A Escolhida escrita por Jamie Hazel


Capítulo 7
Capítulo 6 - Verdades não ditas


Notas iniciais do capítulo

Heeeey gentee o/ aqui está um capítulo novinho em folha e giganteee hahah! Desculpem pelo tamanho, mas eu precisava já começar a desenrolar o enredo =)Boa leitura!



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Sarah acordou suada e fraca. Tybria entrou no quarto ás pressas, segurando uma bandeja com uma toalha molhada. Ela foi em direção á cama de Sarah e beijou sua testa.

– Oh, céus! -Tybria suspirou. -Ainda bem que você acordou, dormiu por várias horas.

– Onde eu estava?- Sarah perguntou, ainda sonsa.

– Estava dormindo no quintal, acredita? -Tybria sorriu para Sarah.- Mas você não acordava de jeito nenhum, fiquei preocupada e te trouxe para cá.

Sarah ficou confusa, começou a pensar naquelas nuvens negras, no que houve com elas. Olhou ao redor á procura da janela, o céu estava mais limpo que o normal, havia algumas nuvens, mas estas eram brancas. Será que ela haveria sonhado com aquilo tudo? Não podia ser, até porque ela ainda sentia pontadas de dores em seu corpo. Agora, ela já tinha forças para se levantar, mas parecia que todo o peso de seu corpo havia dobrado. Ela não sabia por que isso estava ocorrendo, nunca sentiu nada parecido e de uns tempos para cá, parecia que tudo de mais estranho acontecia em seu redor.

Levantou-se cautelosamente e se sentou á beira da cama. Olhou para um mural pendurado, com um calendário, na parede para ver a data de hoje. Era dia 30 de Outubro, véspera de Halloween e véspera de seu aniversário.

Uma cortina flutuava pelo quarto sendo movida pelo vento que atravessava a janela aberta, a luz do dol que estava abrindo,iluminava boa parte do quarto. Sarah levantou de vez da cama que ficava no canto escuro do quarto, andou até a janela á passos lentos e observou as nuvens, que estavam distantes, mas pareciam estar muito perto.

– Amanhã é seu aniversário, está ansiosa? -perguntou Tybria caminhando em direção á porta.

Sarah assentiu para alegrar a mãe.

– Tenho uma surpresa para você amanhã. Agora, descanse. - e saiu.

A menina virou-se para Tybria e sorriu vagarosamente. Decidiu voltar a dormir, ainda se sentia muito mal, alcançou a cama e se jogou nela. Dormiu em poucos minutos.

Ela acordou muitas horas depois, coçou os olhos e observou que seu despertador não parava de emitir uma luz fraca azul, apertou o botão para desligar a luz e retirou os cobertores do corpo. Colocou um moletom cinza antigo que ganhara no Natal passado e desceu as escadas para jantar. Encontrou sua mãe ao telefone com uma amiga. Tybria acenou para a mesa posta e mandou lhe comer. Sarah sentou á mesa e beliscou um pouco da maravilhosa macarronada que sua mãe fazia, bebericou um suco e pôs se a ler o jornal que estava em cima de uma cadeira ao lado.

– Boa noite, querida. - disse Tybria já desligando o telefone.

Sarah levantou os olhos para a mãe e continuou a ler o jornal.

– Vá dormir, amanhã é sexta e você ainda tem aula.

– Acho que vou faltar.

Tybria colocou os braços na cintura e a encarou, brava. - Por que faltar, mocinha? Só porque é seu aniversário, não significa que deixarei que falte.

– Só não me sinto disposta, está bem? - Sarah disse, desviando o olhar.- Mas vou.

Tybria respirou fundo e sorriu. Sarah lançou o jornal na bancada da cozinha e seguiu para as escadas novamente, subiu-as e adentrou em seu quarto.

