Anatomia do Amor escrita por whatsername, whatsernamebeta


Capítulo 5
All that I'm after is a life full of laughter


Notas iniciais do capítulo

Oi, tudo certo? ( :
—_
Nem ia postar hoje, mas meu Bayern de Munique me deixou muito feliz e decidir adiantar a postagem. É, gosto demais de futebol!
—_
Maru Sargo, obrigada por recomendar. Só nós sabemos o drama que é para esse Nyah coloborar, não é? Obrigada mesmo.
—_
Espero que gostem do capítulo. Revisado já.
—_
Boa leitura.



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POV Edward


Não existia nada pior que descobrir que tinha um corpo a ser liberado seis minutos antes de o plantão acabar. Aquilo era injusto, mas Emmett e eu apenas voltamos para nossas roupas brancas e caminhamos para a sala meio fria e com atmosfera de casa abandonada.


“Se for um autocídio, ficarei puto.” Emmett falou enquanto acendia as luzes. “O cidadão quis morrer, não precisa atestar o que causou a morte. Sério, eu quero ir embora.”


“Seja um pouco mais profissional, por favor?” Pedi-lhe, usando minha voz mais prepotente. “Talvez não demore tanto. Grace daqui a pouco vai me ligar perguntando se me esqueci dela.”


“Daqui a pouco Bella também vai ligar, querendo saber por onde anda o casinho dela.” Emmett disse no instante em que tirou o tecido que cobria o cadáver. “Ela ainda é o seu casinho, não é?”


Foi impossível não sorrir. “Estamos saindo e pare de dizer que ela é o meu casinho, ela é mais que isso, você sabe.”


“Certo, senhor cavalheiro.” Emmett zombou e deu uma olhada no corpo da garota que tinha, com certeza, dezessete anos. “Deixe-me adivinhar, esta aqui deve ter uns um e setenta e dois.”


Li a etiqueta que estava afixada no tornozelo dela. Emmett, pela primeira vez no dia, acertara e aquilo significava que eu deveria que fazer toda a autopsia, ele só redigiria minhas deduções. Uma divisão um tanto mal feita de trabalho.


A menina estava fria demais e com apenas algumas escoriações, o que me intrigou. Tirei-lhe as roupas, pois meus queridos ajudantes já tinham ido embora. O short, com certeza, era uns dois números a menos do que ela normalmente vestia, pois estava apertado e curto. Eu nunca deixaria Grace sair na rua daquele jeito. A camisa não tampava a barriga e ela tinha um piercing no umbigo. Grace também nunca usaria nada daquilo, não antes dos vinte e um.


Tudo parecia ileso. Não havia sinais de abuso, mas constatei que ela não era mais virgem. As marcas no braço e no rosto, arranhados simples, não faziam sentido e ela não poderia ter morrido por causa daquilo. Eu realmente não gostava de quebrar a cabeça naquele horário, não estava muito a fim de traçar mil linhas de raciocínio.


“Um exame toxicológico nos elucidaria.” Falei por fim, preparando tudo para colher uma amostra de sangue dela. “Isso tem cara de envenenamento, vou ter que dar uma olhada no estômago.”


Quando, quarenta minutos depois, chegou o resultado do toxicológico, agradeci a meio mundo. A menina só tinha se drogado demais, os níveis de anfetamina eram absurdos e aquilo era uma overdose. Grace não usaria shorts curtos e mostrando a bunda, nada de piercing, nada de drogas, nada de morrer cedo.


“Ótimo. Corpo liberado, você assina aqui e vamos embora.” Emmett falou e me jogou a prancheta, eu confiava no que ele tinha escrito, então só carimbei e rubriquei meu nome no rodapé da página.


Dirigir como um louco nunca era bom, mas as ligações ininterruptas de Grace me fizeram esquecer boa parte das leis de trânsito. Foi muito difícil não atender à décima segunda ligação dela.


“Estou chegando, Grace!” Falei-lhe, concentrado na pista. “Estou dirigindo já, perdão pelo atraso.”


“Já esperava por isso, não se preocupe.” Grace disse na voz calma de sempre. “Bella está aqui comigo, eu posso ir com ela.”


Sorri por puro reflexo. “Não, eu te busco.”


“Pai, Bella não vai me raptar! É mais fácil eu ir com ela.” Ela tentou argumentar, mas o ponto não era aquele.


“Fique aí, sim? Quero vê-la também.” Falei rapidamente, sentindo-me um pouco idiota.


Tentei ser um pouco menos imprudente e consegui chegar ao colégio de Grace sem qualquer multa. Elas estavam sentadas na escadaria e dei passos largos em sua direção


Bella sorriu timidamente, dei-lhe minha mão e ela se levantou. “Oi!”


Fiz o mesmo com Grace e recebi um beijo em minha bochecha. “Quem foi o idiota que morreu na hora em que você deveria buscar sua filha?”


Minha risada acompanhou a de Bella e Grace rolou os olhos. “Não fale assim, filha.” Adverti-a. “Era overdose, foi coisa rápida.”


Senti a mão de Bella pegando a minha, inclinei-me para ela, até tocar-lhe os lábios. “Como foi o dia?”


Bella me beijou de volta, sendo rápida e tímida. “Deu tudo certo. Grace e eu estávamos mirabolando mil teses para seu sumiço.” Ela falou ainda perto de minha boca. “Nenhuma delas envolvia uma drogada.”


Sorri e nos levei para o estacionamento. Uma mão estava parada no quadril de Bella e a outra segurava a mochila de Grace. “A gente podia marcar mais alguma coisa.” Propus antes de deixá-la entrar no carro vermelho e minúsculo, mas que combinava com Bella. “É só me ligar e eu vou correndo me encontrar com você.” Falei baixinho, perto do ouvido dela. Beijei-a pela última vez. “Boa noite.”


Grace soltou um barulho engraçado, mas ela sorria também. “Deus, deixem isto para depois! Preciso ir embora!” Minha filha quase gritou. “Bella, não é nada com você, sim? Só acho que está tarde demais e eu tenho deveres e trabalhos demais para fazer.”


“Sua filha é impossível.” Bella sussurrou e selou nossos lábios. “Boa noite.” Ela nos desejou e entrou no assento do motorista. “Tchau, Grace. Seu pai é todo seu agora.”


POV Bella


Não era muito saudável, mas conversar comigo mesma sempre ajudava. No silêncio do quarto, perguntei-me se eu estava realmente sentindo tudo aquilo. Era uma verdade; era muito fácil e aprazível ficar horas conversando com Edward pelo telefone, era realmente quente e frustrante trocar um par de beijos com ele em um corredor qualquer daquela escola.


