Acordei num pulo ! Eu, realmente, não consegui dormir essa noite. Toda vez em que fechava os olhos, me vinha a imagem das crianças do orfanato ou do dia em que me espancaram ou, até mesmo, dos dias em que eu e o Tagaku ficávamos conversando sobre alguma banalidade.

Me lembro perfeitamente do dia em que a gente ficou planejando como pregar uma peça no novo professor que havia entrado uns 2 dias antes e daria aula no dia seguinte pela primeira vez. Aula essa que foi cancelada devido ao ocorrido no dia seguinte. Meu diário. É engraçado. Fico pensando o que seria se eu não tivesse falado do meu diário. Provavelmente eu ainda estaria naquela merda como na infância. Em algum orfanato ou em algum reformatório... Acho que se não fosse pelo Iruka, eu estaria perdido.

Iruka...

Me abalou muito saber que ele não está nem ai pra mim. Eu sei que me faço de durão mas é só porque eu quero ser um. Eu não falo para ninguém, mas sofri muito por ser rejeitado. Eu até... até me cortei na época...

Eu sei, eu sei. "Isso não é certo ! Você tem que encarrar o problema de frente e não se esconder através de cortes !" Já ouvi isso tudo, ok ? Eu fazia isso, mas não faço mais. Eu mudei. Minha mente mudou. Eu não sou mais aquela criança de 7 anos, tá ? Sei que não vale a pena. Eu acho que me cortava pra, toda vez que olhar para a marca, lembrar que eu não era forte o suficiente para conseguir ser alguém melhor. Comecei pra, toda vez que olhar para os meus pulsos, lembrar-me da criança fraca e inútil que era e continuar tentando para não ser mais ela, mas era exatamente o contrário que acontecia. Toda vez que eu apanhava e olhava para meus pulsos, eu só me sentia mais impotente. Cada vez mais sem esperanças de, um dia, poder ser uma pessoa melhor. Aquelas marcas só serviam para me lembrar de quem eu era e me fazer pensar que seria sempre assim. Eu: um órfão fraco e insignificante com quem ninguém se importa. Só me fazia lembrar as vezes em que era rejeitado ou que apanhava. Era exatamente isso.

Eu tinha o número exato de vezes que apanhei e vezes que me olharam torto. Eu sempre me cortava quando isso acontecia. No braço direto quando apanhava, no esquerdo quando me ignoravam ou me ofendiam.

Mas hoje, eu vejo que não valeu a pena. Não mesmo ! Eu só me sentia mais fraco, mais absorto em lamentações e repreensões minhas mesmo. Eu cheguei ao ponto de me condenar e tentar me matar. Mas, quando eu já não via mais esperanças em mim mesmo, o Iruka apareceu. Ele é sempre o meu pai. Ou sempre foi. Não importa, ele será meu eterno pai, mesmo que ele mesmo não queira. Ele me salvou de muita coisa desde aquele dia. Aquele maldito dia. Eu não podia ter fraquejado daquele jeito ! Eu deveria ter deixado aqueles vermes queimarem até que seus ossos virassem poeira. Mas eu fui fraco ! Fraco o bastante para voltar atrás. Mas eu jurei. Jurei que nunca mais voltaria atrás ! E não vou voltar. Nunca mais. Cumprirei o que for. Nem que me custe a vida, cumprirei com o que for que eu planejar. Nem que eu me arrependa depois.

Sei que me arrependeria de ter feito aquilo, principalmente se eu soubesse o que me esperaria se eu não tivesse feito. Conhecer e viver com Iruka foi um dos mais maravilhosos acontecimentos da minha vida. Eu realmente me apeguei a ele. Magoou-me profundamente saber que ele não retribuía esse sentimento durante todos esses anos. Eu sempre pensei que ele gostava de mim. Mas não ! Como todos os outros, ele não ligava para mim do jeito que eu pensava ou fazia. Ele é como o Tagaku ! Todos são !

Eu nunca mais confiarei ou me apegarei a ninguém. Já que é por isso que eles sempre vão, não darei motivos para isso.

Isso me fez lembrar de Sasuke... Ele me odiaria por não gostar dele ? Bem, de qualquer forma, não importa.

Pensar nele me fez lembrar da nossa fuga. Eu tinha esquecido totalmente !!! Achei melhor arrumar as coisas.

Me levantei e fui em direção ao guarda-roupa do meu quarto e comecei a pegar as roupas que eu mais precisaria (as mais legais ;-D )

Depois de dobrá-las [N/A: “-Mas tia, as roupas estavam no guarda-roupas !!!!” Mas isso not quer dizer que elas estavam dobradas, amores.] me dei conta de que não tinha uma mala. Pensei um pouco no que fazer e lembrei que Sasuke deveria ter alguma mala por lá. Afinal, foi ele que sugeriu que nós fugíssemos...