Ficou lendo até tarde da noite e só parou quando seu despertador emitiu novamente aquela luz azul irritante. Já era meia noite, Sarah foi até a janela e ficou observando o céu estrelado. Sentou-se no chão em frente á janela escancarada e pegou um papel amassado em baixo de uma pequena mesa de canto, desenhou um bolo com algumas velas e sussurrou um feliz aniversário para si mesma. Deixou de lado o desenho e ficou fitando o cemitério no final da rua, aquele em que a mãe de Nicholas foi enterrada. Levou seus pensamentos á Nicholas, no que houve mais cedo, ele havia realmente a beijado? Pode ser que ela tenha imaginado isso, mas tinha certeza de que fora real. Não restava mais dúvidas, ela estava completamente apaixonada por ele e não sabia como lidar com isso.

O destino resolveu brincar com ela, odiava isso, não poder ter controle sobre o que sente. Toda vez que o via, as palavras custavam a sair, mais do que o normal, Sarah só sabia de uma coisa, ela tinha grandes chances de se magoar, mas precisava arriscar, se não arriscasse, botaria tudo a perder, sem ao menos, tentar. Depois de alguns instantes refletindo sobre o que sentia, Sarah levantou e foi lavar o rosto no banheiro. Ela resolvera que se entenderia com Nicholas. Voltou para a cama e permaneceu lá lendo Hamlet, seu livro prefiro de Shakespeare, até de manhã.

A manhã chegou mais cedo do que esperava. Sarah colocou uma jaqueta preta e uma calça jeans rasgada e desceu as escadas. Tybria estava ao lado da mesa dando os toques finais em um pequeno bolo roxo decorado com várias estrelinhas. Assim que, Sarah pôs os pés na cozinha, sua mãe gritou um sonoro parabéns e a abraçou forte.

– Quero te dar sua surpresa. - Tybria estendeu um pequeno presente quadrado, empacotado em um papel presente colorido. - Vamos, abra!

Sarah pegou o presente e o abriu. Era uma linda caixinha de música que abria e te surpreendia com uma pequena bailarina que girava e girava ao som de uma melodia lenta e repetitiva. Sarah sorriu para a mãe e agradeceu pelo presente.

– Foi meu quando tinha a sua idade, achei que ia gostar.

Sarah concordou e guardou a caixinha em sua mochila, pegou um pedaço de bolo e se despediu da mãe, já estava com os pés na porta quando ouviu um grito vindo de trás, virou-se e viu sua mãe correndo em sua direção.

– Filha, espere! Chegou um pacote pelo correio para você.
– O que é?
– Não sei, deixei para você mesma abrir.

– Obrigada. - Sarah pegou o pacote e colocou-o entre os braços. - Estou de saída.

Ela destrancou a porta e saiu. Sarah caminhou calmamente pelas ruas ainda não muito iluminadas, já que o sol ainda não havia saído. E assim que guardou o pacote na sua mochila, encontrou com Dennis saindo de casa, ele acenou, como normalmente fazia, e veio correndo em sua direção.

– Bom dia. - ele disse, corando e passando os braços por trás da cabeça.

– Bom dia. - Sarah disse e passou os olhos pela casa de Den, á procura de Nicholas.
Dennis suspirou. Ele não vem hoje, está doente. e começou a andar rumo á escola.

Sarah seguiu-o um pouco atrás, caminhou distraída e acabou nem notando que já estava adentrando no pátio do colégio.

– Sarah, você não precisa ter medo de mim, pode andar ao meu lado quando quiser, está bem? - Den falou virando-se para Sarah com uma expressão um tanto, triste.

– Me desculpe, Den, só estou distraída. - disse Sarah se aproximando dele e se pondo ao seu lado.

Eles caminharam até o prédio do ensino médio e se despediram no corredor. Dennis seguiu para sua sala e Sarah subiu alguns degraus para alcançar a sua. Entrou na sala e sentou-se no lugar de sempre, a última carteira da última fileira e permaneceu lá fuçando, absorta, o pacote que recebera. Não tinha remetente, muito menos selo. Estranho. Será que seria um presente de aniversário? Resolveu esperar até o intervalo para abrir e guardou-o embaixo da carteira.

