A Escolhida escrita por Jamie Hazel


Capítulo 16
Capítulo 15 - Dois mundos


Notas iniciais do capítulo

Ansiaram por esse capítulo? Espero que sim porque eu tentei caprichar bastante nele. Emfim, estou até com dor nas costas de ficar sentada escrevendo.
Agora, a aventura dessa história vai começar, estão prontos? *---*
Boa leitura e nos vemos lá embaixo!
PS: Releia o capítulo "reflexões noturnas" se não se lembrar.



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Observei sua mão estendida, mas decidi não tocá-la, revirei os olhos e respirei fundo.

– Sarah. Como você já deve saber. – falei, seca.

David me olhou de cima á baixo, voltou seus olhos para meu rosto e depois sorriu. Então, dirigiu-se para os rapazes:

– Esses devem ser Stefan e Damon Salvatore, certo? – o velhinho gargalhou. – Perdoem-me, Mellany adora essa série.

Nicholas foi o primeiro a se aproximar do homem e a cumprimenta-lo com um aperto de mãos. Em seguida, Dennis fez o mesmo.

– Senhor? Sei que temos muitos assuntos para tratar, mas hoje nós só gostaríamos de encontrar um lugar para passar a noite. – confessou Nicholas, claramente tentando fazer com que eles nos cedesse sua casa.

– Claro, meu jovem. Como fui me esquecer disso? – David saiu andando em direção á uma pequena casa e apontou para que nós o seguíssemos. – Eu moro logo ali.

Caminhamos até o final da rua estreita e deparamos com uma casa cor de tijolo quase igual ás outras ao redor. Para falar a verdade, acho que aquilo era realmente tijolo, só pintaram por cima com uma cor parecida. Tirando isso, era uma casa com ar aconchegante, quase pude me sentir em casa, mas acabei me lembrando do motivo de estar ali.

– Desculpe a pergunta, mas o senhor teria quarto de hóspedes? – perguntou Dennis.

– Tenho só um no andar de cima. Infelizmente acho que um dos três terá que dormir no sofá essa noite.

– Sem problemas, tenho certeza de que Dennis não vai se incomodar. – caçoou Nicholas.

Dennis bufou e negou com a cabeça.

– Nada disso.

– Meninos, nós conversaremos em casa, está bem? Façam silêncio aqui fora, os vizinhos são “sensíveis.” – David fuçou seus bolsos á procura da chave e abriu o portão preto para entrarmos.

A primeira coisa que reparei foi a decoração da sala de estar que continha pratos coloridos enfeitando as paredes, diversos quadros de paisagens e uma lareira de madeira clara. O lugar não era lá muito grande, mas nada extremamente pequeno.

– Aceitam um chocolate quente? – perguntou David se dirigindo á uma porta á esquerda que deveria ser a cozinha.

– Não, obrigado. – responderam Den e Nic juntos.

– Eu aceito um, por favor. – falei baixinho.

Logo depois, nós três estávamos sentados no sofá estampado de David enquanto ele tomava seu chá em uma poltrona á nossa frente.

Sentada, engoli em seco, não estava bem nervosa, talvez a palavra certa fosse ansiosa. Quando levantei o olhar, David me fitava com um semblante sério. Todos nós permanecemos em silêncio por um bom tempo, só se ouvia o barulhinho irritante da chaleira no fogão. Até que, David quebrou esse roteiro.

– É melhor vocês descansarem, já tiveram uma noite cansativa. Levarei vocês até os quartos onde poderão ficar. – ele se levantou. – E, Sarah, pode ficar no quarto da Mellany, acho que será melhor assim.

Eu assenti e nós nos levantamos para segui-lo, sinceramente, estávamos parecendo três jedis seguindo o velho mestre Yoda.

[...]

Em pouco tempo, já estava acomodada em um quarto literalmente todo rosa. Não conseguia me lembrar da Mellany gostando tanto dessa cor assim, na verdade, a única coisa que tinha em mente era o fato de termos sido amigas.

Deixei minha mala ao lado de um armário branco gigante e me sentei numa poltrona que encontrei no cantinho do quarto. Olhei para todos os lados em busca de algo que me fizesse lembrar melhor dela, pousei o olhar em uma fotografia na estante. Eram duas garotinhas brincando na gangorra. Era Mellany e eu.

Levantei apressada e peguei o retrato com cuidado. A foto era antiga, notei logo que vi a borda amarelada, mas o que me incomodou mesmo foi o fato de estar cortada bem no meio do meu rosto, como se alguém propositalmente quisesse acertar aquele lugar.

