Two Kinds Of Hope escrita por lsuzi, loliveira


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

idk



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/355431/chapter/6

No dia seguinte, nós chegamos aos banheiros. 

Os banheiros da escola são mais preciosos e contém mais detalhes que arquivos e documentos guardados na sala do diretor. Eles são os diários das garotas apaixonadas-revoltadas-ressentidas-magoadas e segundo Luke o banheiro dos garotos são os santuários pras garotas gostosas da nossa escola. Não tem declarações de amor como no das meninas (só os dos gays, mas passam corretivo por cima disso). Ao invés disso, têm desenhos de pênis e outras coisas que eu não estou nem um pouco interessada em lembrar. E pensar. E em comentar com Adam. 

Então, quando eu encontro a cara de vadio dele encarando o vazio, a parede que divide o banheiro das meninas e dos meninos, eu obrigo-o a começar pelo das meninas. É domingo, então não tem nem os zeladores nessa escola. Provavelmente o diretor está em algum canto chorando sobre a ex-mulher que o deixou por um ex-aluno da escola, mas ele não vai cruzar nosso caminho tão cedo. Ele deve ser muito infeliz pra me mandar pra esse inferno num domingo de manhã. De. Manhã. 

Eu devia pegar um fósforo, gasolina e tacar fogo nessa escola, hoje mesmo (e quem sabe com Adam dentro). O.K. Pensamentos assassinos logo a essa hora certamente não fazem muito bem a minha saúde. 

Enfim, Adam recusa. 

-Por que não? 

-Eu não vou entrar no banheiro das meninas. 

-Isso você já me disse. Quero saber porquê. -Digo, lentamente, como se estivesse explicando uma equação complicada para uma criança de cinco anos. 

-Eu sou um garoto, se você não percebeu. 

-Ah é? -Fingo surpresa e ele se limita a revirar os olhos. -Qual é, eu sei que você é um garoto. Aliás, ninguém vai saber. 

-Você vai. 

-E eu vou ter que entrar no dos garotos também. -Digo, óbvia. Algo nele parece acender. 

-Você. Vai? -Ele se segura pra não rir, e eu não vejo seus motivos, então o encaro confusa e reprimindo um soco. 

-É claro. Assim como você vai ter que limpar o banheiro das meninas, hoje.

-Vamos fazer cara ou coroa. -Ele diz, e então pega uma moeda do bolso. 

-Cara. -Digo. Hesitante, pensando no que fazer se eu perder esse joguinho idiota. Ele joga, e a moeda cai no chão. 

-Porra. -Ele diz, quando vê o que caiu. 

-Cara. É isso aí, machão. Ao trabalho. -Concluo, contente. Procuro meu celular pelo meu bolso, só para garantir que ele vai estar aqui quando eu for tirar uma foto comprometedora de Adam. Ele não parece perceber, e então, ficando  irritado, resmunga outra vez.

-Porra. 

-Vai ou não? -Indico para a porta com uma plaquinha de um contorno de um vestido, indicando as meninas. Olho para Adam fazendo uma careta e com orgulho vejo o roxeado em seu rosto, marcas das minhas mãos bem fortinhas (que estão bem doloridinhas também). Ele dá um chute forte na porta, fazendo ela abrir por completo e soltar um estrondo quando encontra a parede. -Calminha aí, TPM. -Provoco. É legal provocar Adam. 

-Vá pro inferno. -Ele resmunga pra mim, olhando em volta meio perdido. Não deixo isso me abalar, o dia está começando bem demais hoje. 

-Depois de você. -Replico, e então vou até a última porta e abro. Tiro de lá panos e produtos de limpeza, botando-os na pia. 

Para meu alívio, não temos que limpar os vasos sanitários. Só... bem, só todo o resto. Os vasos são coisas que as tiazinhas da limpeza cuidam. Tenho que agradecer a elas depois. 