A professora de Literatura, Rose, entrou em sala. Sarah esticou-se na cadeira e deixou que o tédio a possuísse. Não prestara atenção em nenhuma palavra da aula, a não ser quando Rose disse:

– O trabalho será de dupla, escolham seus pares e os escrevam em um papel para me entregar.

Sarah escreveu seu nome e o de Nicholas e o entregou a professora. O resto da aula passou como se fossem anos, ela dormiu a aula inteira e só acordou quando o sinal do intervalo tocou.

Ela pegou seu pacote e seguiu para o ginásio. Logo o avistou. Den estava jogando uma partida de futebol com aquele grupo de amigos que ela tinha visto no primeiro dia de aula, pareciam quase tão bobões e machistas quanto os garotos da antiga escola de Sarah. Ela sentou-se em um banco qualquer e ficou assistindo até que o horário do jogo acabasse.

– Ei, Sarah! - Den gritou da quadra.

Sarah sorriu e esperou que ele viesse até ela.

– Você tinha que ter visto o jogo ontem, foi maravilhoso e... - Dennis interrompeu quando viu o pacote nas mãos de Sarah. - O que é isso?

– Não abri ainda. - ela respondeu, dando de ombros.

– Espere, hoje é seu aniversário, não é? - ele disse surpreso e um pouco culpado por não se lembrar. - Parabéns! Desculpe por esquecer, tive um dia cheio ontem e... Ah você sabe.

Sarah balançou as mãos no que significava sem problemas, esqueça.

– Como sabia do meu aniversário?

– Estava na sua matrícula que eu vi no primeiro dia de aula, se lembra?

Sarah concordou com a cabeça, ajeitou a blusa e levantou do banco.

– Vou tomar alguma coisa e depois ir para aula, te vejo mais tarde?

– Claro. - ele respondeu, sorridente.

Sarah seguiu sem pressa para a porta do ginásio que levava á cantina. Muitos estudantes estavam entusiasmados hoje, pelo menos era o que parecia, alguns já fofocavam sobre o que iriam fazer no final de semana. Como sempre, Sarah iria ficar em casa com sua mãe fazendo qualquer tipo de coisa que envolvesse comida e leitura. Ela gostava disso, de ficar em casa, não ter obrigações com ninguém e não ter que dar satisfações do que iria fazer ou deixar de fazer.
Ás vezes, ela até saia de casa para ir á um clube de jogos mal frequentado no final da 5ª avenida, mas fora poucas vezes, já que se mudou para Bristol há alguns meses. Era um pouco frustrante desperdiçar uma noite de sábado num clube de jogos de quinta categoria, com cheiro de cigarros e cerveja, mas era uma boa opção para quem não tinha amigos e gente que se importa com você, Sarah tinha sua mãe, é claro, mas aos sábados, ela costuma sair com um cara chamado Matt, Sarah o odiava, vivia maltratando todos em sua volta, como se fossem empregados dele. Então, para Sarah, era muito mais preferível encarar um clube de jogos com desconhecidos a encarar aquele cara estúpido saindo com sua mãe. Mas, nesse final de semana ela decidira ficar em casa mesmo.

Sarah chegou á cantina, pediu um sanduíche e um refrigerante e se sentou na última mesa que viu.
Ela perdeu a noção do tempo ali sentada naquela mesa um tanto afastada das demais, observando o pátio movimentado e rabiscando coisas em seu caderno. Olhou o relógio na parede do estabelecimento, já passavam das onze e meia da manha, apalpou o bolso do casaco e sentiu algumas notas, resolveu pedir a conta para a mesma garçonete que a atendera logo mais cedo.

– A conta? - perguntou a garçonete simpática.

– Sim, por favor.

Ela sorriu e olhou o seu pequeno bloco de anotação, revirando algumas folhas, pareceu encontrar o que queria e então se dirigiu mais uma vez a Sarah.

