My Dragon Tale escrita por Amy Baskervilly, Lady


Capítulo 5
Quebrada.


Notas iniciais do capítulo

Hey, Ladys.


Assustadas?

Como a media de reviews foi incrivelmente boa, vamos postar no novo capitulo agora.
Agradeçam também as nossas inspirações estranhas, que nos inspiraram a fazer esse capitulo logo depois de terminar aquele.

Boa leitura.

#Amy-chan



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/354893/chapter/5


"Onde todos viviam em perfeita rotina,

Eis que um membro foi à sincronia,

Cai na desgraça (desgraça?) da paixão"



Ele não acreditou, assim como eu, que disse tais palavras.

Soltou o loiro no chão e mirando-me incrédulo. Sei a gravidade da burrada que fiz, mas ainda não acredito que as coisas chegaram a esse ponto.

Nik caminha em minha direção, ignorando os gemidos de Sting para que ele pare. Seus olhos encontram os meus e fecho os olhos quando ele se inclina e me carrega brutalmente, indo em direção oposta a Sting.

Seus passos são densos e duros, levando-nos para o último lugar que eu esperaria.

O banheiro.

Ele bate a porta e nos tranca lá dentro.

— Rogue... – Ele me coloca em pé e liga a água forte e quente o bastante para que ambos fiquemos encharcados.

— Calma. – pediu, apesar de que em meus ouvidos soou mais como uma ordem fria.

Tremi encolhendo os ombros e segurando os soluços, enquanto lutava para cessar as lágrimas.

Querendo, ou não – e eu realmente não queria -, ainda podia sentir a pressão dos lábios de Sting nos meus, teimo em dizer que se não fosse um beijo forçado teria, até mesmo, sido algo apreciável – se eu não estivesse apaixonada por Rogue, é claro.

Mas não. Sting era abominável pelo que fez, trair o próprio companheiro, ainda mais sendo o Nik.

Isso... Isso é algo imperdoável.

Explique-se. – ordenou, por mais uma vez me fez encolher.

Desaparecer era o mínimo que eu queria exigir naquele momento. O que eu queria mesmo era que Sting desaparecesse, ou mesmo que aquele beijo jamais houvesse acontecido.

— Eu... – era impossível pronunciar algo, ainda mais quando sentia as mãos de meu Rogue, se é que ainda é meu, exatamente onde a pouco as mãos do loiro se encontravam. – E-Eu... – gaguejei mais uma vez abaixando o olhar para minhas mãos tremulas. – Me p-perd-doa... – implorei por fim.

— Não acredito que isso está acontecendo... – Geme ele, colocando a mão na parede atrás de mim. Recuo um passo e encosto-me a parede fria de azulejos brancos.

Não consegui responder, meus soluços ficaram mais fortes e doloridos.

— Se você não me responder, duvido que fiquemos juntos. – Com isso, abri meus olhos surpresa. – Eu não quero que...

— R-Rogue... E-Eu... – Gaguejei e ele deu um sorriso triste.

— Era disso que eu tinha medo Lucy... Que algo desse tipo acontecesse.

— Por favor... – Implorei. – Eu implorei que ele parasse... Sting é muito mais forte que eu. Eu tentei, dei um tapa nele e o mordi, mas nada adiantou. – Jurei, chorando.

Ele ficou em silencio, com a água quente caindo sobre a sua cabeça e descendo pelo seu corpo.

— Eu te amo, Lucy. – Diz ele, calmamente. – Só que... Eu ainda não acredito que isso está acontecendo. – Sinto um misto de angustia e dor em sua voz. Raiva também se fez presente. – Você me traiu com Sting.

— Ele me beijou! – Insisti.

— Você poderia ter gritado! – Ele elevou a voz.

— E acha que não tentei?! – Estou tremendo. – Eu não quero o Sting, Nikkõ, eu quero você! Sempre quis! E eu disse a ele! Implorei a ele que não fizesse isso! – Falo mais alto do que pretendo.

