Pov. Rosalie

Estaquei ao ouvi-lo pronunciar aquele nome. Aquele segundo e odiado nome. Como ele sabia?

Robert soltou meus cabelos e virou para andar naquele pequeno espaço do banheiro, pensando no que iria falar.

-Robert, eu não entendo, eu... – não conseguia falar, gaguejava, queria entender o motivo daquilo.

-Cala a boca. Gosto de um bom discurso antes de acabar com a vida de alguém. Vou te contar tudo, Lilian. – ele falou pronunciando a última palavra com um brilho maligno nos olhos. Um sorriso sádico e amedrontador se estendendo por seus lábios.

-Não me chame de Lilian. –falei com raiva no tom de voz.

-Silêncio! - ele segurou meu queixo com força. –Eu te chamo como quiser!

Largou-me e virou de costas.

Peguei um vidro de perfume que estava na pia ao meu lado para jogá-lo em sua cabeça. Quando avancei, ele se virou apontando uma arma em minha direção. Ela estava escondida debaixo de sua blusa, dentro da calça.

-Nem pense nisso ou eu atiro no meio de sua testa. –falou quase num rosnado.

Larguei o vidro, que caiu no chão se estilhaçando em vários cacos. O líquido perfumado se espalhando pelo chão e o odor cítrico tomando conta do ambiente.

-Ótimo! Você vai morrer sentindo o cheiro doce de perfume feminino. –Ele falou inalando o ar, agora perfumado. – Um cheiro que meu irmão adorava sentir em sua pele.

-Irmão? Do que está falando? – as palavras saíram. Estava mais do que confusa, mas precisava entender. Se tivesse que morrer pelo menos queria saber o motivo.

-Calma. Tudo há seu tempo. – ele deu um passo à frente e eu recuei mais. O sorriso nojento ainda continuava em seu rosto. –Você com certeza não se lembra de mim, mas eu guardei seu rosto e de seu pai desde o dia do julgamento. O julgamento do meu pobre irmão Royce.

Irmão? Royce e Robert eram irmãos? Não podia ser.

Congelei ao ouvir o nome daquele mostro.

Royce.

Achei que tinha apagado ele por completo da minha vida, que as únicas lembranças dele eram os pesadelos que me assombravam algumas noites. Mas não. Robert estava ali, na minha frente, trazendo todo desespero e angustias do passado de volta. Como a prova viva de que Royce nunca me deixaria em paz.

-Sabe Rosalie, Royce era um bom irmão mais velho pra mim. Éramos amigos, nossa diferença de idade era só 2 anos. Grande coisa. – ele deu de ombros. –Eu morava em Nova York, era dono de uma boate e Royce morava em Phoenix. Ele tinha 42 anos quando conheceu Carlisle. Oh, o adorado amigo Carlisle! – ele debochou. – Royce nunca foi um cara mau. Então Carlisle teve uma filha e aí as coisas mudaram. Meu irmão, muito amigo de paizinho, escolheu seu segundo nome. Carlisle o fez praticamente seu padrinho. – ouvi outro tom debochado em sua voz. –Você cresceu e ele sempre me falava quão linda a pequena Lilian estava ficando.

Senti nojo ao lembrar-me de Royce em minha casa, me paparicando.

Robert parecia lembrar cada detalhe do passado.

-Mas então você completou 12 anos e ele não conseguiu resistir. Disse-me que estava apaixonado pela garotinha de cabelos dourados e a queria. Patético! – ele suspirou como se estivesse entediado. - Então, 2 dias depois ele me contou o que havia feito. Não julguei meu irmão, afinal cada um ama quem quer certo?! – ele arqueou uma sobrancelha.

-Seu doente, ele me violentou! –gritei indo em cima dele, mas logo recuei quando ele balançou a arma.

-Você devia ter ficado quietinha, garota. Você mexeu com a cabeça do meu irmão, você provocou isso. Devia ter aguentado depois. Mas não. Tinha que ter contado ao papaizinho. Prenderam Royce e ele foi encontrado morto na cadeia alguns dias depois. Você deve saber que alguns criminosos não aceitam muito bem esse tipo de coisa. –ele deu de ombros encarando o chão. –Jurei, quando vi Royce ser levado, que me vingaria por ele.

Seus olhos pareciam transbordar de raiva. Por um minuto pensei que os azuis de seus olhos poderiam ficar vermelhos de tanto ódio.

Eu estava tentando digerir cada palavra quando ele continuou.

-Você e seu pai se mudaram. Não consegui localizá-los durante anos. Só quando soube da morte de Carlisle através de um colega em comum que estava em NY, foi que soube que a filhinha do médico estava morando em Port Angeles. Uma ligação aqui, outra ali, não foi difícil te localizar. Tenho meus contatos. – ele piscou pra mim com um sorriso orgulhoso. – Daí então, eu comecei a planejar minha vingança.

Eu respirava em descompasso, ouvindo cada palavra. Lágrimas caíam por meu rosto e o desespero já estava tomando conta. Ou pior, já havia tomado.

-Me mudei para Port Angeles e logo arrumei um jeito de me aproximar. Esme foi a bola da vez. Besta, viúva, carente. Muito fácil de enganar, sabe. –ele falou como se Esme fosse uma mulher qualquer.

-Não fale assim dela! –disse nervosa.

-Quieta, caramba! –ele cuspiu as palavras, nervoso com minha interrupção. - Como eu ia dizendo, me aproximei e só esperava a hora certa pra destruir você. E aqui estamos. –ele mudou sua expressão nervosa para um sorriso debochado. – Você vai pagar por dar com a língua nos dentes e fazer Royce, meu irmão adorado, ser preso e depois morto.

Ele falou isso e se aproximou mais de mim. Seus olhos não desgrudavam do meu rosto em pânico. Eu estava congelada, só consegui recuar, até que não pude mais. Minhas costas encostaram-se à parede fria do banheiro.

Como não notei a semelhança entre Robert e Royce? Tudo bem que eu era uma criança quando vi Royce pela última vez, mas depois de tudo que ele me fez não conseguia tirar seu rosto de minha mente.

Talvez fosse por isso que eu não gostasse de Robert. De alguma forma ele me lembrava de Royce, mas eu não conseguia enxergar como. Ligar um ao outro.

Obviamente o sobrenome Monroe era falso. Se apresentar como Robert King daria totalmente na cara e seu teatro estaria perdido.

Eu devia ter percebido.

O mesmo arrepio ao encarar aqueles olhos azuis gélidos.

Mas agora já era tarde demais.

- Quais são suas últimas palavras, querida Lilian? –ele zombou, encostando a arma na lateral de minha cabeça.

Pronto. Eu soube que ali seria o fim. Fechei os olhos com força.

“Emmett, Kebi, Kellan. Eu Amo vocês!”

Pensei me entregando ao meu fim sem escapatória.