É madrugada ainda quando eu acordo ao som de uivos na floresta, e de repente eu estou completamente alerta, eu instintivamente procuro minha arma ou algum meio de defesa, tudo que eu encontro é um mashmallow amassado no meu bolso, eu tinha que ser melhor que isso para realizar meu sonho de ser ninja, eu suspiro, e olho para a minha futura esposa dormindo em meus braços, seu sono é tão pacífico, que eu quase, quase a deixo continuar dormindo.

– Regina? Regina? – eu chamo por ela.

– Essa maçã é minha! – ela resmunga ainda dormindo, eu sorrio, ela estava tão completamente adorável naquele momento.

– Baby – eu chamo ela mais uma vez, um pouco mais alto, ela abre os olhos e olha ao seu redor confusa - Você está acordada?

– Não, Swan, estou dormindo, cale a boca – ela fecha os olhos novamente e tenta voltar a dormir.

– Mas Regina... – eu choramingo.

– Swan, shh – ela se vira e enterra a cabeça no meu pescoço.

– Mas, baby, eu escutei lobos uivando perto do acampamento – eu falo e logo em seguida escuto o som mais uma vez.

– E você me acordou por isso? Vai ver era só a Ruby estava passando e dizendo “Olá”, ainda educada mesmo sendo uma lobisomem – ela fala com um tom divertido, eu sinto ela rindo contra a minha pele, rindo da própria piada.

– Eu não acho que a Ruby.

– Tudo bem, volte a dormir Swan.

Um minuto de silêncio.

– Mas Regina, e se eles tentarem fazer alguma coisa? – eu sinto ela suspirar, ela levanta a cabeça e olha para mim.

– Você é a salvadora, nós estamos seguros – ela me dá um beijo no pescoço.

– Eu nunca lutei com um lobo – eu comento.

– Você já matou um dragão, nós estamos bem.

– Um dragão não é um irmão de pelo da Ruby e se ela ficar com raiva de mim?

– Swan, você quer que eu fique com raiva de você? – o tom dela era ameaçador.

Eu balanço a cabeça negativamente.

Ela suspira e movimenta o pulso – Pronto, o acampamento esta protegido contra os lobos, agora eu já posso dormir? – ela fala se aconchegando mais no meu ombro, eu beijo o cabelo dela que tem cheiro de maçãs e ela suspira satisfeita.

– Eu não sei, nós poderíamos conversar já que estamos sem sono...

– Você está sem sono, Swan, eu estou tentando dormir...

– Mas, Regina...

– Só conte os carneirinhos, tudo bem?

– Não funciona!

– Quer que eu te coloque sobre o mesmo feitiço que coloquei sua mãe? Posso te garantir que funciona.

– Regina! – eu repreendi me sentindo um pouco magoada.

– O que? Eu prometo te beijar assim que eu acordar... – ela tinha um sorriso, lindo, mas muito malicioso nos lábios.

– Tudo bem Swan, você venceu, me diga o que eu preciso fazer pra você voltar a dormir?

– Só me responde uma pergunta? Eu venho pensando muito nisso.

– Cuidado com isso, querida, pensar demais pode ser perigoso, não quero ver você se machucando.

– Você não precisa ser má comigo – eu fiz beicinho.

– Me desculpa, my love – ela me dá um beijo - Tudo bem, o que quer saber?

– Por que você não aceita se casar comigo?

– Emma...

– É serio, eu quero saber, quem sabe eu posso mudar, por favor.

– Não tem nada de errado com você, quero dizer tem sim algumas coisas, afinal você é a filha de Snow e Charming, mas nada fora do normal – ela tenta fazer graça.

– Regina, eu estou falando sério, me diz? É o meu carro? Você sempre fala mal do meu carro.

– Sim, Emma, seu carro é horrível, mas não é isso que me faz recusar seu pedido.

– O que então?

– My love, é complicado, eu me casei uma vez, foram os piores anos da minha vida, eu fui tão infeliz, eu não quero que isso aconteça com a gente, eu tenho medo que você deixe de me amar, eu não vejo casamento como uma coisa feliz – ela me explicou um pouco aflita, então eu entendi por que ela me disse não tantas vezes.

– Baby, eu te amo, mais do que tudo, se você me desse a honra um dia de se casar comigo, eu prometo que te faria a mulher mais feliz e mais amada do mundo.

