Lá estava eu em minha casa antiga, enfurnada dentro do quarto. Revirando o mesmo de cabeça pra baixo na procura de uma roupa decente pra ir na casa de Sasuke, e saber que ele estava com toda sua família me esperando logo ao meu lado não me ajudava. Certo, eu podia ter alguma coisa mais bonitinha pra vestir do que calça jeans e camisetas. Mas vamos concordar que nem os meus vestidos mais bonitinhos estavam me servindo agora. Quer dizer, servir eles serviam mas não eram bons o suficiente para a ocasião. Florido? Não. Listrado? Nunca. Longo?Monótono demais. Curto? Ousado demais. Bufei frustrada, empurrando os cabides de um lado para o outro, tentando ver se eu achava pelo menos um vestido se quer que tivesse fugido de mim e fosse bom para a ocasião. Encarei um preto de alças finas que ia até um pouco acima dos joelhos, marcado um pouco na cintura. Suspirei o fitando e logo em seguida encarando o relógio. Esse tinha que servir!

Nem me dei o trabalho de ir para o closet me trocar. Tirei a camiseta velha toda manchada de tinta e a joguei em qualquer lugar me lembrando de como tinha sido divertido pintar aquela casa toda com meus pais. Tirei o shorts o atirando pra dentro do guarda-roupa e encarei o chão bagunçado com várias peças de roupa. Ok, ok, onde eu tinha colocado o vestido mesmo? Meus olhos rolaram pelo recinto e quando pararam na janela de vidro eu quase me enforquei com uma blusa. Sasuke estava parado de pé com os olhos arregalados na minha direção, vestindo uma calça jeans. Sasuke riu, praticamente gargalhou antes de terminar de vestir a calça correndo para pegar um caderno jogado na mochila dele.

–Só me faltava. -Eu apanhei qualquer coisa tentando cobrir o corpo e imaginei que qualquer pessoa que passasse na rua iria me ver daquele jeito.- Merda de janela.

Sasuke voltou, tropeçando nos próprios pés antes grudar no vidro da janela, ainda rindo, com um papel escrito em caneta preta.

"Já pode tirar o resto, vou ficar aqui garantindo que ninguém vá espionar. Pode ficar tranquila."

Revirei os olhos vendo o sorriso de Sasuke sumir assim que eu fechei abruptamente as cortinas. Olhei o relógio, tinha onze minutos pra me trocar e não chegar totalmente atrasada na casa de Sasuke, ainda que fosse logo ao lado. Eu não podia demorar muito, tínhamos marcado um horário e eu sabia como a família Uchiha odiava atrasos. Coloquei o vestido rapidamente, ajeitando as alças dele antes de ir correndo até o espelho para me maquiar, a aparência de sono me perseguia. Passei o lápis de olho em tempo recorde e quando tentei passar o rímel com a mesma agilidade tudo se resultou em uma linda e maravilhosa marca preta.

–Não, não, não! -Falei frustrada esfregando a marca preta de rímel em minha bochecha.- Haruno Sakura, você tem algum problema com coordenação motora? -Perguntei alto pra mim mesma.-

O risco preto logo saiu e eu já estava quase rolando no chão de tanto desespero. Onde diabos eu tinha colocado minha escova de cabelo? Chutei algumas roupas no chão e puxei as coisas de cima da cama tentando ver se via vestígios da escova de cabelo. A vi sobre a poltrona e fui correndo pega-lá, não consegui chegar até meu destino porque tropecei em meu all star e cai no chão.

–Merda! -Falei sentindo meu joelho doer.- Porque eu não acordei mais cedo?

Me levantei e peguei a escova, já tirando os malditos nós do meu cabelo. Graças a Deus eles ficavam bem melhores curtos do que longos e eu estava pensando seriamente em tornar aquele penteado algo permanente. Coloquei os óculos dentro da bolsa tiracolo e calcei meu all star o mais rápido que consegui. Banho tomado, roupa vestida, tênis calçados, cara de sono descartada e dentes escovas, ok eu estava pronta.