Quando tive a conclusão, sorri. Sim, eu estava sentindo tudo aquilo. Preferi acreditar que não era paixão, talvez algo bem perto disto. Um sentimento bom, daqueles que todo mundo deveria ter o direito de sentir. Sorri um pouco mais, pois os olhares, os sorrisos e as palavras de Edward diziam que ele sentia tudo aquilo também.


O quarto permaneceu em silêncio até o instante em que Kim empurrou a porta. Minha cachorrinha ostentava um ventre aumentado e eu não hesitei em trazê-la para o meu colo. Ela carregava os lacinhos brancos nas orelhas, que a deixava com um semblante completamente de princesa.


“Como se sente, mamãe?” Perguntei-lhe, correndo minha mão pelo dorso dela. “Será que seus filhotinhos já mexem? É gostoso senti-los?”


Apenas para me surpreender, Kim balançou a cabeça positivamente, eu não era tão demente a ponto de pensar que ela estava me respondendo. Kim sempre balançava a cabeça e pronto. Rolei minha mão para a barriga dela, percebendo então que a região estava rígida, deduzi que aquilo era coisa de gravidez.


Kim fez cara feia, como se o afago tivesse incomodado-a. “Desculpe-me?” Pedi-lhe. “Sabe, fico pensando, Shady e você deveriam ficar juntos, vou conversar com Edward sobre isto. Antes que eu me esqueça, sabia que isso tudo ficou em família? Eu tenho dado uns bons beijos no dono do pai de seus filhotes.”


Antes que eu continuasse pagando de louca com Kim, meu celular tocou e eu joguei Kim para o chão, ignorando o estado dela. O celular continuou tocando e aquilo só deu mais motivos para Edward acreditar que eu era surda.


“Oi!” Falei com energia, ansiando por uma palavra de Edward também. “Como está?”


Ouvi uma risadinha meio arrastada. “Estou com saudades de você.” O timbre era gostoso até pelo telefone. “Esqueci-me que hoje era sua folga, estou igual a um idiota te esperando aqui no colégio, só agora me dei conta que você está em casa.”


Não consegui deixar de sorrir. “Edward, é sério, Grace está certa; você tem algum problema! Eu disse que estaria em casa hoje.”


“Você e sua mania de dizer que sou esquecido.” Ele também sorriu em cada palavra. “Já almoçou? Já que você não está aqui, vou procurar Grace. Quer almoçar conosco?”


Senti o calor subindo para meu rosto, era o tipo de pedido que me fazia pensar. Edward tinha pouco tempo com Grace, mas não parecia errado eu participar deles também. Era íntimo; uma forma de eu ter certeza que Edward estava deixando-me entrar na vida dele.


“Claro que quero!” Exclamei depois de um silêncio curto. “Não demoro. Naquele restaurante que fomos dias atrás?”


“Onde você quiser Bella.” Edward falou mais alto, com certeza, segurando um sorriso. “Daqui uma hora?”


Confirmei e encerrei a ligação. Edward e eu sabíamos que nossas noções de horário eram completamente diferentes. Ele teria que me esperar pelo, no mínimo, uma hora e meia. Segurando um sorriso bobo, tomei banho e decidi não fazer drama sobre o que vestir. Saquei as primeiras roupas que vi; um short jeans não tão curto e justo e uma camisa qualquer, que era de tecido leve e tingido de coral. O sol estava matando e eu não fiquei sem meus óculos.


Meu senso de espaço não era muito apurado, ainda mais em uma cidade completamente nova. Depois de três tentativas falhas, encontrei o restaurante de comida mexicana; eu estava ansiosa para me entupir de coisas apimentadas. O lugar era pequeno e temático demais, foi difícil encontrar Edward e Grace em meio a tanta informação.


Os dois estavam no fundo, quase escondidos. Caminhei depressa para eles, esbarrando em algumas cadeiras e, consequentemente, ganhando olhares feios. Grace foi a primeira a me notar; ela abriu um sorriso e me deu um aceno, também sorri, pois aquilo era tão Grace.


Edward não demorou a erguer o rosto, ele tirou a atenção do suco e deu-a a mim. Aos pouco, eu tentava me acostumar com o olhar quente dele, cheio de energia e felicidade. Os olhos verdes cerraram e tudo que fiz foi caminhar para perto deles.


Eu realmente fiquei embaraçada quando ele se levantou e pegou minha mão, era estranha qualquer demonstração de afeto perto de Grace. Edward me deu um sorriso grande e enlaçou-me pela cintura. “Uma hora, Bella?” Ele me perguntou com diversão, inclinando o rosto para o meu. “A espera valeu a pena.” Edward falou antes de me beijar. O beijo foi curto e doce, eu terminei ruborizada e Edward, sorrindo.


“Oi, Bella!” Grace soltou meio sorridente, o verde dos olhos dela era límpido e líquido. Ela prendeu os cabelos e deu uma mordida no taco recheado com queijo. “Desculpe, estou com muita fome!”


Sorri para ela, vendo Edward puxar uma cadeira para eu me sentar. Eu o fiz com rapidez, colocando minha bolsa no assento ao lado. “O que estamos comendo? O taco parece bom.”


Grace, em um ato que me deixou surpresa, empurrou o prato para mim. Ela cortou um pedaço e me ofereceu. “Experimente, está lotado de pimenta e milho.”


Edward não escondeu o sorriso, ele fez os nossos pedidos e pediu mais um pouco de comida para Grace. A menina estava mesmo com fome, perguntei-me se Edward estava a alimentando direito. Depois de experimentar a porção de taco, pedi o mesmo; a comida estava mesmo boa, não melhor que a mão de Edward em minha coxa nua.


O carinho era feito por debaixo da mesma, não tão inocente, mas não a ponto de me deixar constrangida. “Como está sendo o dia?” Perguntei-lhe, ao perceber que estávamos em silêncio.


Ganhei uma piscadela e um sorriso. “Você acabou de almoçar, vai ser nojento se eu te contar agora.”


Decidi que seria melhor ficar sem qualquer informação. Levei meus olhos para Grace, ela corria os dedos sobre a tela do celular e, esporadicamente, mordiscava um pouco de comida. “É semana de provas, não é? Tudo dando certo?”


Grace me olhou de lado, depois, deu o mesmo tipo de olhar a Edward. “Não tão certo, mas hoje foi biologia, sobre plantas. A gente estuda tudo sobre angiosperma e gimnosperma e nos perguntam qual é o resultado de um cruzamento entre uma briófita e um licópode.”


“Filha, isso não existe.” Edward falou um segundo depois, olhando para Grace e sorrindo.


