A Menina Dos Olhos escrita por Escarlate


Capítulo 22
Pequeno Contratempo


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura



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São sete horas da manhã e as provas já estão em cima das carteiras dos alunos do Ensino Médio. Eu encarava o papel na minha frente como se fosse um pedaço de bolo que eu não sabia o recheio, eu precisava prová-lo para saber o sabor.

Viro a prova e começo a ler as questões antes de respondê-las. A semana começou tranquila, a primeira prova era de filosofia, fácil de encarar. Comecei a responder uma por uma tranquilamente. Na minha frente estavam Shun e June que vez ou outra se entreolhavam coisa que chamou atenção do professor André que logo ameaçou a tirar suas provas se fizessem de novo. A classe toda riu, ahh o amor rsrsrs.

Ikki por outro lado nem tinha virado a prova dele, estava sentado, ou melhor jogado na carteira, com as pernas abertas e os braços cruzados. Algumas pessoas não gostam de estudar mas o Ikki.....esse sim realmente odeia. Mas ele precisava se formar. Ikki estava sentado atrás de mim, eu falei para ele estudar para as provas mas claro que ele não deu a mínima. Alguns minutos se passaram e senti dedos batendo em minhas costas.

– O que foi? – Falei sussurrando sem olhar para trás aproveitando que o professor estava de costas para mim enquanto tirava a dúvida de outro aluno.

– Me passe as respostas!

– De qual?

–De qualquer uma!

Mas que droga, ele não sabia por onde começar e não tinha a mínima ideia do que o professor estava perguntando. Ele tirou um papel em branco que estava dobrado de dentro do bolso da calça e me entregou. Assim que terminei de responder as perguntas da minha prova eu anotei as respostas para ele nessa folha tomando cuidado para não deixar as respostas parecidas. Respostas esculachadas e rápidas eram a cara dele e assim o fiz. Esperei o professor ficar de costas novamente e devolvi a folha toda preenchida.

Revisei minha prova e a entreguei. Guardei meu material e fui para o pátio que era o “ponto de encontro” dos alunos que já haviam terminado as provas.

Shun já estava lá e minutos depois saiu June acompanhada de Ikki. Este por sua vez tinha a cara mais debochada do mundo. Nos encontramos e comentamos brevemente sobre a prova.

– Você foi louca, e se o professor visse? – June estava indignada.

–Eu sei, eu nunca fiz isso, depois que conheci esse moleque eu só ando fazendo coisa errada.

– Ah para com isso, ajudar as pessoas não é errado! – Ikki não perdia o jeito irresponsável, imaturo e debochado.

– Você entendeu muito bem o que eu quis dizer. È sério! Se fosse o professor Geraldo isso não daria certo, ele super ligado em tudo, suas provas são difíceis e os modelos são diferentes, não acostume com isso.

– A prova do Geraldo é só na quinta!

– Não interessa nós vamos estudar juntos e ponto final.

June e Shun foram até a cantina da escola enquanto eu ainda perdia meu tempo tentando colocar algum juízo na cabeça de Ikki.

– Ikki por favor faça as coisas direito dessa vez, não vai repetir de ano pela segunda vez por bobeira.

–Ok ok, eu vou me esforçar para passar de ano. Eu também não gosto da ideia de ficar mais um anos nesse inferno.

– Então temos um acordo?

– Sim, menina chata!

– Ótimo, seu irresponsável!

– E ai, já sabe o que vai fazer quando se formar?

– Queria muito passar em bioquímica, gosto de trabalhar em laboratórios, principalmente se for com cosméticos.

– Nossa, que chatice!

–Hahaha não é chato, é legal. E você?

Educação Física, a única coisa que sei fazer é jogar bola. Quero abrir minha própria escola de futebol e ter um time para treinar.

– Nossa, quanta responsabilidade pra uma pessoa que não cresceu ainda kkkkk!

– Não irresponsável, mas certas coisas são mais chatas do que outras e estudar é uma delas.

– Certo, mas por enquanto sua única saída é estudar, se não se formar, não tem diploma, nem faculdade, nem emprego e nem o próprio negócio. Bola frente campeão.

Eu dei um beijo em sua bochecha e voltei para a sala de aula assim que o sinal indicou que o tempo da prova havia acabado. Todos os alunos já tinha terminado e o restante da manhã seria de aula normal. Os professores estavam revisando a matéria das provas finais.

A manhã acabou e como sempre Ikki permaneceu para treinar, June juntamente com Shun voltaram para casa e eu fui trabalhar. Nenhuma surpresa dessa vez.

Na terça a prova de História não deu trabalho e tão pouco a de Geografia que foi aplicada na quarta. Volto do trabalho cansada e a primeira coisa que faço é tomar um banho. Já vestida desço para comer alguma coisa e ouço a campainha tocar.