– Ficou U$ 9.85.

Sarah entregou lhe uma nota de dez. A garçonete simpática sorriu satisfeita e então, deu as costas e se direcionou para o balcão. Sarah voltou sua atenção para os garranchos que eram as suas letras no caderno.

Ela havia adquirido o habito de escrever quando tudo parecia uma grande tempestade, para aliviar, para colocar aquilo tudo para fora de alguma forma, por isso não largava seu caderno e tinha um pânico imenso só de pensar em alguém com ele nas mãos lendo-o, e descobrindo tudo o que ela sentia. Sarah sempre teve grandes problemas em se abrir com as pessoas, não sabia exatamente porque, mas simplesmente paralisava quando se tratava de desabafar com alguém, por várias vezes ela sentia as palavras se tornarem um nó na sua garganta, dificultando a sua própria saída. Mas, por alguma razão inexplicável, com Nicholas sentia que podia se abrir quando precisasse, o único problema é que ele não estava ali agora.

Sarah despertou-se do seu devaneio com alguém estalando os dedos em sua frente com os cotovelos apoiados na mesa. Ela focalizou grandes orbitas negras, logo depois cabelos castanhos e um sorriso com covinhas no rosto. Dennis.

– Sarah, a aula já terminou e você está encrencada, não tem muito tempo para fazer perguntas. - ele disse, desesperado.- O diretor e a senhorita Clove estão atrás de você porque não foi assistir os dois últimos horários de Biologia, ele está á sua procura em toda a extensão do colégio.

O diretor a odiava. Afinal, ele era nada menos que Matt Lewis, o babaca que saia com a mãe de Sarah nos sábados. Ela podia apostar que ele daria tudo para metê-la em uma encrenca na escola e Sarah não precisava disso. Levantou com um pulo da cadeira, puxou sua mochila contra o peito e saiu em disparada para casa, deixando Dennis para trás.

Mas, parou bruscamente quando passou em frente á casa de Nicholas, decidiu dar meia-volta e adentrar na casa.
Tentou abrir a porta, mas estava trancada, então tocou a campainha. Demorou até que alguém viesse atendê-la, uma mulher de meia idade, gorda e com os cabelos loiros falsos presos a um coque mal feito abriu a porta e perguntou á Sarah o que ela queria.

– Vim para ver o Nicholas, sou uma amiga da escola.

– Muito bem, ele está lá em cima descansando, pode subir.

Sarah agradeceu com a cabeça e subiu com pressa as escadas, quando chegou lá em cima, estava ofegante e suada, procurou por um banheiro e lavou seu rosto. Depois, bateu na porta do quarto de Nic e esperou uma resposta.

– Entra! ela ouviu a voz de Nicholas vindo de dentro.

Sarah entrou no quarto e encontrou Nicholas deitado em sua cama não feita, com muitas roupas sujas jogadas no chão e algumas caixas de pizza e latas de refrigerante em cima de uma mesa de canto. O quarto estava uma zona, literalmente, mas o pior mesmo era o estado de choque em que Nicholas entrou quando a viu em seu quarto.

– Sarah?! - ele balbuciou. - O que está fazendo aqui e por que está com essa cara de desespero? - ele perguntou já se levantando preocupado.

– Eu fugi das aulas. Também queria saber se você estava bem.


Ele riu e apontou para uma cadeira ao lado da cama. Estou bem, agora senta e me conta o que houve direito.

– Eu fui para o colégio e assisti á aula chata de Literatura, mas no intervalo fui comer alguma coisa e fiquei rabiscando no meu caderno, acabei perdendo a hora. - ela suspirou e continuou. Nisso, o diretor estúpido me procurou por todo o colégio, já que eu havia perdido dois tempos de aula, mas Den me avisou antes que ele me achasse. - Sarah olhou para Nicholas que, estava com uma expressão pensativa em seu semblante.

– Por que o diretor correria assim atrás de você? - ele perguntou á Sarah, curioso.

