Ago(u)ra escrita por


Capítulo 64
To someone who cares


Notas iniciais do capítulo

Está em prosa, sim. Está em prosa, sim. Está em prosa, sim.
E está em prosa para alguém que entende.



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Eles não querem saber se você está bem ou mal, não importa em que sentido for. Não é do interesse de ninguém a sua falta de amor próprio, ou a sua compreensão de si mesmo a respeito da sua falta de talento, eles estão cagando pra isso.

A massa não percebe o que estamos passando, ou a força das palavras que nos atingem sem que ninguém as tenha dito a nós. A fragilidade de alguém que não pode ser. Homem não deve chorar, nem que o inferno congele ou que os porcos voem, nem que as maritacas se calem ou que os montes se movessem quilômetros, homem que é homem não chora.

E às vezes eu acredito que não nasci pra ser um homem, por mais que eu adore. Eu não acredito que eu mereça ter nascido, afinal de contas essa minha vida que eu projetei não tem objetivo senão a morte solitária e indigente.

Por que a lágrima cai? Por que a Lua ama tanto o Sol? Por que as estrelas admiram tanto a Lua? E por que eu não posso andar nas nuvens?

O que eu nasci pra ser?

E nenhuma dessas perguntas terão resposta algum dia, assim como não saberemos se pertencemos ao primata, às estrelas ou ao pó. É a dúvida, a dúvida que ninguém compreende e massacra. E ela se torna aquele santinho de eleição esquecido por quatro anos na portaria da escola, que só será lembrado pela faxineira, que, em sua custódia tem uma vida pra cuidar pra ficar pensando em coisas fúteis como papéis da eleição passada do candidato perdedor.

É como um arranhão, que você amaldiçoa por tantas vezes e fica ali, até que um dia dá comicho, e você o destrói com suas unhas sujas. Não sabia você o que o simples arranhão desejava, talvez ele o amasse. Talvez ele o desejasse, quisesse sua atenção e o seu amor, mas ele nasceu arranhão. O que fazer?

Não sei.

E talvez você tenha passado até o fim desse texto pelo simples de não querer ler essa ladainha toda, e eu sei como você se sente, às vezes – na maioria das vezes – gostamos de fazer só o que queremos. E eu gostaria que alguém que entendesse lesse cada uma dessas palavras, não por se sentir obrigado agora que entende o verdadeiro sentido dessas palavras, que quem sabe será diferente pra mim e pra você.

Então, se no fim das contas, você entende, você se importa. Talvez se importe até sem entender, o que mais apropriado, no caso. Entender outra mente é o que enlouquece o psiquiatra, e se não houver o sentir, nem Deus, nem os anjos, nem o filho do Rei seriam capazes de compreender. Negue, negue, negue. A cada negar, mostrará sua compreensão. Zombe, zombe, zombe. A cada zombar, será entendido que entendeu.

Sorria, sorria, sorria. A cada sorrir, subtendido estará seu amor.


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