Safe And Sound escrita por Brends


Capítulo 38
Uma velha amiga, a dor...


Notas iniciais do capítulo

Gente eu me arrisquei muito vindo aqui postar esse capítulo mas como eu gosto muito de vocês, resolvi postar o capítulo...



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Isso não pode estar acontecendo, isso só pode ser uma brincadeira de mal gosto, quem iria assassinar meus pais? Minha mãe nunca fez nada a ningém, meu pai tem seus problemas com os outros traficantes mas nunca chegou a esse ponto. Eu preciso vê-los, preciso saber o que aconteceu.

Miguel me segurava pelos ombros enquanto me chaqualhava levemente, eu via sua boca se mexendo mas não conseguia ouvir sua voz, tudo a minha volta estava rodando eu me recusava a acreditar que meus pais estavam mortos. Nesse momento eu queria me trancar no banheiro e cortar meu braço tão profudamente que não conseguisse mais viver, as pessoas que eu mais amo nesse mundo se foram, eu queria estar com elas não importa o que fosse preciso.

– Carolina, me responde! – ouvi Miguel gritar – Por favor, fala alguma coisa. Você está assim a mais de cindo minutos.

Cinco minutos? Só então precebi que eu continuava sentada na cama, não havia lágrimas em meus olhos apenas minhas mãos estava segurando fortemente o lençol. Miguel continuava me perguntando se eu estava bem e eu apenas confirmava com a cabeça, me levantei lentamente e comecei a andar em direção a varanda, ele ameaçou me seguir mas eu fiz um gesto dizendo que ele deveria ficar. Assim que senti a areia sobre meus pés permiti que as lágrimas viessem, eu já estava soluçando e minha visão estava turva por conta das lágrimas, quando senti a água do mar caí sobre meus joelhos e comecei a gritar.

Aquilo era libertador era como se toda a pressão que eu estava sentindo estivesse deixando meu corpo junto com os gritos, continuei gritando até que faltasse ar em meus pulmões. A praia estava calma e silênciosa apenas o som das ondas eram escutados e então comecei a ouvir passos atrás de mim mas dessa vez não me virei e não esperei nenhum toque. Um par de mãos fortes me levantaram e me acolheram em seu peito, eu não precisava olhar pra saber que era Miguel quem me reconfortava.

– Não vou dizer que vai ficar tudo bem pois não conheço a dor de perder um pai ou a mãe, mas você sabe que sempre estarei aqui pra você. – sussurrou

Apenas afirmei com a cabeça e permiti que a dor me consumisse, ele me apertou mais contra seu peito e me levou de volta ao quarto. Delicadamente me colocou sentada na cama e foi até o banheiro, pude ouvir a torneira da banheira sendo aberta mas continuei onde estava quando ele voltou me levantou e me ajudou a chegar no banheiro, foi tirando minha roupa e me colocou dentro da banheira e saiu. Depois de alguns momentos voltou com algo na mão e se sentou na beirada da banheira, seu olhar estava vazio e depois de um suspiro começou a falar.

– Sei que isso é uma forma de encorajamente mas também sei que isso te ajuda, então permitirei que faça isso somente por hoje mas só se me prometer que serão superficiais – esticou a mão e pude ver a pequena lâmina

Aquilo era tentador mas se eu começar não conseguirei parar e Miguel sabe muito bem disso, sei que ele estar tentando me ajudar mas acho que essa não seria a melhor forma de tentar aliviar minha dor, por mais que o efeito seja temporário é uma das melhores opções no momento.

– Pega! – falou quebrando o silêncio – Sempre ando com uma na mochila porque sei que tem momentos que você não aguenta. – peguei a lâmina de sua mão e continuei a encara-lo – Volto daqui quinze minutos pra impedir que você se mate.

Ele saiu e eu continuei olhando para a lâmina sem nenhuma reação, o que me preocupava não era fazer o primeiro corte mas sim se eu seria capaz de parar depois desta noite. Ainda era possivel ver as velhas cicatrizes, estava bem claras mas ainda visíveis, comecei a lembrar das tardes em que eu chegava da escola e corria pro quarto para que pudesse me cortar. Posicionei a lâmina em meu braço, respirei fundo e puxei com força, logo a mancha vermelha começou a se espelhar pela água, rapidamente fiz outro corte e depois outro e mais um até meu braço se tornar uma grande mancha vermelha, quando posicionei a lâmina no outro braço a porta se abriu revelando Miguel.

Ele olhou para a cor da água e respirou fundo, o ralo da banheira foi aberto e o chuveiro ligado. Miguel me levantou, lavou meus machucados e depois me enrolou em uma toalha, os cortes ainda não tinham parado de sangrar deixando manchas por toda toalha. Ele me vestiu, enchugou meus cabelos e começou a fazer um curativo em meu braço, primeiro limpou com álcool, e pra mim a ardencia era prezerosa, e por último enfachou.

Nos deitamos e ficamos em silêncio, mais uma vez permiti que dor me consumisse e as lágrimas vieram com força, eu soluçava descontroladamente e Miguel me fazia um cafuné. Não importa quantos cortes eu faça ou quantas vezes eu faça, a dor de perder alguém que amo vai ser sempre mais forte, não exijo que Miguel entenda pelo que estou passando mas só o fato dele estar aqui me apoiando, me ajudando e tentando de todas as formas fazer com que eu fique bem já é um grande alívio. Eu realmente não quero descobrir o que vai acontecer comigo a partir de agora, onde irei morar? Provavelmente Felipe terá minha guarda até que eu me torne maior de idade mas não vai ser como antes, agora que eu estava me resolvendo com meus pais que estava começando a perdoa-los por todos os erros do passado eles são assassinados a sangue frio por uma pessoa que não deve saber o que é ter uma família.

Hoje eu faço minha promessa, isso não vai passar despercebido, não importa quanto tempo demore, eu irei achar quem fez isso com eles e irei fazer justiça com minhas mãos, não importa onde isso me levará, posso até virar uma criminosa pensando de tal forma mas isso não ficará impune.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e final de semana que vem estou voltando...



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