Não percebi muito tarde que lágrimas vazavam dos meus olhos. Por que fariam isso com a nossa foto? Cruzes. Erámos crianças inocentes brincando, que mal havia nisso? Fiquei murmurando isso na minha cabeça até o sono me atingir.

Coloquei a foto no lugar e me deitei na cama lotada de pelúcias fofas. Vaguei um pouco nos meus pensamentos e acabei adormecendo pouco depois.

[...]

Acordei com o a luz do sol batendo em meu rosto preguiçoso. Virei de lado na cama e voltei a fechar os olhos, mas não demorou muito para batidas na porta me fazerem acordar novamente.

– Desça quando estiver pronta, Sah. – ouvi a voz de Nicholas se afastar da porta.

Levantei da cama agarrando os lençóis quentes e desejei que esse dia fosse mais esclarecedor que os demais. Preciso de alguma esperança.

Fechei a cortina e caminhei compassivamente até a penteadeira. Não voltaria a dormir, apesar das profundas olheiras e da face pálida. Admirei minha imagem refletida tentando descobrir o que se escondia dentro de mim. Não obtive sucesso. Desisti, por fim.

Troquei de roupa, lavei meu rosto e desembaracei os meus cabelos. Fui até a janela do quarto para dar uma olhada e acabei sentando ali mesmo. Agora, o tempo estava mais ameno, uma brisa fria percorria o meu corpo enquanto eu me pegava pensando em como tinha ido para ali. Meus cabelos dançavam conforme as ordens do vento, e meu vestido branco, de material fino, bailava com ele, num misto de sensações que rodopiavam e faziam me sentir incompleta, como um livro sem um escritor.

─ Sarah... ─ uma voz silenciosa me chamou, seguida por batidas leves na porta.

Levantei e destranquei a porta. Era David.

– Perdoe-me pelo incômodo, mas já está na hora de levantar. Os meninos estão lá embaixo. – ele formou um sorriso leve no rosto. – Já vou descer.

Sai do quarto e passei por um longo corredor com quadros grandes, ao chegar à escada, tentei fazer o mínimo silêncio possível, mas não precisou, Dennis e Nicholas logo me viram.

– Bom dia! – gritaram em uníssono.

Sorri de leve para os dois e me juntei á eles para tomar o café da manhã. Havia uma mesa posta só para nós, coberta de pães e sucos incrivelmente apetitosos. Não demorei muito para começar a beliscar aquilo tudo e me sentir cheia.

Assim que terminamos o “banquete” fomos até o escritório da casa, acompanhados por David.

O lugar era um tanto úmido e escuro se comparar com o restante da casa. As luzes estavam apagadas á essa hora da manhã, portanto, o lugar pareceu mais sombrio ainda. Mesmo assim, as estantes lotadas dos mais variados livros não deixavam de ser uma coleção magnífica.

David nos conduziu até uma mesa bagunçada e começou á procurar por alguma coisa nas gavetas da mesma.

A mesa de estudo marrom, localizada no canto do cômodo, continha inúmeras folhas escritas, canetas jogadas e um computador antigo, daqueles pré-históricos mesmo. Perguntei-me o que ele estaria procurando, mas percebi que logo saberia a resposta, já que David havia parado de procurar.

– Vocês leram o meu livro, não leram? – ele perguntou olhando para um papel na sua mão.

– Nós demos uma olhada, sim. – Nicholas respondeu firme.

– E ainda não descobriram? – David nos encarou, confuso. Mexeu os poucos cabelos brancos e se curvou para colocar o papel em cima da mesa. – Olhem isso.

Dennis e Nicholas se retraíram e não tiveram muita coragem de ir ver o que era, então eu mesma fui.

Um segredo sua vida esconde

A escolhida seguirá um caminho sombrio

Acolherá a escuridão eterna

Como sua melhor amiga

O destino foi traçado.

– Eu já vi isso, o que é? – perguntei á David.

– É uma profecia. – ele colocou sua mão sobre a minha. – Sua profecia.

Retirei brutamente minha mão do lugar em que estava e recuei dois passos para trás.

– Venho tentando lhe contar sobre isso durante esses dias. Por favor, escute. – ele continuou.

Nicholas veio até mim e me segurou por trás, seus braços ao meu redor deram forças para continuar ali. Tentei parecer o mais confiante possível, mas estava a ponto de cair no chão.

