- Oregon, Oregon, Oregon, Oregon, Oregon, Oregon, Oregon, Oregon! – Cuspi o nome daquele estado andando de um lado para o outro no meu quarto. Sim, eu adorava o Oregon, sempre quis passar um tempo lá, mas nunca morar... Ainda mais agora...

Olhei para o relógio de canto e observei estar em cima do horário para ir para a escola, desci até a garagem sem olhar para os meus pais – senti-os observando-me pelas costas -, peguei meu carro e dirigi até a casa de Claire. Por sorte, ela estava saindo naquele exato momento. Parei ao seu lado e abri a porta oferecendo-lhe carona.

Seu perfume doce invadiu meu carro e bateu no meu rosto. Respirei profundamente seu cheiro e soltei um leve sorriso.

– Oi, animado? – Perguntou impaciente.

– Muito – Forcei um sorriso.

– Como foi sua noite?

– Normal... – Suspirei.

– Você esta bem? – Perguntou observando meus olhos – Eles estão completamente vermelhos...

– Não é nada – Fixei meu olhar para frente deixando claro que eu não queria falar sobre aquilo.

– Você se drogou? – Perguntou boquiaberta.

– Claro que não! Eu só to doente – Resmunguei uma desculpa qualquer. Ela decidiu mudar de assunto ao perceber a tensão no ar.

– Arrumou alguma musica boa?

– Não, estou a um tempo sem procurar...

- Desculpe, senhor ocupado. – Sorriu torto.

- Chegamos – Disse ao estacionar o carro um pouco longe da entrada da escola.

- Você está chato hoje – Revirou os olhos.

- Só estou tenso... Então, arraste Megan e Cia para uma casa abandonada, na hora te digo qual, e então eu vou assustá-las, ok? – Resumi rapidamente meu plano e ela assentiu.

- Dean, aqui está! – Peter surgiu atrás de mim com uma sacola preta.

- Ótimo. Obrigado – Agradeci.

- Tenho que conversar com você... em particular... – olhou para Claire.

- Nos vemos na sala. – Ela beijou minha bochecha e entrou no complexo escolar.

- o que?

- Cara, preciso que você fique com a amiga de uma garota ai...

- Por que? – Franzi o cenho.

- Porque só assim a amiga dela vai topar sair comigo... é coisa delas...

- Não. – Respondi seco.

- Qual é? Não somos amigos? Quebra essa pra mim! – Suplicou.

- Não.

- É culpa dela, não é?

Fiquei mudo enquanto ele culpava Claire por eu não estar mais dando atenção a ele e por não ajudá-lo em mais nada. Praticamente, senti vontade de quebrar o nariz dele, mas controlei-me. Apenas retirei-me de perto dele e segui para a sala de aula onde iríamos esperar nosso professor chegar para nos levar ao passeio.

Já estávamos dentro do ônibus e próximo à cidade abandonada quando o tempo começou a ficar nublado. Eu estava ao lado de Claire na ultima fileira. Ela estava meio apreensiva e calada até quebrar o silencio com uma observação:

- Tempestade

- O que tem?

- Não gosto muito... – Murmurou.

Levantei uma sobrancelha e a observei de braços cruzados.

- Que? Não gosto, só isso!

- Você é de açúcar? – Ela me deu uma cotovelada e revirou os olhos. Sorri torto com aquilo. Ela realmente conseguia me fazer sorrir com facilidade.

De longe, já conseguíamos ver algumas colinas atrás de poucas casas de madeira construídas a muito tempo atrás. O local tinha uma vegetação seca e o solo tinha algumas rachaduras. Também existiam muitas arvores secas com grandes galhos a cada metro. A noite havia chegado antes do previsto devido as nuvens da chuva que iria cair e um pouco de neblina cobria aquela pequena extensão de cidade, tornando o local um pouco assustador.

O professor Thompson deu algumas instruções sobre ficarmos perto dele durante todo o percurso, pois era para não nos perdermos e para ouvirmos a historia que ele iria contar sobre o local, pois seria exigido uma extensa e tediosa redação sobre nossa visita.

