What Would You Do If I Said I Love You? escrita por Dê Tribbiani
Mas meu pai não parecia ter se alterado com o tom rude que eu usei ao responder sua mulher. Ele correu da ambulância e envolveu meu pescoço, parecendo realmente emocionado. Eu não sabia ao certo se isso era bom ou ruim, então apenas fiquei imóvel.
É óbvio que ele pensou que, se eu morresse, ele seria o culpado por isso para sempre.
Coloquei meus braços ao seu redor, consolando-o desajeitadamente. Ele chorava e soluçava, o que era ao mesmo tempo triste e revigorante uma vez que eu havia chorado do mesmo jeito quando ele se separou de minha mãe. Eu achava que tinha sido por minha culpa e não havia ninguém por perto para me dizer o contrário. Eu sempre estivera sozinha e ele era o culpado disso tudo.
Puxei rapidamente meus braços que à segundos estavam ao seu redor, como se seu toque me queimasse e com uma aversão tão grande que talvez chegasse aos pés do que sentia por Andie.
-Bem... Que bom que está viv... Saudável agora July! -Ele disse, emendando rápido a frase antes de terminar de falar "viva" e me soltando.
-Ah, é, pai. Acho que minha mãe mencionou algum problema cardíaco comigo, mas eu não prestei muita atenção. -Tombei a cabeça para ele, empurrando o braço do enfermeiro que me prendia na maca e girando o rosto para este. -Eu quero ir embora, eu consigo andar, cara! Não há nada de errado comigo agora!
Ele me fitou, visivelmente com raiva, e me prendendo novamente na maca.
-Ei, garota, você tem um problema seríssimo no coração. Pode viver sua vida toda no hospital se não seguir as instruções médicas, e, olha só!, eu sou médico. E eu estou te dando instruções para ficar na maca.
-Seu crachá diz "enfermeiro". Não acho que seja um médico. E eu já sei do meu "probleminha" no coração, doutor. Fica calminho, viu? -Eu disse, a voz sempre arrogante.
Ele me fuzilou com o olhar, de forma que até eu fiquei com dó dele. Completei meu raciocínio, com a voz embargada:
-Olha, eu só quero ir para casa. Sair desse pesadelo! Desculpa falar desse jeito com você, sei que sou muito ingrata mesmo! Mas eu quero ir para casa. -Choraminguei a última frase para ele involuntariamente.
Ele piscou algumas vezes, parecendo incrédulo. Eu até entendia, a menina que o havia ofendido várias vezes segundos atrás e sido arrogante choramingou como uma garotinha perdida faria ao pedir ajuda à polícia para encontrar seus pais.
-Olha, July, eu sei que está assustada. Mas é melhor deixar os médicos e profissionais dessa área cuidarem de você... Bem, podemos fazer um tratamento na sua casa, mas isso custará mais caro. -O enfermeiro disse.
-Eu pago!
Nós viramos nossas cabeças para a até então impecável Andie. Sua maquiagem escorria pela bochecha em borrões de máscara e rímel. O cabelo estava grudado ao suor da testa. Havia acontecido uma terceira guerra mundial enquanto eu conversava com o enfermeiro? Porque eu não sabia de nada, não fosse isso, que alterasse Andie daquela forma.
-Eu não preciso do seu dinh... -Me interrompi. Meu pai me fitava de forma tão triste que senti uma parte da pedra ao redor de meu coração ficar mais fina e por fim rachar. -Obrigada Andie. -Eu disse, as palavras escorrendo irracionalmente de minha boca.
Meu pai assentiu de leve, quase inconscientemente. Era o código que eu e ele havíamos feito quando eu era pequena. Então quando eu fazia algo educado ou certo ele assentia discretamente para mim. Meus dentes trincaram com força e eu quase sibilei qualquer coisa muito inapropriada.
Quando senti uma agulha na base de minha coluna.
-Mas que diabos...? -Disse, virando a cabeça para um enfermeiro.
-É um tipo de remédio. -Ele disse, dando de ombros.
-Ah. -Disse, me levantando, finalmente.
Meus pés pareciam dormentes e minhas pernas idem. Eu sabia que se desse alguns passos para frente iria cambalear e cair no asfalto. Mas disfarcei. Não havia chance alguma de eu dar qualquer oportunidade ao enfermeiro grosso de me falar: "Eu não te avisei"?
Um toque incrivelmente irritante de celular cortou o ar. Era o de Andie, tocando e vibrando dentro da bolsa marrom de couro. Ela atendeu, desesperada.
-Alô! Ah, oi. -Sua voz caiu em volume e animação em questão de segundos. -July? Ah, claro. Ela está bem aqui. -Ela tampou o microfone do telefone e olhou para mim.
-É o J., você quer falar com ele?
J.? Jay... Eu não me lembrava de J. algum. Ah, Rick.
-Claro. -Eu disse, estendendo a mão para o celular.
A voz do outro lado da linha parecia tensa.
-Oi, pequena. -Ele disse.
-Ei. O que é? -Eu perguntei, a voz inacreditavelmente animada.
-Hmm, ouvi dizer que tinha morrido. Só queria checar. -A risada rouca do outro lado da linha.
-Não tão cedo, Rick. -Eu respondi, sorrindo irracionalmente.
Ouve uma pausa enquanto ele ria.
-Amanhã estou livre. Nos vemos no clube de Back Bay? Se sim às nove horas da manhã diga vermelho. E se preferir de tarde, azul.-Pude sentir seu sorriso por trás das palavras.
-E seu eu não quiser? -Disse, a voz involuntariamente arrogante.
-Não existe essa opção. -A voz tentava manter um tom sério.
Eu ri um pouco. Fazia algum tempo que não eu ria de verdade.
-Azul.
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