A saga crepúsculo - Lua azul escrita por Isa Holmes


Capítulo 9
Lua azul, minha única amiga.




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Abri meus olhos, ofegante. Estava aflita, com o coração tamborilando no peito, pressionando folhas secas com o pé, como se fosse reconfortar-me.

A Lua, que estava azul, com sua cor clara leitosa, iluminava o seu palco. A reserva.

Senti minhas pernas bambas, a respiração pesada, como se tivesse corrido quilômetros e metros até chegar onde estava. Fiquei intrigada, afinal, não lembrava do começo do fio da meada. Não tinha lembranças de ter corrido de algo, ou por própria vontade. Como se fosse um rolo de filme, parecia que alguma parte da minha memória havia sido cortada.

Logo respirei fundo, aspirando o ar geladinho. Estava silencioso, apenas se ouvia os galhos das árvores chocando uns aos outros.

Olá? – berrei. E não obtive nada.

Virei-me bruscamente, com a incomoda sensação de espionagem. Nada. Ninguém.

Novamente, num ato de calma, respirei fundo e voltei a olhar para frente.

E comecei a andar. No meio do caminho, o qual mal conhecia, ouvi algum galho quebrar e, com o coração entalado na garganta, virei-me. Não havia nada, apenas árvores e mais árvores.

Olá? – novamente arrisquei.

Mordi com força a parte de dentro da minha bochecha. O que diabos faria? Como poderia entender a situação, se nem ao menos lembrava o começo?

Novamente ouvi um galho se quebrando, uma leve brisa atingiu meu pescoço e desceu por minhas costas.

Apareça, droga! – rugi impaciente.

Ajeitei uma mecha do meu cabelo atrás da orelha e continuei a andar, cada vez mais rápido, procurando uma saída.

A luz suavizada da lua se apagava pelas nuvens. Jurei avistar um vulto passar por perto de alguns arbustos, mas dei-lhe de ombros e continuei andando, afinal, podia apesar ser o vento.

Logo não tive mais sinal de nada, comecei a suar.

Cobri meu rosto com minhas mãos, tentando entender o que realmente estava acontecendo. Por que não lembrava, ora? Por que me preocupava com algo? Havia eu feito alguma coisa ruim? Algo de errado? Por que sozinha? Teria brigado com alguém? Voltava pra casa? O que diabos acontecia!?

O ar geladinho me fez tremer. Abaixei-me e sentei na grama. Estava desesperada! Talvez até louca. Poderia ter agido por conta própria, talvez tivesse batido a cabeça e esquecido o que realmente havia acontecido.

As nuvens sumiram e a lua azul voltou. Olhei para o céu, lágrimas encheram os meus olhos. Outro vulto passou pela luz da lua e eu pude concluir: Era um homem.

O que você quer? – levantei assustada, quase tropeçando no cadarço do meu tênis.

Novamente, nenhuma resposta veio à tona.

Cerrei meu punho com força e comecei a correr e logo, depois de muitos pensamentos, tropecei. Afastei-me rapidamente.

A lua, que era minha única amiga, iluminou-me como um palco de teatro e pude enxergar no que diabos eu havia tropeçado.

Gritei e levei as mãos até a boca.

Como se não pudesse piorar. Sentada, posicionei-me em posição fetal. Estava assustada. Horrivelmente assustada.

Encarei aquilo. Era um corpo. Um corpo humano. Uma pessoa.

Um cadáver.

Um cadáver de olhos esbugalhados, peito estraçalhado e pela esbranquiçada.

Para não bastar o vulto voltou e meus cabelos esvoaçaram. Galhos quebravam, árvores mexiam e o vento voltou, forte. E com ele? Uma folha de papel amassada e rasgada. E pelo cheiro eu soube.

Havia algo escrito e aquilo não era tinta.

Era sangue.

"Não estou de brincadeira! Eu posso ser mais perigoso do que você pensa!"

A ventania era contínua e forte. Meus olhos chegavam a lacrimejar, mas lutava eu para mantê-los abertos.

Novamente li a frase. E não tinha dúvidas.

Era ele.

Amassei o papel.

O que realmente você é? O que está tentando dizer? Por que não me deixa em paz?

Antes que eu pudesse ganhar alguma resposta, um trovão tomou os meus ouvidos e trouxe uma rajada de chuva. As nuvens tomaram conta do céu, fazendo com que a minha única amiga se recuasse.

Já estava farta.

Queria ir embora.

Mas não pude. Pois logo vi, depois de um trovão ensurdecedor uma imagem pairou na minha frente. Um homem – aquele homem -, segurava um braço. Seus olhos verdes e sua cicatriz no pescoço.

Ouço um grito, sinto uma dor latejante e mais nada.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Até breve!