Ago(u)ra escrita por


Capítulo 119
Para Fechar o Olho


Notas iniciais do capítulo

Hoje eu vou comer pão murcho.



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Sobre os sons da cidade
nada tinha a dizer
sobre a voz dos seus cantos
nada a tinha a temer
mas o medo sempre achava
uma forma de entrar
no seu antro
particular.

~
A sua voz caminhava
rente ao portão
dos céus que se abriam
como uma mão
que ela conheceu
muito tempo atrás
da qual não teve medo
e não voltou atrás.

~
Pelos passos da varanda
ela pôde perceber
que o Sol assim se ia
para a Lua se meter
nos assuntos de uma vida
perpendicular
que quase caía
sem forças, no Mar.

~
Houve, pois, um instante
de pura hesitação
onde ela e seus pés
não tinha coesão
e os dias passaram
e ela ali
parada no sonho
pensando em existir
se houve uma forma
de se alastrar
pelo corpo do amado
e nele ficar
a jovem daria
três vidas inteiras
ela o amaria
à própria maneira.

~
Os verões se passando
e voz no vazio
o céu sem relâmpago
a vela sem pavio
e a menina
parada
esqueceu de dançar
esqueceu que cantava
pôs-se a chorar
os rostos a encaravam
sem ternura e com pudor
dela tinham pena
sofrera de amor
mas a menina berrava
dentro de si
não aceitava
viver assim.

~
E as conchas se iam
e as pedras ficavam
a menina era o lar
que todos abandonavam
e o ferro da mão
fê-la sangrar
no chão do covil
ela fez-se ar.

~
No dia em que sentiram
a falta de seu calor
e que perceberam
a ausência do fulgor
já estava longe
caminhava sem volta
a menina dos cachos
venceu a derrota.


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