Ele está de costas para mim nesse momento.

Não acredito que, por causa de Sting tudo entre nós acabou. Estou com tanta raiva que...

Deixo Rogue na água e saio do banheiro, molhada dos pés a cabeça, indo em direção a Sting. Eu o miro e depois começo a tremer mais, de raiva e frustração.

— Lucy-chan? – Fro fala e não consigo encará-lo porque saio correndo do quarto.

— Lucy! – Lecter grita.

Meus passos ficam escorregadios e não sei por aonde vou.

Eu o perdi.

Depois de tudo, eu o perdi.

— Lucy! – Grita Lecter atrás de mim e abaixo a cabeça, correndo mais.

E chega uma hora que não sinto mais meus pés no chão.

Vi o chão tornar-se mais próximo, e tudo o que conseguir fazer fora por os braços frente à face, fechar os olhos e rezar silenciosamente.

Logo em seguida senti dores se espalharem por varias partes de meu corpo, mas nenhuma delas sobrepujava a dor que havia se instalado em meu coração.

Quando senti-me chocar-se uma última vez contra o chão, fora apenas para deduzir que eu chegara ao fim da escada.

Pude ouvir o grito de Nik um pouco distante, um pouco baixo demais também.

Cheguei a ouvir passos pesados se aproximando.

Meu corpo doía demais... Apenas respirar já me causava dor.

Senti um toque em minha pele. Ouvi murmúrios desconexos mais uma vez, nenhum de uma voz que eu pudesse reconhecer.

E ao fim, quando senti estar nos braços de alguém sendo carregada para algum lugar desconhecido, pude me permitir se entregar a inconsciência.


“O dia era claro e as nuvens nem existiam.

Eu caminhava para a guilda, embora os boatos sobre Natsu e Lisanna me incomodassem.

Entrei na guilda e vi um amontoado de pessoas próximas ao balcão e instintivamente fui até lá.

Erza e todos os outros estavam pasmos e vejo o por que.

Natsu estava sentado no balcão com Lisanna em seus braços. Ela chorava bastante, machucada.

Bufei e Laxus aproximou-se de mim, curioso também:

— Oe, porque Natsu está com Lisanna em seus braços? – Ele pergunta.

— É o que quero saber também, Laxus. – Deixei evidente que, se aquilo continuasse as coisas ficariam bem ruins para o lado deles.

Respirei fundo e calmamente, antes de me aproximar.

Reparei que algumas pessoas me olhavam estranho, outras me olhavam abismadas. Deixando tudo de lado, aproximei-me mais de Natsu e Lisanna.

Eu podia esperar qualquer coisa já a aquele ponto.

Natsu com Lisanna nos braços – aos prantos ainda – isso só indicava uma coisa.

Uma coisa que passei tanto tempo me enganando dizendo que era impossível.

Como sou idiota.

Sou tomada por uma fúria densa e notória:

— Você pode me explicar o que está acontecendo, Natsu? – Exclamo, no mínimo assustadora.

— E você Lucy? – inquiriu, - Pode me explicar o que aconteceu com a Lisanna? – Ele fala no mesmo tom e todos ficam em silencio.

Mordi a língua de tanta raiva.

— Eu? Eu devo te explicar alguma coisa Natsu? – Minha voz ecoa pela sua ferocidade.

— Onde esteve ontem à noite? – Ele pergunta, em tom furioso. Lisanna geme.

Olhei a minha mão enfaixada e depois mirei o Dragon Slayer dos raios. Eu o havia ajudado a ir escolher um presente para mira e acabei me machucando pelo caminho. Laxus insistiu que eu deveria ir a um médico, já que ele mesmo havia me ferido sem querer.

— De que te importa o que eu estava fazendo se você estava me traindo com ela? – Retruco.

— Ai, na lata! – Gray resmunga e Erza o cutuca.certamente poderia sobrar para ele caso continuasse.

— Você feriu a Lisanna. – Ele diz, colocando-a no banco ao lado e puxando o meu braço para cima, arrancando de meus lábios um grito de dor. – Você quis se vingar.

