Dark Angel escrita por docin1


Capítulo 4
Pizza


Notas iniciais do capítulo

Ooioi! Pessoal (se tiver alguém aí.. Comente!) mais um capítulo!

Revisado/editado em 15/05/2017.



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Cheguei com dez minutos de atraso, o que nem era realmente um atraso, quando comparado aos outros. Hoje era o dia de treinar os novos funcionários, então Lucy estava ocupada demais ensinando os garotos sobre os lugares das coisas que nem reclamou sobre o meu horário. Suzi deixou dois garotos na responsabilidade de Mike e veio para perto de mim, bater papo.

— E aí, gostou deles?

— São esforçados. O mais velho é bolsista na G.A. e mora sozinho. – Apontou para o garoto equilibrando uma bandeja com biscoitos e café. Tinha a pele escura, o cabelo raspado e um sorriso digno de muita gorjeta. – O outro tem só dezesseis! Ele mora aqui perto e o irmão mais velho estuda com a Lu, daí ele quer economizar para entrar na G.A. caso não consiga o auxílio. – Era mais baixo, esse, tinha o rosto redondo e bochechas daquele tipo que as tias gostam de apertar, tinha bonitos olhos azuis, também. – E a menina está lá dentro, com a mamãe, ela vai ficar no caixa a maior parte do tempo. Ela tem uma história engraçada: tentou ser atriz e foi muito aceita, mas aí percebeu que quer fazer robótica. Largou tudo e veio para Gotham.

— E o que ela espera conseguir em Gotham? Ela podia ter ido para New York.

— Aqui tem a Wayne e era mais barato.

Quando a menina saiu da cozinha, quase não acreditei que tinha desistido de ser atriz. Tinha os olhos verdes, um cabelo num tom de ruivo tão lindo e o corpo incrível para uma menina de dezessete anos.

Na hora do almoço, quando Mike terminava seu meio período e ia para o estágio num laboratório de medicina, ele se aproximou. Não sei se ia realmente falar alguma coisa, aproveitando que Suzi me deixou para falar com a provável nova barista, mas ele acabou não falando nada. Virou a cabeça quando o sininho da porta anunciou alguém entrando e se afastou de novo. Foi até a garota que entrava: alta, loira, olhos azuis e pernas lindas. Deram um beijo no meio da lanchonete mesmo, e ele se foi, depois de despedir dos pais.

— O Mike está saindo com ela?

— Acho que dessa vez é sério. Eles se conheceram naquela festa da faculdade e estão se encontrando desde então.

— Qual o nome dela?

— Mayra, eu acho. Por quê?

— Nada. Achei ela bonita.

— Quem não acha? – Ela perguntou e se afastou do balcão.

Emily, a ex-modelo/atriz e atual barista em período de experiência era um doce com as pessoas. Era minha função orientá-la no balcão, já que era onde eu estava acostumada a ficar, e é onde ela ficaria. O sininho na porta estava bem inquieto e no meio da tarde, seu tilintar anunciou Dick Grayson entrando na lanchonete. E fardado.

— Lis. – Sorriu abertamente ao encostar no balcão, depois de tirar os óculos de sol.

— Oi. O que faz por aqui?

— Vim provar o café da Dona Martha. Saber se ainda é tão bom quanto era na oitava série.

Antes que eu pudesse responder, Lucy saiu da cozinha com uma caixa de bolinhos, para repor as bandejas da vitrine.

— Dick?! – Ela prendeu a respiração.

— Oi, Lucy, como vai?

— Hm, bem. E você? O que te trouxe aqui? – Ela falou rápido, um pouco atrapalhada.

— Tomar café. E ver a Lis. – Ele sussurrou a última parte, como se não soubesse bem se devia falar ou não.

— Claro, café. Eu pego.

Lucy pegou café uma vez. Duas vezes. Três vezes. E quando ela foi embora, antes das 17h, quem pegou o café foi o Joe, o bolsista da Gotham Academy. Suzi fez um ótimo trabalho deixando Joe e Oscar, o outro garçom novo, trabalhando enquanto ela mal saía do balcão, sempre puxando papo com Dick e eu.

Suzi ficou para o turno da noite para orientar o próximo trio de funcionários novos, mas Theo não me deixou ficar por conta da faculdade que eu já havia concluído.

— Vem cá, você passou metade do dia sem trabalhar mesmo? Só para ficar na lanchonete? – Perguntei ao Dick quando ele bateu o pé para me deixar em casa.

— Eu fui na delegacia só para assinar os papéis das férias, vou ficar um tempo longe das ruas.

— Por quê?

— Bruce anda se ausentando muito na Wayne, por viagens e uns projetos. Vou dar uma força.