– Porque ele me odeia. Odeia o jeito como eu ajo com ele, odeia o fato de eu dizer para minha mãe que ele é um babaca e não a merece. - ela revirou os olhos. - Sim, ele sai com a minha mãe.

– Entendo. - ele disse em uma voz carinhosa, andou á passos lentos em direção á Sarah e puxou seu braço para que se levantasse. - Sarah, eu sei que não é uma boa hora, mas eu preciso te dizer uma coisa.

Sarah ficou imobilizada, ela já esperava o que ele lhe diria, será que estava preparada para entrar em um relacionamento agora? Não sabia a resposta, só sabia que, preparada ou não, ela iria tentar. Nicholas a abraçou e beijou seu pescoço delicadamente, como se aquele beijo dissesse tudo que sentia, subiu com os lábios até encontrarem os de Sarah e disse rente aos lábios dela:

– Eu amo você.

E a beijou, um beijo intenso, mas ao mesmo tempo apaixonante e desesperador. Suas mãos percorriam as costas de Sarah, por um momento, Sarah sentiu que pertencia á ele, suas mãos foram até os cabelos de Nicholas e ele suspirou ao toque. Sarah o afastou com as mãos e disse:

– Eu também amo você.

Nicholas sorriu e a agarrou novamente, eles permaneceram um tempo assim até que a mulher de meia idade os interrompeu batendo na porta.

– Nicholas, já deu meu horário, estou de saída. - a mulher olhou para Sarah com uma cara de nojo e saiu batendo a porta.

Sarah checou o horário em seu relógio de pulso. Já era tarde. Apressada, deu um abraço rápido em Nicholas e se dirigiu á porta, parando á poucos centímetros da mesma.

– Tenho que ir, minha mãe já deve estar chegando e quero fazer algo antes dela chegar. O vejo amanhã. - e saiu andando rápido.

Chegou á casa quinze minutos depois. Sarah subiu diretamente para seu quarto jogando sua mochila em um canto qualquer.Tomou um banho rápido e trocou de roupa, saiu aproveitando que ninguém estava em casa, levou consigo o pacote que recebera mais cedo.

Foi até uma sorveteria que tinha em frente á sua casa. Ela caminhou tranquilamente até a sorveteria e entrou. O local estava um pouco vazio, era todo enfeitado com letreiros neon chamativos em rosa que tinham como escrito todos os sabores de sorvetes que vendiam, havia várias mesas redondas espalhadas pelo local e cada uma tinha pelo menos duas cadeiras, duas moças jovens estavam atrás do balcão prontas para atender os clientes, uma loira e outra morena, as duas eram bem magras e esbeltas. Sarah foi até o balcão e fez seu pedido, a moça morena a atendeu gentilmente, em seu crachá constava o nome de Rachel.

– Só uma casquinha de morango mesmo?

Sarah concordou e estendeu uma nota de cinco. Rachel dispensou a nota com as mãos e apontou para o outro lado da sorveteria, onde havia um rapaz ruivo com óculos grandes, sentado á uma mesa pequena a qual continha uma caixa registradora.

– Você paga ali na saída, está bem? - falou Rachel entregando o pedido de Sarah.

Ela pegou o pedido e se sentou á uma mesa próxima, nem experimentou seu sorvete e já foi abrindo o pacote que recebera. Á medida em que foi rasgando o embrulho percebeu que era um livro, retirou o plástico que estava o envolvendo e leu o título Lendas e mitos dos séculos passados, o livro era grosso, de capa marrom dura e estava um pouco envelhecido, as páginas já estavam amareladas, havia também uma chave pendurada por um buraco na capa, mas Sarah não viu nenhum lugar onde poderia enfiar aquela chave. Desistiu de tentar e abriu o livro. Onde deveria estar o sumário estava, em letras rabiscadas e manchadas, uma frase que não pertencia ao livro em si, alguém tinha escrito ali com tinta preta, este livro pertence á David Bruchet.

