O Passado do Seu Coração escrita por Kuchiki Manu


Capítulo 9
Capítulo 09 - "Nada acontece da mesma forma."


Notas iniciais do capítulo

Oie, meus caros leitores!

Postando mais um capítulo, claro!
Dessa vez, decidi priorizar este primeiro, já que o anterior demorou um pouco para ser postado. Então, pra quem lê também "Entre a Razão e o Coração!", informo que o capítulo já esta sendo trabalhado!

Confesso que este foi o capítulo mais trabalhoso, e complicado, de se fazer até agora para esta fic.
Por quê? Algumas informaçães essencias estão nele, então tive que detalhar para ser compreendido. Eu revisei, mas acho que pode haver alguns erros.
Creio que irá surgir dúvidas, e fiquem livres a tira-las ao me perguntar, se quiser.
O resultado não saiu como eu esperava. Me desculpe por isso. Vou procurar melhorar o próximo.

Agora, agradecendo aos reviews maravilhosos. Gostei de cada um, e como sempre, adorei saber o que estão achando.
Muuito obrigada pelo apoio e carinho! *.*

Enfim, entrem nessa "viajem" e...

Boa Leitura!



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-

Sempre aquilo que passou
pode passar novamente
Quando se repassa o passado
o que passou
passa de um jeito diferente.”

 

(Flávio Samadhi)

-

 

CAPITULO 09 – “NADA ACONTECE DA MESMA FORMA.”

 

Ela estava entre eles.

Entre o norte e o sul. Entre o verão e o inverno.

Ela era o equador. O centro. E mais uma vez, ela ligava aqueles dois estremos.

 

- Byakuya-sama... - o nome dele escapou de sua boca, mostrando a surpresa por vê-lo ali.

 

Ele não disse nada. Em passos firmes, Rukia percebeu quando ele se prostrou em frente a ela. O que conhecia agora era as costas de Byakuya. E movimentando levemente o rosto, ele pode olha-la do canto de seus olhos acinzentados.

 

- Você está bem? - perguntou.

 

Ela piscou os olhos surpresa.

 

- S-sim. - respondeu.

 

Ele assentiu, virando-se novamente.

 

- Como vai, Kuchiki Byakuya? - indagou Kaien ao receber o olhar do Kuchiki.

- O que faz aqui?

- Acho que eu deveria fazer essa pergunta, mas... - ele sorriu, olhando além dos ombros de Byakuya – Então você é mesmo uma Kuchiki, não é, Rukia? Se não, ele não me olharia assim... - voltou a atenção para o capitão do 6 esquadrão.

 

Rukia ficou sem reação. Olhava para os dois, sem ter certeza do sentido de seus pensamentos. Sem saber o que dizer. Na verdade, o que poderia dizer?

Era revoltante ver como estava perdida. Sem voz. Mas, sinceramente, sempre ficava nesse estado quando estava perto deles. Já havia notado. E agora... Os dois juntos... Não tinha saída.

 

- Basta. Não posso perder meu precioso tempo com vocês. - Mayuri interferiu. - Eu chamei Kuchiki Rukia. Se quiserem conversar, que seja longe daqui!

 

A irritação de Mayuri era bastante evidente. Mas quando ele não estava irritado? Apesar de tudo, Rukia agradeceu o mal-humor do capitão do 12º esquadrão. Inacreditavelmente, ele a 'salvou'.

 

- Então... - o Shiba quebrou o silêncio de olhares – Eu acho que já está na hora de ir. - deu as costas, começando a andar.

 

Rukia, em reflexo, deu um passo a frente, como se relutasse a ida de Kaien. Mas parou ao ver o quão patética era por fazer isso, e com a mão no peito, o viu se afastar aos poucos.

 

- A gente se vê, Kuchiki Rukia. - ouviu ele falar, acenando levemente com um dos braços.

 

Ele se despediu.

E em segundos, o Shiba sumiu de sua visão.

Ela comprimiu os lábios, olhando para o lugar onde antes ele estava. Apesar da mente repetir por várias vezes que não o veria mais; algo dentro de si afirmava, com confiança, que poderia revê-lo novamente.

Era confuso. A nova realidade não havia sido aceita com convicção.