~*~*~*~*~*

–Ah, Sakura-chan! -Mikoto abriu a porta, usando um lindo vestido amarelo claro.- Seja bem-vinda, querida.

–Obrigada. -Sorri colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha. Mikoto me deu espaço para passar e então fechou a porta atrás de si.-

–Eu estou terminando de arrumar a mesa. Onegai chame o Sasuke-kun.

–Claro. -Falei colocando as mãos ao redor da alça da bolsa.-

–Haruno! -Itachi veio de braços aberto em minha direção.- Como vai?

–Bem. -Ele me abraçou, quase esmagando minhas costelas.- E você? -Falei com dificuldade.-

–Estou bem. -Itachi riu e falou mais baixo, me soltando.- Você não sabe como Sasuke está nervoso.

–Porque?

–Nenhuma garota chegou a conhecer nossos pais, nem mesmo Karin que ele namorou por anos.

–Mas... nós só namoramos á alguns meses... -Itachi sorriu.-

–É. -Ele passou a mão pelos cabelos longos e foi para a cozinha.- O quarto dele é a primeira porta a direita.

Bom, por mais que eu não soubesse onde era o quarto de Sasuke, não seria difícil identificar de primeira o quarto que eu via todos os dias de manhã. Subi as escadas e bati com o nó dos dedos na porta.

–Calma aí, Itachi! -Ele falou irritando então a porta se abriu violentamente.- Qual você acha melhor? -Sasuke olhou distraidamente pro armário, procurando alguma outra roupa, enquanto me estendia dois cabides, um com uma camisa branca e outro com um camiseta de mangas compridas preta.- Então, qual você acha... Sakura?

Sorri vitoriosa vendo que Sasuke estava quase três vezes mais ansioso do que eu para esse almoço. Ele sorriu desajeitado e me analisou.

–Ah, você ficou semi-nua em frente a minha janela para vestir isso. -Ele concluiu me fazendo soltar o ar.- Bom, qual das duas você prefere?

–A preta. -Cruzei os braços enquanto via Sasuke vestir a camiseta com certa determinação.- Porque todo esse nervosismo?

–Porque eu nunca trouxe nenhuma garota pra casa. -Ele disse nervoso.-

–Trouxe Ino. -Seu olhar foi frio e seco, quase sem expressão.-

–Foi algo impulsivo, aliás um grande erro. -Ele bagunçou os cabelos depois de ajeitar a camiseta e dobrar suas mangas até os cotovelos.- Você está aqui pra conhecer meus pais e não pra simplesmente passar uma noite aqui e ir embora.

–Talvez comigo seja a mesma coisa. -Falei me ajeitando no batente e ele me observou sério.-

–Você vai conhecer meus pais daqui uns cinco minutos. -Sasuke passou por mim, me puxando pelo pulso para poder fechar a porta.- Não é a mesma coisa.

–Ela conheceu seus pais? -Perguntei divertida.-

–Ela conheceu meu quarto, você está prestes a conhecer minha vida. -Sua mão se soltou do meu pulso e ele desceu as escadas sem muito humor.-

A casa de Sasuke era linda. Claro que eu já estive lá algumas vezes quando minha mãe inventava de ir conversar com a mãe de Sasuke, mas nunca parei para observar bem o lugar. Os móveis eram lindos, a maioria em um estilo mais moderno e bem desenhado, e tudo me parecia muito caro. A escada era de mogno escuro, com o corrimão todo detalhado e o tapete claro que ia do primeiro até o último degrau. As paredes eram de cores claras e a casa era muito bem decorada, espaçosa e cheia de coisas com o símbolo da família. Tudo parecia motivo para estampar o símbolo preto e vermelho com o fundo azul marinho, desde o quadro gigantesco sobre a lareira até o brasão bordado nas toalhas de mão do banheiro de visitas. Era impecavelmente linda. Segui Sasuke até a sala de jantar que parecia enorme, com uma mesa longa de mogno escuro com as cadeiras ajeitadas ao redor e uma toalha branca. A comida, os pratos e os talheres estavam ajeitados na mesa e eu pude ver Uchiha Fugaku vestido socialmente na ponta da mesa, ajeitando os óculos enquanto lia um jornal um pouco amassado e bebia um pouco do suco em seu copo.