— Se fui tonta de acreditar em você, eu teria descontado em você e não nela, não que ela também não mereça isso. – Retruquei me soltando. Ele grunhiu de raiva.

—Retire o que disse.

—E quem é você para ordenar algo? – Indago, muito mais furiosa do ele poderia imaginar. – Só porque você me trocou por essa puta não quer... – sequer pude concluir a frase quando senti o ardor na lateral de minha face.

Ele havia me esbofeteado.

— Natsu! – Grita Laxus, agora furioso.

— Pare-o, Erza! – Pede Mira, prevendo que o Dreyar iria matar o rosado, não que ele realmente não merecesse.

Afinal essa aparência inocente só encobre o mentiroso e traidor que ele é.

Lágrimas caiam tamanha a dor da rejeição e do tapa. Ah, mas eu queria realmente ter feito algo com aquela prostituta.

Eu chutei Natsu com todas as minhas forças e sai correndo, ouvindo seus xingamentos e gemidos. Mas ainda não tinha parado de chorar. E talvez não houvesse como parar tão cedo.

Mas não importava. Não agora.

Tudo o que quero nesse momento é distância.

Distância de Natsu. Distância de Lisanna. Distância da Fairy Tail.”


Meus olhos se abrem e sinto a minha face molhada pelas lágrimas novamente.

As lembranças me atingiam mais do que desejaria e juntando ao acontecido mais cedo, começo a soluçar.

Meu corpo dói tanto que não consigo respirar direito.

— Lucy? – A voz preocupada e notória de Nik me assusta num primeiro momento, mas depois, quando percebo que ele está ao meu lado, me jogo em seus braços, sendo prontamente abraçada.

— Por favor... Diz que me perdoa... – Imploro. Sei que se não ouvir isso de sua boca, nunca mais poderei sorrir. – Sinto muito. Sinto muito mesmo. – Soluço.

— Tudo bem... Está tudo bem agora. – Ele sussurra, carinhosamente. – Não se esforce, está no hospital da cidade.

— E-Estou?

— Você caiu das escadas, Lucy.

Tive um leve relapso do momento da queda.

Meus olhos se fecham e as lágrimas voltam a rolar. Porque isso está acontecendo? Porque tudo estava ruindo dessa maneira?

Encolhi-me em seus braços protetores.

Encolhi-me e chorei, como antes não havia feito, e como nunca mais desejava fazer.

Mas se eu chorava, não era apenas por Nik. Ia muito além. A dor brotava como se estivesse escondida em um baú. Um baú cuja chave viera a mim através da inconsciência.

Era horrível essa sensação.

— Lucy, calma... – pediu, quase implorou.

Agarrava-me a sua roupa com força e temor. Ainda sentia a lateral de minha face arder e podia sentir meu peito pulsar tamanha dor.

Nik acariciava meus cabeços tentando me confortar, mas não havia quem conseguisse tal feito naquele momento.

Doía demais, e não era apenas o corpo.

— Lucy... – ouvi Rogue. Sua voz foi um sussurro baixo e carregado de preocupação.

Funguei.

— O que foi? Para onde você não quer mais voltar? – Ele pergunta.

— P-por f-favor... N-não m-me l-leve p-para a F-Fairy Tail... – Gemi e ele pareceu surpreso. – P-Por f-favor... – Imploro e este me abraça, vendo-me que as lágrimas não parariam de cair.

— Tudo bem. – Sussurra ele.

Ficamos abraçados por alguns minutos até que, por alguma interferência do destino, ele me solta.

Sei que nada do que falar jamais poderá apagar o que aconteceu antes.

Nada no mundo me fará ficar pior do que já estou.

— Você me odeia não é? – Suspirei, parando de chorar.

— Não, eu não te odeio. – Completou.

— Então porquê...

— Eu te amo, Lucy, mas mesmo assim preciso ter um pouco de amor por mim mesmo, compreende? Eu preciso... Preciso colocar a minha mente em ordem.

