Será Que Ele Está A Fim? escrita por Fernanda


Capítulo 9
Capítulo 9 - O silêncio




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      Terminada a aula de espanhol eu saí do colégio e ao atravessar a rua ele passou por mim com passos acelerados e sem olhar para trás, a partir daquele momento tive a certeza de que alguma coisa estava muito errada. Tentando me comunicar com ele, ao chegar em casa, corri mandar um e-mail para tentar explicar, claro, as partes que ele podia saber: não poderia envolver as pretensões da Marina, pois a última coisa que eu iria querer a essa altura seria magoá-lo mais e muito menos a questão da preocupação dos meus pais. De qualquer forma minha tentativa não teve resultado porque não obtive resposta alguma.

O meu ônibus sempre chegava com meia hora de antecedência e eu costumava me debruçar na carteira e tentar dormir um pouco, mas sempre ficava na tentativa porque o Gustavo, que nunca tardava mais de 5 minutos em chegar, fazia questão de balançar a minha mesa e conversar comigo... Porém nesse dia ele passou discretamente, sentou-se ao meu lado, afinal o lugar dele não deixou de ser lá e começou a ler. Ele tinha um semblante triste e sério ao mesmo tempo.

Eu tive medo de falar com ele, sabia que não seria uma reação muito boa e também eu pensava que aquela situação não podia durar muito. Deixei passar a segunda, a terça e a quarta... Não, a quarta eu não deixei passar, era simplesmente o aniversário dele, data que só eu conhecia, o que significa que ele passaria o dia na escola sem que ninguém o cumprimentasse, sem que ninguém sequer dirigisse uma palavra a ele em pleno aniversário.

Por mais que eu tivesse medo da reação dele, depois de eu ter enrolado e tomado coragem, eu consegui dar um beijo nele e dizer parabéns. Não me acho boa por isso, nem acho que isso chegue perto a apagar o que eu fiz...

Vocês leitores devem estar se perguntando o porquê de eu ter tanto medo dele, afinal ele era meu amigo, meu confidente, mas talvez nem eu detenha a resposta dessa pergunta. Imagino que eu tivesse medo de que ele me tratasse com grosseria e que eu me desse conta de que a partir daquilo eu não passava de mais uma daquelas pessoas com quem ele não se dava bem ou pior que elas porque a maioria das pessoas com quem ele era rude nunca tinham feito nada de mal a ele, e eu tinha. Acredito que eu tivesse medo de perceber o que agora eu representava para ele.

O tempo foi passando e ele continuava em silêncio, com as minhas amigas ele não falava também. Não falava com absolutamente ninguém, se o perguntassem algo a resposta seria monossilábica e em tom de grosseria. Ele estava sofrendo com isso, eu tinha certeza, porque ele saia da casa as 5:30 da manhã, entrava no ônibus e não falava com ninguém, na escola também nada, durante o recreio ia para a biblioteca estudar e em casa permanecia com a empregada, com a qual também ele não simpatizava, para apenas se encontrar com a sua mãe durante a noite.

Porém ele não era o único, aquilo me fazia extremamente mal. Meus pais perceberam e por mais que eu tivesse receio em contar, a minha situação de desespero me obrigava. Eles não ficaram nada contentes por dois motivos: o primeiro porque viram nessa atitude dele um menino problemático, carente, sentimental e o segundo porque viam os efeitos que aquilo causava em mim.

Acredite se quiser, mas se passaram 3 meses, 3 meses!! Vocês têm noção do que são três meses? Foram aproximadamente 90 dias sem falar comigo, passaram as provas, a páscoa, meu aniversário e nada o fez voltar para mim.


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