- Faça o que eu te disse... e leve-as para aquela casa ali... – Apontei para a casa mais sombria do lugar. Ela tinha três andares e possuía uma madeira escura, como se ela já tivesse presenciado um incêndio. Suas janelas estavam quebradas e havia muitas arvores ao seu redor.

- Você é estranho – Afirmou com um leve sorriso.

Segui até aquela casa sorrateiramente para não ser visto por ninguém, afinal, não queria estragar a diversão. Ao entrar naquele lugar vazio e sombrio, senti um leve calafrio e fiquei pasmo ao ver que ela era maior do parecia ser.

O primeiro andar estava completamente vazio, escuro e completamente empoeirado, é claro, aquilo estava desabitado a muito tempo. O chão estava podre, assim como as paredes e as portas. Subi as escadas cuidadosamente, pois até os degraus estavam estragados.

Peguei a fantasia da sacola preta que Peter me dera mais cedo e fiquei completamente nervoso ao ver aquilo. Era uma roupa toda preta com a mascara do ghostface. Entretanto, ao revirar mais aquilo tudo, notei que tinha também uma mascara toda branca e uma outra roupa preta, mas bem formal.

Slender?

Rezei para que fosse uma fantasia do Slender. Ghostface já era passado e elas iriam rir ao invés de se assustarem.

Vesti a fantasia que ficou um pouco apertado nos meus braços e fiquei parado no topo da escada. Pude ouvir Claire falando algumas coisas para as garotas só não consegui entender muito bem.

- Eu realmente juro que faço qualquer coisa que você me pedir se entrar naquela casa e não se assustar! – Implorou.

O que ela quiser? Haha, safada.

Olhei para a outra fantasia jogada no chão. Rapidamente, peguei-a na minha mão e corri para a porta que imaginei ser a que elas entrariam e coloquei encostada na parede a fantasia do Ghosface com um cordão transparente que ia até as escadas, só para me divertir um pouquinho antes de assustá-las. Aproveitei e coloquei também meu celular apoiado em uma janela e deixei a filmadora ligada.

- Entre – Disse Claire próxima a porta, voltei correndo para a escada e observei-as com um sorriso irônico no rosto.

- Você não vai nos assustar! – Megan disse.

- Veremos! – Claire sorriu maliciosamente e fechou a porta trancando Megan e suas outras duas amigas naquela casa. Elas viraram para trás rapidamente e soltaram um leve grito ao ver aquela fantasia pendurada.

Elas começaram a andar para trás congeladas com a cena e gritando algo incompreensível e então Bryan invadiu a casa. Ouvi ele discutindo com Claire e decidi mudar meu alvo.

- Ainda bem que você chegou! – Megan disse aliviada.

- Não conte muito com a sorte... – Sussurrei.

- Tem alguém ai? – Perguntaram procurando de onde veio minha voz.

Naquele exato momento, puxei aquela cordinha fazendo a fantasia cair no chão e se arrastar até elas. Novamente, elas gritaram de pavor e se afastaram mais ainda.

- Me tire daqui! – Suplicou.

- Quem é o idiota que está fazendo isso? – Perguntou Bryan com um tom autoritário. Ele começou a andar pelo cômodo procurando a pessoa responsável por isso.

Ele começou a caminha para a escada. Andei pelos corredores procurando um lugar para me esconder e assustá-lo e tive sorte ao achar um quarto com um guarda-roupa gigante na parede e uma cama velha.

Dei um chute na porta entreaberta e escondi-me. Ouvi Bryan correr até o cômodo nervoso com tudo aquilo. Ele caminhou até a janela e olhou para fora. Deu meia volta e olhou embaixo da cama. Percebi então que essa era a hora para atacar. Abri a porta do guarda-roupa e soltei uma espécie de rugido.

Ele levantou-se apavorado e correu para fora do quarto. O segui correndo na mesma velocidade até a ponta da escada. Nesse momento, ele tropeçou em um de seus pés e desceu rolando.

Desci lentamente e friamente degrau por degrau batendo no corrimão da escada. Um forte raio caiu em algum lugar da região e não demorou muito para que a chuva viesse logo em seguida. O som dele foi estrondoso e ensurdecedor. Seu clarão iluminou metade do meu corpo revelando minha presença ali.