— Rogue-kun... – Uma nova lágrima escorreu.

Cada segundo era doloroso naquele silencio agonizante.

Ele não me olhava, sequer dirigia a palavra a mim e isso doía demais.

Baixei o olhar para minhas mãos. Ainda podia sentir o rastro que as lágrimas haviam deixado, e podia sentir novas lágrimas deixando seu rastro e sua marca.

— Vai acontecer de novo... – murmurei encolhendo-me e me deitando sobre o leito.

Eu estava perdendo Nikkõ.

E eu me odiava por isso.

— O que você quer dizer com.. “Vai acontecer de novo”? – Ele pergunta e sinto meu coração dar um pulo pelo choque. Ele realmente me escutou.

— É que...

— Lucy. – Ele pediu com o meu nome, seus olhos imersos em redenção.

— Eu tive um sonho com o Natsu. – Revelei, embora aquilo doesse tanto quanto o fato de nós dois termos terminado.

— Uma lembrança?

— Talvez... – Eu desvio o olhar rapidamente e sinto que isso o enche de curiosidade, pois o mesmo vem até mim.

— O que ele te fez, Lucy? – Sussurrou, percebendo que, de alguma maneira, ele havia me feito mal.

Ele me bateu. – Confessei.

O moreno perde o ar por alguns ínfimos minutos e depois me mira, incrédulo:

— Ele te bateu?! – Sinto que ele ainda gosta de mim. Mas ainda não me perdoou pelo que Sting fez.

Queria ter sido mais forte.

— Lucy... Por favor, me conte sobre isso. – Ele pede e sinto meu ar faltar um pouco. A sua face está contraída em fúria e sei que isso não é bom. O tom vermelho de seus olhos está mais nítido e brilhante, tanto que, meu reflexo parece banhado pela cor rubi cordial deles. Seu maxilar está travado.

— Eu não quero me lembrar disso. Não agora... – Murmuro.

Percebi que o brilho em seus olhos desaparecera, como se a curiosidade jamais houvesse estado presente, e em seu lugar uma sombra assustadora mostrou-se.

Tremi diante daquele olhar.

– Desculpe-me... – fora tudo o que consegui responder. Seus olhos cor de sangue aparentavam almejar vingança.

De canto de olho pude ver um vulto loiro através da pequena janela na porta. Alguém nos escutava.

Houve um breve silêncio, mas aquela presença ainda me incomodava. Logo ecoar sonoro de passos pesados no corredor fez se presente.

Ainda podia sentia o olhar de Rogue em mim, mas minha atenção estava centrada na entrada do aposento.

Os passos se afastavam apressadamente.

Talvez tenha sido impressão minha, mas...

Mas...

Eu acho que vi o Sting.


(...)


Um turbilhão de emoções girava em meu ser.

Minha cabeça doía por causa disso.

Eu a mirei, sendo que seus braços estavam envoltos em bandagens e o rosto coberto por um rastro de lágrimas.

Eu sabia que a culpa era minha, mas não conseguia tirar a fragrância de seu corpo da minha memória, ou o gosto do seu beijo.

Minha cabeça dá voltas porque Rogue é meu melhor amigo, mas aquilo realmente foi incrivelmente bom. Foi viciante.

Mas agora... Eu tenho vontade chutar o Natsu por tê-la feito chorar desse jeito.

Vaguei pelos corredores do hospital. Olhava – sem realmente observá-los - a todos que passavam por mim.

Ninguém naquele lugar tinha real importância, ou me influenciavam em presença tanto quanto a loira.

Lucy havia despertado meu interesse de súbito.

Fora apenas uma troca de olhares. Um desafio. Um toque. Um beijo – mesmo que forçado.

E agora eu não conseguia tirá-la de meus pensamentos.

Mas saber que Natsu-san de alguma forma a agrediu... Isso era admissível, mesmo para mim. Nenhum homem deve bater em uma mulher... Tudo bem que eu beijei-a a força, mas isso é diferente... Certo?

