A Menina Dos Olhos escrita por Escarlate


Capítulo 23
Livre!


Notas iniciais do capítulo

Vortei!!! Eu estava numa puta correria...prestando concurso, fazendo estágio e tcc tudo ao mesmo tempo...ai já viu. Mas to de volta.



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E...

O dia amanhece e eu não tenho a menor condição de ir para a escola, mas eu sabia das minhas responsabilidades. Além de organizar meus pensamentos, tarefa nada fácil, tive que lhe dar com o mau humor matinal do Ikki.

– Por Deus Ikki, aceita que dói menos. Entenda que você precisa aprender a acordar cedo quer você goste ou não!

– Eu não quero mais acordar cedo.

– Então torce pra você arrumar um emprego no período noturno quando você se formar.

– Ou acorde mais rico! – Retrucou Shun nos encontrando na cozinha. Se Ikki era um porre de manhã, Shun era a simpatia em pessoa.

Tomamos nosso café da manhã e fomos para a escola. A prova como de costume começou logo na primeira aula e como era de se esperar, o professor pegou pesado. Mais um vez Ikki precisou do “auxílio” de seus colegas. O professor Geraldo, que não era besta nem nada, me colocou bem longe dele já prevendo o que iria acontecer, mas Ikki que também de besta não tem nada deu seus pulos e mais uma vez, saiu rindo da sala.

A manhã terminou normalmente mas eu estava nervosa. Na volta tive que abrir o jogo com Ikki e Shun.

– Hoje vou demorar para chegar em casa, estou avisando para não ficarem preocupados.

– Como assim? Onde você vai? – Pergunta Ikki.

– No conselho tutelar, tenho que resolver meu problema com meu pai lembra?

– Por que no conselho tutelar? – Shun pergunta desentendido.

– Sou menor de idade, não posso morar em outra casa sem o consentimento do meu a menos que eu seja emancipada. Mas para isso meu pai precisa concordar.

– Esmeralda isso não vai prestar.

– Ikki, é a lei, e eu tenho que segui-la. Bom vou ficar aqui nesse ponto, vocês podem ir para casa, eu vou trabalhar e e de lá vou para o coneslho.

– Eu vou junto.

– Nada disso Ikki, você vai treinar e estudar para a prova de sexta. Até porquê você não é nada meu, não tem o que alegar, pode acabar piorando a situação.

Vejo meu ônibus se aproximando e faço sinal para ele parar. Ao entrar no transporte vejo Ikki seguir caminho com Shun meio a contragosto, mas é o que dá pra fazer. Chego no serviço no horário. Guardo minhas coisas e vou para meu posto. Pouco tempo depois chega a primeira paciente. Faço seu cadastro como de costume e peço para ela aguardar até os doutores chegarem.

A tarde seguiu tranquila, tirando as “conversas” mau educadas que aquela velha chata insiste em ter comigo. Por Deus, se ela não gosta de mim, por que insiste tanto em falar comigo? Eu não ligo se daqui pra frente nossas conversas se resumirem em oi e tchau.

Deu meu horário, fim do expediente. Fechei a clinica e corri para o meu compromisso, estava muito ansiosa, se alguma coisa desse errado eu iria acabar tendo que voltar para a casa do meu pai. Isso me causava arrepios.

– Boa noite, eu vim falar com a advogada. Sou Esmeralda.

– Seu RG por favor!

Incrível a capacidade desse pessoal ser ignorante. Até parece que eu queria estar ali.

– Você é menor, onde está seu responsável?

– Eu não tenho!

– Tem sim!

Aquela voz....eu reconhecia a quilômetros de distância.

– O que faz aqui.....pai?

– Vim te buscar!

– Eu não vou para lugar nenhum com você! – Comecei a levantar a voz e os responsáveis pelo caso finalmente apareceram. Fomos para uma sala reservada.

– Como eu já disse para a polícia e para a senhora ontem na delegacia, meu pai é alcoólatra, tem passagem pela polícia, ele me agride física e verbalmente, eu não vou para casa com ele.

– Esmeralda porque você nunca deu queixa?

– Eu dei, mas nada aconteceu, ou melhor até aconteceu, sabe o que?......Ele me bateu mais do que das outras vezes, me ameaçou caso o denunciasse de novo.

– Isso é mentira, eu nunca bati na minha filha!

– Aqui estão os documentos doutora. – Uma senhora de uns 55 anos entrou na sala com uma pasta velha na mão.

– Senhor aqui está alegando um boletim de ocorrência feito contra o senhor a dois anos. O senhor ficou preso dois dias por agressão de menor.

– Eu não agredi minha filha, eu só fiquei bravo porque ela chegou tarde em casa.

Ouvir aquelas mentiras me dava náusea. Foram horas de conversa, até que finalmente chegamos em comum acordo. Meu não tinha emprego e uma ficha bem suja não só por agressão, mas por arrumar brigas e causar confusão em bares e nos bairros onde frequentava, sendo assim, ele foi obrigado a me conceder a emancipação. Faltava pouco para eu completar 18 anos, mas hoje eu finalmente me senti livre. Os documentos sairiam em alguns dias, mas eu estava liberada para ir para casa, qualquer casa. Sai na rua rindo alto. Ikki estava me esperando.

Toquei campainha e aguardei ansiosa para entrar. Ikki mal abriu a porta para mim e eu me joguei em cima dele até encontrarmos o chão. Eu permanecia pendurada em seu pescoço igual criança.

– Consegui, estou livre!

– Conseguiu o que? Ele pergunta confuso.

– Vou ser emancipada, meu pai não vai ser mais um problema.

– Sério, então se ele vier encher o saco de novo eu vou poder quebrar a cara dele?

– Besta, cala essa boca! – Na verdade, eu mesma o calei, dei um mega beijo nele, daqueles de tirar o fôlego.

– Uau! Adorei sua demonstração de felicidade, mas sabe, esse chão não está nada confortável.

Não pude deixar de rir. Ikki e seus comentários fora de hora.

– Desculpe! – Me levantei e aguardei ele fazer o mesmo, me joguei no sofá enquanto ele trancava a porta. – Onde está o Shun?

– No quarto. Então, se quiser pode demonstrar sua felicidade daquele jeito novo!

– Besta!

– Bom então eu vou mostrar a minha!........

Era a primeira vez que as coisas estavam dando totalmente certo para mim.


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Notas finais do capítulo

Valeu pelo aguardo, desculpa a demora.



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