Tínhamos acabado de voltar ao acampamento meio-sangue... Ou pior: Todos menos Annabeth tínhamos acabado de voltar ao acampamento meio-sangue. Aceitaram Nico e Bianca e ficaram na casa grande, e Annabeth morreu, Grover  está mais feliz, o que piora minha situação pois Annabeth morreu. E Annabeth morreu... Annabeth morreu... Annabeth morreu... E eu não consigo parar de pensar nisso sem chorar.

    Voltando a realidade, ou tentando de para de pensar na morte de Annabeth, ao chegarmos no acampamento, Quíron e os campistas nos esperavam, como se soubessem que íamos chegar. O que me deixou bravo foi Hermes estar ali. Se a bujinganga dele não tivesse sido roubada, Annabeth estaria viva.

   Nem falei com Quíron ou qualquer campista, os mesmos me olharam feio, Grover que foi lá falar sobre os irmãos Di Angelo e Annabeth, cheguei perto de Hermes e o encarei.

    -Tome sua porcaria que custou a vida de Annabeth! –Joguei George e Martha em Hermes mal educadamente. Eles me olharam surpreso, mas mesmo sendo um deus, eu gritei com ele: Quero que diga isso aos deuses: Da próxima vez que inventarem de perder algum pertence seu, lembrem-se: Somos semideuses e não escravos! E vocês têm pernas e podem muito bem ir buscar suas tralhas!

   Todos ficaram boquiabertos a me ver falando assim com Hermes. Até Hermes ficou bravo, mas antes que ele me transformasse em pó, fiz uma coisa que nunca imaginei fazer na frente do Acamamento todo na minha vida. Eu chorei. Para não sofrer mais do que estou sofrendo, corri para a floresta mais perto daqui, fui o mais fundo o possível na vegetação, até cair na terra mesmo e começar a chorar muito. Annabeth... Por que ela fez isso? Será que ela deve estar me procurando? Será que ela está perdida? Esses pensamentos rodeavam minha cabeça... Até alguém dizer atrás de mim:

    -Perseu Jackson, o garoto mais corajoso que eu já vi, que quebrou minha unha e está chorando por uma garota? – Olhei para trás, e vi Silena, filha de Afrodite me olhando repreendedora mente.

   -Eu nunca mais vou vê-la! Nunca mais! Isso foi o fim! – Eu gritei – Ela deu a vida por mim!

   -Percy, Percy... – Ela se sentou ao meu lado – Amor não é uma coisa fácil mesmo...

    Senti minhas bochechas queimarem.

   -Amor?! – Gritei impaciente.

   -Esquece, você é muito jovem para isso Perseu. – Ela se levantou e limpou a blusa com as mãos – Se precisar de apoio me chame, estarei as 3 horas da tarde na queima da mortalha de Annabeth.

   Então ela foi embora e me deixou ali plantado. Chorar não adiantaria nada. Eu teria que tomar uma atitude. Mas como? ... Olhei para o céu e parecia já quase 3 horas... Sem vontade nenhuma, corri até o acamoamento.

    Cheguei por trás de Nico Di Angelo, Que levou um susto.

   -Percy! Você está péssimo! – Não respondi.

   Apenas andei pelo chão, que agora parecia desabar abaixo dos meus pés, para ver uma cena bem triste. Todos os filhos e filhas de Atena estavam tristes, em torno de uma fogueira acesa. Quíron não parecia triste, ele olhou para mim e disse:

   -A mortalha está ali Percy. Você pode... Você sabe...

   Ótimo! Meu dia está perfeito! Primeiro ter que aguentar ver Annabeth morrer, agora vou ter que honrar a morte dela...

   Peguei a mortalha de Annabeth e andei entre os campistas até o fogo. Senti o calor no meu rosto, o que me fez lembrar da explosão, onde Annabeth... Morreu... Derramei umas lágrimas com a lembrança e joguei a mortalha, estampada com um desenho de Coruja e escrito nela: “Annabeth”. Vi ela queimar a minha frente. Isso seria um Adeus? Eu não sei.