Mas... De algum modo, sentiu que poderia se adaptar.

 

- Venha, Kuchiki Rukia! - Mayuri chamou impaciente.

 

Ela levou um pequeno susto. Virou o rosto para ele, e notou quando o capitão se posicionava em frente a cúpula. Vagarosamente, uma abertura começou a surgir. Aquela por onde Mayuri passara minutos atrás.

Se pôs a andar até o louco, mas exitou ao olhar para o seu lado.

Engoliu seco.

Byakuya permanecia no mesmo lugar, e olhava-a de uma forma... Intrigante? Porquê ele...?

 

- Vamos. - ele interrompeu seus pensamentos. Deu de ombros e começou a andar em direção a cúpula.

 

Ela o observou por alguns segundos, mas decidiu segui-lo de imediato. Não poderia continuar com aquelas expressões desconcertadas. Simplesmente não a favoreciam em nada. Chegavam até prejudicá-la.

Concentre, Rukia. Concentre!

Ela viu quando Mayuri atravessou a abertura. Esperou que Byakuya fizesse o mesmo, mas ele apenas a olhou, como ordem para que fosse primeiro. E foi o que fez.

Respirou fundo. Fechou os olhos ao colocar o ultimo pé dentro daquele espaço. E ao abri-los, não pode esconder a surpresa pelo que estava diante de seus olhos. A boca formou uma pequena abertura, inevitavelmente.

O que aconteceu com aquele lugar? Ele estava... irreconhecível!

O que era antes um espaço com puro verde, agora se tornara um abrigo para vários objetos estranhos. Máquinas? Com certeza. Grandes, pequenas. Tubos com um liquido diferente e estranho. Cientistas, por assim dizer, operando e cumprindo alguma função lhe dada.

Algumas árvores eram presentes, assim como a grama por baixo de seus pés; mas nada comparado ao que era. A luz do sol fora trocada por lâmpadas.

Tinha a impressão de estar em um laboratório.

O mais notável em meio a isso era um objeto, quer dizer, máquina? Provavelmente; e de um tamanho, consideravelmente, grande. Possuía uma forma circular, com uma abertura de seu centro até as extremidades. Parecia um anel gigante, colocado na vertical e preso ao chão.

E era aquela geringonça tão misteriosa o destino dos passos de Mayuri, consequentemente, o seu.

 

- Este é o portal que a levará de volta, Kuchiki Rukia. - ele apontou, mas seguiu em direção a uma mesa, estrategicamente posicionada ao lado.

- É isso que me levará de volta... para o meu tempo? - perguntou debilmente, cercando com os grandes olhos violeta o 'anel'.

- Não ouviu? Foi o que eu disse. - respondeu com arrogância – Isso, futuramente, será um portal.

- Portal? Mas... como...?

- Não terminei de falar. - arrogante novamente.

 

Byakuya, que não disse uma palavra desde que chegaram ali, franziu as sobrancelhas, contendo a irritação ao ver o tom de Kurotsuchi.

Após alguns segundos vasculhando a mesa entulhada com papéis e mais alguns objetos diferentes, Mayuri começou:

 

- Este é um portal 'espaço-tempo'. Através dele, você poderá retornar a sua época, atravessando o centro.

 

Claro, Rukia não compreendeu de imediato, pois como iria retornar ao seu tempo se no centro daquele objeto não havia nada? Atravessando-o, só chegaria ao outro lado do laboratório, o que não resolveria.

Porém, resolveu guardar a sua curiosidade. Com paciência, aquele capitão estressado iria explicar, não é?

 

- Lógico que não será da forma que se encontra agora. É uma idiotice pensar desse jeito. - normal ele fazer este tipo de comentário – Por isso, eu criarei uma substância; na verdade, um tipo de energia que ajudará a quebrar a linha do tempo entre o meu mundo e o seu.

 

Ela escutava atentamente. Então Mayuri iria... Espera um minuto. Meu mundo e o seu?

 

- Como assim, meu mundo e o seu? - a pergunta escapou de sua boca. A curiosidade e ansiedade falaram mais alto.

 

Mayuri virou-se para ela.

 

- Descobri uma nova informação sobre a sua condição, Kuchiki Rukia. Poderá ajuda-la, ou até mesmo prejudica-la.