–Ah, vocês já desceram. -Mikoto sorriu colocando a última vasilha de comida na ponta da mesa. Sasuke permaneceu de pé ao meu lado e eu queria ver onde me sentaria.- Itachi, venha para o almoço!

–Hm, onde eu me sento? -Falei baixinho.-

–Oh, pode ficar ao lado de Sasuke. -Mikoto disse sorrindo.-

O encarei, esperando ele se sentar e Sasuke me fitou curioso ainda com as mãos no bolso. Observei a mesa e novamente Sasuke, repeti o ato rapidamente umas três vezes antes de Sasuke suspirar exausto.

–Você não vai se sentar? -Perguntei em um sussurro e Sasuke sorriu de canto.-

–Vou.

–Hm, onde?

–O quê? -Ele falou divertido.-

–Eu quero me sentar.

–Eu não estou te impedindo.

–Bom, você está de pé e eu não posso saber onde vou me sentar se você não se sentar primeiro. -Sussurrei atrapalhada e Sasuke soltou uma risada que fez Fugaku o olhar curioso.- Porque diabos você ainda está de pé?

–Porque você está bloqueando minha passagem para poder puxar a cadeira para você se sentar.

–Ah -Senti meu rosto esquentando.- Gomen. -Sai da frente de Sasuke e ele logo puxou a cadeira para mim. Estranhei um pouco o ato mas mesmo assim o aceitei e me sentei ao lado da cadeira vaga perto de Fugaku, onde Sasuke se sentou logo e seguida.-

Eu não sabia que Sasuke era um cavalheiro. Ajeitei o cabelo atrás da orelha e logo Mikoto começou a servir a comida. Eu achei interessante como eles eram tradicionais, mesmo tendo tanto dinheiro eles não deixavam passar aqueles pequenos momentos singelos em família. Em casa nós quase nunca comíamos todos juntos, sempre me alimentava de comida congelada ou então de fast food. Observei Fugaku por um instante, ele estava tirando os óculos e dobrando seu jornal concentradamente.

–Haruno Sakura. -O tom de voz grave me fez engolir em seco. O pai de Sasuke parecia ser bravo.- Diga-me, como tem ido as coisas por enquanto? Sua mãe está bem? Seu pai está bem na empresa?

–Hm, bom, minha mãe acordou faz poucos dias e provavelmente vou ver ela hoje mais tarde. -Ele assentiu bebericando o copo de suco.- E meu pai vai bem, pelo menos até onde eu sei.

–Entendo. -Fugaku se limitou a dizer.- Sua casa já foi mais movimentada, lembro que quase não dormia com o som alto das festas.

–Pai. -Itachi repreendeu baixinho e eu senti meu rosto corar.-

–É, eu também não conseguia dormir quando minha mãe marcava as festas. -Confessei espetando um pedaço de carne.- Mas pelo menos elas alegravam ás vezes.

–Ah sim, sem dúvidas. -Fugaku disse com um semi sorriso e eu me senti aliviada ao ver que ele só aparentava ser bravo.-

E então um silêncio constrangedor se instalou na cozinha. Eu só escutava os talheres batendo nos pratos uma vez ou outra enquanto ás vezes alguém dizia um "Poderia me passar o arroz?" e então a conversa se limitava nisso.

–Eu devo admitir que estou curiosa. Quando isso começou? -Mikoto sorriu.- Vocês dois, quero dizer.

–Hm. -Sasuke me olhou de canto e eu engoli em seco.- Nos conhecemos na escola já faz tempo, ficamos amigos e eu a pedi em namoro.

"Não, você não me pediu em namoro. Você fez um acordo louco com Gaara" -pensei estreitando os olhos.- "E nós nunca fomos amigos na escola"

–Ah, Sasuke! -Ela deu uma risadinha.- Vamos, conte-me os detalhes! Como foi que ele te pediu em namoro, Sakura-chan?

