Ago(u)ra escrita por


Capítulo 15
Réu




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/351934/chapter/15

Culpa.

Consome a mim,

Como fogo consome a vida.

Desde o dia em que o carro...

O carro...

Bateu...

Morreram. Todos, menos eu.

E desde o dia,

Não me perdoo

Não mais.

No mas.

Não consigo.

Sinto meus pulsos arderem.

De tanto baterem contra a grade.

Meus olhos queimam.

Eles não terão a menor das piedades.

O fim está chegando, e eu o sinto.

Não quero ver.

E impossível não vê-lo, mas farei de tudo.

De tudo para manter pulso.

Esqueço a fome. Esqueço meu corpo.

Minha vida.

Pensar nela me faz gargalhar.

Parece-se com a de Rhoda Williams.

Porém, não há Terra Dois,

Para onde eu possa ir.

E fugir.

Não há John algum.

E minha pena é bem maior.

Família abandonou-me

Estou só.

Penso em Piscine Patel.

Em Richard Parker, o tigre.

E em Suco de Laranja, a orangotango.

Estou perdido,

Num Pacífico dentro de grades.

Não há ilha carnívora que me ajude,

Como fez com Pi.

Não há costa do México para alcançar.

Lembro-me Charlie,

E de suas cartas.

Não posso imitá-lo.

Não tenho folhas de papel, nem lápis.

Recordo o Pequeno Príncipe;

Não há raposa comigo. Nem uma rosa exigente.

Nem mesmo uma cobra, ou carneiro.

Estou à beira da insanidade, como Piscine esteve.

Vejo a tristeza e a amargura como amigos,

igualmente a Rhoda.

Vejo a solidão e me acostumo a ela, como Charlie.

Sinto o fim.

Lembro de quando eles me espancaram.

Disseram que eu era covarde,

Por matar aquelas pessoas.

Não tive a intenção, quis rebater.

Mas me senti como Tris Prior:

Fraco. Diferente. Só. Traído...

Há sete anos permaneço nesta cela.

Não há SHIELD para me tirar daqui.

Nem mesmo Esferas do Dragão.

Não terei ajuda alguma.

Asgard? Ocupados demais.

Olimpo? Nunca.

Otris? Nem pensar.

Deus? Talvez Ele não me queira mais.

Estou enlouquecendo.

Eu não vou sair daqui.

Tenho medo.

E, de repente,

O aroma ‘dela’ chega até mim.

Ouço sua voz.

Seria ela?

Viro-me, e ela está lá.

Mas sei que não é ela.

E por mais que fosse,

Não estaria ali para me levar embora.

Sinto-me como Sansa quando maltratada por Joff.

Lembro das músicas que cantávamos.

Coldplay, Arcade Fire...

Ela não vai me querer de volta.

Eu sei.

E com o coração pulsando...

Sou levado à cadeira

Cadeira de energia, maldita seja.

E vejo luzes bruxuleantes,

E os olhos dela.

Adormeço.

Para sempre.

Terei Pedra da Ressurreição? Não.

No mas.

Meu fim chegou.

Game over.

Adeus, mundo cruel.

Foi o melhor dos tempos, foi o pior dos tempos...

The End.

Para mim.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ago(u)ra" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.