Only Unexpected escrita por Lenny Peters


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

primeira fanfic que escrevo em primeira pessoa, e sobre divergente também; espero que esteja bom, criticas são bem-vindas.



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Este som, este maldito som... Porcaria.

Tateio a cabeceira tentando achar a fonte desta maldita barulheira.

Ouço um ruído, algo caiu no chão.

O barulho não para, por que não para?

Levanto a cabeça e olho para o lado, a iluminação verde neón de meu rádio relógio indicavam-me que já passou das seis e meia da manhã. E eu jurava que à esta altura já estaria atrasada. Minhas pálpebras estão pesadas, mas sei que não é do sono. Tive cerca de dez horas de sono, definitivamente não se trata disso.

Eu não quero ir, não quero ir. Quero ficar em minha cama, usar minhas roupas pretas e brancas, mesmo que isso não seja pra mim.

Não entendo também o porquê de estar tão assustada, parecia tão simples. Pelo menos antes.

Adam, seu maldito. Adora complicar as coisas, e me deixar com medo, não que faça de propósito. Deve achar que sou imutável ou extremamente corajosa, ou alguma besteira do gênero.

Deslizo lentamente pelos lençóis pálidos de minha cama, tentando ao máximo, capturar a essência de meu antigo ser. Tentarei capturar o máximo possível, a partir de agora.

Meus pés tocam o chão de madeira sintética e fria. Eu poderia, minha família poderia dispor de aquecimento para o soalho. Mas não gosto desse tipo de conforto. Isso por si só já explica tudo.

Vou ao guarda roupa e pego a primeira coisa que vejo: minha jeans preta e minha camiseta listrada, preta e branca, alé de minhas sapatilhas, também pretas. Largo a roupa e os sapatos na bancada do banheiro, que fica em frente ao meu quarto.

Dispo-me e ligo o chuveiro; olho para cima e vejo as gotas incolores caírem inocentemente sobre mim. Me alivia tanto.

O que farei hoje?

‘’ Siga seu coração.’’ A voz dele me diz.

‘’Carl, nos veremos em breve’’ meu irmão, John, soa em minha mente. ‘’Não. Não nos veremos, sussurro de volta. ‘’ Nem amanhã nem depois John, nem nunca mais.

Passo a mão em meu cabelo molhado, que agora tornou-se temporariamente liso, e inspiro lentamente.

“Você é burra?” – minha mãe grita. “Por que está mentindo?”- meu pai agora segura seu cinto. “Ele morreu, não foi?”- aperto os olhos. Não.

“Por que não me responde?”-agora a voz torna-se um sussurro.

Pare, pare, por favor. Imploro.

Ajoelho-me no box e abraço meus joelhos; pingos caem em minha testa e rolam até meus cílios e após piscar, embaçam minha visão.

Ótimo, não quero ver. Não quero ouvir.

Depois de algum tempo assim, eu desligo o chuveiro e observo todas as gotas irem embora pelo ralo. Levanto e pego minha toalha, e com ela enxugo meu corpo rapidamente. Visto minha calça e minha blusa, e em seguida olho para a esquerda, onde há um espelho.

Pareço ter cerca de dezoito anos, mesmo sendo mais nova. Meu cabelo castanho escuro está agora liso, devido à água. Minha pele é bronzeada, e possuo algumas sardas marrons salpicadas sob meu nariz.

Preciso parar com isso. Minha atual facção não possui nenhuma restrição quanto á isso, mas meu novo eu não poderá olhar para si mesma. Terei de queimar toda a minha atual existência, tudo o que aprendi, todos os meus costumes. Todo o meu ser.

Serei renovada, esculpida, a partir das cinzas.

Renascida das cinzas, como uma Fênix.

Engraçado pensar isso, pois entregarei meu sangue às pedras, e não às chamas.

Saio logo do banheiro, calço minhas sapatilhas e vou para a cozinha, onde pego um pedaço pequeno de torta que minha mãe, Margareth, fez.

A luz já estava acesa e vejo que minha irmã, Louise, já estava sentada na mesa tomando seu café.

Nossos pais saem mais cedo, geralmente, ele sendo um dos líderes da Franqueza, e minha mãe, também, por auxiliá-lo tanto. Como uma ex-membro da Erudição, ela deve ter profundo conhecimento sobre qualquer coisa.

Claro que deve.

Louise estava comendo uma torrada e quando me vê apenas lança um olhar rápido.

Ela possui o rosto de nossa mãe, o nariz delgado, os cabelos negros e os olhos esverdeados. Tirando as maçãs do rosto salientes, e os olhos verdes, poderia se dizer que sou uma versão feminina de meu pai quando jovem.

–Bom dia. – digo desanimada.

