Cartas Para Um Invisível escrita por Yoggi


Capítulo 8
Capítulo 8: Cartas lacrimais


Notas iniciais do capítulo

Gente, primeiro de tudo: desculpe-me a demora!!! Tipo assim, eu tava em provas, entrei de férias a pouco tempo e então sentei no pc e comecei a escrever. Os próximo naaao irão demorar assim, porque como já disse, estou de férias! Então eu espero que vocês gostem e boa leitura.
—belle



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Miranda

A escola hoje foi estranha. Não exatamente algo que aconteceu de outro mundo, mas aqueles dias em que você simplesmente acha que tudo está te observando e que escondem algo de você. Gracie e Amelia faltaram à aula então a sala ficou menos barulhenta e talvez fosse por isso que estranhei tudo.

Aproveitei a chance de estar sozinha com Gabriele no intervalo e tentei tocar no assunto de seu temporário isolamento.

-E então Gabi, como vai a vida ultimamente? – Tentei puxar assunto olhando para seus olhos relativamente puxados e observando seu enorme cabelo preso num rabo-de-cavalo indo para lá e para cá por causa do vento.

-Normal. – Ela respondeu desleixada enquanto raspava o pote de gelatina que serviram hoje no almoço.

-E isso é bom?

-Acho que sim.

-Está tudo bem mesmo? Vou ser sincera, estou te achando meio estranha esses dias.

-Eu imaginei que você ia falar isso, Maya – Ela disse, desistindo do pote sem nenhuma gelatina e dando um sorrisinho.

-Ótimo, então já elaborou uma resposta – Eu disse, devolvendo o sorriso.

-Só preocupada.

-Mas já? Você está na paranoia! As provas só começam, sei lá, mês que vem?

-É, talvez eu esteja na paranoia mesmo.

-Sim... – Eu disse tentando desvendar o que toda essa conversa significava. – Marcie sempre faz chá quando começo a estudar, sabe, me acalma.

- Ah, a Marcie.

-O que tem ela?

- Nada.

- Porque você e a mamãe sempre ficam falando assim dela? Que saco, ela é uma pessoa maravilhosa. Olha se isso é um tipo de preconceito, me desculpa, mas...

-Maya! Acalma-se. Não é isso, não tenho nada contra ela. Você que pensou errada. – Ela disse sorrindo com a maior ternura.

-Certo.

-Não fica com raiva, vai! – Ela disse fazendo uma voz de bebê enquanto sorria ainda mais.

-Eu não estou. – Eu disse sem me segurar. É a primeira vez que a vejo extrovertida então resolvi esquecer sua temporária paranoia. Eu não acredito que sejam as provas mesmo, contudo agora eu não devo mais tocar no assunto.

No fim da aula podia gritar um belo “finalmente’’. Não houve aula mais entediante do que as de hoje. Realmente, esse negócio não é para mim. Fui em direção ao meu armário e deixei todo o material que não precisava mais. Era bonito ver como na primeira semana tudo é limpo e organizado, e no resto do ano é uma papelada criando um mundo inteiro lá dentro. Assim que o fechei vi Trevor parado com um sorriso naquele rosto perfeito e bronzeado e seus cabelos bagunçados e , claro, seu corpo de surfista em destaque. “Que príncipe mais clichê’’ pensei, rindo. Mas não podia negar, ele era bonito mesmo.

-Olá! – Ele disse com uma voz firme.

-Oi. – Eu respondi com simpatia.

-Meu nome é Trevor, eu sou da sua sala.

-Eu sei, você se apresentou no primeiro dia. –

-E você é a Miranda, Miranda Comeaux. – Ele disse com mais segurança, um sorrisinho iluminador e ainda apoiando-se com o antebraço nos armários ao seu lado. Eu fiquei com raiva quando ele disse meu nome e dando ênfase ao meu sobrenome. Para acabar com a graça, ele era um interesseiro.

-Sim. Eu tenho que ir – Eu disse desmanchando o sorriso

-Espera! Eu só queria saber onde era a diretoria. Eu preciso resolver um assunto sobre minha matrícula. – Ele disse com um sorriso maior ainda percebendo o erro que cometeu. Segurou meu braço sem dúvida de que não iria soltar.

- Segundo andar, primeiro corredor à esquerda. Tem uma placa enorme em cima de uma porta: “Diretoria”

-Ah, muito obrigado, Miranda.

-Sr. Buckley

-Quê?

-O nome do diretor, Trevor.

-Ah! Mais uma vez, obrigada Miranda. – Ele disse olhando em meus olhos e só depois de uma cena ridícula de ficar me encarando ele soltou meu braço. Dei um sorrisinho de adeus e saí de lá.

Realmente não sei o que dizer, mas fiquei nervosa quando ele veio falar comigo. Não é o fato de ele ser extremamente lindo ( eu preciso parar de repetir isso), mas é que se alguém tiver visto essa cena vão começar a falar. E boato em escola é que nem promoção em loja, todo mundo adora.

Como Amelia resolveu faltar, eu e Gabi pegamos um ônibus. Eu acabei desabafando com ela sobre meu pai enviar os piores presentes como uma garrafa de vodka para a filha de 15 anos e também sobre o episódio de Trevor, o iluminado.