Ela também sorriu e bebericou do suco. “Fui irônica, pai!” Grace colocou diversão na fala. “Os professores deveriam perguntar sobre o que eles passaram na aula, não vou lá à toa.”


Edward balançou a cabeça e plantou um beijo em minha bochecha. “Deus! Minha filha está cada dia pior.” Ela falou baixinho, caminhando para meus lábios. “Cada vez mais louca, culpa sua.”


Foi impossível não sorrir na boca dele. Beijei-o lentamente, meio envergonhada por causa de Grace, o que era besteira, pois ela sabia sobre mim e Edward. A mão, que só fazia carinho em minha coxa, apertou-me, subindo demais. Eu, contrariada, parei o subir da mão despretensiosa.


“Esqueceu que você é o meu médico quietinho?” Falei baixo, concentrada nos olhos verdes dele. “Não me faça ficar envergonhada.”


O sorriso de Edward foi de outro mundo. “Eu quero conversar com você.” Ele disse antes de correr a outra mão por minha bochecha e brincar com meus cabelos. “Não é nada de mais.”


Apenas assenti e voltei minha atenção para a boca dele, que estava entreaberta, fui obrigada a beijá-lo. “Vou te ver no fim de semana?” Perguntei-lhe, ainda com meus lábios sobre os dele.


Ele soltou um barulho próximo de um bufar. “Vou ajudar meu pai. Ele tem uma secretária, também louca, que marca horários demais, é bom ser um médico normal às vezes.”


“Você pode fazer isto?” Minha pergunta saiu engraçada, meio surpresa. “Digo, você pode fazer consultas?”


Edward me deu uma risadinha e um beijo curto. “Eu continuo sendo um clínico.” Ele me respondeu com certa presunção. “Sou bom em fazer anamnese, certo? E as pacientes de meu pai me adoram.”


Rolei meus olhos para ele, sentindo meu rosto esquentar. “Não adianta, não sou ciumenta.” Adverti-lhe, sendo sincera, pois, apesar de ser louca, eu não daria ataque por causa de homem.


“Pai?” Grace chamou mais alto, não nos interrompendo. “Não sou nada sem sorvete, vão querer também?”


Nós dois sorrimos, Edward deu-lhe as notas e me olhou. “Vai querer de que?” Ele me perguntou, sorrindo e acarinhando-me no pescoço. “Nada com pimenta, por favor!”


“Manga?!” Respondi-lhe com uma pergunta, preferi deixar aquilo com Grace. “Pode ser o mesmo que o seu, sim?”


Antes de ir buscar nossas sobremesas, ela prendeu os cabelos e se olhou na tela do celular, não fazia sentido ela se aprontar para caminhar cinco metros. Olhei sugestivamente para ela, recebendo em troca, o mesmo olhar. Grace abriu um sorriso e foi para o final da fila, sem se importar com o tempo que demoraria ali.


Senti a mão de Edward passeando em meu braço, ele pegou minha mão e eu percebi que ele demorara a fazer aquilo. “Continuo com a mão quente?” Perguntei com diversão, dando-lhe minha outra mão também. “Não sei qual é a graça.”


Edward soltou um som baixíssimo, uma mão migrou para minha bochecha, deixando um carinho gostoso. Os olhos foram para os meus e eu me surpreendi com a quantidade de emoções que tinha ali.


“Você é a graça.” Edward simplesmente falou. “Deveria saber disto.” Ele continuou, buscando-me para um beijo. “Você sabe, nem preciso ficar falando, mas saiba que te acho a pessoa mais agradável que conheço; a mais engraçada, a mais bonita, a que me provoca sem perceber...”


Não resisti e beijei-o. Foi intenso e quase sem pudor, deixei minha mão no peito dele, sobre a camisa preta. A dele veio para minha nuca e eu me rendi, aceitando a língua morna. O hálito estranho de comida mexicana não era ruim. Nós sorrimos juntos, beijando-nos mais, até nos faltar o ar. Encerrei o beijo bom, pastando beijos curtos no queixo dele.


“Então você só me beija assim quando Grace não está por perto?” Edward me perguntou, dando-me um beijo rápido. “Preciso expulsá-la de casa então.”


Dei-lhe um tapa sem força. “Não fale isto! Ela é sua filha!” Adverti-lhe, embora minha voz fosse completamente risonha. “Só acho estranho ficar fazendo isso perto dela, sabe, você é o pai dela.”


“Além de louca, você é sistemática?” Edward perguntou com voz divertida também. “Eu posso te entender, prometo ser seu médico quietinho.”


Sorri e beijei-o mais, aproveitando a ausência de Grace. Perguntei-me se estávamos indo longe demais, pois ainda estávamos dentro de um restaurante em pleno horário de almoço. “Devemos nos comportar.” Falei baixinho, roçando nossos lábios.


Edward apenas sorriu de lado, ele buscou meus olhos e eu não desviei. “Namore comigo?” Ele perguntou com um sorriso, a voz de timbre bom saiu calma e eu apenas pisquei, encabulada com a pergunta. Deus, eu precisava falar qualquer coisa!


Gaguejar não era uma opção. Eu sorri para ele, sendo convidada a beijá-lo. “Eu namoro.” Falei-lhe, levando minhas mãos seu rosto, traçando a mandíbula bem desenhada. “Estou surpresa.” Confessei por fim, sentindo meu corpo tremer ligeiramente.


Recebi um carinho terno em meu rosto e um beijo em minha bochecha. “Estive pensando nisto nos últimos dias, é o certo.” Edward falou antes de beijar minha bochecha novamente. “Pensei em uma aliança, mas você poderia não gostar.” Ele continuou me beijando delicadamente. “Embora não tenha um anel, o compromisso é o mesmo.”


Antes que eu lhe respondesse, dizer que estava tudo ótimo daquele jeito, Grace voltou com nossos sorvetes, sendo silenciosa demais. Ela nos deu um sorriso bonito, eu descobrira que nossa escolha fora o tradicional sorvete de chocolate. Grace nos olhou de um jeito engraçado; meio risonha.


“Vocês estão estranhos, perdi alguma coisa?” Ela perguntou no mesmo instante em que me deu o sorvete.


“Bella e eu estamos...” Edward não escondeu o sorriso, eu apertei a mão dele, um sinal para ele parar de falar. “Nós estamos ansiosos para provar o sorvete, não é, Edward?” Falei mais alto, sorrindo para Grace. Eu só queria dar a boa notícia em outro momento, dizer-lhe que eu não seria uma madrasta ou qualquer coisa do tipo, apenas a namorada do pai dela.


