Caminhos Cruzados. escrita por Little Owl


Capítulo 1
Prólogo




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Um mês atrás.

Me agachei atrás de um arbusto quando vi o carro da policia se aproximar. A noite estava escura, eu estava usando roupas pretas, se eu ficasse suficiente quieta, o carro da policia passaria direto sem que eles me vejam.

Eu estava vigiando a entrada de uma loja de jóias, em uma rua pouco movimentada. Mike e Dillan estavam dentro da loja, pegando o que puderem com o cuidado para que ninguém note o assalto. Segurando meu celular com a mão livre, digitei rápido uma mensagem para Mike: "Policia passando. Fica quieto. Cuidado." Não podia me dar o luxo de escrever um texto, com essas palavras Mike entenderia o recado.

Me escondendo nas sombras de um arbusto na entrada de um beco sombrio, esperei que o carro da policia passasse logo. Prendendo a respiração e me encolhendo ainda mais, vi a luz de uma lanterna vasculhando o beco. Fechei os olhos, e joguei o cabelo sobre o rosto. Pereceu durar uma eternidade até que o som do carro sumisse, mas se ele passou a luz por mim não me viu.

Soltando a respiração, arrisquei tirar a cabeça das sombras para poder ver se a policia tinha ido embora. Com um suspiro vi o carro virando a esquina. "policia foi embora. anda logo. ela pode voltar." mandei outra mensagem para Mike.

"olha se ta tranquilo pra sair" Mike pediu por mensagem.

Discretamente tirei a cabeça do meu esconderijo e olhei para os dois lados da rua. Vazia. Eram 2 horas da manhã, ninguém estaria andando nessa rua esse horário, aqui já seria vazia ao meio dia. Dillan escolheu bem o próximo alvo.

Já estava digitando a mensagem para chama-los, quando vi com o canto dos olhos algo se mexendo. Olhei para o outro lado da calçada, na esquina de onde o policial chegou, um homem alto e vestido com um sobretudo preto e chapéu caminhava em direção a joalheria. Reconheci o homem pelo jeito de andar, caminhava rigorosamente, fazendo cada passo estalar na calçada em um ritmo constante. Era o sr. Gonçalves, o gerente da loja e diretor da minha escola.

Apressada digitei tão rápido a mensagem que o celular quase escorregou da minha mão: "sai rápido dai! o sr. Gonçalves vai praí!!"

Nunca pensei que o sr. Gonçalves viria logo no dia em que roubaríamos a loja. Felizmente, não sou eu a manda-chuva. Dillan estava um passo a frente de tudo. Nesse momento ele já estaria saindo pelas portas dos fundos da loja antes mesmo de o gerente chegar até a metade do caminho para a loja. Eu subiria pela escada de emergência do apartamento, que ficava no beco atrás de mim e iria pelos telhados até o final da rua, e desceria por outra escada de emergência, encontraria Mike e Dillan no outro quarteirão e iríamos para casa.

Isso se Mike não estragasse as coisas. Do jeito que ele era desastrado acabaria estragando tudo.

Talvez eu não devia ter pensado isso bem naquela hora, porquê um barulho alto de vidro quebrando saiu por entre as janelas fechadas, xinguei Mike secretamente.

Olhei para o sr. Gonçalves, que estava a uns 50 metros da loja. Com o barulho, ele primeiro se assustou e quando a ficha caiu ele saiu correndo em direção a loja.

Alguma coisa tinha acontecido. Mesmo Mike sendo quem ele é, não conseguiria fazer tamanho barulho sem querer. Nesse meio tempo o sr. Gonçalves já arrombara a porta. Escutei um barulho muito diferente de vidro quebrando, foi extremamente alto. Era o som de um tiro. Em seguida um grito que reconheci como o de Dillan. Ele não gritou de nervosismo ou algo parecido, ele gritou de dor. Sons de briga se seguiram, mais vidros se quebrando, gemidos altos de dor, palavões ditos tanto pelas vozes de Mike, Dillan e do sr. Gonçalves.

Estava muito escuro, não conseguia ver o que acontecia dentro da loja. Só pude acompanhar pelos sons, que não eram tão difíceis de escutar, já que a rua era silenciosa.

Queria correr e ajudar Dillan e Mike, mas o que eu poderia fazer? eu era uma completa covarde e não tinha força de lutar contra um homem como o sr. Gonçalves, um ex-militar.

Fiz a coisa mais maluca que pensei. Peguei meu canivete e fui sorrateira até a loja. Quando cheguei perto o suficiente para ver o interior fiquei paralisada. Dillan estava estirado no chão, a parte superior dele estava coberta de sangue e ele não gemia mais de dor. Mike e o sr. Gonçalves estavam no outro lado da loja em uma briga mortal. Mike perdia visivelmente, ele estava com o ombro esquerdo ensanguentado, e vários outros cortes pelo corpo. O sr.Gonçalves por outro lado, estava intacto. Perto dos dois estava caída no chão uma arma, os dois estavam tentando chegar até ela. Eu poderia pegá-la. Ela estava a meu alcance. Mas não consegui me mexer. Dillan estava morto.

O momento seguinte passou em câmera lenta.

Com um chute na barriga, Mike caiu sobre o vidro espalhado no chão, o sr.Gonçalves alcançou a arma e sem hesitar atirou na cabeça de Mike.

Gritei tão alto que minha garganta doeu. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Mike e Dillan não podiam morrer. Eles eram minha família. Eram tudo que eu tinha. E agora se foram.

O sr. Gonçalves olhou para mim. Apontou a arma em minha direção e mandou eu me ajoelhar.

– Me mate! - gritei para ele. Ele matou minha família, meus amigos, tudo que eu tinha. Não me importava mais se ele levasse minha vida.

Em vez de atirar, me deu um chute forte em minha cabeça que me fez cair no chão, tudo escureceu rapidamente.

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Com a cabeça ainda girando, acordei em um lugar diferente. Tinha um cheiro de remédio. Quando minha visão clareou, vi meus pais adotivos sentados ao lado da cama onde eu estava, eles não estava com a expressão nem um pouco felizes.



– Já chega! - meu pai não se importou em falar baixo. - A senhorita não vai passar um dia fora do reformatório para onde te levarei!


Ele disse mais umas meias palavras me advertindo de tudo de mal que já fiz na vida. Não me importei com que ele disse.

Nada mais importava. Mike e Dillan estavam mortos.







































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