Ago(u)ra escrita por


Capítulo 18
Água do meu pai


Notas iniciais do capítulo

É o eu poético, ok? Não sou mulher. E nem pretendo.



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Lentamente,

Tenho meu rosto abaixado.

Por mim mesma.

Numa bacia d’água.

Capturaram-me.

A tristeza,

A depressão,

Essas me capturaram.

No entanto,

Percebo que não é água.

E engasgo espasmodicamente.

Afogando-me.

Numa bacia.

Trata-se de vodca.

Bebi uma ou duas vezes.

Quando vivia com meu pai.

Em seu caminhão.

Ele não vivia sem ela.

A água do meu pai.

Era horrível.

Sempre foi.

Arh!

Agora estava eu ali,

Morrendo naquilo.

Desistindo.

Jogando a toalha.

Chutando o balde.

E o fôlego...

Estava partindo.

Quando eu senti o toque da morte,

Fui levantada.

Alguém toca a minha nuca.

Estremeço.

O contato é quente.

Olho para trás.

Não vejo nada.

Ninguém.

Quem?

Quem raios tiraram-me dali?

E por quê?

Quem me quer viva?

Para continuar nesse inferno?

Mas há um brilho na janela.

Um... Pequeno brilho.

Sigo até ela,

E vejo crianças.

Aprendendo a andar de bicicleta.

Sorrindo.

E vejo que a vida não é isso.

Que o choro e as lamentações

Podem perdurar por uma noite.

Mas a alegria retorna ao amanhecer.

É nisso que minha mãe acreditava.

E que eu quero acreditar.

Não é a hora.

Vodca, jamais.

Não, não é.


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