Juh

Eu estava na frente da penteadeira terminando de me arrumar por completo, passando uma leve maquiagem.

Usava uma saia colada no corpo preta a cima da cintura, uma blusa solta vermelha e sapatilhas pretas. Meu cabelo estava solto e liso, minha franja jogada para o lado. Faltavam alguns minutos para Nathaniel chegar, já pronta, descido esperar na sala.

Saio do quarto, fecho a porta e no corredor dou de cara com Castiel, está de pés descalços, usando uma calça de moletom preta e uma camiseta branca. O ignoro e vou direto para as escadas, sinto ele me seguindo.

-Quando é que o representante engomadinho vai chegar? – ele pergunta vindo logo atrás de mim nas escadas, sinto um toque de ironia em sua fala.

-Daqui a pouco... e não chama ele assim! – Exijo apontando o dedo indicador para ele como se estivesse dando uma ordem. Termino de descer as escadas e vou para sala, o mesmo continua a me seguir.

-Ele te chamou para sair, de noite, só os dois, sozinhos e mal se conhecem! Pode isso? – pergunta.

-Isso é totalmente normal! E eu o conheço o bastante para saber que ele é um completo cavalheiro. – Digo procurando o controle. Estou nervosa, ninguém nunca me levou para um jantar antes, mais tarde tinha pesquisado o nome do restaurante, é um dos mais caros daqui de Amoris City.

-Você não sabe... vai que ele seja um maníaco estuprador de marrentinhas? – Castiel diz ainda seguindo cada passo meu.

Me viro e encaro ele com uma cara de ‘’wtf’’?

-Que é representante da turma? – pergunto me forçando a não rir.

-Nunca se sabe... os CDF's geralmente tem mais tendência a estuprar alguém. – ele diz num tom debochado e finalmente parando e se sentando no sofá.

-Onde você ouviu isso? – pergunto

-Acabei de inventar. – ele confessa e eu caio na gargalhada.

Recupero o fôlego e me sento ao seu lado.

-Olha... – começo - se o Nathaniel fosse tão perigoso assim, você não deixaria eu ir... – digo com um sorriso no rosto.

-Por que você tem tanta certeza disso? – ele me pergunta devolvendo o sorriso.

-Por que... – Suspiro - Você se importa comigo. – Confirmo - E se ele fosse um ‘’maniaco’’ como você diz. – digo fazendo aspas com os dedos em maníaco - Você iria me proteger dele – digo num tom de certeza.

-Você é muito convencida, sabia? – ele pergunta com um sorriso de canto, com uma expressão de: ‘’sou foda’’.

-Pois é... talvez eu seja, ou talvez não. – Me aproximo de seu rosto...

Ele tenta responder algo mas é interrompido pelo som da campainha. Levanto do sofá. Vou direto á porta, ajeito um pouco a roupa e abro.

Me deparo com o loiro dos olhos cor de mel usando uma calça escura, uma camiseta branca e um paletó preto por cima, com um lindo sorriso estampado no rosto, sorrio de volta para ele.

-Oi – digo meio envergonhada.

-Olá – ele responde.

-OIE! – Um ruivo desgraçado interrompe aparecendo de surpresa atrás de mim.

Jogo um olhar mortal para Castiel, o mesmo dá seu famoso sorriso de canto. Olho para Nathaniel, ele está com uma expressão confusa, não está entendendo nada da situação.

-Castiel? O que faz aqui? -  O loiro pergunta um tanto irritado.

-Eu moro aqui – Diz Castiel sem desmanchar o sorriso – Então a pergunta é: O que VOCÊ está fazendo aqui? – Ele só está fazendo isso para provocar Juliana, ele sabe muito bem o que Nathaniel faz aqui. Estou a ponto de matar esse filho de uma puta. Desculpe tia Elizabeth.

-Eu vim me encontrar com a Juh! – Nath exclama para Castiel – Você mora com ele? – Ele agora pergunta me encarando.

-Claro que mora! – sinto o braço de Castiel pendurado em meu pescoço. – O que esse cara ta fazendo aqui amor? – ele pergunta me fitando com um ar de deboche.

 -Amor? – Nathaniel pergunta confuso franzindo a testa.

Me seguro para não rir da situação mas acabo me entregando.

Tiro o braço de Castiel de meu pescoço.

-Ele ta brincando, ele é um idiota. – Falo para Nath parando de rir e apontando para Castiel.

-Isso eu sei... – Nathaniel comenta. E castiel não gosta nem um pouco.

-Não cansa de apanhar não Nath? – Castiel diz num tom debochado e indo em sua direção. Fico entre eles.

Apanhar? Castiel já tinha batido em Nathaniel?

-Castiel! Quieto! – Exijo em sua frente de costas para Nathaniel como se estivesse comandando um cão. Ele resmunga mas cede. – Vamos? – digo me virando com um sorriso de orelha em orelha para Nathaniel. Ele me olha desconfiado. – Te explico no caminho! –digo e ele sorri, colocando seu braço em posição para que eu enganchasse o meu no dele.

-Ela não ta acostumada com os boiolas então... – Castiel diz.

-Ai! Para Castiel!! – Sussurro para o ruivo que tem em seu rosto uma expressão debochada e fecho a porta.

-Me liga se precisar! – escuto ele gritar de dentro da casa.

***

No carro do Nathaniel...

Estavamos indo para o restaurante que de acordo com o Nath, era um pouco longe. Metade do caminho foi um silencio completo apenas trocávamos olhares e risos do nada.

-Então... – ele disse quebrando o silencio. Eu sabia que ele queria uma explicação sobre o Castiel.