— Trocar a farda por terno e gravata. Isso parece mais com o Grayson do colégio.

— Eu sei. – Ele riu um pouco.

— Mas, só para você saber, eu sei o caminho de casa.

— As ruas de Gotham são perigosas para uma dama sozinha.

— Por favor, eu rio na cara do perigo!

— Você lembra o que acontece depois dessa parte do filme, né? – Ele riu alto, depois falou.

— Não tem mais com o que se preocupar, chegamos. – Parei em frente ao meu prédio e me senti um pouco mal. O prédio estava velho, deteriorado, feio. Tão diferente da mansão em que ele morava.

— O papo estava bom. – Ele olhou para baixo, fazendo charme.

Olhei para a minha janela do prédio e olhei de volta para ele. Somos amigos, ok, mas também não é necessário forçar a barra, né.

— E se a gente caminhar mais um pouco? Você estava me devendo uma pizza mesmo.

— Estava? Eu achei que devia uma carona.

— Juros.

— Sorte sua que eu estou com fome.

Falou e me estendeu o braço.

Eu ri quando ele ficou surpreso quando eu comi um terceiro pedaço de pizza e qualquer assunto proposto era desenvolvido de um jeito leve. Nossa, dava para falar com ele sobre qualquer coisa.

— Você já comia como uma esfomeada antes de ir para Metrópolis?

— Na verdade, as coisas ficaram piores lá. Descobri uns bons restaurantes.

— Como você consegue ser tão magra?

— Ah, para de palhaçada, Grayson! Você comeu metade da pizza e é todo trincado.

— Faz parte do meu trabalho malhar o dia todo, e do seu? – Ele deu um sorriso presunçoso.

Ah, querido, você nem imagina.

— Você mudou tanto, D. Esperou eu ir embora e se transformou! – Ri depois de mais um gole de coca-cola.

— Se você tivesse avisado que ia desaparecer, eu teria transformado antes. Quem sabe assim, você ficaria?

— Quem sabe. E eu não desapareci.

— Não? Você simplesmente sumiu.

— Não fale como se isso tivesse causado uma catástrofe na sua vida.

— Você não sabe, vai que causou.

Ele falava naquele tom de brincadeira, mas tinha jeito de armadilha.

— Você sumiu no dia do meu aniversário. Quando você não apareceu na festa, eu achei que tinha mudado de ideia sobre ir. Mas aí você não apareceu na escola quando as aulas voltaram, só descobri perguntado de você para a Suzi.

— Ela me falava de você por Skype. Eu fiquei sabendo que o nerd baixinho estava virando o preferido das meninas.

Ele sorriu presunçoso. Era um belo sorriso.

— Acabei ficando mais próximo do Mike, depois que você foi. Ele era mais novo, mas era avançado em química.

— Você quase entrou para a família Lane, D. Todos eles te amam.

— Não sei se a Lucy pensa assim. – Fiquei esperando ele continuar a falar e ele suspirou. – Um tempo depois que você foi, ela decidiu que estava apaixonada por mim.

— Uau.

— Não foi nada demais, Amell. Eu fiz o que pude para não dar esperanças.

Acabamos o assunto por ali. Dick ali, charmoso e com um sorriso de quem causa problemas. Droga, eu estava gostando.

Voltamos andando como antes, mas agora ele estava mais tenso. As ruas já estavam desertas e ele parecia totalmente alerta à qualquer ruído.

— Chegamos.

— Agora não dá mais para enrolar, né? – Ele mordeu o lábio, sorrindo.

Era realmente fácil entender como ele acabou virando um galã.

— Não, Grayson. Não dá.

— Então, boa noite, Lis.

— Boa noite, D.

Virei para entrar no prédio ainda com um sorriso no rosto.

— Lis, espera aí.

Quando virei de volta, ele estava tão perto que me assustei. Com as mãos na minha cintura, Dick me beijou. Era doce, envolvente. Ele sabia qual era o lugar certo onde devia segurar minha cintura.

— Agora, sim. Boa noite. – Ele se afastou com um sorriso enorme no rosto.

— É. Agora, sim. – Puxei-o pelo casaco e colei sua boca na minha outra vez.

Mesmo doce, era urgente.

— Precisamos nos ver mais vezes. – Ele suspirou.

Revirei os olhos, mas alguma coisa não me deixava parar de sorrir. Entrei no prédio praticamente fugindo. Ah, se fosse um cara qualquer... Mas não. Era o Dick Grayson, amigo meu e da minha família, provavelmente uma paixão não superada da Lucy e, acima de tudo, um cara legal. Não dava para agir como eu agia com um cara qualquer. Mas, e se as coisas fugissem do controle? Resolvi não pensar na resposta.