“Claro, amor, o sorvete.” Edward falou em um misto de diversão e curiosidade, depositando beijos em minha bochecha. E, assim como o sorvete, eu me derreti. Sorri como idiota, pedindo para ele me chamar daquele jeito para sempre.

(...)

Nada era melhor que morar sozinha, eu poderia ficar o sábado inteiro em cima de minha cama e ninguém acharia ruim. Rolei de um lado para o outro, afundando meu rosto no travesseiro. Meu cabelo era uma bagunça, assim como meu pijama; eu estava perto de dormir novamente quando ouvi meu celular chamando. Praguejei, pois minha mãe não sabia o que era fuso horário.


“Mãe, ligue daqui sete horas, sim?” Falei de qualquer jeito, sendo um tanto mal humorada. “Estou dormindo ainda!”


“Bella?” O timbre não era de minha mãe. Eu realmente acordei quando percebi que eu estava gritando com Edward. “Desculpe, foi engano.” Ele falou depois, soando um pouco constrangido.


Sentei-me na cama, buscando o jeito de eu parecer menos aloprada. “Sou eu, Edward!” Falei-lhe com vergonha também. “Desculpe por isso, jurava que era minha mãe.” Estendi-me até ter certeza que a desculpa estava sendo boa. “Aconteceu alguma coisa? Ainda é cedo.” Para confirmar, olhei o relógio. Os ponteiros acusavam seis e meia.


Ganhei uma risada, o som foi gostoso e eu sorri também. “Estou te atrapalhando, não é?” Edward me perguntou e eu preferi não respondê-lo. “Eu realmente vou passar o dia dentro de um consultório, pensei que você poderia fazer companhia para Grace, minhas irmãs realmente estão empenhadas em fazer o papel de namorada grudenta.”


A fala longa me deu muitas informações. Eu passaria um dia inteiro com Grace e descobrira que Edward não gostava de mulher pegajosa. A segunda com certeza era a mais importante.


“Claro que posso ficar com Grace.” Assegurei-lhe, feliz em saber que eu teria um bom tempo com a menina louca e loira. “Quer que eu a busque?”


Edward sorriu novamente. “Já estou dirigindo, não demoro nem dez minutos.”


Era claro que eu tinha escutado errado, Edward não poderia fazer aquilo comigo, estar em minha casa dali dez minutos. Sabendo que eu escutara perfeitamente bem, saltei da cama, a fim de arrumar a bagunça que estava em todos os lugares. “Estou te esperando então, beijos.” Encerrei a ligação rapidamente, tropeçando em Kim.


A cadelinha soltou um chiado e eu me culpei até o fim. “Desculpe, princesa.” Pedi-lhe e abaixei-me, olhando-a nos olhos. “Comporte-se, sim? Teremos visitas.”


Em dez minutos só deu tempo para escovar os dentes, pentear os cabelos e colocar um sutiã. Quando eu ia trocar de roupa, a campainha soou e eu corri para o primeiro andar, toda corada e me perguntando que bela namorada eu era.


Eu abri a porta com certo receio, mas o temor caiu por terra quando vi Edward. Pela primeira vez em semanas, ele estava todo de branco, um perfeito médico. O cabelo estava bagunçado e ele parecia com sono também, mas o sorriso bonito ainda existia. Grace, ao lado dele, estava entre o sono e a realidade. Ela também estava de pijamas e eu sorri.


“Oi.” Ele falou baixinho, sorrindo de lado. “Trouxe Shady também, ele não pode ficar sozinho.” Edward colocou simplesmente e só então me dei conta que o cachorro fazia cara feia para mim.


Certo. O dia seria engraçado, no mínimo. Sorri para Edward e, um segundo depois, já estava beijando-o. “Bom dia!” Desejei-lhe, ainda distribuindo beijos castos no canto da boca dele. “Entre. Penso que Grace queira mais algumas horas de sono.”


Ele sorriu e entrou em minha casa, Edward correu os dedos nos cabelos de Grace. “Ela só vai acordar na hora do almoço, não se preocupe. Onde posso colocá-la para dormir?”


Levar Edward para conhecer meu quarto não parecia ser uma ideia boa, mas Grace merecia uma cama confortável. Guiei-nos para a escada, Shady ficou parado no meio da sala e eu quis saber o que ele faria com Kim.


Minha cama estava bagunçada e Edward não mascarou a surpresa. “Seu quarto é legal.” Ele disse simplesmente, colocando Grace no meio da cama e cobrindo-a com minhas mantas. “Ela acorda meio mal humorada, mas não é por mal, sim?”


Antes que saíssemos de meu quarto, Edward enlaçou-me pela cintura. A mão era possessiva e eu o olhei sugestivamente, querendo algumas respostas. “Seu pijama é transparente demais e eu estou ficando angustiado.” Ele falou sorrindo, e não tão discretamente, Edward abaixou os olhos, encarando meus peitos.


Tudo que fiz foi beijá-lo. O que começou doce e tímido terminou quente e entre arfadas. Edward deixou a mão em minha cintura e descemos os degraus, mas eu não estava muito certa sobre deixar Edward ir.


“Vou fazer café para você, espere só um instante.” Falei, indo para a cozinha. “Como gosta? Muito forte?”


Edward cessou meus passos, o abraço foi intenso e cheio de significado. “É o nosso primeiro dia como namorados, o café pode esperar.” A voz veio carregada, mais rouca e o timbre conseguiu me fazer arrepiar. “E seu pijama continua transparente demais.” Edward mantinha os olhos nos meus, ele sorriu quando eu corei.


Puxei-o para o sofá, decidida a ter um pouco dele. Shady ainda estava no meio da sala e aquilo já estava me intrigando. “Ele é sempre assim?”


Ouvi uma risada e senti um par de lábios movendo sobre os meus. A mão de Edward estacionou em minha nuca, levando o meu rosto para o dele. “Ele está procurando Kim, Shady pensa que vai ter um pouco de alívio hoje, mas isso também pode esperar.”


Era uma verdade, aquele homem estava estranho e eu gostava bastante daquilo. Aceitei os lábios dele, abrindo os meus e convidando a língua morna. O primeiro contato me fez queimar e eu não pensei antes de rolar minha mão para o pescoço dele, acarinhando a pele branca e sem barba.


O beijo fora longo e molhado; quando o ar faltou, levei minha boca para a orelha dele. Minha mordida foi sem força e eu sorria enquanto tinha o lóbulo molinho entre meus dentes. “Você fica uma delícia vestido de branco.” Falei-lhe baixinho, aproveitei para soltar uma respiração fria na parte de trás da orelha dele. “Uma delícia de médico.”