 

Com alguns segundos de suspense, ele continuou, de uma forma séria:

 

- O passado que você se encontra neste exato momento, não é o seu.

- O que? - ficou surpresa. Confusa. - Mas... Mas como?

- Irei explicar de uma forma que você entenda. Então preste atenção, pois não irei repetir novamente. - olhou para ela do canto dos olhos estranhos, e a garota assentiu – Suponha que você me conheça tanto aqui nesta época, como na sua. No entanto, em um acidente, uma dessas máquinas caísse sobre mim e eu morresse aqui e agora. Mas se você retornar para o seu futuro, eu irei continuar vivo, pois o que aconteceu aqui neste passado, não teve razões para que ocorresse no futuro.

 

Rukia não mudou a expressão confusa. E, curiosamente, até Byakuya estava dessa forma, porém, com descrição.

Mayuri suspirou irritado. Sabia que não haviam entendido, mas era necessário que compreendessem. Odiava o fato de ter que ser mais claro, entretanto, teria que dar continuidade a experiência.

 

- Tsc! Deixe-me ver... - olhou para os lados, procurando algum exemplo, e sorriu ao encontra-lo – Imagine que eu empunhe minha espada e mate Kuchiki Byakuya agora. - quase riu da própria frase – Sendo que, provavelmente, você o conhece em seu futuro também. Mas, quando retornar para lá, você o encontrara vivo. Por quê? Porque o 'Kuchiki Byakuya do futuro' nunca esteve aqui neste lugar, ou teve razões para estar; ou seja, ele não deu a oportunidade perfeita para que eu o matasse.

 

Ela arregalou os olhos surpresa. Então... quer dizer que...?

 

- Entenda, Kuchiki Rukia. Pelo mínimo que seja a interferência no passado, o futuro será alterado. Nada acontece da mesma forma. Se você escolher o caminho da direita, não será a mesma coisa que escolher o da esquerda. Há acontecimentos diferentes e distintos em cada um. O seu passado não recebeu a sua 'visita' como o nosso. Você não deveria estar aqui. E já que está, o futuro, com certeza, mudará.

 

Ela permaneceu em silêncio, com os olhos ainda em choque. Tudo era tão complicado. Não sabia o que pensar em relação a isso, e de certa forma, duvidada que pudesse criar alguma explicação aceita pela mente sozinha.

Dois passados? Dois futuros? Dois... Mundos?

Sim. Foi o que fez. Ela interferiu. Ela... mudou.

 

- Como havia dito: isto pode ajudá-la, já que você não precisará mais ficar escondida como um animal enjaulado. - Mayuri prosseguiu – Mas também pode lhe prejudicar. Não sua vida, ou a das pessoas ao seu redor. Você já mudou tudo no momento em que chegou até nós. O que quero dizer é que complicará, ainda mais, o meu trabalho. - colocou ênfase no 'meu' – A dificuldade de criar algo para que você volte para o futuro irá dobrar. Ou até mesmo, triplicar! Não terei apenas que levar você, mas antes disso, terei que quebrar a barreira que separa os dois mundos.

- E você pode fazer isso? - Rukia se assustou ao ouvir a voz gélida de Byakuya. Ao olhar para o lado, notou que ele tinhas o olhar em direção a Mayuri.

 

O cientista encarou-o de volta, e dando de ombros, soltou um leve sorriso.

 

- Sim, eu posso. - afirmou – E é por esta razão que desde o inicio a Hougyoku é utilizada como base de tudo. É essa substância que criara a energia necessária para que Kuchiki Rukia atravesse o portal. E o mais importante: apenas ela tem esse poder. O poder para quebrar o 'espaço-tempo'. Nenhuma zanpakutou ou kido possuí força o bastante. Somente a Hougyoku é a chave.

 

Mas... Ele não tem a Hougyoku. Como... Como ele irá...?

 

- Claro, eu não tenho a Hougyoku em minhas mãos. E para isso, terei que criar uma réplica. - respondeu antes que a garota perguntasse – Mas isso não será possível. Creio que somente aquele homem pode fazer isso. E acho que ele nunca se deu conta do que criou. Foi pura sorte! - o desprezo por Urahara jamais o deixaria reconhecer a genialidade de seu antecessor – Além de que a falta de informações nos arquivos, sobre o resultado da Hougyoku, só é mais um obstáculo para o que planejo.