– Pois bem, o que direi agora pode não fazer muito sentido, mas preciso que tenham paciência. – ele limpou a garganta. – Sarah é a descendente de Siena.

– Eu sou o quê? – gritei para o velho enquanto agitava os braços em negação. – Você é maluco!

Quis sair correndo dali naquela hora, mas um muro, quer dizer, os dois irmãos me impediram. Fiz força para passar e não adiantou, então desisti e me deletei nos braços de Nic, apesar de achar que se eu não estivesse tão medrosa, não o teria feito.

Virei para olhar Dennis e como se pudesse me entender com seus olhos, me disse que tudo ficaria bem. Então, eu permaneci ali, com os dois homens que dariam suas vidas para acabar com meu sofrimento.

David se aproximou de nós e mostrou a lenda que eu já havia lido em seu livro. Entretanto, aquela tinha um parágrafo marcado de marca-texto amarelo.

“A lenda também conta a história de um portal. Um portal que liga os dois mundos, mas só um descendente de Akama pode entrar e sair de ambos os mundos por ele. Essa é a única forma de ligação entre Akama e Kaihre, e ainda, só as criaturas de Akama conseguem vê-lo, portanto, os humanos estariam em desvantagem? Kaihre estaria perdida? O próximo submisso dirá.”

– Creio que esse portal existe e que vocês devem encontrá-lo no Japão. – contou David como se fosse a coisa mais natural do mundo.

– E como exatamente você espera que nós o achemos? – perguntou Dennis.

– Não é óbvio? – David olhou em minha direção. – Ela é a chave. Só ela vai poder vê-lo e abri-lo. Não me pergunte como, isso eu não tenho ideia mas, acredito em vocês.

– Claro que acredita! – soltei. – Sua filha está em perigo, não é? Nós somos a única salvação dela, se não fosse por isso nem nos chamaria aqui!

– Acalme-se, Sarah. – disse Nicholas segurando minha mão.

– Está errada. Sempre estive preocupado com você mas, sua mãe me impossibilitava de fazer algo á respeito. – David aumentou o tom de voz.

– Como assim ela te impossibilitava? – perguntei.

– Tybria nunca gostou de mim, nem quando éramos crianças. Sempre fui o mais inteligente entre nós dois, nossos pais costumavam me chamar de “orgulho da família”, então acho que ela sentia ciúmes com isso. Além do mais, Tybria era uma criança teimosa então, as outras crianças não queriam ser amigas dela, ao contrário de mim, que fiz muito amigos. Não ache que eu não era traiçoeiro, pois eu era. Muitas vezes fiz brincadeiras de mau gosto com minha irmã, isso foi nos afastando cada vez mais. Nunca lidei muito bem com relacionamentos, apesar de ter tido vários amigos na infância. De todo jeito, eu aprendi a superar esse fardo e hoje não queria estar brigado com Tybria.

– Você está me dizendo que durante todos esses anos minha mãe evita que você fale comigo? – indaguei-o.

– Exatamente. Já mandei várias, cartas, e-mails e até peguei avião para ir vê-la, mas sua mãe achava que não ia ser bom para você ter um tio mau carácter.

Dennis coçou a cabeça, confuso e se dirigiu á mim.

– Você não havia dito que já conhecia Mellany?

– Sim, conhecia. – respondi e então, perguntei á David. – Como?

David andou em círculos por alguns instantes e respirou fundo para pegar ar.

– Há 4 anos atrás, eu me mudei para a Carolina do Norte junto com sua prima afim de resolver de uma vez por todos os meus problemas com sua mãe. Entretanto, sua mãe não mudou de opnião e pediu que eu me afastasse. Contudo, vocês acabaram se conhecendo antes que me mudasse, se não me engano, as duas ficaram amigas durante uma semana.

Concordei com a cabeça e me dirigi á Dennis e Nicholas.

– Acho que vamos precisar de um mapa do Japão.

– Também acho. – respondeu Dennis, rindo.

Mas, Nicholas parecia tenso, seu olhar estava indignado com a postura que tomei.

– Tudo bem, eu vou. – ele disse depois de um longo suspiro. – Mas, se algo acontecer á você, eu juro que mato o infeliz.

[...]


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Notas finais do capítulo

Então, ficaram surpresos ou já sabiam disso tudo?! Mas, eu pergunto á vocês, será que é realmente só isso que ela esconde? Parece pouca coisa para uma garota como a Sarah.
Não se precipitem, não sou do tipo de escritora que revela todos os seus segredos em uma cartada só.
Até o próximo capítulo e deixem seus reviews :3