Edward só apertou minha nuca, fazendo-me beijá-lo novamente. Não me importei quando ele me levou para o próprio colo, sentando-me de frente. Nós dois nos olhamos, o verde estava quente e suplicante; meus olhos também estavam da mesma forma.


A falta de palavras não me incomodava, era até melhor, pois se eu tentasse falar algo, só sairia besteira, afinal aquilo era o que eu mais queria fazer com Edward naquele momento. Nós não tínhamos muito tempo a sós, o que era ruim, mas, por outro lado, eu sabia que era cedo para Edward saber o caminho de minha cama.


Minhas divagações findaram quando eu ganhei um beijo diferente. Mais quente que os outros, menos inocente também. Ajeitei-me no colo de Edward, recebendo, em troca, algo bem perto de um gemido. Um par de mãos corria a extensão de minhas costas, parando perto de minha bunda e me puxando para mais perto.


Em algum momento, aquilo começou a ficar insuportável. O calor, a vontade, a curiosidade. Tudo era maior que eu. Sem saber se eu fora discreta ou não, movi-me sobre o quadril dele. Meu choramingar saiu no mesmo instante em que o senti contra minha coxa. Absolutamente duro.


Edward desceu as mãos até minha bunda. Ele não foi discreto ao me puxar para mais perto, a ponto criar um atrito bom. Só existia roupa demais entre nós e eu não sabia o que fazer sobre aquilo.


Ainda nos beijando, puxei-lhe os cabelos, Edward soltou um arfar e chupou meu lábio. “Não me provoque, por favor.” Ele pediu em tom rouco. “Você é a melhor mulher que existe; linda demais.”


A fala veio ajuntada de um apertar em minha bunda. Eu pisquei meio surpresa e excitada. “Quem é você e o que fez com meu médico quietinho?”


Ganhei um beijo curto, Edward sorriu para mim, com os olhos derramando malícia. “Seu médico quietinho é um homem cheio de vontade e, para a sorte dele, tem uma mulher gostosa demais, que fica tentando-o.”


Minha resposta foi beijá-lo, de boca aberta e com volúpia. Meu senso estava indo para o ralo e eu não queria resgatá-lo. Movi-me novamente sobre o quadril dele, mas, dessa vez, a fricção foi mais intensa e eu agradeci o fato de short do pijama ser fino demais.


O toque na parte interna de minha coxa fora repentino, Edward usou toda ousadia que tinha e avançou mais, indo de encontro à minha parte mais quente e molhada. “Deus!” Exclamei quando o calor tornou-se bom demais. “Eu quero arrancar sua roupa, Edward.” Soltei contra os lábios dele. Ouvi uma risada e tudo que vi foi Edward tirando a camisa, deixando-a no braço do sofá.


Tive que parar de beijá-lo, pois eu precisava fotografar aquele homem sem camisa. Por um breve instante, cogitei subir os degraus, atrapalhar o sono de Grace e pegar minha câmera. Edward era uma delícia, não tão forte, nem magrelo. Bom para mim. Eu sorri e levei meus lábios para o pescoço dele, decidida a descer e morder-lhe o ombro.


Mordi-o com vontade, o barulho que Edward soltou só me fez repetir o ato e, dessa vez, correr minha língua na região. A resposta de Edward foi manter uma mão em minha coxa, bem perto de minha intimidade, a outra subiu por minha lateral e, sem qualquer aviso, ele apertou meu peito, sendo firme e quase dolorido.


Meu gemido ecoou e me fez investir meu quadril contra o dele. Não sei como, mas Edward tirou minha camisa e trilhou beijos por minha clavícula. Eu arfava e estava louca para tê-lo fazendo qualquer coisa em meu peito.


Meu corpo chicoteou quando senti o dedo de Edward me tocando sobre as duas camadas de tecido. Era quente e lento, meio indeciso também. Voltei a beijá-lo na boca, dando-lhe completo consentimento. E aquilo foi tudo o que Edward precisava.


Empenhei-me em beijá-lo, Edward sorriu e rolou a mão para dentro de meu short, tocando-me sobre a calcinha úmida. A sala só tinha nossos gemidos e eu nunca mais olharia para aquele sofá com bons olhos. Quando a mão infiltrou-se em minhas dobras, convulsionei. Era bom demais, era forte demais. Um tesão só. Eu choramingava enquanto ele me estimulava, a boca dele saiu da minha, mas agradeci o fato de ela se dedicar integralmente ao meu peito.


Edward, apesar de tudo, soube me tocar de um jeito gostoso. Firme e ousado, os dois dedos bombearam dentro de mim, causando-me espasmos e mais lubrificação. A boca fazia de tudo em meu peito, ora chupando, ora mordendo.


Não me importei com meu egoísmo, a ereção de Edward ainda tremia contra minha coxa. Minha mão massageou-o de um jeito atrapalhado, mas Edward me parou, sorrindo. “Não vai dar certo se eu ficar pegajoso pelo resto do dia.” Ele falou e voltou a me estimular.


Era fácil ouvir o barulho do deslizar dos dedos dele, a umidade me deixava lambuzada e eu cerrei meus olhos quando senti a queimação em meu baixo ventre. Houve os tremores, eu arqueei meu corpo, deliciando-me com a sensação de outro mundo. O gozo me deixou mole e sorridente, mais afetada que o normal.


Nossas respirações iam se regulando aos poucos. Deitei minha cabeça no pescoço de Edward, inspirando o cheiro bom. Meus lábios criaram vida e distribuíram beijinhos curtos na região. O dedo de Edward ainda estava dentro de mim e eu gemi frustrada quando ele o tirou.


“Você precisa ir.” Falei-lhe baixinho, sabendo que eu deveria falar algo melhor que aquilo.


Edward praticamente gargalhou, ele pegou meu rosto, encarando meus olhos. “Eu te faço tremer e você me manda embora?”


Meu rosto tingiu-se de vermelho, beijei-o delicadamente. “Eu não sei o que dizer.” Confessei por fim, soando um pouco ingrata. Eu tinha muito que dizer, falar que ele era bom em tudo, que eu estava amando tudo aquilo que estava acontecendo conosco, que nada era mais gostoso que beijá-lo e senti-lo. Que ele tinha aparecido na hora certa, que era muito fácil não pensar em nada quando eu estava com ele.


Deixei meus olhos nos de Edward, tentando colocar todas as palavras naquela troca de olhar. Ele sorriu e me beijou a ponta de meu nariz. “Eu também sinto isso tudo.”


Só consegui sorrir. Dei-lhe a camisa branca e vesti a minha, puxei Edward do sofá e levei-o para a porta. “Até mais tarde, bom trabalho.”


“Obrigado.” Edward falou antes de me beijar. “Se Grace ou Shady te importunarem, me avise.”