-O que eu faço? -Adam pergunta, com uma voz monótona, como se já soubesse a chatice que o espera pelas próximas horas. Jogo um pano e um detergente, que não é um detergente, mas que parece com um. É um produto removedor de tudo que você imaginar. 

-Comece pelas portas dos banheiros. Aí você vai poder dar uma olhada nas declarações de amor por você. -Ele ergue uma sobrancelha e eu reviro os olhos irritada. 

-Não me olhe como você não soubesse. Essas garotas são doentes. -Ele ri e passa por mim, para ir até o final, (surpreendentemente) fazer o que eu mandei. 

-Eu sei que você me quer, moreninha. -Ele diz, lá do final. Eu bufo. 

-Eu ainda sei dar socos. -Mas ele não responde. E eu pego um detergente e começo a passar na pia, que nem eu faço no café. Depois de um tempo, meus braços começam a doer, e Adam já alcançou metade das portas. Decido que é hora do espelho enorme, e começo a passar o pano por toda a extensão do espelho. Ficando na ponta dos pés e apoiando o meu corpo na pia, para chegar até o topo. Quando olho para Adam, ele está me encarando. Mas não nos meus olhos ou minhas costas. -Pare. De. Encarar. Minha. Bunda. -E então os olhos dele encontram os meus, e ele percebe que eu estou olhando pra ele. Não demora muito até ele responder. 

-Que bunda? 

-Cresce. -Então eu paro de limpar o espelho, porque não quero que ele encare minha bunda. Isso me faz sentir como se estivesse super exposta. E isso não é exatamente legal. Ao invés disso, vou para as portas dos banheiros assim como ele. Na primeira porta em que vou, já vejo coisas traumatizantes. -"Adam tenha os meus bebês" -Eu digo em voz alta, para Adam saber. Minha voz cheia de nojo e por um segundo considero a opção de vomitar bem ali. Ele só tira a cabeça da sua portinha para encarar por dois segundos, com um sorriso orgulhoso. Quase espirro produto de limpeza nele. 

-"Adam, o rei das bolas" -Ele diz, recitando o que está escrito no dele, e eu, sem me conter, começo a rir que nem uma louca.  Olho para minha porta, mais baixo. 

-Tem um diferente. "Ryan Kiddle é gay". -Ryan Kiddle é um dos melhores amigos de Adam. Ele também joga no time e também é nojento. Adam ri. 

-"Shay K. é uma megera".

-"Professora S, vá pro tártaro." -Eu rio dessa, porque a professora S foi nossa professora de história ano passado, e ela ensinou sobre mitologia grega. Tártaro parece combinar perfeitamente com ela. Ele não entende, acho, porque não diz nada. 

-"Eu odeio esse inferno". 

-"Adam + Louise para sempre" -Eu digo, rindo da garota que conseguiu um beijo de Adam e já achou que ia casar com ele. Ela era nova aqui e não sabia da reputação de Adam. 

-"Beth Summers se vende". -Nós começamos a rir de novo, e eu não tenho tempo de pensar que estou confraternizando com o inimigo. Passo para o outro banheiro. 

-"Adam arremesse na minha cesta." -Eu falo, quase engasgando de tanto rir da idiotice dessas garotas. Ele ri também, e dá umas batidinhas na porta do banheiro dele, tentando se acalmar. 

-Elas tem uma criatividade e tanto. Escute esse: "Adam, o sorriso que me acalma, e a luz que me faz brilhar". -Ele ri. Eu não. Porque essa garota deve estar apaixonada por ele, e ele nunca vai querer nada mais que uns amassos e então vai jogá-la fora. Ela está apaixonada e ele está rindo. De repente, lembro do porquê o odeio. Mas, não tenho tempo para brigar com ele, porque embaixo das mensagens de amor/ódio, tem uma escrita recentemente, por estar forte, e ela diz:

"Estou apaixonada por Luke Taylor" 

Um pequeno detalhe: meu melhor amigo se chama Luke Taylor.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

o que acharam