Errado.

Ótimo, até meu subconsciente discorda de mim.

Bufei cessando os passos e analisando melhor os arredores.

Suspirei em alivio ao constatar que, dando apenas mais alguns passos, eu me encontraria fora daquele lugar.

Já fora do Hospital, apenas ao erguer a cabeça pude contemplar o céu vasto tingido de azul escuro onde as belas estrelas demonstravam seu esplendor.

Por algum motivo elas me lembravam a...

Trinquei o maxilar.

“— Ele me bateu...”

— Você vai se arrepender. – Começo, rangendo tanto os dentes que nem ao menos percebo a presença de Lector ao meu lado.

— Sting-kun. – Ele chama e suspiro, sem ter coragem de mirá-lo.

— É tudo culpa minha, eu sei. – Suspiro, pesaroso. – Vou tentar concertar as coisas, Lec, eu prometo.

Ele nada responde, mas sei que sorri.

A pergunta que me faço é, será que terei a coragem de vê-la novamente e não avançar em seus lábios? olhá-la beijando Rogue? Terei tanto sangue frio assim?

— Argh! – Resmugo, causando surpresa ao gato carmesim. – Vamos embora daqui, Lector. Vamos para o hotel pegar as nossas coisas e depois para Magnólia.

— Magnólia? Mas não é onde a...

— Exatamente. – Isso o faz ficar surpreso.

— O que Sting-kun vai fazer?

— Vou dar o troco. – Sei que poderei ferrar a minha vida depois, mas que se exploda.

Ele a fez chorar.

E, além de mim, ninguém faz isso.


(...)


Avancei para fora da estação de trem.

Estava tão centrado em meu objetivo, tão envolto na raiva, tão perdido naquelas mínimas - e inúteis - três palavras, que sequer senti-me enjoado pelo movimento do trem.

Sabia que Lector estava curioso e assustado, mas, acima de tudo, eu podia sentir que ele temia minhas próximas ações.

Mas ele não entenderia, eu mesmo não entendo o porquê de tudo isso.

Mas, de alguma forma, preciso tirar essa raiva de mim e – também – descontar no maldito Natsu-san o que ele fez a Blonde.

É imperdoável.


(...)


Não posso acreditar nisso.

— Eu ainda te amo. – Rogue começa, mas o estrago já está feito. – Mas... Eu não sei. Preciso de tempo.

Uma lágrima solitária cai.

Precisa de tempo, é?

Mais lágrimas escorreram.

— Sinto muito. – Ele sussurra e soluço.

Fecho os olhos para ignorar a sensação esmagadora da culpa. Sei que ele continua parado na cama.

— Sinto muito... – Ele segreda novamente e dessa vez sei que está mais próximo de mim do que antes. O seu dedo indicador limpa uma das lagrimas que caiam. Um soluço sai do meu peito e dessa vez ele não resiste e faz com que meus suspiros doloridos sejam preenchidos e esquecidos por seus lábios.

Eu fico surpresa, realmente surpresa. E o toque fica mais intenso e caloroso, como um ultimo beijo apaixonado. Retribui, ainda chorando pela dor desse ser o último.

Seus lábios preenchem os meus, sua língua se torna infame e inoportuna, sensual. Ele solta um gemido entre o beijo e sinto meu corpo ir contra o colchão daquele quarto estranho. Minhas mãos vão para a sua nuca branca e percebo como a sua pele é fria e agonizante. Ela desliza sobre meus dedos e se arrepia, quando o arranho sem intenção.

Ele se afoba, mordendo meus lábios e, causando-me estranheza, sussurrando meu nome. Ele não queria parar e não seria eu a objetar contra.

Mas houve um segundo de hesitação.

Segundo que talvez tenha sido o suficiente para que ele recobrasse a consciência o fazendo recuar.

Um misero segundo que custou mais lágrimas de minha parte.

Quando ele já se encontrava longe novamente... Quando ele já saia do quarto sem olhar para trás... Em nenhum momento me movi.