“Não seja bobo, sua filha é um doce e daqui a pouco Kim vai descer para encontrar o pai dos filhotinhos dela.” Falei com diversão, beijando-o mais. “O que Grace gosta de comer? Preciso fazer alguma coisa para ela.”


“Ela come qualquer coisa, Grace tem um apetite de outro mundo.” Edward também sorriu. “Eu preciso ir, passo aqui para buscá-los.”


Assenti simplesmente, soprei-lhe um beijo e tranquei a porta. Sorri sozinha quando olhei para o sofá. Eu teria uma boa lembrança de meu primeiro amasso com aquele médico.


No meio da manhã, decidi organizar minha casa, como também preparar alguma coisa para Grace comer. Pedi para que ela ficasse satisfeita com os biscoitos, o pedaço de bolo e o suco. Kim desceu os degraus com rapidez, o que fez Shady sair do tapete da sala.


Talvez fosse coisa de minha cabeça, mas os dois trocaram um olhar cheio de significado. Shady correu para ela, cheirando-a e eu paralisei quando percebi as intenções dele.


“Por Deus, cachorro safado! Ela está grávida!” Gritei para ele, findando qualquer investida do cachorro sem coração. “Não vê que ela está mais gorda e mal humorada?!”


“E você, Kim? Pensa que pode ficar dando a qualquer hora? Pense em seus filhotinhos!” Ralhei em voz alta e irritada. “Eu quero vocês dois quietinhos ali na sala, agradeçam por estarem deixando pelos em meu tapete.”


“Bella?” A voz cantada de Grace soou sonolenta, girei-me e a vi no alto da escada. “Aconteceu alguma coisa? Você estava gritando!”


Soltei um barulho engraçado, apenas sorri para ela. “Seu cachorro estava assediando Kim.” Expliquei-lhe. “Desculpe por atrapalhar seu sono, preparei seu café. Quer comer agora ou prefere dormir mais?”


Grace terminou de descer a escada. O cabelo loiro estava em todo lugar e o pijama não poderia estar mais torto. “Comer, com certeza.” Ela disse e caminhou para a mesa. “Nem sei como vim parar aqui, só me lembro de meu pai me acordando.”


“Ele saiu daqui agora há pouco.” Disse-lhe e preferi editar a parte em que Edward tinha me dado um orgasmo gostoso demais. “Vai passar aqui à noite para te buscar.”


Ela concordou com a cabeça e deu atenção a comida. “Sua cachorra é uma graça, senti-a entre meus pés enquanto dormia.”


“Kim gosta daquela cama.” Confirmei em voz divertida. “Ela parece feliz por Shady estar aqui.”


“Eu vou querer um filhote, certo?” Grace falou com a mesma animação, cortando mais uma fatia de bolo. “Céus, estou com muita fome!”


“Eu vejo.” Falei rapidamente, sorrindo para o tanto de comida que tinha no prato. “O que quer fazer hoje?”


“Bella, não se preocupe. Está tudo bem, pode continuar com seus compromissos. Penso que voltarei a dormir daqui a pouco.” Grace me deu uma fala longa e concentrou-se no café da manhã. “Esqueci-me de trazer roupas, terei que ficar de pijama o dia inteiro.”


Abri um sorriso e caminhei para a geladeira, a fim de pegar mais suco. Existiam muitas anotações e uma dizia que eu marcara a manicure para a tarde. “Grace, quer ir fazer a unha comigo? Passamos em sua casa e você troca de roupa, podemos almoçar fora também; se ainda não percebeu, eu cozinho mal demais.”


Ela sorriu e piscou. “Isso parece bom.” Grace saiu da mesa e levou as louças para a pia. “Acho que trouxe as chaves lá de casa.” Antes que ela começasse a lavá-las, impedi-a.


“Você é minha visita.” Falei enquanto tirava o prato da mão dela. “Nada de trabalho escravo aqui.”


Grace gargalhou e prendeu os cabelos, o olhar que ela me deu foi engraçado e curioso. “Você e meu pai estão bem, não é? Você está sorrindo à toa!”


“Está tudo certo sim.” Assegurei-lhe e senti meu rosto queimar. “Estamos namorando também.”


O verde do olho dela derramou felicidade, Grace piscou para mim, sendo absolutamente presunçosa. “Vocês são rapidinhos demais! Estou feliz com isso tudo.”


Também sorri e guiei-nos para fora da cozinha. Kim e Shady estavam no tapete da sala e só então percebi que o cachorro de Edward era bem maior que minha Kim, ele a olhava, olhava-a de verdade, meio apaixonado.


Entramos em meu quarto e encontrei a cama arrumada, Grace me olhou e deu de ombros. “Meu pai disse para eu ser uma boa hóspede, nunca arrumo minha cama, então não sei muito bem como fazer isto.”


“Oh!” Coloquei com certa diversão. “Também nunca arrumo, mas obrigada por tê-lo feito.”


O plano de almoçar fora ainda existia, olhei para os ponteiros do relógio, assustando-me com o horário, já era quase onze. “Vou tomar banho, sim? Fique à vontade. Meu computador não tem senha, pode usá-lo se quiser.”


Grace não se moveu, então coube a mim, deixá-la entretida. “Quer tirar fotos? Pode escolher a câmera que quiser.”


“Bella, estou de pijama e com cara de sono!” Grace falou como se fosse muito óbvio. “Nada de fotos.”


“Eu as arrumo depois.” Eu disse e dei uma câmera na mão dela. “Você fala como se não fosse bonita além do limite.” Falei por fim, decidida a não discutir a beleza sobrenatural de Grace. Eu caminhei para o banheiro, sorri quando ouvi um flash.


De banho tomado e com a toalha presa logo acima de meus peitos, voltei para o quarto, vendo que Grace estava vidrada na tela de meu computador. “Eu disse que você iria gostar.” Falei, buscando a atenção dela. “Depois te ensino como arrumá-las, todo mundo fica bonito com photoshop.”


“Estou vendo as fotos que você tirou em Nova Iorque. Deus, esse lugar é incrível!” Grace falou, ainda meio absorta. Ela ergueu os olhos e corou. “Desculpe-me, vou dar licença para você se trocar...”


Corei por vê-la corada. “Não ligo.” Falei e busquei minhas roupas. Ela também era uma menina e Grace não veria nada de novo em meu corpo. “Vestido ou a saia?” Mostrei-lhe as duas peças; com certeza, Grace saberia mais que eu.


“A saia.” Ela falou depois de analisar as roupas. “Só é meio curta, mas vai ficar bom em você.”