 

Kurotsuchi deu de ombros, retornando ao espaço de sua mesa e pegando vários papéis. Provavelmente, informações que conseguiu sobre a Hougyoku.

 

- O desafio é criar uma réplica com o que possuo. Pelos meus cálculos, precisarei de 20, 37 % há 30, 98 % do poder da Hougyoku para criar a força necessária para o portal. Por enquanto, está é a estimativa.

 

Apenas isso!?

Rukia conhecia a fama do Hougyoku e o quanto ele era desejado por Aizen. Na verdade, qualquer shinigami que almejasse poder, criaria um interesse nessa substância a partir do momento em que soubesse o seu resultado. Com certeza é algo fabuloso. E esses números, que não chegavam ao 'exagero', capazes de resultar em algo tão grandioso; reforçava ainda mais o que pensava.

 

- O resultado não será algo maciço, mas sim uma energia, aprisionada em um tubo, que será colocada naquela área. - Mayuri apontou para uma pequena abertura na lateral do 'anel do tempo' – Após isso, através do computador... – este se encontrava ao lado da abertura, e aparentavam estar ligados – Irei ajustar o tempo exato em que você está agora, no passado; e a hora em que o hollow a trouce para cá, no futuro. Finalmente, trasportarei a substância em forma de energia para o espaço vazio, e assim, você poderá atravessa-lo, Kuchiki Rukia. Por isso preciso do lugar onde ocorreu a luta. Por isso montei o meu laboratório aqui. Você retornará como se nada tivesse acontecido.

 

Os olhos dela, surpresos, ficaram grandes iguais a lua cheia. Cheios de brilho. Porém, sem saber o sentido - ou porquê - de estarem assim.

 

- E quanto tempo levará? - Byakuya indagou pela segunda vez naquele dia.

 

Rukia o olhou, mas retornou para Mayuri rapidamente, quando este iniciou a resposta:

 

- Hmm.... Pode levar uma semana. Um mês. Um ano. Ou até... Anos.

- Anos!?

- Não seja impertinente, Kuchiki Rukia. O fato é que conseguirei. - ele mostrou-se irritado – Agora, cale-se. Preciso que me responda algumas perguntas. Apenas fale quando eu ordenar.

- Você está sendo contraditório, Kurotsuchi Mayuri. - Byakuya interferiu – Não mande-a se calar, se quer que Rukia lhe responda perguntas. Não seja ignorante.

- E você, capitão do 6º esquadrão, como ousa interferir? Você não tem o direito de-

- Sim, eu tenho. E exijo respeito com Rukia. Ela é uma Kuchiki, e merece ser tratada como tal. Caso contrário, serei capaz de procurar Urahara Kisuke pelo mundo para que ele ajude-a. - o encarou seriamente. Os olhos faiscando superioridade. - Acredite, minha família tem esse poder. E creio que este homem é mais experiente, assim como deve ter modos.

- Ora seu...! - e Mayuri, mais do que zangado, olhava com fúria o líder da família Kuchiki, que se mostrava inatingível e inabalado a tal ato.

 

Rukia observava incrédula; sendo afetada por aquele clima tenso de olhares.

Ele falou como Nii-sama!

 

- Hunf! - o louco deu de ombros – Kuchiki Rukia, diga-me... - e assim, começou o interrogatório.

 

~o~o~o~

 

Já estavam próximos a mansão Kuchiki. A maior parte do caminho foi atravessada pelo shunpo, mas ao se aproximarem de seu destino, Byakuya parou, mostrando em ação que desejava seguir andando.

O silêncio estava entre eles. Não disseram uma palavra desde que ficaram a sós, e ela achou o melhor. Após tantos acontecimentos em poucas horas, toda a sua mente estava carregada. Em conflito.

Deveria ter se acostumado. Estava mais do que na hora...

Desde que chegou ali, dias 'chocantes' aconteciam com frequência. Afinal, tudo era insano e incomum. Tudo o que via, não era para ver. E agora que sabia que o seu passado e futuro eram diferentes daquele lugar; não tinha mais tanta certeza se deveria estar ali.

