Quando cheguei em casa, depois de sair da casa de Claire, meu pai me encarou nervoso e me deu uma bronca por não ter dormido em casa e por ter demorado para chegar, pois quase perdemos o voo, mas chegamos apenas alguns minutos do horário que ele queria e infelizmente conseguimos entrar no avião...

A aeromoça estava nos instruindo e tirando algumas duvidas de alguns passageiros, mas não consegui prestar atenção nela. Dirigi meu olhar para a janela do avião e observei um pequeno jato sendo preparado para a decolagem e, alguns segundos depois, ele começou a correr na pista e uma forte rajada de ar saiu de sua turbina fazendo-o ganhar uma velocidade extrema em pouco tempo e logo depois ele já estava no ar.

Em seguida, foi a vez do avião em que eu estava decolar e assim como jato, ganhamos altitude e velocidade em pouco tempo. Observei o aeroporto ficar cada vez mais longe e ganharmos ainda mais altitude, a cidade começou a ficar extremamente pequena e distante e, pouco tempo depois, as nuvens encobriram minha visão.

Do alto, elas eram diferentes, pareciam que tomavam proporções diferentes e faziam pequenos formatos de algodão amassado, eram mais brancas e, aparentemente, fofas, tão diferente da visão que temos de baixo.

Depois de um tempo, fomos informados de que poderíamos usar eletrônicos lá dentro então liguei meu celular e deixei minha playlist tocar aleatoriamente, mas, por incrível que pareça, todas as musicas que tocaram, bem 90% delas lembraram-me de Claire e me deixaram com uma saudade incontrolável dela.

Tivemos que aterrissar no Arizona antes de pegar outro avião para o Oregon. Ficamos ali por quase 1 hora e então embarcamos novamente e, mais uma vez, as aeromoças passaram as instruções e mais uma vez fiquei imerso em meus pensamentos e nas musicas que estava ouvindo.

Algumas horas depois chegamos no Oregon e o avião estava prestes a aterrissar. As estrelas iluminavam o céu completamente escuro e os pequenos pontos de luz na cidade a tornavam bela e convidativa. Admito que adoraria passar um tempo ali, mas não morar.

O avião fez um pouso tranquilo, mas, como sempre, teve aquele pequeno impacto de suas rodas tocando o chão e diminuindo sua velocidade. Foram necessários alguns minutos para conseguir sair da aeronave e pisar no solo do aeroporto.

Meu pai, durante o caminho, disse que iriamos passar um tempo na casa de um amigo dele e que esse amigo tinha dois filhos com quem eu deveria me socializar. Mas, sendo sincero, não estava nem um pouco a fim de ser legal com ninguém, muito menos fazer amigos e eu ainda estava com raiva de Peter... Com muita raiva por sinal.

Pegamos nossas malas e caminhamos para fora do aeroporto onde havia um carro nos esperando. Entramos no mesmo e meu pai cumprimentou seu amigo James com a maior afetividade que tinha e eu apenas disse um oi com um sorriso forçado no rosto. Ele me dissera que eles foram amigos na época de escola e que fazia muito tempo que não se viam e que haviam retomado contato há pouco tempo quando ele o encontrou em uma viagem de trabalho no Missouri.

A casa dele ficava em uma pequena floresta que era 5 minutos longe da cidade. Não gostei muito daquilo, afinal, seria muito provável que eu faria uma longa caminhada até a escola todos os dias... De manhã e nesse frio desgraçado de inverno.

Sua casa era completamente feita de madeira e possuía dois andares, ela era larga e cheia de janelas. Havia uma garagem grande ao seu lado direito e muitas arvores ao redor dela. Pensei que encontraria vacas, porcos e um galinheiro, pensei que encontraria uma fazenda ali, mas não encontrei nada além de uma linda casa com uma pequena varanda com duas cadeiras e um pequeno lago límpido próximo dali, sem contar com a lua cheia que iluminava a floresta e completava a paisagem junto da montanha que ficava longe dali, mas dava para ser vista da casa.

Ele estacionou o carro na frente da garagem-galpão e uma mulher loira de olhos azuis e pele tão branca como a neve surgiu na varanda e acenou para nós. Deduzi ser sua mulher. A propósito, ela era linda. Bem, estava na altura dele; um homem de pouco mais de 30 anos de idade de cabelos negros, mas um pouco grisalhos de natureza e musculoso. Eram pais conservados e novos. Provavelmente seus filhos deveriam ter uns 10 anos de idade...

Saímos do carro e andamos em direção à mulher. Chegando mais perto dela, pude notar que ela também havia um corpo definido e deveria ter quase a mesma idade que seu marido. James a abraçou de lado e a apresentou como Lauren, sua mulher exatamente como eu havia pensado.

Logo após, dois adolescentes surgiram atrás de Lauren e James e acenaram sem graça. O mais alto era um pouco bronzeado – estranho para o lugar em que mora – e era tão musculoso quanto James. Ele era uns três centímetros mais baixo que eu, tinha cabelos curtos negros e arrepiados, olhos verdes e lábios vermelhos. Ele estava vestindo um moletom grosso e jeans surrados. Dirigi meu olhar para a garota ao seu lado um pouco mais nova que ele. Ela tinha o cabelo castanho médio com algumas luzes naturais, olhos azuis claros, magra e levemente bronzeada.

- Esses são meus filhos Derek e Ellie – Os apresentou.

Fiquei completamente boquiaberto com o que acabei de ver. Eles eram grandes demais para serem seus filhos. Derek aparentava ter 18 anos e Ellie uns 16 e, quando perceberam minha reação de surpresa, Lauren disse:

- São grandes, não? Derek tem quase 18 anos e Ellie vai completar 16 na semana que vem. Tivemos filhos cedo – Disse normalmente tentando explicar a situação.

