Pov. Rosalie

Duas semanas depois...

Eu travava uma batalha interior ainda com as minhas memórias.

Não consegui esquecer o que passei nas mãos daquele doente.

Não sei o que foi pior: relembrar tudo o que Royce me fez pela boca de Robert ou ver o cadáver dele na minha frente.

Essas duas semanas foram difíceis.

Às vezes tudo se repetia em minha mente e isso acarretava ataques de choro, além de inúmeros pesadelos. Emmett, coitado, todo esse tempo nem sequer pode dormir direito, pois despertava a todo o momento com meus gritos no meio da noite.

Ah Emmett! Como eu queria poupá-lo de tudo isso. Do meu passado e desse acontecimento que vez tudo virar presente outra vez. Não queria fazê-lo sofrer mais do que já sofreu ao meu lado.

Mas o que eu podia fazer?

Isso pode soar um tanto egoísta da minha parte, mas eu o amo demais pra deixá-lo. Pra ficar longe dele. Eu não posso.

E pensar que ele arriscou a própria vida pra me salvar. Deus! Ele é mesmo meu super-herói.

A cada dia o amo mais, a cada prova desse amor eu fico mais apaixonada. Se é que isso é possível.

Sabe quando você acha que já ama uma pessoa de todas as formas possíveis e com todas as forças? Então você consegue redescobrir um novo jeito de amá-la e sente que ainda há mais forças dentro de você que clamam pela presença dessa pessoa ao seu lado?

Pois é exatamente assim que me sinto. É assim, dessa forma inexplicável, que eu amo meu Emmett. MEU. E tenho orgulho dizer que aquele homem perfeito, grande e forte, com coração inocente e sorriso de covinhas é meu. Meu marido, meu amor, minha vida, MEU EMMETT.

Quando saímos da casa de Esme, eu só queria deitar em minha cama agarrada a Emm e a meus filhos. Pensei que nunca mais veria meus anjinhos de novo. Acho que nunca beijei e abracei tanto Kebi e Kellan na vida como no fim daquele dia.

‘’Mamãe onde a senhora tava? Eu tava com medo com muita saudade. ’’

A voz doce da minha pequena ecoou na minha cabeça. Ah Kebi, você é a filha que toda mãe desejaria ter e agradeço por só eu ter a honra de ser essa mãe.

Retiraram o corpo de Robert e no dia seguinte enterraram depois que deram o laudo.

Esme e Isabella providenciaram o mais rápido possível a saída delas daquela casa. Não queriam mais estar naquele ambiente onde uma tragédia aconteceu. Em 3 dias a mudança estava feita e elas estavam morando aqui em Port Angeles, em um bairro próximo ao nosso.

Em poucos dias a casa estava decorada. Fomos visitá-las apenas uma vez. Eu não queria sair de casa, ainda estava um tanto nervosa, e também não queria ficar sozinha.

Emmett pediu as férias que estavam acumuladas na Faculdade e assim o liberaram.

Só meu marido perfeito, meu porto seguro, pra aguentar as crises de pânico que vez ou outra me atacavam.

Lembro-me que na semana passada estávamos brincando no tapete do quarto de Kellan com as crianças. Eu me levante e fui ao banheiro. Fechei a porta, mas não a tranquei. Ainda não tinha me acostumado de novo a ficar com tudo trancado.

Parei na frente do espelho levantando meu cabelo para tentar olhar o curativo na parte de trás da minha cabeça. Suspirei nervosa ao lembrar-me de como adquiri tal machucado.

Então a cena veio em minha cabeça como uma tempestade de raios. Como se cada cena atingisse minha mente causando choques, mas não aqueles arrepios do tipo bom e sim aqueles que nos fazem tremer de nervoso e medo.

Abaixei a cabeça fitando o chão, deixando meus cabelos cobrirem meu rosto.

-Calma Rosalie. Já acabou. –sussurrei pra mim mesma apoiando as mãos na pia. Levantei o rosto par encarar outra vez o espelho. Suspirei mais calma.

Fui em direção à maçaneta da porta a fim de sair dali e voltar pra perto da minha família. Quando tentei abrir a porta não consegui. A fechadura não abria, então entrei em pânico.

-Emm? – falei com a voz embargada, querendo chorar. –Emmett! –chamei, batendo forte na porta e forçando a maçaneta.

Escutei passos e me afastei da porta.

Suspirei aliviada vendo Emm ali em minha frente quando ele abriu a porta.

-Rose, o que foi? –ele perguntou preocupado.

Fui até ele e o abracei pela cintura, chorando em seus braços com a cabeça afundada em seu peito.

-A porta. Eu juro. Estava trancada. –falei.

-Não, Rose. Não estava. A porta estava fechada, mas não trancada. –ele disse acariciando meus cabelos, como se explicasse algo complicado para uma criança entender.

-Mas eu... – tentei falar, mas ele me interrompeu.

-Amor, você só não consegui abri-la. Calma, não precisa chorar. Eu estou aqui, sempre vou estar.

Era tão bom ouvir isso dele. Ter essa certeza. Mas ainda assim, eu me sentia culpada por fazê-lo sofrer.

-Emm, me desculpa. –levantei meu rosto para encará-lo. – Eu não queria que você tivesse que aguentar tudo isso por mim. Saber que por culpa minha você, Esme, Bella e as crianças tiveram que passar por tudo isso. Saber que Robert estava com sua mãe pra se vingar de mim é horrível. Esme não merecia. –eu disse.

-Rose, você não tem e nunca teve culpa de nada. Você, como nós, foi vítima, e você foi ainda mais atingida. Foi você quem mais sofreu, não deve se culpar por nada. –ele secou minhas lágrimas com o polegar. –E você acha que eu vou deixar a mulher mais linda do mundo sofrer e não vou fazer nada? –ele disse e eu sorri.

Depois Emm segurou meu rosto e falou olhando fundo em meus olhos.

-Rosalie, eu escolhi passar o resto da minha vida com você, eu te amo com todas as minhas forças e sempre, ouviu, SEMPRE vou cuidar de você. Sempre vou estar do lado, não importa o que aconteça. –ele disse isso e me beijou.

Nós nos beijamos como se fosse a última vez. Ou como se fosse a primeira, já que nossos lábios pareciam querer conhecer mais e mais os do outro.

Ele separou nossos lábios e sorriu.

-Acha que vai se livrar de mim tão rápido assim? – Emm disse e piscou par mim.

Eu tive que rir. Só ele conseguia me animar dessa maneira. Só ele, Kebi e Kellan conseguiam arrancar sorrisos meus nesses dias.

Nunca poderei ser grata o suficiente por tê-los comigo. Por ter essa família perfeita.