–Ansiosa?- ela pergunta, inocentemente. Loui não é mais um bebê, já conhece a política facção- antes-do-sangue. Ainda mais na Franqueza, um local tão aberto para dúvidas, buscas de informações. Nossos membros seniores já tiveram de admitir todos os seus segredos durante sua iniciação –em público- não nos negaríamos à fornecer informações sobre coisas tão menores. E depois ainda temos de ouvir os eruditos dizendo que possuem mais acesso á informações.

Já que são eles que dizem...

Mas quando a ouço perguntar isso, uma pontada invade meu peito.

–Não, tudo bem.- mentir é algo fácil. Mentir não é algo ruim. Não tão ruim como todos dizem por aqui. Todos agem como se fosse um grande monstro ou algo do gênero.

Acabei de mentir, não foi? Continuo aqui.

E também não quero fazer minha irmãzinha preocupar-se desnecessariamente por minha causa. Posso não estar bem agora, mas prometo que em breve estarei.

–Então tá bom. – ela dá de ombros. –Sei que irá se sair bem, Carly, você sempre se sai.- sorrio fraco, como a amo. Como doeria não poder estar aqui quando for a sua vez, daqui à três anos. Nunca mais verei minha irmãzinha.

Porém, é um preço á pagar.

–Vamos logo Loui, vamos nos atrasar.- esfrego uma mão na outra, descartando os farelos da torta. Ela me ouve e levanta-se para pegar sua mochila, ao chão do lado de sua cadeira.

–Okay, vamos. –então saímos.

Andamos até o ponto de ônibus mais próximo, ainda não posso dirigir.

Quer dizer, tenho idade, porém ainda não fui iniciada. Mas eu gosto de andar de ônibus, é um dos poucos lugares nos quais as facções misturam-se. E é refrescante, distrai minha mente.

Subimos no primeiro ônibus que chega, e nem demorou tanto.

Como este é o horário das “crianças’’ irem para a escola, além da maioria dos adultos sem carro precisarem ir para o serviço nessa hora, isso resulta em ônibus lotados”.

Seguro em uma barra de ferro, em pé. E minha irmã segura em outra na minha frente. Não me importo em ficar assim, mas não posso falar o mesmo sobre Louise.

Um garoto de cinza que estava sentado com um garoto loiro, também cinzento, levanta-se e oferece seus lugares. Obviamente aceito, e vou me sentar com Loui, mas não antes de me virar e sorrir em agradecimento. Ele me parece surpreso, mas logo dispensa como se dissesse “Sempre às ordens.” E acredito que estará.

Não culpo-o por ficar surpreso, nós, os francos, não somos muito conhecidos pela nossa simpatia. Isso aí é com o povo da Amizade, e não nos damos muito bem.

–Caretas...- ouço minha irmã bufar após um sussurro, como se estivesse irritada ou impaciente.

Seguro seu braço e olho em seus olhos, e em seguida solto-a.

Já estávamos sentadas, então ninguém prestou atenção em nós duas.

–Não faça isso. Você deveria ao menos ter agradecido.

–Agradecer pelo que? –ela parecia ofendida. –Ele é um careta, Carl. É a obrigação dele.- ela responde, com certeza ela era uma típica garota franca, não era como eu. Não será motivo e futuro desgosto entre a comunidade.

Agarro sua mão e olho novamente em seus olhos.

–Me prometa, me prometa...- eu quase imploro.

–O que, Carl?- ela revira os olhos.

– Primeiro não me chame de Carl, já lhe disse um milhão de vezes. E, segundo, não revire os olhos para mim – eu solto uma risada sem humor enquanto falo, o que deve ter tirado toda a minha credibilidade. –Eles são como nós, então, respeito Louise. Eles que cuidam das melhorias da nossa cidade. Não lhe ensinaram nada disso na escola? – o rosto dela se fecha de uma vez.

–Mas mamãe disse...

–O que ela disse?- interrompo-a. – O que ela tem a ver com a briga entre a Erudição e a Abnegação? Ela é uma franca agora, Lou. Ela não tem mais o direito de opinar sobre o assunto. Perdeu-o quando derramou o sangue sob o vidro. Avise isto à ela quando ela for se meter nos assuntos alheios.- e, com isso, dou o assunto como encerrado. Talvez eu tivesse elevado um pouco o meu tom de voz, pois havia algumas pessoas nos encarando. Não devia demorar muito até o ônibus parar e nós descemos.

Nós e os outros estudantes presentes.

Andamos alguns metros até a escola. Não é muito colorida, é apenas uma construção cinzenta. Tampouco precisaria de cor, as pessoas que o frequentam já desempenham este papel.



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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, espero alguns reviews mas o próximo cap sai logo