Encarei Sasuke outra vez e ele simplesmente continuou comendo como se ninguém tivesse dito nada. Ele deu um gole no suco e se virou pra mim, esperando uma resposta.

–Bem... Nós... -Eu me virei para Mikoto que me olhava ansiosa.- Nós estávamos na praça quando ele me pediu em namoro á um tempo atrás.

Sasuke me lançou um olhar curioso. Pensei no nosso primeiro beijo, aquele simples encostar de lábios enquanto eu ainda estava no começo do namoro com Gaara, quando eu ainda não sabia por quem meu coração batia mais forte. Eu não imaginei lugar melhor para criar nosso falso pedido de namoro do que o do nosso primeiro beijo tosco. Eu ainda podia me lembrar de Sasuke deitado em meu colo enquanto mexia em meu cabelo devagar, distraído, e então quando fechei os olhos nossos lábios se encostaram e eu pude ver o corpo de Sasuke tenso.

–Que lindo. -Ela suspirou.- Sempre soube que um dia Sasuke iria arranjar uma garota decente. Até Fugaku se surpreendeu quando descobriu que ele estava namorando sério. -Sorri sem saber muito o que responder.-

~*~*~*~*~*~*

–Foi o pior almoço de todos. -Sasuke entrou no seu quarto e se jogou na cama de bruços.- Puta que pariu!

–Sasuke, assim eu me sinto mal. -Falei fechando a porta antes de me sentar ao seu lado na cama.- Nós nem conversamos, não foi tão ruim assim.

–Agora, porque quando você for meus pais vão me encher de perguntas. -Ele bufou enfiando a cabeça no travesseiro.- Que merda! -sua voz saiu abafada.-

–Se fosse pra você ficar assim era só me avisar que eu inventava alguma desculpa pra não ter que vir aqui. -Eu me senti meio...ofendida. Poxa, Sasuke estava reclamando horrores só porque eu tinha almoçado em sua casa?-

–Não é isso, é que nós não namoramos, Sakura. -Ele respondeu se sentando na cama com as pernas cruzadas.- Nós... temos uma coisa, e ainda tem o Gaara no meio disso.

–Então não temos compromisso nenhum? -Cruzei os braços irritada.-

–É claro que temos, mas namoro não é a três, Sakura.

–Foram vocês dois que tiveram essa ideia retardada! -Sasuke sorriu de canto.-

–Mas é você que tem que decidir qual dos dois fica.

–Você fala como se fosse fácil. -Cruzei os braços e Sasuke suspirou.-

–Talvez seja. -Ele me puxou pela cintura, me deixando de joelhos em sua frente.-

Revirei os olhos colocando os braços ao redor de seu pescoço e Sasuke me olhou por uns instantes. Seus olhos ônix estavam parados, me observando e suas mãos estavam paradas em minha cintura. Sorri de canto vendo ele com uma expressão curiosa antes de eu me aproximar um pouco dele e lhe dar um pequeno selar de lábios. Devagar eu me afastei, sem acabar com a aproximação de nossos rostos. A respiração estava mesclando, e os lábios frios dele estavam próximos dos meus de um jeito que me faria arfar se fosse algum tempo atrás, quando janelas e uma cerca nos separavam de tudo. Puxei o rosto de Sasuke contra o meu e o beijei, com intensidade e voracidade. Quase morri de vergonha quando Sasuke se afastou um pouco de mim, ainda de olhos fechados, com um sorrisinho leve nos lábios.

–O que foi? -Falei envergonhada por ele não ter correspondido o beijo.- Eu fiz alguma coisa errada?