Ainda chocada, transtornada, arrependida e magoada. Ainda com lágrimas nos olhos eu me encontrava deitada.

E foi assim que fiquei, talvez por mais tempo do que devia, mas por menos tempo do que queria.

Eu podia sentir as batidas rápidas do meu coração.

Doía demais.


(...)


Me recosto sobre a parede branca e crua do hospital, ao qual não me importei de decorar o nome.

Meu coração pula contra as minhas costelas e faz com que meu peito doa.

Minha respiração estava entrecortada e, como se não bastasse, o gosto dos lábios da maga loira ainda fazia os meus próprios ficarem insaciados e sedentos.

Queria ter continuado, mas lembrei-me de quando entrei no quarto do hotel e vi-a com o Sting. Eu sei que ele se explicou para mim, como também Fro e Lucy, que ao menos tentou, mas uma lasca do meu coração foi tirada e queimada na minha frente. E a amo. Simplesmente a amo.

Se Sting tivesse colocado uma katana no meu coração teria machucado menos.

E eu quase... Eu quase voltei atrás.

Quase ignorei o fato de estar aos pedaços por dentro para conseguir usufruir a minha insaciável sede que sinto pelo seu corpo.

Ah Lucy... Você não sabe o que faz comigo.

As luzes do corredor piscam e sei que não estou sozinho. Olho para os lados e vejo que Fro continua com ela, apesar de tudo.

— O que está fazendo aqui? – Lahar pergunta, aparecendo sozinho nas sombras. Mesmo assim, não deixo meu corpo relaxar.

— Estou acompanhando uma amiga. – A palavra amiga quase me faz engasgar.

— Amiga?

— É. Tem algo contra?

— Onde está Sting? – Isso me faz fuzi-lo.

— Não sei onde aquele traste está. – Falo furiosamente.

— Aconteceu algo entre vocês dois? – Ele parece confuso, tanto que, mexe preocupadamente os seus óculos redondos e grandes. Seu cabelo parece bagunçado.

— Nada que te interesse.

Notei sua confusão intensificar-se.

A curiosidade que ele tinha era mais que explicita, mas – como sempre – o dever vem em primeiro lugar.

Pude vê-lo fingir que não tinha interesse algum em meus problemas, enquanto suspirava e ajeitava os óculos.

— Devem retornar a base logo, há uma nova missão para vocês dois. – anunciou-o. – Encontre Sting rápido, e volte para a base.

Assenti logo o vendo dar as costas.

Olhei uma última vez para a porta do aposento onde Lucy se encontrava com Fro.

Baixei o olhar arrependendo-me firmamente do que faria a seguir.

Torturando-me novamente, voltei a aquele quarto para buscar o Fro e encarar novamente meu coração partido na forma de Lucy Heartphilia.


(...)


Meu punho bate rapidamente na porta da guilda.

Sorte a minha ter trocado de roupa no trem.

Os magos daquele lugar me olham surpresos, e dentre eles, o Dragnell.

— Você! – Aponto para ele, batendo os pés e indo até ele, que se levantava. Eu estou bufando tanto que ele parece assustado.

Meu punho acertou o seu rosto em cheio antes de Laxus me segurar com força.

— O que você pensa que está fazendo, tigre? – Ele exclama, puxando-me para longe do rosado que se levantava e era parado pelos outros da guilda.

— Covarde! – Gritei a ele. – Só um covarde bate numa garota Dragnell! – Grito mais alto e todos ficam em silêncio.

— O que você está dizendo, eu...? – Natsu parece confuso e eu simplesmente rujo:

— Como não sabe?! Como ousou bater na Lucy, seu covarde?! – Laxus afrouxa meus braços e quase dou um soco forte no caçador de Dragões de Fogo. Se não fosse por Gazille ele estaria com o olho roxo.

— Como você ficou sabendo disso, tigre? – Pergunta o moreno e cuspo no seu pé.

