Ago(u)ra escrita por Lô
Notas iniciais do capítulo
"Estar perto não é físico."
O dia é nada senão nublado
Eu estou de pés dopados
Daqui eu não saio
Eu dou passo, eu caio.
~
Eu sou o teu amor, a tua dor e pavor
Eu sou quem nos lugares as coisas vai por,
Esse furacão serve pra nos dar dor
Não se curve a ninguém, não sou seu senhor
Onde está o Senhor?
~
Examinei mil vezes essa aprovação
Isso que vi e revi inúmeras vezes é tão
Eu achei meu ódio debaixo do sofá, junto ao Cão.
Estou são? Que horas são? Não. Vão.
~
O amor se assenta à ponta de mesas e não paga,
O jantar termina e ele então te esmaga,
É a minha praga, a lâmina que nos rasga,
Corações fortes mata, aos desolados, afaga,
Torna-os fortes e, enfim, do mapa apaga.
~
É o destino que vive sem sentido
O sentido que vive sem destino
A sina de fitar eternamente céus anis,
Céus anis transformados pra sempre em sina.
~
Eu não te vejo, mas te beijo,
Tua boca seca como velho e roceiro queijo
O pálido de fogo da tua pele ruiva nunca almejo
Porém, minha sensatez, por amor aos teus rubros beijos, aleijo.
~
Nada do ter que para sempre enfim resta
Ganho e perco tudo que sim e que não, não prestam.
Nem música, nem os céus e nem os anjos comigo mais flertam
O ódio é o meu amor pra toda a vida, no qual me apego.
~
E a lápide é vaga, vazia como o espaço,
Eu não passo, sem passos, te dou meu compasso, passo.
Este não ser é um conceito tão vago,
E as noites cheias de nada são o que pra ver eu pago.
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