É tudo culpa minha...

 

- Por que fez isso? - ela ouviu, de repente, a voz dele lhe dizer.

 

Rukia olhou para cima, encontrando o rosto de Byakuya. No entanto, ele não havia lhe olhado. Continuava com o queixo erguido, sem se dirigir á ela em ações, mas sim em palavras.

Sim, ele falou. Mas...?

 

- Eu... Eu não compreendo...

- Por que você foi até lá sozinha, Rukia? - foi mais especifico agora, virando o rosto para ela.

 

Ela o fitou por alguns segundos. Curiosamente suas bochechas esquentaram ao ter a atenção dele somente somente para si, então teve que desviar o olhar.

 

- Eu... Não queria incomoda-lo, Byakuya-sama...

- E se algo acontecesse com você?

 

Ele é rápido!

 

- Mas... Eu tomei cuidado. E o tenente do 13º esquadrão me ajudou-

- Eu não confio à ninguém a sua segurança, Rukia.

 

Inevitavelmente seus olhos retornaram a ele. Surpresos pelo que foi dito.

O que ele....? Será que ouviu direito...?

Interrompendo seus pensamentos, Byakuya parou. Ela o imitou, olhando-o mais do que confusa, ou melhor, incapacitada para entender o que ele dizia.

 

- Escute-me, Rukia... - Ele suspirou pesadamente, fechando os olhos. - Eu disse para você que iria protegê-la. Você se lembra?

 

Huh?

 

“- Eu vou proteger você... Apenas fique ao meu lado. Não deixarei que nada aconteça com você, Rukia.”

 

Ela desviou o rosto. Envergonhada...? Não. Mas sim, incomodada pelo fato de ter que ser protegida por uma frase.

Semelhante a uma promessa...

Isso era algo que cercava sua vida. A vida de seu Nii-sama.

Ele não fazia por que queria. Sabia disso.

Byakuya Nii-sama a protegia por obrigação. Por ser um pedido de sua amada esposa, já não mais com ele.

... O último desejo de Hisana.

Sendo assim, isto a convencia, cada vez mais, que era... um fardo.

 

- Sim, eu me lembro. - ela respondeu em um sussurro.

- Eu não acredito em você. - ele retrucou com rapidez. - Por isso, direi novamente...

 

Pausou.

 

- … Rukia, eu vou proteger você. Eu prometo.

 

E mais uma vez, Rukia se viu ser atingida pelas palavras de Byakuya.

“Eu prometo.”

Antes não havia notado a diferença. Porém, agora... Ela pode notar.

A promessa que há anos se tornou presente em sua vida, desde o momento que ingressou na família Kuchiki; não era a mesma.

Byakuya não estava prometendo a Hisana que iria protegê-la. Ele prometia...

… À ela – Kuchiki Rukia.

Não era uma obrigação. Ele iria protegê-la porquê queria.

Ela não sabia o que dizer. Aquelas simples palavras tinham um peso muito grande. Sentia-se feliz, de algum modo, por ele se preocupar com ela. Era algo estranho ficar desta forma por isso. Queria até sorrir, mas viu que era uma idiotice não aceitável para o momento. Ele poderia achar...

O fato era, que além da felicidade reprimida, havia a dúvida. A dúvida da própria capacidade. De ser forte. De poder carregar aquela promessa. Ela não queria ser um problema. Não ali, também.

 

- Vamos. Hisana deve estar preocupada com você.

- H-Hai. - ela apressou o passo para ficar ao lado dele.

 

Por enquanto, palavras não precisavam ser ditas.

 

~o~o~o~

 

- Ocorreu tudo bem? - perguntou Hisana ao marido, quando este entrou em seu quarto.

- Sim. - ele respondeu, começando a desamarrar o fio de seu uniforme de capitão – Também fomos informados sobre novas descobertas em relação a situação de Rukia.

- E o que aconteceu? - preocupada, ela se pôs de pé – Está tudo bem? Por quanto tempo...?

- Não se preocupe, Hisana. - Byakuya se aproximou dela, repousando as mãos em seu rosto delicado – Eu irei lhe dizer. Mas gostaria que fosse junto com meu avô, está bem?