— Que te interessasse. Eu vou arrebentá-lo antes de falar com vocês. – Consigo me soltar de Laxus e, mesmo com meu corpo machucado por causa de Rogue, chutei Natsu com todas as minhas forças. O fiz mais três vezes até que Laxus me segurou novamente. – Me solte! Ele tem que aprender!

— Saia daqui. – Ele fala. – Saia e fingiremos que nada aconteceu, Sting Eucliffe.

— Não vou. – Informo-lhe. – Não até ter quebrado um dente dele. – Rosno.

— Vá embora logo. – O loiro fala, respirando fundo. – E diga a Lucy que sinto muito por isso. – Ele fala por fim e dou uma última olhada no rosto ensanguentado do rosado antes de sair dali.

Lector me esperava na porta.

Eu podia ver Lector tremer de angustia.

Cerrei os punhos assim que parei a entrada da guilda. Podia sentir todos os olhares centrado em mim.

Vir-me-ei decaindo meu olhar uma última vez sobre o Dragneel. Ele tremeu, tal como meu Exceed.

Eu o odiava, o odiava tanto quanto jamais pensei odiar alguém. E odiava simplesmente por algo que sequer entendia.

— Não ouse tocar nela novamente... – rosnei. – Ou nem mesmo o canto mais escuro e protegido do mundo será o suficiente para te proteger. – impensavelmente avancei um passo, contendo a fúria que teimava em escapar entre meus dedos. – Isso vale para todos, machuquem-na e jamais os perdoarei.

Talvez eu fosse o único a ouvir, mas havia um rosnado em minha garganta, quase que ansiando para matar aquele maldito Dragon Slayer do Fogo.

Trinquei o maxilar.

— Eu nunca estive aqui! – proclamei.

— Acha mesmo que nos manteremos calados diante dessas ameaças? A Lu-chan merece saber o que aconteceu. – fora a garota baixinha de cabelos azulados quem se pronunciara. Se não estou enganado ela anda bastante com o Gajeel.

Voltei-me para ela estampando encarando-a firmemente, fazendo-a recuar um passo enquanto tremia levemente.

Eu podia sentir o cheiro de seu medo.

— Conte, e se arrependerá de ter nascido... – confirmei. – Vale para todos.

Notei que muitos engoliram em seco.

Voltei-me novamente para Natsu.

O ressoar da voz suave e assustada de Lucy proclamando que ele a machucara, ainda ecoava cruelmente por minha mente.

Respirando profundamente, dei as costas, e fui embora. Lector vinha em meu encalço, mais assustado que em qualquer outro momento.


(...)


Foi necessário apenas algumas horas para o medico constatar que eu não havia quebrado nada e que estava apta a receber alta.

Para o gentil senhor que cuidou de mim eu agradeci com um sorriso que não era verdadeiro.

Logo depois segui para a casa do meu cliente e recebi o pagamento pela missão bem sucedida. Durante todo o momento tudo o que pude fazer foi sorrir da forma mais convincente e agradecer.

Meus reais sentimentos estava presos, minhas lágrimas transbordavam enquanto eu seguia em direção a estação de trem.

Pude ver vários olhares de pena direcionados a mim, alguns de compreensão, mas ninguém realmente sabia como eu me sentia.

Fora quando adentrei em uma cabine reservada, que o trem já partia, que permiti-me afogar-me em meu pranto.

A dor era tamanha que sequer imagino como pude suportá-la durante essas longas e torturantes horas.

Havia um vazio em meu peito.

Um vazio deixado por Nikkõ e que apenas ele poderia preencher, com seus abraços e beijos.

Foram longas horas de viajem até que chegasse a Magnólia.

Pouco me importava para como me vissem. Mas eu sabia que meus olhos estavam vermelhos e meu rosto estava marcado pelas lágrimas.

Segui para minha residência de cabeça baixa, recordava-me de cada doce momento que vivi ao lado de Nik desde quando acordei após perder as memórias. E todos esses momentos apenas me torturam de forma descomunal.