Sarah folheou as páginas do livro e percebeu que, em cada página havia algumas anotações, supôs que fossem de David. Mas quem ele era? E por que Sarah recebera um pacote sem remetente, sem selo e contendo um livro que pertencia á um desconhecido?

Deixou o livro de lado e tomou seu sorvete. Permaneceu observando uns quadros abstratos que rodeavam a sorveteria,assim que terminou, apanhou seu livro, o guardou em uma sacola que havia levado e se encaminhou para pagar a conta.

– Uma casquinha,certo? - perguntou o ruivo da caixa.

– Sim. - Sarah respondeu, lhe entregando novamente a mesma nota de cinco.

O rapaz aceitou a nota, olhou para Sarah de cima á baixo, coçou o queixo e então perguntou, curioso:

– Nova na cidade?

Sarah concordou distraída e foi rumo á porta do estabelecimento, era uma grande porta de vidro que deixava transparecer o tempo lá fora, começara a chover, ela abriu a porta e saiu do local. O vento úmido levantava seus cabelos á medida que caminhava pelas ruas encharcadas da cidade. Ao longe, ela viu sua mãe chegando á casa, resolveu correr para alcançá-la, mas rejeitou essa ideia após quase levar um tombo. Estava uma verdadeira tempestade, Sarah começou a se lembrar daquele dia na cafeteria, o tempo havia mudado de uma hora para outra e o mesmo estava para se repetir, pelo que parecia.

Ela virou-se para a sorveteria buscando verificar se as pessoas estavam se movendo e, para seu alívio, estavam. Com sorte, alcançou sua casa em poucos passos, apesar de ficar toda molhada. Tybria estava na sala vendo algum programa de culinária na televisão e acabou nem notando a chegada de Sarah. Ela subiu os degraus correndo pouco se importando se podia cair ou não e entrou no quarto. Trancou a porta atrás de si e se reencostou nela, sentada no chão abraçada com os joelhos.

Ficou um tempo ali refletindo no que tinha acabado de acontecer. Deu sorte de não ocorrer o mesmo da cafeteria, mas essas coisas esquisitas que aconteciam á todo momento a estavam atormentando. Começou a pensar que, talvez estivesse doente, algum tipo de doença mental no qual imaginasse nuvens negras, estátuas humanas, tempestades sem avisos prévios e dores internas. Desde que se mudara para Bristol isso vem acontecendo, imaginou que poderia ter alguma relação com a cidade, mas não poderia ser, só ela percebia o que estava ocorrendo e só ela sentia dores fortes no corpo, repentinamente, sem nenhuma razão lógica. Então, o que estava havendo?

Já cansada de pensar em explicações para os acontecimentos sobrenaturais, Sarah voltou a pegar o livro que recebera. Permaneceu lendo os primeiros capítulos durante horas, ficou fascinada com as lendas e mitos que lia. Rômulo e Remo, O mito de Osíris, Aton, a lenda de Gilgamesh e muitos outros.

Enquanto estava compenetrada no livro, percebeu, dessa vez, que as anotações que haviam sido escritas nos capítulos continham números, letras, símbolos e desenhos juntos. Não faziam nenhum sentido. Ela passou a questionar o livro, que anotações eram aquelas?O que aquilo tudo significava? Sarah folheou novamente as páginas e encontrou um desenho em rabiscos pretos, não sabia interpretar aquilo, mas parecia alguma coisa que já havia visto. E então se lembrou, correu até sua mochila jogada debaixo da cama e retirou de lá o seu caderno, abriu-o e encontrou. O desenho do pássaro que tentou fazer hoje ficara exatamente igual ao desenho do livro.


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Notas finais do capítulo

Nossa! Parabéens á vocês que leram até o final, fico feliz :3Obrigadaa por ler e espero que tenham gostado e estejam muito curiosos para descobrir o segredo de Sarah!Até a próxima e deixem reviews =)Beijos.