-Sabe o meu tio? Que eu e minha mãe viemos passar as férias na casa dele? – digo e ele assenti – Então... ele é pai do Castiel.

-Castiel e você são primos? – Ele pergunta com os olhos arregalados e me fitando mas não deixando de prestar atenção na estrada.

-Pois é... – digo

-Deus... – ele fala soltando um leve risada – No entanto vocês não são nem um pouco parecidos. Tanto na física quanto personalidade.

-Isso é um elogio, não é? – pergunto. Se bem que o Castiel não é nada feio...

-Vindo de mim...sim. – ele diz sorrindo – Pelo jeito você já sabia que eu e Castiel nos conhecíamos.

-Sim... Descobri ainda nos primeiros dias aqui. Que vocês eram da mesma escola e que não se davam muito bem. – digo o fitando.

-Pois é... – ele diz

- Por que?

-Por que o que?

-Por que vocês não se dão bem?

-Castiel e eu somos...diferentes um do outro. – Ele fala não muito certo do que diz.

-Nada haver! O Lysandre também é TOTALMENTE diferente dele e são grandes amigos.

-Bem... nem todos opostos se atraem. – ele diz.

-Ah! Mas não é só esse o motivo... vai me conta! – exclamo.

-Temos uma senhorita curiosa aqui? – ele pergunta com um lindo sorriso estampado no rosto. Assenti animada. – Talvez eu te conte um dia. – ele fala. Só aumentou a curiosidade... Talvez pergunte para o Castiel mais tarde.

Depois de mais alguns minutos chegamos no restaurante. Nathaniel estacionou o carro no estacionamento. Abriu a porta do carro para mim como um perfeito cavalheiro. Entramos e devo dizer, um dos maiores restaurantes que eu já entrei, se bem que eu não fui em tantos assim. O maior então. Parecia um palácio, o teto era uns 15 metros do chão, e se fechava em uma forma circular. Tudo muito lindo. Lustres iluminavam o lugar.

Fomos até uma senhora que aparentava ter 60 anos, que estava de em pé na frente de um balcão branco com detalhes dourados, ela estava com um caderno, e ali anotava algumas coisas.

-Duas reservas para Nathaniel Kingsley. – Nathaniel disse para a senhora que agora procurava por seu nome no caderno.

-Aqui está! Duas reservas ás oito horas. Venham comigo. – Ela diz nos dirigindo até nossa mesa. –Tenham um bom jantar! – diz saindo e voltando para seu posto. Uma mulher com um uniforme um tanto social vai até nós e nos oferece dois cardápios.

-Então... Sr. Kingsley – digo debochada – O que iremos pedir?

-Diga você Srta. Miller. – ele diz também debochado – Presumo que seu sobrenome seja Miller já que o de Castiel também é.

-Sei que você é o representante da turma, mas, você sabe o nome e sobrenome de todos os alunos?

-Não, só dos com que eu mais convivo...na minha sala. – ele diz olhando o Menu. – Castiel sempre entra em confusão. E lá estou eu para dar uma suspensão, pedir para que ele assine uma folha de ausência ou até mesmo para dar uma bronca.  – um sorriso de canto aparece em seus labios. Lindo mas... não se compara com o do...Não...! – Acho que já sei o que pedir. O que você vai querer?

-Posso falar uma coisa? – ele assenti – A maioria dos nomes dessas comidas no menu está em grego para mim. – digo e ele ri -  Já que você entende tanto... por que não escolhe por mim? Me surpreenda... – ele sorri.

***

O jantar tinha sido ótimo. A comida escolhida por Nathaniel estava divina, mesmo eu ainda não sabendo pronunciar ela. Conversamos e rimos muito, acho que corei umas dez vezes por causa dos elogios fofos de Nath. De sobremesa pedi algo típico de meu paladar, uma fatia de bolo de chocolate.

Quando saímos do restaurante e fomos até o estacionamento estava muito frio. Minha tremedeira me entregou e Nathaniel ganhou mais um ponto em cavalheirismo me dando seu paletó. Depois de uma viagem longa do restaurante até em casa Nathaniel me levou até a porta e se despediu educadamente com um beijo em minha bochecha o mesmo fiz e devolvi seu paletó.

Entrei a dentro com um sorriso bobo. Pego meu celular e ligo, pois antes do jantar o desliguei para que não interrompesse nada. Eram 22hrs e 30min. Ainda cedo. Depois disso primeira coisa que faço é tirar a droga da sapatilha que estava apertando meus dedos do pé todo esse tempo. Pego as na mão e vou para sala.

Castiel está dormindo no sofá, com o celular na mão, penso em testa-lo sobre mais cedo...

Volto para o corredor entre a sala e a entrada, e ligo para o numero de Castiel, que descobri uns dias atrás...Escuto o celular dele tocando, espiono ele de canto ainda atrás da parede do corredor para que ele não me veja. Ele acorda e atende o celular.

-Alô? – Castiel diz

-Castiel! Ainda bem que você atendeu! – sussurro para que ele não me escute a não ser pelo celular.

-Juh? Você está bem? – ele pergunta num tom de preocupação.

-Nathaniel me deixou sozinha aqui em uma rua e foi embora. Eu to com medo. – ainda sussurrando me seguro para não rir.

Vejo ele se levantando em um só pulo e colocando os tênis.

-O QUE? COMO ASSIM? – ele pergunta irritado pegando as chaves da mesinha e vindo em direção ao corredor – QUEM AQUELE IDIOTA PENS...- ele para de falar até se dar de cara comigo.

Finalizo a chamada.

-Você se importa. – digo passando por ele e indo em direção as escadas com um sorriso de vitória.