Eu vesti a saia e uma blusa de alças, peguei a primeira bolsa que vi. “Está pronta para ir? Passamos em sua casa e procuramos um restaurante legal.”


“Grace, o que há?” Perguntei com evidente confusão. Eu estava no meio do jardim e Grace ainda estava dentro de casa, apenas com a cabeça para fora. “Vai querer ficar aqui e comer minha comida ruim?”


“Por favor, certifique-se que ninguém vai me ver neste estado.” Ela pediu sem me mover. “Serei piada pelas próximas 3241641647 semanas.”


Certo. Grace era exagerada e dramática. Olhei para todos os lados, a rua estava a esmo, perfeita para Grace. “Venha, não tem ninguém.”


Minha gargalhada se arrastou quando Grace correu pelo jardim, ela tampava o rosto com as mãos, tentando se camuflar. Eu dirigi até as coordenadas dadas por Grace. Edward e ela moravam em uma casa bonita, com o jardim cheio de flores amarelas. Sorri quando vi o chaveiro de Grace, realmente era um ossinho quase igual ao meu; ela abriu a porta e acendeu as luzes.


“Ignore a bagunça, sexta é dia de pizza e meu pai se esqueceu de jogar as caixas fora.” Grace falou enquanto subia os degraus. Para mim, a casa estava absolutamente organizada, até as pilhas de caixas de pizzas pareciam em ordem. “Venha, vou te mostrar meu quarto.”


Segui os passos dela, o corredor iluminou-se e tive a visão de três portas. Perguntei-me se eu tinha o direito de dar uma escapadela e ter um pouco do quarto de Edward. Preferi não ser tão curiosa e entrar no quarto em que Grace entrou.


Para minha felicidade, o quarto bem decorado era repleto de fotos. De Grace pequenina, dela sem os dois dentes da frente. Edward sempre estava ao lado dela, era fácil perceber que o tempo só fez bem a ele.


“É só tomar um banho, prometo ser rápida.” Grace falou enquanto segurava um par de roupas e uma toalha. “Fique à vontade, pode ir lá no quarto de meu pai, deve estar destrancado.”


Só sorri para ela, eu não iria a lugar nenhum. Preferi conhecer o quarto de Edward na presença dele, seria melhor e menos intromissão. Voltei minha atenção para as fotos, vendo o quão grande era o laço que Edward tinha com Grace. Ele a amava demais, indo um pouco mais longe, Edward era louco por ela.


Grace não demorou a sair do banheiro, ela usava um short desfiado e uma camisa larguinha, sem muita informação. “Podemos ir agora.” A voz arrastou-se, meio irritada. “Meu cabelo vai ficar assim mesmo, sem ânimo para arrumá-lo.”


“Você está bonita.” Falei a verdade e sorri para ela. Nós descemos os degraus e passamos pela porta. “Não se esqueça de trancá-la.” Lembrei-a e Grace balançou o chaveiro de ossinho velho para mim.


Ela e eu estávamos inclinadas a comer comida mal feita, então entramos no primeiro drive thru que avistamos. Grace não era fã de refrigerante, o que eu julguei ser bom. Eu comia enquanto dirigia, a música estava alta e surpreendi-me ao ver Grace cantando uma letra qualquer.


“Então você gosta dessas bandas cheias de meninos bonitinhos?” Perguntei-lhe em voz quase gritada, só assim para ter a atenção dela.


Grace me deu um olhar que não soube decifrar. “Bonitinhos? Bella, por favor, eles são... Meu Deus, eles são um pecado!”


Tive que gargalhar. Grace só era adolescente demais. “Certo, mais bonito que aquele menino que você vive beijando no colégio? Qual é o nome dele mesmo? Marshall?!”


O rosto de Grace corou em escarlate, ela balbuciou, sem saber o que realmente dizer. Ela gesticulou e correu os dedos pelo cabelo longo. “Ele mesmo. Graças a Deus que você não dá aula para a turma dele, seria estranho.”


O menino era no máximo, dois anos mais velho que Grace, com o padrão de beleza que fazia a cabeça das meninas daquela idade. “Vocês estão bem?” Tentei não ser tão intrometida, mas parecia certo saber qual tipo de relação Grace tinha com ele.


“Acho que sim, mas penso que ele está meio chateado comigo.” Grace colocou rapidamente, dando uma mordida grande no hambúrguer. “Ele pensa que pode fazer comigo o que fez com todas as outras, ele não vai colocar a mão dentro de minha camisa tão cedo.”


Engasguei e quase mandei o carro para a pista contrária. Grace realmente estava falando sobre quando um menino iria pegar nos peitos dela?! Eu corei apenas por não saber o que responder.


“Eu gosto de beijá-lo e só.” Grace falou com naturalidade, corando um pouquinho. “Embora eu tenha vontade de saber como é, sei que isto pode esperar.”


Era um fato. Eu iria causar um acidente de trânsito e iríamos parar nas mãos de Edward. Grace tinha que parar de falar aquelas coisas, para o nosso bem. “Garota, você já tem vontades?” Perguntei realmente preocupada. “Que tipo de vontades?”


Grace arregalou os olhos para mim. “Bella, oras, vontades! Não me diga que você não tem!”


A menina era louca, mas muito louca mesmo. Grace se esqueceu que existia uma diferença de dez anos nos separando. “Grace, por favor, diga que você ainda está só nos beijos.”


“Bella, você sabe, beijar dá vontade...” Grace falou com naturalidade, me assustando até o limite. A menina era um perigo. “É bom.”


Para o meu bem, foquei na música que ainda estava alta demais. Grace sorriu de lado e me olhou do mesmo jeito. “Vocês adultos são engraçados.” Ela falou sem tom de deboche. “Vivem fazendo e ficam envergonhados quando falam dessas coisas.”


O carro saiu da pista de novo, sorri para ela, deixando bem claro que era melhor pararmos com aquela conversa estranha. Era uma questão de sobrevivência.

(...)

Com as unhas pintadas, voltamos para casa. Grace escolhera o esmalte mais nude que tinha, eu, por minha vez, fiquei na cartela dos mais escuros. Não estranhei quando ela adormeceu no sofá, Grace apenas pegou a almofada e, segundos depois, já dormia.


Averiguei a situação de Shady e Kim. Os dois estavam perto da escada, um sendo a sombra do outro. “Oi, família feliz!” Cumprimentei-os. “Vou trazer mais ração e água para vocês.”


Antes de eu encher a tigelinha cor de rosa, meu celular tocou e corri para atendê-lo, tentando não acordar Grace. Pedi que fosse Edward, apenas para alegrar minha tarde, mas era o número de minha mãe, então fiquei feliz também.