– Boa noite, a senhorita é Esmeralda Caldera Silva?

– Sim!

– Somos da polícia, podemos entrar?

– Claro! – Abro mais a porta e levo os dois policiais para a sala onde nos sentamos.

– O que houve?

– Seu pai esteve na polícia perguntando sobre você.

– Ai meu Deus! Como ele está?

– Preocupado!

– E bêbado! – Respondo com ironia a minha própria pergunta.

– O que aconteceu entre você e seu pai?

Respirei fundo e contei a história. Ao término os dois policiais se olharam

– Então o Rapaz Ikki é o seu namorado?

– Sim, nós já nos conhecemos à tempo , sempre estudamos na mesma escola e começamos e a namorar a gora.

– Ok. Sobre seu pai, verificamos sua ficha ele já foi preso algumas vezes por se envolver em brigas embriagado.

– Sim isso é típico dele.

– Lamentamos muito por seu pai ser desse jeito, mas a senhorita ainda é de menor, não pode ficar aqui.

– E também não posso voltar pra casa, meu pai me agride e rouba todo meu dinheiro.

– Sentimos muito mas é a lei. Se não pode voltar para casa, devemos levá-la para um abrigo de menores.

– Isso é ridículo, eu faço dezoito anos daqui quatro meses.

– Mas até lá você é nossa responsabilidade.

– E meu emprego? E minhas aulas? Não posso me afastar.

– Olha nós vamos entrar com um processo para que você não seja prejudicada. Venha conosco, vamos levá-la para o conselho tutelar onde você conversará com um advogado e ouvirá sobre seus direitos, depois a trazemos de volta para cá.

– Certo, vou pegar minha bolsa.

Alguns minutos depois eu estava na viatura sendo levada. Mandei um sms para o Ikki mas não disse o que estava havendo.

Quando chegamos, fui levada para uma sala onde uma simpática mulher veio falar comigo longos minutos depois.

– Boa noite, desculpe a demora. Sou Ana Ribeiro advogada.

– Prazer, Esmeralda.

– Estou sabendo sobre você menina, foi muito corajosa, mas o que fez é arriscado, porque não deu queixa de seu pai antes?

– Eu fiz, mas a polícia não pode prende-lo, ele apenas paga uma multa ou faz um serviço comunitário e depois volta pra casa mais bêbado ainda e me batendo ainda mais. Depois dessa “primeira vez” achei que estava melhor sem essa incrível ajuda que a polícia me deu. – Falei no som mais sarcástico e zombadeiro possível, a advogada ficou sem graça e concordou comigo.

– È, infelizmente a polícia no Brasil não pode fazer muito a respeito.

– A menos que você tenha os bolsos cheio de grana e possa “comprar” sua própria justiça. – Disse para finalizar.

– Bom, seu caso é um seguinte: Vamos entrar com uma ação de emancipação. Com sua idade será fácil, assim você não terá problemas com a lei.

Passamos mais ou menos uma hora conversando, ela me explicou todo o procedimento. Não gostei da parte de falar com meu pai, mas ela me garantiu que mesmo se ele não aceitar, eu tenho provas de agressão que vão estar em meu favor.

Como prometido, os policiais me levaram para casa. Ikki e Shun estavam desesperados quando eu cheguei e mais uma vez eu sentei para repetir a mesma história pela terceira vez.

– Mas que porra Esmeralda, eu deveria ter matado seu pai.

– Cala boca Ikki, é o pai dela.

– Tudo bem Shun, no momento eu também estou desejando a morte dele.

– Mas que inferno bem na semana de prova isso foi acontecer.

– Eu seu Shun, também estou preocupada, mas ela me disse que vai iniciar o processo sem minha presença até a semana de provas acabar, depois eu entro junto para fazer minha parte. Vai dar tudo certo vamos esperar.

– Cara, eu sabia que fim de ano era agitado, mas não imaginei que fosse tanto.

Depois de falar e de chingar, a vida, a lei e meu pai, Fomos comer alguma coisa na cozinha, eu estava e apesar de eu gostar da minha privacidade (o que causou inúmeras discussões nesses dias depois da nossa primeira vez, pois eu não queria dormir na mesma cama com ele) eu aceitei dividirmos o mesmo quarto daqui pra frente. Peguei no sono rápido, as carícias de Ikki não foram fortes o suficiente para me manter acordada, mas ele até que aceitou bem, o dia hoje foi agitado e eu estava muito nervosa e preocupada, e pra ajudar amanhã era aquela maldita prova do professor Geraldo da qual eu prometi que estudaria com Ikki mas não o fiz devido aos acontecimentos inesperados no fim do dia. Imprevistos acontecem, ele precisa fazer as coisas por si só, eu só espero que ele tenha estudado um pouco pelo menos.


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Notas finais do capítulo

Valeu...seus lindos!



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