- Oi – Os dois disseram ao mesmo tempo e deram um tapa no braço do outro rindo do que haviam feito.

- Oi – respondi confuso com aquilo.

- Vamos entrar! – James disse e abriu a porta para nós levando-nos para dentro de sua casa.

Observei a extensa sala com o chão de madeira, sofás brancos e grandes, algumas cortinas bege na frente da janela principal, uma televisão de 42’’ e uma lareira embaixo dela. Logo a direita existia a sala de jantar com uma mesa de madeira extensa e vários lugares. Ela era posicionada em frente a uma copa enorme.

Derek pediu para que eu o acompanhasse e foi o que fiz. Ele me mostrou o quarto que dividiríamos. Era um cômodo grande o suficiente para ter uma beliche enorme, uns guarda-roupas grande e uma mesa de PC com um notebook em cima dela. As cores do quarto eram resumidas basicamente em azul e branco.

- Você fica com a cama de cima e com a parte esquerda do guarda roupas – Disse com um sorriso natural no rosto.

- Está bem – Disse.

- Tá e pare de ser antissocial, ande, vamos nos conhecer melhor – Fiz uma pequena careta com o que ele disse e ele se corrigiu logo em seguida – Só quero saber seus gostos!

- Liga não, Derek é um lezado – Ellie disse. Sua voz era completamente doce e suave diferente da de seu irmão que era meio rouca.

- Sou Dean Muller, tenho 17 anos, gosto de Rock, vim do Oklahoma e é só. – Fiz um pequeno resumo sobre mim. Alias, sempre que queriam saber de mim, eu nunca sabia direito o que falar, pois as palavras sumiam na hora.

- Somos os Scott – Disse seu sobrenome com orgulho e bateu com a mão direita em seu peito. – E maneiro, você vai estudar comigo! – Disse animado.

- Acho que não... Estou no primeiro ano...

- Como assim? Você vai estudar comigo? Hein? – Ellie disse surpresa. – Você não tem 17?

- Tenho, mas acabei entrando atrasado na escola... – Triste história. Meus pais viajavam muito quando eu era criança e isso acabou me atrasando alguns anos letivos.

- Enfim, vai ser legal, vou te apresentar uma galera e aposto que algumas amigas vão ficar doidas por você – Disse sorrindo

- Ellie! – Derek deu um leve soco em seu ombro.

- Que? Ele é lindo, temos que admitir isso.

- Obrigado – Abri um pequeno sorriso – Mas eu já tenho...

- O que? – Perguntaram juntos e repetiram a cena da varanda.

- Namorada, eu acho. – Franzi o cenho. Esqueci-me de pedi-la em namoro... – Na verdade, não, mas já tenho alguém.

- Relaxa, não vou dar em cima de você, mas elas vão e... PERA. Conte-me mais sobre ela! – Pediu completamente animada e me puxou para a cama sentando-se em minha frente de pernas cruzadas aguardando minha história. Derek sentou-se no chão e também começou a prestar atenção em mim.

- Longa história, mas, resumindo. Amo uma garota que está completamente longe de mim nesse momento e não sei mais quando irei poder senti-la – Disse em um tom irônico.

- Triste... Mas vocês vão se ver de novo... Isso é só... Um teste... – Derek disse

- É pra testar o amor de vocês – Ellie completou.

- É... – Fiquei imerso em pensamentos lembrando-me da ultima noite ao lado dela. Dos seus toques... Das coisas que conversamos...

- E amigos? – Ellie perguntou tentando mudar de assunto. Ela percebeu como fiquei ao lembrar de Claire.

- Nenhum. O único que tive me entregou para o diretor da escola e isso acabou me trazendo para cá – Rangi o maxilar ao me lembrar de Peter.

- Como assim? – Derek perguntou.

- Resolvi fazer uma brincadeira com umas garotas da escola... Assustei-as na excursão da escola em uma cidade ‘fantasma’. Claire, a garota que eu amo, as atraiu para uma casa onde eu estava fantasiado com algumas coisas que Peter arrumou para mim...

- Que louco cara! – Ele imaginou a cena seguinte e começou a rir com aquilo.

- Elas se assustaram muito e o cara que eu odeio se arrebentou caindo da escada – Ri com ele. – Mas ai o Peter contou para o diretor da escola sobre isso, meu pai foi chamado e a minha suspensão foi o motivo que ele queria para vim logo para cá...

- Você está nos odiando, não é? – Ellie perguntou meio sem jeito.

- Claro que não, vocês são legais. Eu só não gosto ter que ficar longe dela...

- Ta, mas por que seu amigo fez aquilo?

- Porque ele queria ficar com a garota popular da escola – Revirei os olhos. Grande amigo.

- Que idiota, vou socar a cara dele! Na boa, ninguém mexe com amigo meu! – Derek disse fechando sua mão direita em um punho e socando sua palma esquerda.

- Amigo? – Perguntei com uma sobrancelha levantada.

- É, você já é meu amigo só por gostar de rock.

- Concordo – Ellie sorriu.

- Bem, vamos te deixar em paz, por enquanto. Arrume suas coisas, durma e amanha iremos para a escola... – Derek disse e saiu do quarto acompanhado de sua irmã.

Quando eles saíram, liguei para Claire e passei um bom tempo conversando com ela pelo celular... Ela estava completamente triste, percebi em seu tom de voz e ela me disse como seu dia na escola fora entediante e como foi terrível ter que caminhar até lá. Admito ter soltado uma pequena gargalhada nessa parte, mas também estava triste...

Passamos quase uma hora conversando, mas meu pai bateu na porta do quarto e pediu para que eu descesse para jantar... Então, desliguei alguns minutos depois me despedindo com um “Eu te amo”.