– Emma... – ela sussurrou emocionada e nós nos beijamos

– Emma! - eu ouvi alguém gritando meu nome, será que era a Ruby?

– Emma! – eu ouvi mais uma vez.

Era a minha mãe, eu e Regina saímos da barraca o mais rápido possível.

Quando saímos encontramos minha mãe e meu pai enrolados no cobertor, minha mãe estava usando um pijama rosa da minnie, eu não sabia que ela ainda tinha aquilo.

– O que aconteceu? – eu perguntei.

Então quando veio uma brisa e o cheiro veio até mim – Que cheiro é esse? – eu senti que ia vomitar – O que aconteceu?

– Obviamente seus pais não tomaram banho, querida– Regina comentou torcendo o nariz.

– Não foi isso que aconteceu, Emma – minha mãe estava na defensiva.

– E o que aconteceu? Pai?

– Nós estávamos dormindo, você sabe o quanto gostamos de dormir agarradinhos – ele tinha um sorriso bobo olhando a MM.

– Pai, me poupe dos detalhes, por favor.

– Eu não precisava ficar sabendo disso – a Regina comentou.

– Então, eu pensei que estava abraçando seu pai, mas dai eu percebi que ele estava muito peludo, quando eu comentei, seu pai disse que não era ele, então o bicho se assustou e agora estamos com esse cheiro horrível – a voz dela era nasal por que ela continuava tapando o nariz.

– Você abraçou um gambá? – Regina caiu na gargalhada, eu tive que lutar muito para conter meu sorriso.

– Não ria isso foi sério, ele deve ter entrado na barraca sem que nós víssemos, Emma – ela falou se aproximando de mim.

– Mãe, por favor, não se aproxime – eu estendi minha mão para ela manter distância - Eu gostaria muito de voltar a dormir com a minha namorada e isso com certeza vai acabar com todas as minhas chances.

– Mas Emma, o que vamos fazer? – ela me perguntou, a beira do desespero.

– Que cheiro horroroso é esse? Algum corpo em decomposição por aqui? – O kid perguntou se aproximando, quando ele sentiu que o cheiro vinha da sua avó ele correu até nós.

– Sua avó abraçou um gambá querido – Regina foi rápida em contar as novidades para ele.

– Um gambá? Que legal – ele se virou para a mãe dele, com uns olhinhos de um filhotinho - Eu posso ficar com ele?

– Não, Henry! – nós gritamos em uníssono, Regina continuava sorrindo.

– Você poderia fazer alguma coisa, Regina?

– Por que eu faria, dear? Isso é tão divertido – ela era ainda mais gostosa quando era má.

– Bom, por que eu poderia tentar te dar um abraço – Snow ameaçou.

– Você não se atreveria! – Regina achava que era blefe, mas correu mesmo assim.

– Vem cá minha norinha mais linda – minha mãe então começou a persegui-la, vocês imaginem a cena, é difícil descrever, eu estou tão ocupada me acabando de rir nesse momento, vocês tem que concordar comigo que isso é um ótimo desfecho na história da branca de neve e da rainha ( muito mais gostosa do que nos filmes e desenhos) má.

– Emma, controle sua mãe! – ela gritou para mim enquanto se escondia atrás de uma arbusto.

– Vem aqui me dá um abraço grande e bem demorado – Snow estava perigosamente perto dela.

– Tudo bem, Tudo bem – Regina ergueu as mãos em derrota quando minha mãe estava quase encostando nela – Eu ajudo!

– Sábia escolha, Regina, Sábia escolha – minha mãe se afastou.

– Vou te dizer uma coisa, se você pretende manter sua mão ou qualquer membro de seu corpo não encoste em mim! – ela ameaçou, ninguém duvidava que ela faria, mas ela usaria a razão e não deixaria nossos futuros filhos sem a avó.

– Imagino o que fariam se eu não tivesse mágica – ela falou pensativa - Vamos testar isso! – seu sorriso era lindo e contagioso - Que tal um mergulho no lago a luz do luar para os dois pombinhos, ou deveria dizer os dois gambazinhos?

– Nós iríamos morrer congelados!

– Acho um belo sacrifício, pelo bem do nosso olfato, Snow, você seria lembrada por nós com afeto.

