Never Let Me Go escrita por patch


Capítulo 10
Escandâlo




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/359124/chapter/10

Izzie estava mais serena do que eu imaginaria, diante daquela situação desconfortável. Já estava preparado para quando fizesse um escândalo, mas não fez.

— Então, Alex... — ela começou a puxar assunto. Estava falando mais alto do que o normal e como o elevador era um lugar minúsculo, qualquer coisa que ela dissesse sussurrando, pareceria com algo dito num alto falante. — O que vamos fazer quando chegarmos em casa? — As pessoas adoravam fazer perguntas retóricas para mim. Apressou-se, dizendo: — Ah, já sei! Eu encontrei uma receita maravilhosa na internet de um macarrão com brócolis grego. É muito rápido e prático, que tal?

— Você escutou o que eu te disse antes?

Sei lá, eu apenas queria que ela reagisse!

— Ouvi Alex... Infelizmente ouvi — e sorriu.

— Iz, o que quer que você esteja tramando, pare — murmurei, sabendo que não adiantaria nada. Observei Jo no canto daquele cômodo, encolhendo-se cada vez mais ao ouvir a voz gritante de Izzie.

— Sabe, ontem de manhã eu comprei um conjunto de lingerie ma-ra-vi-lho-so — ela disse, gabando-se. — Quero que você a aprove. Essa noite, talvez... — Ela tocou meus braços com um olhar que me despiu até a alma. Continuou: — O sutiã é preto com detalhes vermelhos. Já a calcinha é vermelha com rendinhas pretas. Pensei em você quando a vi...

— Pare já com isso, Iz — sussurrei, reprimindo-a. — Você não vai ganhar nada diminuindo os outros, então... Não.

— Ter o meu marido só para mim, a noite inteira, fazendo o que eu quiser com ele? Sim querido, eu já ganhei tudo — ela retrucou.

Izzie conseguia ser infantil quando queria e naquele momento, ela já estava extrapolando o limite da boa convivência.

— Querido... — ela disse, aproximando-se do meu ouvido. Ali. Aquele era o meu ponto fraco e ela sabia disso. Me arrepiei dos pés à cabeça, mas não era hora nem lugar apropriado para pensar besteira. — Eu estou apenas começando.

Dei uma última espiada em Jo e seus cílios estavam úmidos. A minha vontade foi de ir ao encontro dela e pedir mil desculpas por aquele papelão. Izzie era como um furacão: uma vez que se formasse, ninguém a segurava.

O elevador chegou no térreo e Jo saiu apressada, esbarrando em Izzie.

Sem querer, talvez?

Izzie, por sua vez, não deixou barato e agarrou-a pelo cotovelo, virando-a. Cara a cara, Izzie a ameaçou:

— Eu só vou te dizer uma vez, então preste atenção, pirralha. Fique. Longe. Do. Meu. Marido.

— Izzie, chega... — peguei na mão dela, que prendia Jo e tentei afrouxá-la.

Jo fez um movimento inesperado por ambos — Izzie e eu.

Simplesmente riu da nossa cara e soltou-se por si própria.

— Seu marido? Pelo que eu saiba, vocês se divorciaram há 4 anos. E pelo que me lembro, quem consolou ele enquanto sofria pela sua partida? Com certeza não foi você, porque você não estava aqui — gritou. — Quem o fez desabafar, quando já estava praticamente sufocando? Eu. Quem o fez perder o medo de deixar alguém entrar e vê-lo pelo que realmente é? Eu. Quem fez ele sorrir de verdade, depois de tantas frustrações passadas? Eu. Portanto, não venha bancar a santa e dizer que está tudo bem, porque não está.

Meus olhos se arregalaram com a resposta dela. Os de Izzie também, mas a réplica dela foi diferente. Ela ergueu a mão e com força, encontrou o rosto de Jo. O baque do tapa ecoou no salão principal do hospital.

Ai, isso doeu em mim, hein, meu subconsciente exasperou.

Tentei intervir de alguma forma. As duas conquistaram a atenção de alguns médicos e familiares de pacientes internados. Fiquei entre as duas, com os braços estendidos, obrigando a se afastarem uma da outra.

— O show acabou, pessoal — bradei. As pessoas já se aproximavam para ver a cena rolando, de perto. Ariscas, elas desviaram o olhar e se dispersaram, como se nada estivesse acontecendo ali.

— Você — encarei Izzie —, venha comigo, vamos embora. E você — virei minha cabeça para encontrar Jo —, fica de boa aí, ok? Se o Dr. Hunt descobrir dessa briguinha estúpida, será motivo suficiente para demiti-la. Então recomponha-se e esfrie a cabeça.

— Você não é meu pai, ok? — Jo disse. — Mesmo que você seja pré-histórico e tal — ela saiu esbarrando no meu ombro. Virou à meio passo e apontou furiosamente para mim: — Ah, e só pra você saber: não pense que é a última batatinha do pacote, porque não é — e saiu.

Perplexo, empurrei Izzie para a saída, porque ela ainda hesitava em deixar aquela discussão pra lá. Entramos na camionete e nos encaramos por cerca de 5  minutos. Eu sabia no que ela estaria pensando, só pelo seu olhar.

— Você não precisa fazer isso, ok? — eu a repreendi.

— Fazer o quê, Alex? — ela estava sem paciência.

— Se rebaixar. Eu amo você. Só você. Ou acha que eu te perdoei e deixei você participar da minha vida novamente porque sou um sado-masoquista que gosta do prazer que a dor me causa? Eu te amo. Amo tudo em você. Amo seus olhos que dizem tudo, sem você dizer nada. Amo o modo como seu cabelo é rebelde e não te obedece. Amo o seu cheiro. Amo seus TOCs. Amo seus jeitos e seus trejeitos. Amo suas qualidades e só um pouquinho dos seus defeitos — brinquei e ela sorriu. — Eu sou louco por você, ok? Eu não quero que você mude nunca, mas por favor, nunca mais faça o que você fez essa noite — pedi. — Eu sei que fiz merda, mas todos erramos, não acha? Me desculpe.

— É claro que eu te desculpo, Alex. Primeiro: porque você foi sincero e não deixou que eu descobrisse de tudo por terceiros. Segundo: porque eu também sou louca por você e faria qualquer coisa pra te ter comigo. Você presenciou nessa noite o desastre ambulante que eu sou... Não me saio bem quando sou pressionada. Sei também que você me ama mais, mas consigo enxergar atráves de você — ela ergueu meu queixo — e sei que sente algo pela Jo.

Estava tão evidente assim? Improvável.

— Não... — reagi.

— Sim, Alex, sim. — Izzie disse. — Você ter me escolhido ao invés dela, significa algo para mim. Você significa algo para mim.

Nos beijamos. Eu estava desesperado para sentir o gosto dela na minha boca. Beijei-a com um pouco mais de força que o comum e em recíproca, ela parou e me encarou. Pisquei e quando notei, ela já estava no banco de trás da camionete, me chamando. Tirou a blusa e estava usando o sutiã que descrevera mais cedo. Obviamente, ela estava com o conjunto completo.

— Venha, Alex. Não quero esperar mais um segundo.

Fui.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Izzie::::: continua diva com todos os seus defeitos.

Muito obrigado por quem lê a minha fanfic!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Never Let Me Go" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.