Ago(u)ra escrita por Lô
A folha cai, eu observo.
A melodia do relógio distrai-me.
Sinto a brisa em meus braços.
Vejo a gravidade impor sua lei,
Sobre a pequena folha.
~
Indefesa, não pode evitar.
Evitar que o solo a encontre.
O chão, aquele que a observa, lá embaixo
Desde sua criação.
~
Ela agora se lembra de tudo.
Seus meros dias; porém, belos dias.
Mas sabe que é essa sua sina.
E todas as que olham para ela, de cima,
Sofrerão do mesmo destino.
~
Afinal, essa é a política da natureza.
Entretanto, enquanto desce, lentamente,
Ela não esquece, nunca,
Que será insubstituível.
Sempre.
~
O que há lá embaixo? Ela deve se perguntar.
Existem lobos, cobras, ratos.
Nunca estarei em perigo.
Talvez o solo seja meu refúgio e mortalha.
~
Quando o toca,
Sente euforia tamanha,
Capaz de destruir montes.
E durante os segundos de êxtase.
Ela é a dona do mundo.
Está em seu lugar.
~
A folha ouve o silêncio.
Eu ouço o silêncio.
Continuo a observá-lo.
Continuo a ver ser seu fim.
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