   As chamas diminuíram um pouco, eu não aguentava mais sentir essa perda. Antes que a queima da mortalha dela acabasse. Eu não quis saber de nada, corri para a praia, fui até a o alto mar e fiquei lá, afundando.

   Eu me sentia sumir cada vez mais nas sombras. Cada ve mais quebrado. Abri um pouco os olhos, e a luz que entrava na água tremeluziu e formou a imagem do rosto de Annabeth. Arregalei os olhos.

   -Percy, lembre-se de mim... Lembre-se de seu juramento... Por favor. – A imagem dela disse e tremeluziu novamente, desaparecendo com a correnteza. Oh deuses! Como eu pude esquecer a nossa promessa? Eu vou buscar Annabeth, e isso vai ser agora.

(...)

   -Você esta louco Percy?! – Gritou Bianca – Nós fomos expulsos do mundo inferior! Não lembra?

   -É minha ultima esperança! – Falei.

   -Lembre-se que Hades não gosta muito da gente – Disse Grover enquanto tremia – Não gosto daquele lugar!

   -Por favor! – Implorei, depois soube que não adiantaria nada, virei as costas, fiquei de frente ao meu chalé e disse: - Não vou abrir mão de Annabeth por isso, se ninguém vai comigo, eu vou sozinho.

   -Percy, espere! – Gritou Nico – Eu não protestei! Eu vou com você!

   Bianca pareceu mais encorajada – Eu também vou!

   Nós juntamos nossas mãos, e ouvimos passos atrás de nós.

   -Onde pensam que vão sem a gente? – Ouvi a voz de uma menina, olhei para ela e lá estava Silena, acompanhada de Chales Beckendorf.

   -Eu estou nessa! – Beckendorf juntou sua mão com as nossas. Seguido de Silena.

   -Parece que o pirralho também não me convidou! – Berrou Clarisse aparecendo entre os arbustos e juntou sua mão com as nossas. Eu realmente estava muito agradecido até pelo esforço, uma pontada de esperança surgiu em meu coração. Ela olhou para Grover e berrou novamente – Você não vem menino-bode? Tá com medinho do escuro?

  

   Grover choramingou um pouco hesitante, mas acabou se juntando a nós.

   -Percy... Outra coisa... Quando vamos? – Perguntou Silena – Amanhã?

   -Agora. –Respondi e todos se espantaram.

   -Agora?! – Todos disseram em coro.

   -Sim, vamos sair agora. Quanto antes melhor. Vamos arrumar nossas coisas e saímos escondidos. Encontrem-me no punho de Zeus. – E sai correndo para o meu chalé, animado para ver Annabeth outra vez.

   (alguns minutos depois...)

   -Prontos? – Perguntei.

   -Tem certeza que quer fazer isso, Percy? – Grover disse enquanto mastigava uma enchilada.

   Eu entava triste e animado ao mesmo tempo. Então partimos em nossa missão secreta.

   Saímos de vista do acampamento meio-sangue e paramos em um ponto de ônibus. Ficamos esperando lá por muito tempo. Até que Nico quebrou o silêncio.

   -Ei Percy – Ele me chamou – Tenho uma coisa para você– Então correu para dentro da floresta e fez sinal para nós esperarmos.

   -O que ele quer fazer? – Perguntou Beckendorf.

   -Espere para ver – Bianca disse.

   De repente, um cão gigante, estou falando gigante mesmo, pulou das sombras com Nico em cima. E parou bem na nossa frente. Eu destampei contracorrente e corri em direção ao cão. Para mata-lo. Mas Nico apareceu na minha frente e gritou:

   -Não machuque sra. O’Leary !

   -sra. O’Leary? – Perguntei – Um cão, ou uma cadela infernal é sua amiga?

  -Sim! Por que? Algum problema? – Ele disse.

   -Tinha que ser filho de Hades mesmo...

   -Eu estou dando ela para você – Disse Nico – Por nos acolher.

   Em um segundo, a sra. O’Leary lambeu meu rosto todo, que ficou cheio de saliva de cão infernal. Depois ficou me olhando enquanto balançava o rabo.

   -Ela está feliz – Disse Nico – Vamos pegar carona com ela.

   (...)

