não queria tagarelar. Era pedir demais?

Só que ele continuou falando:

— Você é próximo da Jo, não é? — Examinou-me com olhos semicerrados.

— Não te interessa — respondi, levando um choque quando escutei o nome dela na boca dele. Ela não tinha estado comigo desde aquele dia do elevador. E pelo que me recordo, nem no hospital ela havia estado. Aonde ela havia se metido? Ajustei minha postura e de imediato, fiquei preocupado quando percebi que já fazia quase 1 mês que eu a vira pela última vez.

— Ei, não fique zangado, ok? Só perguntei porque não a vejo e nem converso com ela há dias... Se você soubesse aonde ela possa estar, ajudaria muito. Nós terminamos exaltados um com o outro e queria me redimir, tentar conversar com ela, resolver essa situação. Eu realmente só queria saber se você sabia do paradeiro dela — a voz de Jason suavizou, mas continuava me encarando. Quem não o conhecesse, diria que realmente estava interessado em saber como Jo estava.

Mas não comprei aquela ceninha.

— Não sei, ok? — Desviei o tom da conversa. Não queria saber o que havia acontecido entre eles. Meus ouvidos não eram penico.

— Posso participar da conversa? — disse Izzie, entrando na sala e sentando ao meu lado.

— Claro! — Jason desencravou seus olhos ameaçadores sobre mim e sorriu quando viu minha mulher.

Toma cuidado Alex, esse cara é arisco! Não subestime o que ele é capaz de fazer, meu subconsciente estava amargurado.

— Como está a minha saúde, doutor?

— Ah, Izzie... Melhor impossível! Estava justamente comentando com Alex, sobre seus exames...

Entretanto, aquele pequeno diálogo anterior me deixara preocupado. Wilson não sumiria à toa e sem dar explicações para ninguém. De todos os novos internos, ela era a mais centrada no que fazia.

Não, algo naquela história estava errado.

Algo grave.

Um calafrio formou-se na minha espinha e subiu em espiral pelo meu corpo, o que me fez temer cada pensamento que tive a partir dali. Ela estaria bem? Estaria em apuros? Estaria precisando de mim?  Ou pior... Estaria esperando por mim?

Não era possível ela ter sumido da noite pro dia. Algum dos internos deveriam saber o que ela estava aprontando.

Eles que me aguardem, pensei.


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Notas finais do capítulo

Cadê você, Jo? skdjsk
Obrigado por quem lê e tem paciência p ler minha fanfic :D



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