Estavamos em algum tipo de transe, perdidos no olhar um do outro e fomos despertados pelos aplausos e gritos da turma, nos recompomos e voltei a atenção para o grupo, foi um pouco dificil mas eu consegui.

- Então pessoal, amanha vamos montar uma coreografia com todos esses passos de dança – eles ficaram animados – vou falar com Maria e ver se depois de tudo arrumado podemos apresentar – eles aprovaram a ideia o que me deixou muito contente

Falei um pouco com eles sobre minha ideia e eles deram varias ideias tambem. Acho que a melhor coisa que fiz em minha vida foi ser voluntaria do hospital, estavamos colocando as ideias no papel quando Maria apareceu.

- Vejo um bom trabalho por aqui! Mas a Carol ainda é de menor e não podera nos ajudar – eles vaiaram – por hoje pessoal, amanha ele volta – e todos aplaudiram

Dispensei o grupo e aproveitei que Maria estava ali e fui falar com ela.

- Maria ja acabou meu turno mas, posso continuar aqui? – perguntei

- Claro! Só não podera prestar serviços – sorriu pra mim

Olhei a minha volta procurando Miguel mas não o vi. Subi ate o segundo andar falei com Pedro e segui pro quarto de Miguel, bati na porta e abri antes de obter resposta.

Miguel estava sentado junto a janela olhando para fora.

- Oi – falei me aproximando

- Oi, ainda quer ter aquela conversa né? – falou me indicando a cama para que eu sentasse

- Sei lá, se voce quiser

- Eu quero – falou sentando ao meu lado – Por que voce se corta?

Ele é bem direto, pensei comigo

- Minha mãe era garota de programa e me zuavam na escola por isso, esse foi o unico modo que eu encontrei pra me aliviar do sofrimento. E voce por que se corta?

Ele me contou praticamente toda sua historia ate aquele momento, percebi que ele precisava conversar, desabafar com alguém que entendesse ele e esse alguém era eu.

- Estamos no mesmo nível de loucura – ele falou

- Não somos loucos, somos diferentes e especiais é por isso que a sociedade não nos aceita – falei deitando em seu colo

Ficamos ali no silêncio, ele fazia carinho em meus cabelos e posso dizer que issso foi muito bom.

- Voce é a primeira pessoa com quem eu falo aqui dentro – falou

- Serio? Me sinto honrada – brinquei – e voce é a unica pessoa pra quem eu contei o motivo do meu sofrimento.

- Agora eu que me sinto honrado – brincou

- Seremos bons amigos – falei e virei a cabeça pra poder olha-lo

- Entao voce será minha primeira amiga.

- Idem

E ficamos ali nos olhando como se o mundo a nossa volta não existisse, fomos nos aproximando e entao bateram na porta, levantei e fui até a porta.

- Pedro? – falei surpresa

- Vim te buscar, ja deu meu horario – falou e olhou para Miguel

- Nossa nem vi a hora passar

Abracei Miguel e lhe dei um beijo na bochecha, assim que sai do quarto Pedro me abraçou, fiquei surpresa com o ato mas correspondi.

- Vamos tomar sorvete – falou animado

- Claro – respondi

Passei pela recepção e falei com minha mãe, que ficou muito feliz por me ver saindo com alguém. Fomos conversando até a sorveteria, horas se passaram rapidamente, pois quando me dei conta ja estava escurecendo.

- Nossa ja é tão tarde – falei me levantando da mesa em que estavamos

- Mas ainda é 17:30 – falou olhando no relogio

- Não gosto de andar sozinha a noite

- Não precisa, eu te acompanho ate em casa – falou se levantando tambem

- Espere deixe-me ligar para uma pessoa

Peguei o celular e liguei para Marcos, chamou varias vezes mas ninguem atendeu.

- Acho que vou aceitar sua companhia – falei sorrindo abrindo um sorriso

Ele apenas assentiu e saimos andando, achei incrivel como a conversa entre nós fluia bem, me impressionei mais ainda quando percebi que Pedro era o primeiro menino com quem eu conversava depois de Miguel. Paramos na frente da minha casa e ele falou:

- Esta entregue

- Obrigada Pedro, mas e voce? Vai embora sozinho? – parguntei

- Não tem problema, moro aqui perto. Tchau Carol – falou e se aproximou para me dar um beijo no rosto

- Ate amanha

Me aproximei pra dar um beijo em sua bochecha mas ele virou a cabeça e me deu um selinho, dei um tapa em seu braço e ele sorriu sapeca. Entrei em casa e me joguei no sofá, e quando é que eu não faço isso? Na minha cabeça vinha imagens da minha dança com Miguel e depois o semi beijo com Pedro, estava totalmente concentrada em meus pensamentos que Felipe me chamou e eu cai do sofá com o susto.

- Quer me matar do coração, Felipe – falei levantando

- Algo de errado voce fez pra ter se assustado – falou estreitando os olhos

- Não fiz nada, voce que chegou de repente e me assustou

- Quem era o rapaz? - Perguntou sentando comigo no sofá

- Pedro, irmão do Pablo

- Ele é o garoto das mensagens? Bom saber disso, ele que tente algo com voce que eu quebro a cara dele – falou todo durão

- Para de ser bobo garoto, Pedro é só um amigo

- Não foi isso que aquele selinho me pareceu – falou cutucando minha barriga

- Aquilo foi sem querer e Felipe eu sei me cuidar agora me erra e me deixa descansar – falei indo pro quarto

Odeio o instinto de super proteção do Felipe, sei que é pro meu bem mas eu ja tenho 16 anos, sei me cuidar sozinha. Tomei um banho e me joguei na cama, tudo que eu precisava era uma boa noite de sono.