   Recomendo quem tem enjoo fácil não pegar carona num cão infernal. Uma coisa que deveriam ter dito a Grover ( longa história ). Em uns minutos, chegamos em uma cidade X e entramos em uma floresta por ali mesmo, para acamparmos.

  Á noite, praticamente umas meia noite, eu perdi completamente o sono, e aproveitei que todos estavam dormindo para subir em um pinheiro, do jeito que fiz com Annabeth... Mal faz um dia que ela se foi e eu quero ela de novo ao meu lado...

   Fiquei observando as constelações, me lembrando do jeito que Annabeth sorria para mim, do jeito que ela gritava quando via uma aranha... Eu prometo que vou encontra-la...

   -Uh? – Disse instintivamente quando vi as constelações se juntando no céu, e iam ficando cada vez mais próximas, e mais próximas... Até se ligarem formando o rosto de uma menina, de Annabeth.

   Me sentindo pior ainda, eu pisquei os olhos 3 vezes e saí de cima da árvore. Entrei em meu saco de dormir e apaguei.

   Como eu já disse, sonhos de semideuses nunca são coisas normais. Pois é, eu tive o mais estranho, feliz e triste ao mesmo tempo da minha vida.

   Eu estava no céu, de alguma forma, eu olhei para baixo e vi apenas constelações, olhei para cima e mais constelações, para os lados e mais constelações. A única coisa diferente por ali era uma nuvem branca, que brilhava anormalmente. Por curiosidade, eu fui para lá. Pisei na nuvem com medo de cair, mas parecia sólido, meus pés só afundavam um pouco e eu conseguia andar normalmente. Totalmente entranho. Na outra ponta da nuvem, algo brilhou chamando minha atenção, e começou a correr em minha direção. Eu sabia que aquela tal coisa não ia me machucar, então, corri na direção daquela coisa, que a cada passo a visão ficava mais clara, até que eu vi o que realmente era... Meus olhos se encheram de lágrimas e senti uma descendo meu rosto. Tipo... Eu não posso acreditar no que vejo... A única coisa que gritei foi:

   -ANNABETH! – Corri mais rápido e feliz.

   Ao chegarmos bem perto um do outro, ela estava lá, ela mesmo! Mas, infelizmente como um espírito. Eu a abracei, ou tentei. Meu corpo atravessou o dela, que pareceu desapontada tentando me abraçar.

   -Senti saudades cabeça de alga – Ela conseguiu encostar sua cabeça na minha e chorou um pouco – Você vai cumprir sua promessa?

   -Eu vou tentar de tudo – Tentei segurar sua mão, mas novamente atravessou. – Eu... Poderia dar minha vida para ficar com você...

   -Percy... – ela disse. Era tão bom ouvir sua voz novamente... – por favor não fale isso... Eu sempre estarei com você. Te visitarei em todos os seus sonhos. Quando você precisar de companhia ou ajuda, olhe para o lado, que eu vou estar lá... – Ela encostou minha cabeça novamente na minha, e tentamos nos abraçar novamente. Dessa vez deu certo, eu comecei a chorar, não queria pensar em dizer adeus novamente. Não mesmo. Ela pareceu notar e me abraçou mais forte. – Por favor, não me esqueça...

   De repente, tudo começou a sumir aos poucos, até mesmo Annabeth.

   -Por favor! – Gritei chorando – Não vá! Por favor!

   -Adeus... Cabeça de Algas... – E tudo desapareceu, ficou uma escuridão total, tudo preto. E comecei a cair no nada.

   -Ei... Percy... Acorda cara! – Grover me sacudiu – Apesar de babar, você chora e fala enquanto dorme...

   -Eu vi tudo! – Zombou Nico – “Annabeth! Annabeth! Por favor me espere!” há há há! Parece filme cara!

   Eu ignorei, realmente, eu poderia ficar ali com Annabeth pelo resto da vida. Nico notou minha expressão e disse:

   -Você sonhou com ela ne?

  Fiz que sim com a cabeça desanimado.

   -Acho que você queria ficar ali, mais um pouco né?

   -Annabeth está aqui? – Perguntei ignorando de novo a pergunta de Nico. Olhei para todos os lados, animado. Mas nada. Eu acordei, mas ela não...

   Continua...