–Devagar. -Ele disse baixo juntando nossos lábios outra vez.-

Se eu ficava surpresa com Sasuke me puxando bruscamente e me beijando feito um animal, eu estava ainda mais surpresa com Sasuke acariciando meu rosto com o polegar enquanto nosso beijo ia devagar. Era a mesma sensação de frio no estômago e de estrelas surgindo atrás de minhas pálpebras quando ele me puxou mais um pouco, me derrubando em seu colo. Minhas pernas em ambos os lados de sua cintura enquanto ele ainda acariciava meu rosto em meio ao beijo, um beijo com um sabor agridoce. Era lento e bom como saborear o último pedaço de um doce favorito. Nos separei, buscando fôlego, e encostei nossas testas.

–Isso foi... -Respirei fundo.- Diferente.

–Hm.

Meus lábios foram tomados outra vez por ele e suas mãos apertaram um pouco o meu quadril, tudo muito devagar. Ele parecia querer saborear. Suas mãos foram para minhas coxas enquanto eu inda segurava seu rosto entre o beijo. As mãos frias dele em contato com a minha pele quente fez um choque térmico percorrer meu corpo, me dando um arrepio lento pela espinha, a palma de sua mão subiu devagar com um carinho lento e eu senti a saia de meu vestido levantar até meu quadril. O polegar de Sasuke passava devagar pela minha pele e eu não estava acostumada com aquilo, nem um pouco acostumada. As mãos dele eram ágeis, como eu já sabia, mas elas eram carinhosas naquele instante. Subiu-as por dentro do vestido e as parou em minha cintura, continuando com o carinho ali. Nossos lábios se afastaram, e ele roçou o nariz fino em minha bochecha, beijou meu maxilar e desceu os lábios até meu pescoço. Beijou devagar, desceu mais um pouco até minha clavícula e beijou a região exposta ali, roçando o nariz em meu pescoço quando terminou o beijo naquela área.

–Sasuke. -O chamei de olhos fechados e ele respirou contra minha pele, sem abrir os olhos em momento nenhum.- O que foi?

–Nada. -Ele rodeou minha cintura, ainda por debaixo do vestido, me prendendo em seus braços enquanto ele desenhava em minha coluna com os dedos.-

–Nada? -Perguntei e ele não respondeu, juntando nossos lábios outra vez.-

Passei a mão pelos cabelos bagunçados, apoiando os braços em seu ombros, e então Sasuke subiu meu vestido pra cima. Nos separamos do beijo quando ele passou o vestido por meus braços e o jogou aos pés da cama. As orbes escuras deslizaram suavemente, como um carro fazendo um trajeto lento por curvas, para os meus ombros e depois para o restante do meu corpo. Suas mãos passaram pelas minhas coxas outra vez.

–Sasuke, seus pais e seu irmão. -Falei notando que já estava de roupas íntimas no colo dele.- A porta nem ao menos está trancada.

–Meu pai foi trabalhar, e minha mãe foi para o mercado com Itachi.

–Mas mesmo assim. -Minha voz saiu preocupada.- Nós não devemos...

–Porque você só nega quando tudo o que tem que fazer é aceitar que também quer? -Sasuke tinha um tom neutro e baixo, normal como se perguntasse que horas eram.-

–Eu... -Respirei fundo tentando pensar em qualquer coisa.- Eu não quero fazer isso no mesmo lugar em que você e Ino fizeram.

–Não foi exatamente isso. Mas se é assim nós podemos...

–O hospital também não é lugar pra isso, Sasuke. -Encostei minha testa na dele.- Isso não.

–Eu só ia dizer que nós não podemos planejar esse tipo de coisa. -Fechei os olhos sentindo Sasuke voltar a desenhar em minhas costas.-

–Eu sei. -Respondi apoiando o rosto em seu ombro.- Você está diferente.

–Porque? -Sasuke sussurrou.-

–Está delicado demais. -Senti ele rir baixinho.-

–Isso te incomoda?

–Nem um pouco. -Sasuke beijou meu ombro.- Só é algo novo demais pra mim.

–Talvez seja pra mim também.

E aquele maldito Uchiha tomou meus lábios outra vez, se afastando um pouco toda vez como se fosse parar o beijo a qualquer instante. Roçou os lábios nos meus e mordiscou devagar meu lábio inferior. Sasuke passou os dedos por meu rosto, colocando algumas mechas do meu cabelo atrás de minha orelha.

