Ad Limina Portis escrita por Karla Vieira


Capítulo 9
Blackpool


Notas iniciais do capítulo

Boa noite pessoal, espero que gostem desse capítulo!



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Marie Jean POV – Entardecer de 07 de Novembro.


Havíamos parado para abastecer o carro e descansarmos um pouco durante o dia, e conseguimos decidir o que fazer. Montaríamos acampamento e revezaríamos na guarda para que pudéssemos todos dormir um pouco. Harry estava dormindo desde que entrara no carro, cansado da noite que teve. Quando paramos o carro em um camping de verão (nessa época do ano vazio), ele acordou e ajudou a arrumar tudo, mas via-se claramente que ainda estava exausto. E também se via que ele estava diferente – aquela noite havia mudado algo dentro dele.

– Essa foi a sua provação, não foi? – Perguntei baixinho, sentando-me ao lado dele ao redor da fogueira, entregando-lhe uma caneca de chocolate quente que eu fizera. Sim, fizera, porque o gosto de chocolate quente conjurado não supera o feito a mão. – A noite passada?

Harry assentiu, dando um sorriso fraco.

– Provavelmente. – Respondeu. – Acho que a Mortem queria esclarecer umas coisas pra mim.

– Eu posso perguntar o quê?

– Acho melhor você não saber. – Disse ele. – É meio... Particular.

– Sem problemas. – Sorri, abraçando-o lateralmente. – Só fico feliz de você ter conseguido. Eu não seria nada sem um dos meus melhores amigos.

Harry sorriu, e beijou minha testa.

– Eu nunca deixaria vocês. – Disse ele, sorrindo, e deu um gole no chocolate quente. Mesmo sorrindo, eu sabia que tinha algo dentro dele o fazendo ficar triste, mas não iria perguntar.


Ethan Williams POV – Noite de 07 de Novembro.


Estava sentado de frente ao fogo, com uma caneca de café quente. Estava ficando cada vez mais frio, e isso me preocupava – nossa viagem se tornaria mais difícil se começasse a nevar, por exemplo. Mas isso não era um problema para agora. Tínhamos muito o que pensar no momento.

– Ethan? – Andrew chamou-me baixinho, sentando-se ao meu lado. – Posso falar com você?

– Já está falando, idiota. – Eu disse, rindo. Ele revirou os olhos e riu levemente.

– Você entendeu, seu babaca. – Retrucou. Então diminuiu o tom de voz, como se estivesse escondendo um segredo. Andrew estava... Sem graça. – É meio... Particular.

– Fala.

– Como você soube que amava Marie? – Ele perguntou aos sussurros. A pergunta me pegou de surpresa. Fiquei boquiaberto, pensando, enquanto Andrew corava.

– Ahn... Eu não sei. Eu simplesmente soube. – Respondi. – Por quê?

– Bom, eu vim te perguntar isso porque acho que você é o único aqui que já se apaixonou por alguém, e encontrou a sua alma destinada... E...

– Andrew.

– O quê?

– Você ama a Kensi? – Perguntei. Andrew ficou totalmente constrangido.

– Eu acho... Eu acho que sim.

Sorri.

– Eu faria qualquer coisa por ela, entende? – Perguntou. – Eu iria ao inferno por ela.

De repente, uma ventania forte chegou ao nosso acampamento, balançando as árvores ao redor e apagando nossa fogueira. Olhei para o céu, e nuvens negras se aproximavam rapidamente. E tão subitamente quanto vieram, desapareceram.

– Ok. Isso foi completamente estranho. – Comentei, acenando para a fogueira e a fazendo acender novamente por magia.

– Estranha é uma palavra que define minha vida, ultimamente. – Disse ele. – Mas, obrigado Ethan.

Sorri para ele, e logo começamos todos a conversar sobre quem montaria guarda primeiro, e concordamos que Fred iria primeiro. Depois de três horas, ele me chamaria. E assim seria até às oito horas da manhã seguinte. Logo, todos nós estávamos dentro das barracas.

Tirei a camisa e me ajeitei no chão da barraca, que estava aquecida magicamente. Observei as costas de Marie enquanto ela trocava de blusa, colocando uma minha (ela adorava usar minhas camisetas) e deitando-se ao meu lado. Apaguei a luz da lamparina e a abracei.

– Ethan? – Chamou ela baixinho.

– O que foi, anjo?

Comecei a acariciar a pele exposta de seu braço, enquanto ela respirava fundo.

– Qual será a nossa provação? – Perguntou, e eu senti o medo na sua voz trêmula. Beijei o topo de sua cabeça.

– Eu não sei, anjo. Mas sei que nós conseguiremos, sabe por quê?