Ela riu com a última frase e disse que ele estava a fim de mim, e depois de muito tempo onde eu fiquei negando isso,  acabei desistindo. Foi aí que o ônibus parou e cheguei a casa.

A cozinha estava com aquele cheiro de bife da Carly que tira todo o oxigênio, mas você não liga porque qualquer comida tocada por Carly fica boa. Depois ela colocou o tradicional pão com carne, mas adicionou salada e outras coisas que só ela sabe preparar, e transformou algo simples e bom em algo simples e maravilhoso. Comi todo esse lanche de final de tarde, elogiei sua comida, agradeci e subi ao meu quarto.

Depois de fazer as obrigações que é basicamente fazer as tarefas e estudar o mínimo que eu deveria estar fazendo, fui conversar com Gabi pelo telefone. A tarde inteira. É nesse momento que quando acaba o assunto falamos que poderíamos fazer coisas mais úteis, mas não. E conseguimos achar outro assunto do além. E me senti tão próxima dela que quase ia tropeçando com o Edward:

-E aí, como anda sua vida amorosa, Maya? – Ela perguntou, depois tossiu ironicamente pronunciando o nome de Trevor

-Para! Ele não está a fim de mim nem de ninguém, e Edward também não tem nada a ver.

-Quem?

- O quê? – Eu respondi ofegante percebendo o erro fatal que eu havia cometido.

-O que você disse agora, o nome aí desse outro garoto. Quem é?

-Eu não falei nada Gabi.

-Falou sim, eu ouvi. Quem é, Maya?

-Você está louca?

-Você está.

- O quê? – Eu disse tentando disfarçar.

-Quem é esse outro menino?

-Não é ninguém! – Tentando achar um jeito para pensar sem ser pressionada por Gabi, que é a mestra de fazer esse tipo de coisa, arranjei uma desculpa- Já vou, mãe! Olha tenho que desligar, minha mãe está me mandando ir jantar, beijos!

-Espera! Maya!

E desliguei.

Deitei na cama e ignorei a outra ligação de Gabi. Tentei respirar e ver um jeito de como me livrar dessa situação. Dá raiva saber que você finalmente está próxima de alguém e terá que mentir para ela por algo que tem medo de admitir.

-Eu sou muito burra mesmo – Eu disse virando para o lado e encolhendo-me na cama.

A noite escurecia cada vez mais e eu ficava ansiosa para uma resposta de Edward. Imagino o que ele respondeu. Imagino o que sua esposa está falando para ele agora, se visse as cartas. Esse é o meu Edward de quarenta anos. Ou o que seu pai, que de acordo com ele é um bêbado, deve estar agora. E esse é o meu Edward adolescente.

É estranho saber que a regra mais importante que todos aprendem é não falar com estranhos e eu estou burlando logo ela. Será que existem exceções? Foi com essa última palavra que ficou cutucando minha mente, que adormeci e só acordei no outro dia.

Pulei da cama, vesti uma roupa e fui andando para escola, tentando não suar. Silêncio na sala, sem Amelia e Grace novamente. E um momento tenso com Gabi, que não tocou no assunto, mas as indiretas eram tão grandes que poderiam fazer algum desconhecido chorar. E nem Trevor veio falar novamente, o que é ótimo, pois aí evitava os assuntos sobre meninos entre eu e a Gabi.

E quando cheguei a casa, tudo estava como ontem. E isso me deixou meio para baixo, é sempre nesses momentos tristes que nos lembramos de memórias ruins, porque parece que o ser humano tem tendências a piorar a situação para nenhum fim. Então passei a tarde inteira fazendo tarefa e estudando, o que não deu muito certo, pois as letras estavam voando do livro para a cama.

No final da tarde o céu estava nublado e um carteiro passou. Com um pulo corri para pegar. Voltei para dentro de casa e arremessei as contas no balcão enquanto levava o maravilhoso envelope branco que se endereçava a mim. Não conseguia conter minha alegria, isso sim consegue me distrair.

E deu errado.

Lendo a carta fiquei com uma sensação estranha. Eu não a tinha quando lia as cartas antiga. A minha vontade era de chorar. Ele diz aqui que arranjou um emprego, e que na mente dele me acha linda. Como pude acreditar que ele podia ser um adolescente qualquer? Sinceramente, ele parecia ter uns trinta anos nessa carta.

Eu me senti enojada e muito decepcionada. Como se eu estivesse caindo num truque tão simples de homens tarados. E vi que sempre terá consequências para desordem de regras. E aqui estou eu, enganada e com raiva de mim mesmo. Realmente, é muito fácil enganar alguém. Muito fácil.

 Minha mão estava tremendo de ódio e nojo, eu queria desaparecer do mundo e voltar no tempo. Sim, Miranda, ele era um homem atrás de uma ingênua criança.

Deitei na cama e chorei. Chorei sem fazer muito barulho para ninguém perceber. Chorei e meu travesseiro foi meu único consolo e eu queria que o mundo inteiro parasse, para eu chorar em paz.   


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Notas finais do capítulo

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