Não me dei ao trabalho de ir a Fairy Tail avisar de minha chegada. Não queria que me vissem assim, e também não queria ver Natsu... Nem ninguém.

Entrei no prédio ao qual meu apartamento se encontrava e subi as escadas ignorando o olhar cético da sindica.

Peguei a chave em meu bolso e destranquei a porta de meu apartamento. Logo quando me vi dentro foi apenas para deparar-me com a figura loira – junto a seu exceed, Lector – estirado sobre minha cama dormindo tranquilamente.

Fora como um gatilho.

Assim que vi Sting meu coração falhou uma batida tamanha dor que apossou-se dele.

As lágrimas retornaram tão cruéis quanto da primeira vez.

Senti as chaves escaparem de meus dedos fazendo barulho ao chocarem-se contra o chão. Logo fora a vez de meus joelhos irem de encontro ao pios enquanto meus braços pendiam sem força.

Não era apenas o coração que doía. A alma também sofria. Meu corpo mal agüentava mover-se ante tamanha magoa.

Entre soluços pude ter uma mínima noção de que talvez o loiro houvesse acordado, mas eu só tomara real consciência daquilo quando ele para a minha frente me fitando com pesar enquanto chocalhava e falava algo que não me dou ao trabalho de tentar compreender.

Dói demais e é culpa dele.

Culpa de Sting.


(...)


Estou arrependido.

Lucy não tem culpa, apesar de tudo. Sting também a machucou, na verdade.

— O que eu devo fazer, Fro? – Pergunto, estranhamente, saindo da sede do conselho em Magnólia após pegar a minha próxima tarefa. – Eu não... Eu não sei mais o que fazer.

— Fro acha que você deve ir ver a Fada Lucy. – Ele começa, sorrindo – Além do que, Fro está preocupado com ela.

— Eu sei, também estou. – Sussurro.

Ah Lucy, você já chegou em casa? Está bem ou ainda chora por minha causa?

— Vamos encontrá-la Fro. – Falei, puxando-o para os meus braços e correndo até a casa dela.

Um sorriso desbotava o meu rosto.

Eu pediria desculpas e insistiria para voltarmos. Ficaria a noite toda com ela e explicaria detalhadamente como me senti. Vou implorar para ela ignorar o que eu disse por que não consigo pensar em acordar e perceber que não estamos juntos mais.

Meus passos ecoam na rua e as pessoas miram-me surpresas, estranhas ao meu comportamento.

Estou rindo quando subo a janela da casa dela e fico surpreso quando percebo que alguém chegou antes de mim.

Sting.

— O que ele faz aqui? – Resmungo a mim mesmo, tentando controlar a minha respiração para ouvi-lo.

— Lucy... Sinto muito. – Ele sussurra, abraçando-a enquanto ela se debulha em lagrimas. – Realmente sinto muito. Prometo... Eu... Eu farei de tudo para ajudá-la a curar essa dor só não... Não chore mais, por favor.

Uma ira súbita se apossa de mim. Lucy chora ainda mais, como se notasse a minha presença.

Como pude cogitar voltar?

— Me perdoe... – Sting levanta o queixo dela e apossa-se de seus lábios.

Não acredito que ele fez novamente.

Depois de tudo ele...

Ele movimentava seus lábios calmamente, num ritmo que ela pudesse acompanhar mesmo ofegante por causa das lágrimas. Mas eu percebi rapidamente que ela perdeu a consciência e caiu diante dele.

Sting não pareceu surpreso e, normalmente, a carregou até a cama.

Desci até o térreo borbulhando de raiva.

Era tudo culpa dele e agora, nem mesmo podia consolá-la e pedir para que voltemos.

Estou com tanta raiva que, conforme ando, machuco meu punho fechado.





Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então?

Stincy ou Rolu?

A batalha dos dragões começa agora, leitoras.

Façam suas apostas.

Ps: Obrigado pelos reviews e também, expressem a sua surpresa nos próximos.
Kisses.

Amy >