–Sasuke, você está estranho demais. -Falei arqueando uma sobrancelha.-

–Eu só estou te aproveitando um pouco. -Sorriu de canto.- Só beijando.

–Com o pequeno detalhe de você ter jogado meu vestido pra outro lugar.

–Eu tenho um gosto refinado, muita roupa me incomoda. -O encarei entediada e ele sorriu.- Eu gosto bastante de te ver assim.

–Certo. -Me inclinei para o lado, pegando meu vestido e Sasuke me puxou para o lado, caindo deitado e me puxando junto.- Sasuke, já foi o suficiente, não acha?

Ele balançou a cabeça negando e deixou as mãos apoiadas nas minhas costas quando eu me debrucei sobre ele. Voltamos a nos beijar outra vez, no mesmo ritmo de antes e suas mãos foram para minhas coxas.

–Sasuke, vamos parar por aqui, certo? -Me afastei, ficando sentada em seu abdômen.-

–A vista pelo menos é ótima. -Ele falou rindo baixo.-

–Ah, sim, imagino. -Saí de cima de Sasuke e peguei meu vestido outra vez. O vesti rapidamente, tentando ajeita-lo como antes.-

–Você não vestiria uma camisa minha se eu pedisse, vestiria? -Revirei os olhos e Sasuke se sentou na cama, rindo.- Eu só estou brincando.

–Certo, certo.

–Sakura. -Me virei pra ele ajeitando as alças do vestido.-

–Sim?

–Tenho chances de continuar com o título de namorado? -Tombei a cabeça para o lado, curiosa.- Tenho chances de você não escolher Gaara pra ficar?

–Não me peça isso. -Falei fechando os olhos, me lembrando dos olhos verde piscina de Gaara.- Você não pode me pedir pra escolher.

–Eu só perguntei, você também não pode me pedir pra não me preocupar.

–Se preocupar com o quê?

–Com o fato de que Gaara tem sido melhor do que eu com você bem antes de tudo isso começar. -Sasuke apoiou os cotovelos em seus joelhos.- Você pode achar que a qualquer momento eu vou voltar a ser um canalha, e agora você está aqui e já conheceu minha família. Isso está mais sério do que qualquer coisa que eu já tive antes, Sakura.

–Você sabe que isso pode acabar, não é? Eu não vou ficar pra sempre entre você e Gaara. -Falei baixo, sentindo uma pontada no peito. Os olhos negros de Sasuke planaram ao redor de meu rosto.-

–Eu sei. Isso me assusta.

–Porque?

–Porque você é importante. -Ele murmurou, e eu quase não ouvi direito.-

–Sasuke, você já teve muitas garotas no passado, Karin deve ter sido importante pra ser sua namorada por dois anos. -Sasuke se levantou.-

–Algumas coisas nós fazemos só porque é o suficiente para nos saciar, e não porque existe sentimento. -Ele se aproximou de mim devagar, colocou uma das mãos em minha nuca.- E sabe o que garante que você é importante de verdade pra mim?

–O quê? -Falei respirando devagar.-

–O fato de eu saber acompanhar o seu tempo, e de esperar o quanto você quiser. -Ele se afastou a abriu a porta.- Quer ver algum filme?

–Eu...

–Vou pegar algum de terror, não demore. -Sasuke passou pela porta e logo estava descendo as escadas.-

Me encostei no batente com os olhos fechados. Aquilo era injusto com Gaara, o fato de passarmos tanto tempo juntos. Eu não o via já fazia algum tempo e isso me incomodava porque independente de toda aproximação com Sasuke eu ainda me lembrava de Gaara. Era impossível esquece-lo. Era isso que eu precisava, precisava ir para o hospital falar com a minha mãe e então partir em direção as decisões. Eu precisava ver Gaara, precisava colocar as cartas na mesa e precisava de uma vez por todas acabar com aquele triangulo amoroso. Eu precisava por um fim em tudo.