Levantei da cama e fui tomar um banho. Só agora me dei conta do quanto suei durante a noite.

Terminando o banho, fui pegar alguma roupa para botar. Acabei por botar uma calça de moletom preta e uma camiseta laranja escuro com um redemoinho vermelho no meio. Desde a primeira vez que vi aquela camisa, eu a amei.

Sai do quarto e fui comer alguma coisa. Comi um sanduíche e um pouco de carne. Estava indo para o quarto do Teme para ver se ele tinha alguma mala quando me dei conta de como a casa estava quieta.

–Quieta demais - pensei.

Procurei pela casa e não vi ninguém. Estranhando o sumiço repentino dos "adultos" da casa, fui ver se encontrava alguém pelos quartos. O quarto mais perto era o do Minato então foi nesse mesmo que eu fui.

Quando eu ia bater na porta, ouvi a voz de Minato e, como nem sou compartilhador de informações, resolvi ficar e ver do que se tratava aquela conversa.

–Eu não deveria ter o deixado botar fogo na escola !

Opa ! Rádio fofoca ligado ! Se esse desgraçado estiver falando do que eu to pensando, daqui a alguns segundo vai rolar treta, minha gente !!!

–Você estava lá e não fez nada para impedir que ele fizesse aquela loucura ??? - perguntou alguém lá dentro. Pela voz eu acho que era o Sai. Até ele está conspirando contra mim ?

–Sim, mas porque eu não podia me aproximar. Eu passei 6 anos olhando ele escondido. Depois do que eu fiz para ele, prometi para mim mesmo que nunca mais entraria na vida dele outra vez. Eu já havia o machucado muito, não podia cometer esse erro de novo ! Por isso resolvi deixá-lo tomar suas próprias decisões...

–E deixar que ele carregasse a culpa que você carrega para o resto da vida ? - alguém interrompeu Minato. Deu muito vontade de entrar lá e beijar essa pessoa, que, pela voz, eu reconheci ser Jiraya. EEEEEEEECAAAAA !!!!! EU FALEI QUE QUIS BEIJAR O JIRAYA !!!!! PRODUÇÃO !!!! CONSERTA ESSE ROTEIRO POR FAVOR !!!!

–É. Admito que essa não foi uma escolha muito inteligente. Eu fiquei com medo de não ser o pai que ele merecia. Por isso o entreguei para o orfanato. - confessou Minato.

Espera, ELE ME ENTREGOU PARA O ORFANATO ??? EU VIVI METADE DA MINHA VIDA EM UM INFERNO POR CAUSA DELE ??? E ELE AINDA ESTAVA ME VIGIANDO, VENDO TUDO QUE FAZIAM COMIGO E NÃO FEZ NADA ??????

Eu estava pronto para entrar no quarto quando senti alguém tapar minha boca e me puxar para só Deus sabe onde.

Quando me dei por mim, estava no quarto do Sasuke com ele praticamente rolando no chão por sei lá o que. Ele estava parecendo estar sentido dor e estava com as mãos no... Será que eu o acertei quando estava me debatendo ? E se sim, como eu acertei justo aquela área ? Só Deus sabe.

–Seu filho da mãe ! Por que você me acertou ????? - perguntou gemendo de dor segurando... Aquela área. Deu dó dele naquele dia.

– G-Gomenazai ! Não foi intenção ! Para falar a verdade, eu nem sei como te acertei. - me desculpei coçando a nuca envergonhado. Eu sei o que ele está sentindo e não desejo isso para ninguém. Nem mesmo para esse Teme.

–Tudo bem mas... Gome... o que ??? - perguntou tipo "mas, que, qui, caa, what ?".

–Gomenazai. - repeti e ele fez uma cara de Baka (ou era a cara dele mesmo ???) então resolvi explicar. –Sinto muito em japonês. - ele fez uma cara de "esclarecimento" e depois uma cara de "e você falou isso porqueeeee... ?". Suspirei e respondi à cara dele... Nossa, a produção está ótima hoje hein... -O que ? Estamos no Japão. Temos que começar a honrar isso, tá ?

–Tá né... - ele fez uma cara como se dissesse mentalmente "é cada uma que me aparece...".

–Mas enfim, acho que você não me puxou para cá e levou um chute na cobrinha para discutir meu vocabulário né ? - perguntei e ele pareceu se lembrar de algum.

–Bem, não. - respondeu e ficou estupidamente em silêncio.

–Entããããão... - tive que incentivar o mané a continuar... Teme.

–Vamos fugir.