CAP. 03 Começando a ler Shakespeare

Cheguei em casa e subi direto pro meu quarto, joguei minha mochila na cama e fui trocar de roupa. Vesti um short e uma camiseta e fui pra cozinha, preparei um sanduíche e me sentei no banco do balcão da cozinha, ouvi passos descendo a escada e não demorou muito pra Sininho aparecer na cozinha.

-Aiiinn...  já comecei a ler aquele livro, mas ele dá tanto sono... – ela disse enquanto sentava ao meu lado.

-Eu nem comecei a ler ainda...Preferia que fosse um livro sobre vampiros, lobisomens e cheio de assuntos sobrenaturais. – respondi antes de dar uma mordida no sanduíche.

-Eu não... Preferia que fosse sobre moda – questionou a Sininho enquanto pegava um copo de leite na geladeira.

Sininho veio com seu copo e se sentou ao meu lado.

Ouvimos a porta da frente abrir, e logo minha irmã estava atravessando a porta da cozinha. Ela se aproximou e ficou em pé do outro lado do balcão bem de frente pra gente, enquanto eu e Alice continuávamos sentadas nas cadeiras do lado oposto do balcão.

-Olá pessoas – disse Rosálie num sorriso de orelha a orelha, é ela sempre ficava assim quando voltava dos seus amassos.

-A propósito encalhada, Edward pediu pra avisar que vai vir á noite pra vocês começarem a ler o livro pro trabalho – ela disse enquanto pegava o sanduíche das minhas mãos.

-Eiiiii folgada! Faz um pra você! – eu reclamei.

-Esse ta mais gostoso  - ela disse rindo - Acho que o Emmet vem junto com o Ed a noite Alice, só pra te avisar tá... – ela completou ainda de boca cheia com o MEU sanduíche.

-Aiinn, já não basta ter que agüentar ele na escola?? – ela disse fazendo beiçinho. (cara! Quantos aiinss, Alice ainda tinha guardados??).

Aproveitei que minha irmã estava prestando atenção no drama que Alice estava fazendo e tomei o pedaçinho restante do sanduíche da mão dela e enfiei na boca tudo de uma vez.

-Bom eu vou dormir um pouco, quando o Cullen chegar você me avisa Rose. -falei de boca cheia ainda.

 Pulei do banco e já estava de pé indo em direção ao meu quarto.

Tomei um banho e fui pra cama. Me  deitei e peguei o livro pra ler.

“Prólogo

Duas casas, iguais em dignidade - na formosa Verona vos dirão - reativaram antiga inimizade,

manchando mãos fraternas sangue irmão. Do fatal seio desses dois rivais um par nasceu de amantes

desditosos, que em sua sepultura o ódio dos pais depuseram, na morte venturosos. Os lances desse amor

fadado à morte e a obstinação dos pais sempre exaltados que teve fim naquela triste sorte em duas horas

vereis representados. Se emprestardes a tudo ouvido atento, supriremos as faltas a contento.”

Cara aquilo era sonífero puro! Deixei o livro de lado e fui pra frente do computador.

Me surpreendi em notar como eu estava ansiosa pra ver se havia mais um recado do misterioso Arcanjo.

Abri minha pagina de recados e apaguei mais uns recados dos idiotas machistas que insistiam em se oferecer pra que eu provasse o beijo deles.

Logo achei o recado que eu queria...

“Vejo que ainda continua com os seus fãs (rs) e talvez você nem note esse recado entre os demais, mas eu senti vontade de passar aqui de novo e de novo no seu perfil.

Bjos Arcanjo”

Ouvi algumas batidas na porta do quarto.

-Bells posso entrar? –era a voz da minha irmã do outro lado da porta.

-Entra – minimizei a tela do computador – O que você quer Ros... ué? O que você ta fazendo aqui?

-Boa tarde pra você também. Sua irmã não disse que eu vinha?

-Disse mas.. mas não era a noi... Quer dizer não era a noite? –otimo a gagueira voltou.

-Emmet vai sair a noite e eu e sua irmã vamos junto, por isso vim agora.

-Bella me empresta seu rimel? – escutei a voz de minha irmã gritando no quarto ao lado, a palavra “sair” havia sido mencionada e se eu bem conhecesse Rose ela já devia estar provando a roupa que usaria a noite.

-Empresto... – eu gritei ainda do mesmo lugar.

Rose apareceu no meu quarto e eu lhe apontei com a sobrancelha a gaveta da cabeceira ao lado da cama.

-Posso pegar o seu brinco de argolas? –ela perguntou com a minha caixinha em suas mãos.

-Pode, mas toma cuidado hein! Vê se não vai perder! – eu falei.

Ela pegou os brincos e deixou a caixinha de musica em cima da cama e saiu de Novo.

Edward sentou na cama e a pegou nas mãos. Ele abriu a caixinha que começou a tocar uma melodia lenta enquanto a estatua da bailarina rodopiava.

-Pra uma garota cheia de marra que se veste desse jeito, isso aqui não é meio feminino e delicado demais? –ele perguntou com minha caixinha de jóias na mão. – É até estranho ver que você tem algo assim. –ele disse enquanto ria de um jeito torto.

-Minha concepção de estranho é meio diferente da sua Cullen. Pra mim estranho é ter o namorado da minha irmã sentado na minha cama com meus objetos pessoais na mão enquanto ela está no quarto ao lado – eu disse enquanto me levantava e tomava minha caixinha de jóias da sua mão. – A propósito pode se sentar, fique a vontade, faz de conta que o quarto é seu. – eu disse enquanto fazia uma reverência  com toda a ironia que eu tinha.

