Assim começava o segundo ano do colegial, continuávamos muito amigos e parece que até mais. Recordam-se da menina do espanhol? Ah claro que sim! Eu acabei de  me mencioná-la no capítulo anterior. Então ela será importante na história não a deixaremos no anonimato, ela se chamava Paula. Começamos a fazer mais amizade com ela, na verdade eu comecei, o Gustavo, dizemos que ele respondia o que ela perguntava, mas já era alguma coisa.  

      Junto dela se sentava uma outra menina de nome Raquel, esta também me despertou a amizade e conquistou talvez um pouco mais de simpatia, se pode-se assim dizer do Gustavo. Ficamos amigas, mas eram poucas conversas que se limitavam a troca de aulas, o meu recreio e minhas discussões de aula ainda eram exclusividade dele. 

      Os dias foram passando e como o nosso colégio fica próximo a um shopping, eu tive a ideia "brilhante" de um dia irmos almoçar neste local porque teríamos algum tempo extra de almoço em decorrência da prova que haveria no dia. Ficou mais ou menos combinado, iríamos eu, Gustavo, Raquel, Marina e uma outra amiga do espanhol que estava na área de humanas e portanto não era da nossa sala, esta de nome Eliana.

       Chegou o dia, nos dias de prova as salas eram divididas em números pares e ímpares da chamada para que nos misturássemos com pessoas que estavam fazendo provas distintas as nossas, no caso outras séries. E infelizmente o meu número era ímpar e diferentemente do ano anterior ele era par e portanto estávamos separados... Não o encontrei durante o recreio e então pensei em marcar o local de encontro com as menina onde eu e ele nos encontrávamos depois de todas as provas, na certeza de que ele estaria lá. 

      Raquel e Marina faziam prova junto com ele, o viram e não o avisaram de nada. Na saída estávamos todos reunidos menos ele. Eu tentei enrolar elas na esperança de que ele aparecesse e Marina que já tinha deixado transparecer que não queria que o Gustavo fosse me pressionava pelo fato de estar com fome. Enfim ele não apareceu e eu acabei acompanhando elas.

      Leitores, não me xinguem, eu sei, abandonei meu melhor amigo, meu único aliás, o menino mais fofo que existe, sim fiz tudo isso, mas em nenhum instante o quis fazer. Na esquina eu ainda pedi que parassem e voltei para o interior da escola com a desculpa de ter esquecido a minha carteira e nada. Porém vejam, eu, justo eu, que ouvia todos os dias que éramos namorados, eu que não podia deixar que isto chegasse aos meus pais com esse tom não tinha muita escapatória, se eu batesse o pé de que eu o aguardaria seria motivo para um milhão de brincadeiras e também o tempo extra de almoço não era tanto e boa parte dele já tinha decorrido. Além disso eu tinha a esperança ainda de que ele nos encontraria no shopping depois de ter percebido que não estávamos mais no colégio. 

      Parece muito estranho, mas o Gustavo não usa o celular, eu também não aço grande proveito do meu, mas de qualquer forma esse fato só aumentou as dimensões do meu problema. Fomos ao shopping, comemos e voltamos correndo, literalmente para não perder o horário da aula, porém diria que eu não aproveitei aquele tempo, estava o tempo todo pensando em Gustavo e olhando dos lados para ver se ele aparecia, mas não...

     Chegamos na escola, e eu precisava falar com a professora de espanhol, justamente a que lecionaria a turma dele. Ao adentrar a sala ele não me olhou nos olhos, eu percebi que algo estava diferente.