– Regina! – ela estava choramingando – Esse cheiro é tão tão horrível, está queimando os pelos do meu nariz, você pode se imaginar cheirando assim?

– Claro que não querida, eu sou uma rainha e cheiro maravilhosamente bem o tempo todo.

– Eu tenho que concordar com ela – eu entrei na conversa.

– Emma!

– Mas é verdade – eu me aproximo dela e sinto o cheiro delicioso do seu pescoço, ela apenas sorri.

– Isso me lembra aquele episodio do pica-pau onde o cara tira as roupas pra lavar e fica vestido num barril, por que não tenta isso, nana? – Henry perguntou com uma expressão séria.

– Contanto que não tente descer as cataratas com ele, não há problema, não é querido? – Regina conspirou e se virou para ele com um lindo sorriso no rosto.

– Mãe, você ainda se lembra? – ele perguntou um pouco surpreso.

– Claro meu amor, nós sempre assistíamos juntos.

– Você é incrível, mãe – ele se jogou nos braços dela e ela o abraçou.

– A não ser que queriam que nós dois se juntem ao seu abraço, eu sugiro que faça alguma coisa, Regina!

– Ahh Snow, se eu tivesse te matado todos esses anos atrás eu não estaria passando por isso agora.

– Regina!

– Mãe!

– Baby, não fale assim com a mamãe – eu falei e ela revirou os olhos.

– Você sabe que eu estou brincando não é minha sogrinha, querida? – sogrinha querida? Eu queria que ela não tivesse soado tão falsa nesse momento.

– Não parecia que você estava brincando, mãe – Henry comentou.

– Detalhes, Henry, detalhes, mas vamos acabar logo com isso – ela resolveu tudo num estalar de dedos – Pronto, sogrinha e sogrinho queridos, todos os vestígios do gambá acabaram, qualquer cheiro ruim, já pertencia a vocês dois.

– Obrigada, Regina.

– Por nada, Snow, você sabe que precisando pode sempre contar comigo.

– Ahh, claro que sim.

– Então, podemos voltar a dormir agora? – eu perguntei e bocejei logo em seguida.

– Acho que é uma boa ideia, eu só quero esquecer os eventos dessa noite.

– Vamos meu bem – meu pai abraçou ela e os dois foram juntos para a barraca deles.

Não demorou muito para nós ouvirmos a voz da minha mãe – Regina, a barraca ainda está fedendo ao gambá – ela saiu tampando o nariz.

– Oh querida, me desculpe, eu devo ter esquecido – com um movimento do pulso dela todo cheiro ruim foi embora.

– Boa noite, Snow.

– Boa noite, Regina – ela entrou na barraca.

– Mãe, eu escutei uns lobos uivando – Henry comentou se aproximando de mim.

– Ah kid, não se preocupe, sua mãe disse que era a Ruby passando pra dizer “Olá”.

– Isso explica tudo!

– Por que não tenta voltar a dormir, querido?

– Sim, mãe, boa noite – ele nos abraça e vai para a sua barraca – Boa noite, pai.

– Boa noite, kid.

– Que noite, baby!

– Memorável, my love – ela envolve meu pescoço com os braços, eu circulo a cintura dela e a puxo para mim e então nós dividimos um beijo.

– Você realmente esqueceu de limpar a barraca deles?

– Para todos os efeitos, sim my love – ela me beija mais uma vez – Agora vamos dormir?

– Sim, baby – eu ainda envolvia a cintura dela e beijava seu pescoço e nós entramos na barraca.

Nós nos abraçamos apertado, eu já estava quase dormindo quando ela sussurrou – Emma?

– Sim, baby?

– Quando você me pedir novamente, eu não vou dizer não, eu quero esquecer do meu passado, eu mal posso esperar para ser feliz para sempre com você – meu sorriso enorme naquele momento me fazia parecer uma idiota ao extremo.

– É – um beijo- im – beijo- pos – beijo –sí – beijo -vel - outro beijo te – beijo – amar - beijo -mais – eu a abraço apertado.

– Boa noite minha rainha.

– Boa noite meu cavaleiro branco, sonhe com os anjos.

– Sim, baby, eu estarei sonhando com você – eu a trouxe mais para mim e beijei seu cabelo.