Edward era tão cara de pau que nem ligou e continuou sentado do mesmo jeito.

-Vamos acabar logo com isso – eu resmunguei mal humorada enquanto pegava o maldito livro.

-Tá vendo! É por isso que você é encalhada! – ele disse, ahh... Agora estava explicado de onde minha irmã saiu com aquele apelido.

Ignorei o comentário e continuei lendo o livro ou pelo menos tentando já que eu não passava do prólogo.

Percebi discretamente que ele ainda continuava me olhando, mas fingi que estava lendo o livro.

-Bella...

-O que Cullen.

-Posso te fazer uma pergunta?

-Acabou de fazer (rs)

-Não... é serio...

-Vai... fala – respondi.

-Tudo isso – ele disse apontando para mim com a mão – é só pra ser diferente da sua irmã?  

Pensei por um instante e soltei um suspiro.

-Você não tem idéia de como é ver seu rosto numa outra pessoa, você sabe que pode “parecer” o seu rosto, mas “não é” o seu rosto. Na nossa infância eu sempre fui comparada a minha irmã, eu adoro a Rose se tem alguém que merece ser feliz é a minha irmã. Mesmo sendo popular ela trata o pessoal bem, não é esnobe e tals, mas uma Rosálie já está bom pro mundo. Eu quero ser Isabella Swan e esse é o meu jeito, é o que eu sou...

-Agora é minha vez Cullen.

-Você não acha esquisito esse lance todo da gente ter que ficar junto por causa do trabalho, de você estar aqui no meu quarto... sabe... tipo, só eu e você?

-Bella primeiro – ele disse contando nos dedos -  eu tô com a sua irmã, segundo se um dia a gente tiver um lance sério você vai ser minha cunhada então nós vamos ter que conviver, terceiro Rosálie está no quarto ao lado como você mesma disse por isso eu não vou fazer nenhuma besteira. Quarto você não faz meu tipo, nem dá pra ver seu olho direito de baixo de todo esse negócio preto – ele terminou rindo.

-Eii, isso se chama sombra e só pra constar eu também não morro de amores por você – eu disse.

-Então agora podemos começar a ler o livro? –ele perguntou.

Fiz que sim com a cabeça e começamos a ler. Edward leu o prólogo em voz alta.

“Duas casas, iguais em dignidade - na formosa Verona vos dirão - reativaram antiga inimizade,

manchando mãos fraternas sangue irmão. Do fatal seio desses dois rivais um par nasceu de amantes

desditosos, que em sua sepultura o ódio dos pais depuseram, na morte venturosos. Os lances desse amor

fadado à morte e a obstinação dos pais sempre exaltados que teve fim naquela triste sorte em duas horas

vereis representados. Se emprestardes a tudo ouvido atento, supriremos as faltas a contento.”

-Eu não consigo entender nada do que ta escrito aqui – eu disse já passando minha mão nos cabelos, meio sem paciência – Eu tento, tento mas não consigo entender nada!

-É fácil! Eles falam assim porque naquele tempo era assim, então é só ler como se fosse nos tempos atuais.

-E como seria isso? – perguntei.

-Calma aí que vou te mostrar...

Ele levantou da cama e pigarreou, bagunçou um pouco o cabelo e dobrou uma das barras da calça até a canela,em seguida começou a andar meio torto como se tivesse torcido o pé.

“Aê maluco, duas fraternidade firmeza lá pôs lado de Verona, os mano tinha uma treta antiga e já tinha se pegado geral na porrada. Mas no meio dessa parada sinistra tinha um casal maluco de ficantes. A parada deles tinha tudo pra dar zica, porque os coroa da mina achavam que ela era areia demais pra ele. Se tu ficá ligado, presta atenção que eu vou contar a parada”

Não consegui me segurar e ri na cara do Cullen da imitação barata de Edward.

-Que foi? – eu já chorava de tanto rir, e ria cada vez mais alto, porque agora era Alice que pôs a cara na porta pra ver o que estava acontecendo.

-Faz pra ela ver, imitação barata. Acho que ele pensa que é o Eminem Alice – disse ainda entre gargalhadas.

Ele repetiu pra Alice que já juntava as suas risadas com as minhas.

-Nossa vocês são bobas – a gente tinha conseguido deixar ele sem graça, pois Edward já estava com as bochechas vermelhas – eu vou é ver a Rose que eu ganho mais – dizendo isso ele saiu do quarto enquanto eu e Alice ainda riamos da sua interpretação.

-Cullen!!!! Eu to liberada do castigo? Chega de ler por hoje? – perguntei num grito ainda dentro do meu quarto assim que eu consegui parar de rir.

-Tá sim Bella! – minha irmã gritou do quarto dela – Agora eu é que vou usar o Ed!

-Eca!! Que nojo Rose!!-gritei enquanto fazia uma careta.

-Ô mente poluída hein Bella!! Eu vou sair com ele, pervertida!

-Eii, eu to aqui ainda! Não acredito que vocês estão tendo essa conversa comigo aqui, e ainda por cima gritando cada uma do seu quarto – Ed sensível era quem gritava pra nós duas agora.

Alice ainda ria do nosso dialogo insano enquanto saía do meu quarto.

Descobri que o Cullen não era tão chato como eu pensava, é... Talvez não fosse um porre fazer o trabalho com ele afinal.