- JOHANNA -  grito a plenos pulmões. – Vou me atrasar por sua causa, vamos logo.

Quando digo que faço faculdade todos acham que deve ser moleza você chegar na aula, sentar e ficar esperando que alguém fique em pé no meio da sala e faça alguma coisa que ninguém mais faria... Bem no meu caso não é assim, todas as aulas que eu tenho não são fáceis, mas nenhuma se compara a aula de dança que é justamente a primeira de hoje.

Chamo-me Katniss Everdeen tenho 20 anos curso Artes na Faculdade de Artes de Nova Iorque, gostaria muito de falar que moro sozinha, mas não posso, quando deixei minha casa no interior do Tennessee trouxe na mala minha melhor amiga Johanna, e meu irmão Gale, ambos estudam na mesma faculdade que eu, só que em cursos diferentes, Johanna cursa Jornalismo, o que tem tudo a ver com a personalidade dela de arrancar segredo dos outros. E o Gale cursa Historia o que não é novidade para ninguém ele gostar de antiguidades uma vez que seu Ipod está carregado de músicas do jovem Jimmy Hendrix. O que eu realmente gostaria de falar que deixei para trás foi a morte dos meus pais mas infelizmente é uma coisa que não posso, uma vez que quase todas as noites sou atormentada por pesadelos em que os vejo  morrendo das formas mais crueis possíveis.

No prédio em que moramos ainda tem mais três colegas nossos; Marvel, Annie e Finnick esse ultimo muito mais para amigo de infância do que colega, não que os outros não sejam amigos, mas em meus termos de confiança se existem três pessoas em que confio cegamente são na Johanna, Gale e Finnick.

- Então baby, estou bela?? – disse a Johanna descendo as escadas com um uma blusa regata branca que combinou muito bem com a calça jeans escura e a bota preta de camurça muito bonita por sinal.

- Linda bota, agora vamos você sabe muito bem que segundas feiras minhas primeiras aulas são de dança com o carrasco da Effie Trinket. – digo.

- Eu sei que vocês não se dão muito bem, mas ela não pode ser tão ruim assim, sem contar que vai contra a ordem disciplinar do professores unidos. – ela diz tentando em vão segurar o riso.

- Lembra do conselho que lhe dei quando tínhamos apenas sete anos de idade e você foi morar na minha casa? – pergunto.

- Não – responde vagamente enquanto devora uma fatia de bolo que mais parece o bolo todo. – Que Foi?? Você  sabe que tenho muita fome de manhã. – tenta dizer ela intercalado entre falas e mastigadas, o que só faz ela cuspir migalhas em mim.

- Pois eu não se te lembro como ainda lhe dou outro, primeiro não tente fazer piadas. – digo enquanto pego as chaves do carro. – e segundo não fale com a boca cheia.

Pego minha bolsa com meu material e corro o mais rápido que posso para o elevador, só paro quando escuto os barulhentos saltos dela correndo atrás de mim. Olho para trás e não vejo nada mais nada menos do que a Johanna carregando a forma com o que restou do bolo.

- Você sabe como o Gale fica quando comem alguma coisa e não deixam um pedaço para ele né??

- Eu sei, agora a culpa não é minha se ele é como um bode que tudo o que vê quer mastigar. – diz ela arrancando gargalhadas de nós duas.

 Dentro do carro vou o mais rápido que posso, o que é já é um grande milagre considerando o fato de que está hora do dia o transito já começa o seu grande fluxo de carros. O caminho que fazemos ate a faculdade é relativamente pequeno cerca de vinte minutos de carro e uns quarenta minutos andando a pé.

Todo esse percurso eu e a Johanna fazemos em silencio, ate o momento eu que propositalmente eu freio o carro bruscamente enquanto ela passa um lápis preto nos olhos, destacando ainda mais seus olhos castanhos.

- Essas botas são minhas... – digo com uma cara de indignação. – Por isso elas são bonitas, porque são minhas.

- Por isso eu to usando elas porque sabia que você não ia se importar em me emprestar, dai nem pedi tempo em pedi-la a você. – ela retruca como se mexer nas minhas coisas fosse a coisa mais normal do mundo.

Tento esconder a raiva momentânea que to sentindo, e me distraio cantando uma musica que toca no radio, que quando chegamos na faculdade já nem lembro da nossa pequena discussão. Procuro por uma vaga que demora a aparecer o que só me faz ficar mais angustiada pelo atraso que com certeza não será perdoado.

Quando a acho a vaga, saio do carro mais rápido do que a luz e vou para aula mais rápido ainda, deixando ate minha amiga para trás com a promessa de que nos vemos no almoço. Paro diante da porta da sala de dança, tomo um, dois, três fôlegos antes de entrar e me preparar para encarar a Effie.

O lado negativo de se chegar atrasada em uma aula, é que todas as atenções se voltam para você e independente da minha vontade a celebridade acabou sendo eu, o que já não me assusta mais, pelo menos não mais do que aquele belo rapaz loiro sentado olhando fixamente para mim com seu belo par de olhos azuis.

Mas, antes de poder me aproximar dele, ouço a voz estridente de Effie ribombando no meu ouvido direito e, por um segundo imagino o percentual da audição que se deve perder quando muito exposto a voz dela:

- Você pode se sentar sozinha ou prefere que eu chame ajude. – diz ela com seu sotaque horroroso.

Embora Effie não passe dos seus quarenta anos de idade, usa uma maquiagem sombreada para esconder os traços de uma noite mal dormida, essa que a deixa com a aparência mais velha, deixando de fora o cabelo loiro caindo em cachos soltos pelas suas costas chegando na altura das costelas, eu por mais que odeie admitir acho lindo o caimento perfeito que ele, tem emoldurando o rosto dela.

- Com licença. – digo, virando em direção a um lugar vago em meio aos alunos que estão olhando com atenção para nós duas.

- Não!- diz ela asperamente. – Os horários assim como as regras existem para serem seguidos, e como você conhece muito bem as regras, ou melhor, as minhas regras quem atrasa...dança. – completa ela com um sorriso no canto da boca.

Em meio a todos os olhares curiosos, inclusive os do novato loiro voltados para mim, só consigo formular um pensamento:

Merda!