As mil palavras

Que poderia eu te dizer

A cada segundo de nossas vidas se tornam raras

Enquanto deixamos de rir bobamente nas aulas de crochê.

Vejo como fui idiota e não percebi

Que as coisas faliam à minha frente.

Recordo completamente de quando ao fundo desci.

E tua voz senti ecoando em minha mente.

Momentos dos quais me lembro insanamente.

Horas e mais horas, o Sol se vai e a chuva cai.

Não há mais ninguém, e por mais que eu tente,

Todas as vezes que te chamo você se vai.

Amigos Teus e meus dizem-me: “ – Desista.”

E eu me sinto impelido a fazê-lo de imediato

Porém, nem que contra a morte eu insista,

Teu “Eu te amo” a mim fará meu sorriso ser meu último ato.

O toque da razão me impede de ir,

Não consigo a ti bem enxergar,

Aproximas-te de minha alma (que pobre é como um gari)

E permita que a lótus em mim consuma o altar.

Sintas nossos ossos estremecerem na sensação.

Dances junto aos meus olhos e permaneça.

Por mais que nada passe duma bela e graciosa armação,

Bailas comigo nessa madrugada de terça?

O que te peço disso não passa.

Sussurres a mim, encontres meu olhar e o segures.

Quebras a mim totalmente, acabes com minha raça,

Laces meu desejo, firas-me, deixes que eu te cure.

Jorres a êxtase de nossos corpos nus e frios.

Fluas e deslizes sobre mim, como negros rios.

Forces-me como se fôssemos armas,

Guerreies e peleje comigo agora,

Antes que teu coração se canse e te leve embora.

Antes de tudo, permita-me as mil palavras.

Por fim, ludibries-me inteiramente com teus olhos pretos,

A pele pálida, que me emerge a ver,

Tal pele que me levanta e faz com que eu me torne um lampejo, um trovejo

Tocar teus cabelos me faz, enfim, conseguir teus lábios ler.

As mil palavras, amor.

Permita-as.