- Sim. Como quiser, Byakuya-sama. - impressionante que com apenas aquilo, ele lhe transmitia segurança.

- Ótimo. - sorriu ternamente, beijando os lábios da esposa.

 

Poderia permanecer assim eternamente. Não se importava com nada, desde que estivesse ao lado dela.

Hisana é o ar que respira. A mulher que mudou sua vida, de uma forma que não conseguia explicar. Desde o momento em que a conheceu, ela o havia tomado para si, lhe dando uma razão para viver, além da honra de sua família.

Ela é sua doce Hisana.

 

- Eu irei tomar um banho agora. - ele disse ao finalizar – Você está convidada a se juntar a mim, se quiser.

 

Inexplicavelmente, uma pequena mancha vermelha poderia ser vista nas bochechas de Hisana.

 

~o~o~o~

 

O pôr-do-sol começara o seu espetáculo. O céu estava adornado com as cores laranja e rosa, mescladas com o azul anil. Os pássaros sobrevoavam aquela imensidão, indo ao destino de suas casas. O ar fresco mostrava com clareza que a noite se aproximava, e ela esperava ver isso acontecer.

Mais perto de tudo. Mais próxima ao céu e ao ar, longe da atmosfera pesada da terra. Mais leve e sóbria. Cercada pela paz.

Paz.

Foi em cima da árvore de cerejeira, sua confidente, que Rukia tentou encontra-la.

Queria refrescar sua mente. Queria pensar no que faria. Queria se decidir.

Agora que sabia mais um pouco sobre sua condição, de alguma maneira, tudo mudara. Não somente o seu mundo. Não. Além disso, seu modo de agir também fora afetado. De que jeito? Ainda não sabia.

Mas compreendeu o que Mayuri lhe disse. Entendeu que interferiu naquele passado, e mudou o futuro das pessoas em sua volta. Eles não iriam viver da mesma forma que conhecia, provavelmente. Talvez ela nunca fosse adotada pela família Kuchiki. Talvez Byakuya não a conhecesse; Renji não virasse tenente do 6º esquadrão; Ichigo e os outros jamais soubessem que ela existe.

A Rukia daquele lugar – onde quer que esteja... - Poderia ter uma vida totalmente diferente da sua.

Não gostou disso. Não aceitou.

Claro, sua vida não era perfeita. Havia tantas coisas que queria mudar. Tantas....

E ela começou a pensar em cada uma delas, de um jeito diferente. Particular.

Suspirou. Pelo que entendeu, haviam dois mundos. O seu e aquele.

Quando chegou ali, aquele mundo se tornou inacessível para ela. Rukia não pertencia a ele, e nunca pertenceria. Ela, não.

Quer dizer que existe duas Rukias? Está era mais uma pergunta que faria para Mayuri quando o visse novamente. Mais uma para a sua lista de questionamentos, e que por distração de fatos, não foram feitas.

Colocou a mão sobre a testa. Sentia até dor de cabeça por isso.

Argh! Tudo é tão confuso...!

Teria que preencher cada lacuna de dúvida. Era necessário.

Entretanto, em meio as dúvidas, havia uma que veio em sua mente e com grande importância. Poderia ser considerada, com certeza, algo que mudaria se tivesse poder. Se pudesse... Mudaria...

A morte dele.

A morte de Kaien Shiba.

Aquele fio de dor e culpa atravessou o seu coração neste instante. Como sempre acontecia quando pensava nele. E sentiu o coração apertar ao vê-lo cara-a-cara.

Tão próximo... Não conseguia acreditar. Mas...

… Foi tudo real!

Não pode segurar o sorriso em seus lábios. As lágrimas de alegria querendo se manisfestar mais uma vez. Porém, não poderia ser tão emocional agora. Não. Não!

Concentre! Pense, Rukia!

Se estivesse certa em seu raciocínio, e se Mayuri não cometesse erros, ela tinha o poder para mudar.

Ela poderia, sim?

Mesmo que isso não tivesse efeito em seu futuro. Mesmo que quando voltasse, ele ainda estivesse longe de seu alcance, no cruel caminho sem volta da morte; ela não se importava.