Megan e os demais observaram-me com os olhos arregalados. Todos permaneceram imóveis por um tempo, até que conseguiram se mover e sair correndo dali aos gritos. Bryan levantou com dificuldade e cambaleou para fora tentando acompanhá-las.

Ouvi a risada de Claire ecoar do lado de fora da casa quando eles arrombaram a porta para fugir.

Uma alta gargalhada saiu de dentro de mim enquanto eu ia pegar meu celular para desligá-lo. Tudo aquilo estava guardado e pronto para ser publicado em um dia qualquer só para que a escola toda soubesse do acontecido. Não era nada demais, só uma brincadeirinha...

- Como elas tiveram medo disso? – Perguntou rindo da minha fantasia.

- Sei lá, eles são idiotas – Tirei minha mascara. – E eu filmei tudo.

- Você é muito mau – Riu. –Alias, você fica bem de preto. – Elogiou-me.

- Eu sei e você também é má. Estou surpreso com a senhorita – aproximei-me dela com um sorriso satisfeito no rosto. Nunca vi alguém se assustar tanto quanto eles. – Vingou-se? – Perguntei.

- Sim. Você é incrível! – Ela disse em completo êxtase.

- Também sei disso... – Sussurrei. Eu estava a poucos centímetros dela e conseguia sentir seu cheiro adorável.

- Convencido... – Murmurou.

Coloquei minha mão em seu pescoço puxando-a para mais perto de mim. Deixei minha boca a milímetros dos lábios dela. Senti-a ficar ofegante com minha aproximação e tremer um pouco. Por fim, após poucos segundos sentindo sua pele quente e macia, beijei-a calmamente separando seus lábios. Ela retribuiu com a mesma intensidade. Suas mãos percorreram minhas costas por um longo momento antes dela afastar nossos corpos.

- Vai trocar de roupa... – Sussurrou com as bochechas coradas e sem graça.

- Não corte o clima... – Resmunguei.

- Quem está ai? – Uma pessoa gritou do lado de fora. Olhei pela janela e vi que era meu professor com uma lanterna na mão.

- Droga! Venha! – Puxei Claire pelo braço e arrastei-a escada a cima.

Olhei tudo a minha volta, mas não tinha nenhum lugar bom para se esconder e parecia que o professor já estava na casa. Ouvi a voz dele e a de uma outra pessoa. Megan estava resmungando também.

- o sótão! – Claire apontou para um buraco no teto.

- Vamos!

- Não tem escada! – Respondeu em desespero.

Fiquei parado embaixo do buraco e abaixei-me um pouco. Ela percebeu qual era a minha idéia. Subiu nas minhas costas com dificuldade, mas logo conseguiu alcançar a madeira e subir.

- Venha – Ela me deu a mão e tentou puxar-me para cima. – Você é pesado demais! – Resmungou.

- Pare de reclamar e me levante logo!

- Vamos subir, talvez estejam escondidos aqui – Ouvi o professor dizendo.

Claire puxou-me com todas as suas forças o mais alto que pode ajudando-me a subir. Ela andou de joelhos até o fundo daquele local.

Antes de segui-la, fiquei parado apreciando aquilo. Parecia que os moveis da casa toda estavam guardados ali dentro, era estranho como nada daquilo havia ido para o chão com tanto peso...

- Te odeio, numa boa.

- Até a cinco minutos você estava me amando!

- Prove! - Ordenou

- Você quer mesmo que eu prove? – Perguntei sentado ao lado dela.

- Quero!

- Quer mesmo? – Perguntei já sabendo o que iria fazer.

- Já falei que sim!

- Então não bata em mim depois! – Beijei-a de surpresa com um pouco de agressividade. Ela se surpreendeu com aquilo e tentou empurrar-me para longe dela. Minhas mãos estavam ao redor de sua cintura puxando-a para cima de mim. Ela desistiu de lutar e começou a retribuir novamente o beijo. Suas mãos, dessa vez, estavam em minha nuca arranhando-me violentamente.

- Ta machucando – Resmunguei quando me afastei para respirar.

- Cala a boca e continue!

Voltei a beijá-la com um pouco mais de tranqüilidade apreciando cada segundo. Foi isso o que fizemos por muito tempo durante toda aquela noite chuvosa e fria.