No dia seguinte, nada de Suzi na lanchonete. Apenas eu, Mike, Lucy e os meninos novos. Mesmo assim, eles ainda ficavam apenas meio período. Então quando o movimento caiu, foram dispensados e Lucy aproveitou a deixa para fugir junto. Não falou comigo ou com Mike, apenas foi.

Durante todo o dia eu percebi os olhares estranhos de Mike. No fundo, eu já imaginava o que viria. Quando restamos sozinhos no balcão, ele perguntou:

— Saiu com ele ontem? – Tentou fingir desinteresse e eu fingi não entender. Ele revirou os olhos. – Dick Grayson.

— Ah, sim. Por quê?

— Nada.

— Como ficou sabendo?

— Suzi comentou... – Ele pulou o balcão que nos separava e ficou do meu lado.

— Ela te contou? – Duvidei.

— Licia... – Mike pegou minhas mãos, me fazendo ficar de frente para ele que vinha se aproximando manso.

— Ah, não. – Virei o rosto e ele que mirou minha boca, acertou minha bochecha. – Aquilo rolou não devia ter... acontecido.

— Devia, sim! – Ele sorriu com o canto dos lábios e já não parecia o Mike de sempre. – E deve acontecer de novo. – Ele me puxou com um sorriso travesso e... sexy? É isso mesmo? Eu estava achando o Mike sexy? Oh, não.

Ele me beijou outra vez, resumindo minha resistência à um suspiro. Ele me encostou na parede e desceu lentamente a mão esquerda da minha cintura até a minha coxa, enquanto eu segurava, sem muito decoro, sua nuca. A parte racional do meu cérebro que, quase sempre predominava, voltou a funcionar e eu tentei escapar do beijo. O empurrei o suficiente para descolar sua boca da minha e levantei o rosto para falar.

— Mike, se afasta... – Pedi no que devia ser uma voz dura e autoritária, mas saiu em suspiros e eu me odiei. – Pare com isso! – Enquanto eu falava, ele manteve a boca colada na pele do meu pescoço e tive medo de realmente perder o controle.

— Você não quer que eu pare. – Ele sorriu e mordeu meu lábio inferior.

Talvez tenha sido a prepotência dele que me motivou, mas consegui afastá-lo.

— Você me deixa louco, gata!

— Primeiro: Não faça mais isso! Limites, Michael. Limites!

Ele sorriu em resposta.

— E segundamente: não me chama de “gata”.

Ouvi a porta da lanchonete e tratei de acalmar minha respiração agitada e irritada.

— Deixa eu adivinhar: vocês estavam brigando? – Suzi perguntou enquanto se aproximava do balcão ao lado de uma garota loira.

— Só estávamos conversando. – Mike sorriu para mim e eu quis matá-lo. E beijá-lo outra vez.

— Mike, você está atrasado. – A loira fez biquinho.

Era magra e tinha os cabelos abaixo da cintura, num loiro dourado caprichosamente cacheado em ondas largas. Usava uma saia cor-de-rosa curta e salto alto, nem chique e nem casual demais. Perfeita.

— Desculpa, Rach. Eu estou trabalhando. – Ele deu à ela um sorriso meigo e voltou a recolher algumas xícaras no balcão.

— Vai lá, eu cubro você. – Suzi ofereceu.

— Obrigado, Sue. – Ele pulou o balcão e lhe deu um beijo no rosto.

— Te vejo depois, Licia. – Deu um sorriso malicioso para mim aproveitando enquanto Suzi e a garota se despediam.

Eles saíram da lanchonete lado à lado.

— Quem era?

— Rachel, garota nova do Mike. – Começou a terminar o serviço incompleto do irmão.

— Bonita.

— E um amor de pessoa! Eu que apresentei os dois.

— Você sempre foi uma boa casamenteira.

— Por falar nisso... Conta tudo!

— Sobre o quê?

— Não me faz perder tempo! O encontro, como foi?

— Não foi um encontro, sua louca. Fomos só comer pizza, eu hein.

— Chega logo na parte importante. – Ela botou os olhões marrons em cima de mim.

Revirei os olhos enquanto ela me encarava como uma menina de quinze anos.

— A gente acabou se beijando, no final das contas.

— Isso! Eu sabia! – Ela fez a famosa “dancinha da vitória da Suzana” e eu ri. – Você vai ver ele hoje?

— Não. Eu vou no centro comprar um livros para a faculdade. – Menti. Eu precisava saber mais sobre a explosão no museu.


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Notas finais do capítulo

Revisado/editado em 15/05/2017. E ansiando por comentários.