Se pudesse viver com a certeza de que, em algum lugar, Kaien-dono estivesse vivo...

 

- Como imaginei, você está aqui. - alguém lhe falou.

 

Ela soluçou em surpresa, tornando a cabeça para baixo e encontrando o 'alguém'.

Por quê você está aqui? Preciso ficar sozinha...

 

- Byakuya-sama?

 

Ela o viu além dos próprios pés. Ele olhava para cima, vendo-a no topo da árvore, como uma criança. Os cabelos dele, com um ar molhado, mostravam que havia acabado de sair do banho.

 

- Eu irei falar com o meu avô e Hisana, sobre o que Kurotsuchi Mayuri nos disse. Você precisa estar presente, Rukia.

 

Oh, como pode se esquecer?

Acabou se reprovando por Byakuya ter que ir chamá-la. Como era estúpida. Existem pessoas que se importam com ela. Não poderia se isolar de todos, simplesmente. Já deveria estar lá há muito tempo, mostrando gratidão pela hospitalidade. Eles mereciam saber, também. Se interessavam por isso.

Ficou surpresa pelo modo como pensou de si mesma.

 

- Hmm? - Byakuya arqueou uma sobrancelha, ao vê-la tão pensativa.

- Hã? Ah, eu já estou indo! - ficou de pé rapidamente, apoiando os pequenos braços nos galhos da cerejeira.

 

Pronto! Agora sim parecia uma perfeita estúpida!

Será que pode piorar?

Pelo que parecia, sim. Comprovou isso ao se desequilibrar em sua decida da cerejeira. Ao perceber isso, segurou fortemente um dos galhos, imediatamente.

Droga! Não poderia cair! Subia várias vezes em árvores quando morava em Rukongai, e nunca aconteceu nada. Renji muitas vezes caiu, mas ela não.

E agora iria se espatifar no chão em frente a ele? Jamais!

Entretanto, não conseguiu evitar o pior, e inevitavelmente encontrou-se indo de encontro ao chão.

Ela fechou os olhos.

NÃO!

 

- Por que você gosta do perigo? - a voz fria, porém calma, soou mais perto de seu rosto.

 

Vagarosamente, Rukia abriu os seus olhos novamente. O corpo não estava dolorido pelo impacto ao chão. Na verdade, isso não aconteceu.

Ele me pegou!

 

- Você está bem? - indagou Byakuya, enquanto a carregava em seus braços.

 

Ela tornou o rosto para o lado. Ele a olhava preocupado, mas não alarmado. Ela estava bem, fisicamente. No entanto, o seu interior era puro pânico.

Eles estavam próximos. Muito próximos.

Ela sentia os braços fortes dando suporte ao seu corpo. A respiração quente arrepiando sua pele. Os olhos somente em direção ao seu rosto.

Rukia sentiu as bochechas esquentarem. O vermelho tomando conta de sua face.

Droga!

 

- S-sim... - ela respondeu após alguns segundos, que pareciam ser eternos.

 

Ele a colocou no chão, para o seu alívio. Soltou a respiração presa em sua garganta.

 

- Er... Obrigada, Byakuya-sama. - Rukia disse com em um sussurro.

- Você precisa tomar cuidado.

 

Ela assentiu.

 

- Com o seu porte, você não tem capacidade de fazer este tipo de ação.

 

Assentiu novamente. Sim, ele estava certo. O seu porte não deixava que... Hã?

Será que entendeu direito? Ele estava lhe chamando de...!?

 

- O quê!? Você disse que eu não posso subir em uma árvore por causa do meu tamanho!?

 

Os olhos de Byakuya se arregalaram de um jeito sútil, mas perceptível. Se perguntava o porquê de ela ter ficado exaltada. Será que...?

 

- Eu sempre fiz isso quando morei em Rukongai, e não é agora que eu vou...! - Rukia parou, tapando a boca com as próprias mãos.

 

Minha nossa! Ela estava falando com ele do mesmo modo que falava com Ichigo e Renji!

Isso não era apropriado. Jamais seria! Ele é seu Nii-sama!

Ela olhou para ele, vendo a expressão confusa de Byakuya.

 

- Eu... Eu... - se atrapalhava com as próprias palavras – Er... Me... Desculpe, Byaku-

- Não.