– Por quê?

– Porque o amor que eu sinto por você não vai me deixar desistir.

Mesmo no escuro, soube que Marie sorria. Ela se aproximou e beijou meus lábios.

– Eu te amo, anjo. – Disse ela. – Boa noite.

– Boa noite, meu anjo.

Marie se ajeitou nos meus braços e adormeceu.

Na manhã seguinte, arrumamos as coisas rapidamente e seguimos para Blackpool. Não estávamos muito longe agora. Lá, pegaríamos uma balsa até Dublin, e cruzaríamos a Irlanda até chegar nos Cliffs of Moher, e lá seria o que Deus quisesse...

A viagem foi tranquila. Porém o clima não estava exatamente agradável. O céu estava cada vez mais escuro, e eu temia que a balsa não fosse atravessar o mar com o risco de chuvas. Estávamos mais calmos hoje; parecia que nada nos atrapalharia. Harry ainda não falara nada sobre a noite que passáramos na cidadela fantasma, e eu sinceramente acho que não falaria nunca.

Chegamos a Blackpool por volta das cinco da tarde. A cidade era encantadora, à sua maneira. Como não haveria transporte naquele horário, achamos que poderíamos passear um pouco por ali e encontrar um hotel para pernoitar. Fomos então a Pleasure Beach, que não é de fato uma praia, mas sim um parque de diversões sobre um píer. Sem nos dividirmos, fomos em vários brinquedos como o carrinho de choque e outros. Era a primeira vez em vários dias que nos divertíamos de fato.

Marie e Kensi não quiseram ir na montanha russa do parque, por que “haviam acabado de comer”. Eu sabia é que Marie estava com medo da altura do brinquedo, mas não falei nada, e dividi o carrinho com Andrew, enquanto Fred foi no outro com Holmes. Depois, fomos na roda gigante. Quer dizer, apenas eu, Marie, Andrew e Kensi fomos. Os outros dois ficaram em uma barraca tentando atirar em patos para ganhar um prêmio.

Segurei a mão de Marie, que tremia. Ela me olhou, sorrindo, cheia de medo de altura.

– Não se preocupe, não vai acontecer nada. Não precisa ter medo. – Eu disse, passando o braço por seus ombros.

– Eu sei. É que é muito alto... Só isso.

Dei uma risada leve. Ficamos em silêncio, enquanto o carrinho subia. Eu lhe fazia carinho, com a cabeça encostada na dela. De repente, o carrinho parou, no ponto mais alto da roda gigante. Marie levou um susto.

– Calma, é assim mesmo. – Disse baixinho, em seu ouvido. – Relaxe e aproveite a vista. Olha só.

Dali de cima, podíamos ver o mar negro naquela hora da noite, esparramando-se em todas as direções, indo para o horizonte. O céu estava límpido, e a lua alva refletia-se nas águas trêmulas do mar. Do outro lado, víamos a cidade inteira, com suas luzes acesas, e as pessoas e carros lá embaixo parecendo formigas. Era uma vista e tanto.

– Uau... É lindo. – Disse Marie. Olhei-a, e a vi sorrindo, com a lua refletida nos seus olhos. Para mim, essa era a vista mais bonita de todas.

– Sim... É linda. – Respondi, ainda olhando-a. Ela se virou e riu.

– Você não está olhando para lá. – Disse ela. – Como pode dizer que é linda?

– Não me referia ao mar nem a cidade. – Retruquei. – Eu estava falando de você.

Marie corou, rindo.

– Seu bobinho.

– Teu bobinho. – Sorri, dizendo. Ela riu com mais vontade e me beijou.

Quando a volta na roda gigante acabou, decidimos que era hora de procurarmos um hotel. Vagamos ao longo da Central Promenade até encontrarmos um hotel com aparência aconchegante e barato. Pegamos três quartos: dois com uma cama de casal, e um com duas camas de solteiro. Subimos para os quartos, e deitei na cama enquanto esperava Marie tomar banho. Quando ela retornou, enrolada em uma toalha (uma imagem muito, muito provocante) eu fui tomar meu banho, e um tanto quanto frio, digamos de passagem. Logo em seguida, adormeci ao lado dela.

Na manhã seguinte, estava no banheiro terminando minha higiene matinal quando bateram na porta do quarto. Fui até a porta, escovando os dentes, e vi Marie abrir a porta. Andrew entrou aflito, com os olhos cheios de lágrimas, entrando em pânico.

– O que houve? – Marie perguntou.

– Kensi! Levaram a Kensi! – Ele praticamente gritou.

– Quem levou?

– Os monstros! Levaram a Kensi...

E Andrew começou a chorar.


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Notas finais do capítulo

E então?



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