 

Ah, não! Ele deve ter ficado ofendido!

 

- Eu não deveria ter dito isso. Não há problema com sua altura, Rukia. Me desculpe. - ele se mostrava sincero.

 

Ela piscou os olhos incrédula. Ele pediu desculpas?

Mais uma vez foi vítima das diferenças de Byakuya e seu Nii-sama. E como sempre, sua reação era a mesma.

 

- Ah...

 

Ele esperou ela dizer algo.

 

- Está tudo bem. Eu não.... Eu não me me importo...

 

Não foi o que pareceu.

 

- Eu acho melhor nós irmos. Ginrei-sama e Hisana-sama estão nos esperando. - achou uma saída, e não esperou ele abrir a boca para concordar.

 

Byakuya observou Rukia, à poucos passos de distância. Não estava totalmente convencido com o que aconteceu.

Hisana e Rukia possuem grandes semelhanças físicas. Em cada mínimo detalhe visível.

Elas poderiam ser consideradas irmãs gêmeas, sem dúvida. Até ele mesmo já se confundiu, e em situações bem... constrangedoras. Se lembrava perfeitamente.

Mas, ao contrário da semelhança externa, suas personalidades eram diferentes. Muito diferentes.

Hisana jamais ficaria chateada, ou se exaltaria, por insinuarem que é pequena. O mais provável é que nem se importe com um comentário tão insignificante. Ela nem responderia contra.

Entretanto, Rukia mostrou-se extremamente incomodada. Chegou a pensar que ela fosse lhe bater, igual a uma certa vez... Forte!

Ela realmente ficou chateada por ele ter insinuado que era de baixa estatura?

Não compreendeu essa reação.

Ele, sinceramente, não se importava com altura. Gostava do corpo de sua esposa. E não negaria que o de Rukia era.... O que? Por quê pensou isso?

Byakuya balançou a cabeça levemente, querendo afastar aquele pensamento. Não é apropriado.

E agora que sabia que a permanência temporária de Rukia em sua mansão mudara o futuro, uma onda de perguntas inundou sua mente.

Há muitas coisas que queria saber, e ainda quer.

Os segredos do futuro.

Ele ousaria desvendar, e ela terá que lhe ajudar.

Porém, resolveu esperar um pouco. Rukia estava confusa, assim como ele. Ou até mais.

Sim. Ele pode esperar...

 

 

Continua...

 


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Notas finais do capítulo

E então? Entendeu? Não? ôo

É uma 'viajem', não é? Sei que não ficou bom. Desculpe.
Mas pouco a pouco ficará mais esclarecido, no decorrer dos próximos capítulos. Vou me esforça para isso.

Acho que a primeira parte deve ter sido meio que chata, né?
Explicações e tudo... (O Mayuri não ficou meio OOC? õo)
Mas espero que tenham gostado daí pro final.
O que faltou no capítulo anterior, teve nesse.
A interação ByaRuki, e também sitações ByaHisa.
Byakuya começando a notar a diferença entre as irmãs, e digo logo que isto é importante.

Espero que tenham entendido, um pouco, sobre o futuro da Rukia. Mas sei que é complicado, não é?
Um exemplo...
Alguém viu Dragon Ball Z? O Trunks, filho do Vejeta, que veio do futuro?
É mais ou menos isso.

Retomando o que disse, pergunte se houver dúvidas.
E dizendo mais uma vez, que tudo ficara mais compreensivel no decorrer dos capitulos.

Enfim... Review? *.*
Adoraria receber um! Capítulo trabalhoso, sabe...?
Hehe!

Obrigada por ter lido até aqui!
Fique com Deus!

—--

~*~ PROPAGANDA! ~*~

— Tá, falando mais um pouco. Na verdade, fazendo uma pequena propaganda. Hehe!

Postei mais um fic do casal ByaRuki.
Está divida em três capítulos. Dois já foram postados, e o outro não demorarei a postar.

Então, se você estiver interessado em ler e me dizer o que achou, eu ficaria muito grata!

Aqui está o link:

~> "Corpo e Alma":
LINK: http://fanfiction.nyah.com.br/historia/55370/Corpo_E_Alma


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