“Oi, mãe!” Falei com entusiasmo, quase interrompendo o sono de Grace. “Como está?”


“Estou ótima, e você, meu bebê?” A voz de minha mãe arrastou-se e eu pedi internamente para ela parar de me chamar daquele jeito. “Você disse que nos visitaria todo mês, você está aí há dois e nunca veio à Flórida.”


Eu estava sendo de fato uma filha desleixada. “Só tem muita coisa acontecendo, mãe. Tem as aulas, estou sempre fotografando alguma festa...” Expliquei-lhe, sentando no sofá e encarando o rosto de Grace. “Tenho novidades.”


Ouvi uma risadinha, coisa típica de minha mãe. “Você parece feliz, bebê.” Ela falou também feliz. “Qual é o nome?”


Edward.” Falei com o maior sorriso do mundo, o subir de meus lábios fora demorado e me causou certo desconforto. “Edward Cullen.”


“O nome me agrada.” Minha mãe falou mais alto. “Como ele é? Bonito?”


“Muito bonito e médico.” Minha voz esquentou e eu poderia passar a tarde falando de Edward. “Penso que você irá gostar dele, talvez até meu pai se simpatize também.”


“Não espere muito de seu pai, você sabe, ele ainda pensa que você tem dez anos.” Ela disse sem mudar a voz. “Vocês poderiam vir nos visitar, o que acha? No próximo fim de semana.”


“Edward trabalha muito, mas vou tentar, sim? Nós começamos a namorar agora, não quero assustá-lo também.” Pontuei em pausas, ouvindo uma risada gostosa.


Minha mãe falou algo indecifrável e sorriu depois. “Espero vocês, quero conhecê-lo.”


Despedi-me dela, prometendo viajar para a Flórida no próximo fim de semana. Eu só precisava convencer Edward e Grace a irem comigo. O sono de Grace era pesado, nem mesmo o barulho de panelas caindo a acordava. Estava anoitecendo e era sabido que Edward buscaria Grace; com certeza ele estaria com fome e eu tentei fazer alguma coisa comestível para nós três.


Decidi pelo fácil e prático macarrão. Depois de muita sujeira e desperdício, o prato tinha uma cara boa. O queijo ainda estava derretendo quando Grace acordou.


“Eu nunca vou entender minha fome. Parece que não comi nada hoje.” Ela falou, vindo para a cozinha, o cabelo estava no rosto dela e eu sorri. “Preciso esperar meu pai para comer? Acho que não aguento esperar.”


Servi-a com exagero, só assim para acabar com a fome dela. “Quer suco de manga?” Perguntei-lhe e, sem esperar a resposta, enchi um copo para ela. “Eu quase não cozinho, espero que esteja bom.”


Grace apenas fez um positivo com o dedão e voltou a comer, juntei-me a ela na mesa, só para fazer-lhe companhia. Edward não demorou a bater na porta, Grace sorriu quando saí correndo da mesa.


Também abri a porta com agilidade, encontrando um par de olhos felizes. Dei-lhe minha mão, puxando-o para dentro. “Estava fazendo comida para nós, mas acho que Grace já comeu tudo.”


Edward sorriu de lado, apertando minha mão. “Minha filha e meu cachorro safado não te deram problema?”


“Sério, quero-a para mim! Grace consegue ser pior que eu.” Falei entre sorrisos. “Venha, fiz macarrão.”


Levei-o para a cozinha, Grace saiu da cadeira e abraçou a cintura de Edward. “Pai, experimente esse macarrão, está absolutamente gostoso.”


Edward o fez sem cerimônias, servi-me também. “Muitas consultas?” Perguntei-lhe enquanto enchia nossos copos. “Você parece um pouco cansado.”


“Lidar com gente morta é mais fácil, mas clinicar é bom também. Tinha tempo que eu não o fazia.” Edward falou depois de mastigar. “O que Grace e você fizeram?”


“Tiramos fotos, pintamos nossas unhas, comemos besteira...” Listei para ele, recebendo um sorriso de Grace e uma piscadela dele. “Quero mais dias com Grace, sim? Foi divertido.”


Quando terminamos de jantar, levei-nos para a sala. Shady e Kim pareciam dormir no canto do sofá. Grace, Edward e eu ocupamos o outro. Foi engraçado quando Grace percebeu que estava entre mim e Edward. “Oh! Desculpem-me, não quero atrapalhar meu casal predileto.”


Nós sorrimos, Edward me fez deitar minha cabeça no ombro dele, o carinho feito em meus cabelos quase me fez adormecer. Grace estava concentrada demais no celular e nas mensagens que escrevia.


“Minha mãe me ligou.” Coloquei baixinho, quebrando um silêncio bom. “Eu contei sobre nós dois.”


Edward intensificou o afago em minha nuca. “Qual é o nome de minha sogra?”


“Renée.” Falei no meio de uma risadinha. “Ela quer te conhecer. Pediu para voarmos para lá no próximo fim de semana, eu disse que iria ver se você podia.”


“Nós vamos, amor.” Edward falou pertinho de minha orelha. “Eu disse que isto seria sério. Devo te apresentar a minha família também, apesar de eles já te conhecerem.”


“Só não dê importância para as coisas que meu pai disser, ele tende a ser muito protetor.” Avise-o com antecedência e aproveitei para beijá-lo. “Lá tem boas praias, podemos ir. Grace vai adorar.”


Edward procurou meus olhos, transbordando confusão. “Grace vai conosco? Pensei que seríamos só nós dois.”


Rolei os meus olhos para ele. Apesar de eu não ter falado sobre Grace com minha mãe, era claro que era iria conosco. Ela era a filha de Edward, era importante tê-la conosco também. “Eu já disse, quero roubar Grace para mim. Ela vai amar o sol de lá.”


Ganhei um beijinho curto e um sorriso. Edward fez malabarismo e correu os dedos pelos cabelos de Grace. “Ouviu, filha? Estamos indo para a Flórida na próxima sexta.”


Grace só nos deu um sorriso enorme, daqueles cheios de felicidade. “Isso é ótimo!” Ela falou com energia. “Juro que tentarei ser normal.”


Eu também a acarinhei nos cabelos, sabendo que ela estava fazendo uma promessa impossível. Grace era a loucura em pessoa e me ter por perto só agravava a situação, mas, por outro lado, nada era melhor que tê-la por perto. Éramos uma boa dupla, claro, um tanto loucas, mas uma boa dupla.


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Notas finais do capítulo

Então, gostaram? Digam-me nos reviews, sim? Conto com vocês. Ah, fiquei feliz em descobrir um tanto de leitores novos, continuem aparecendo e comentando.
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Recomendações me fazem feliz, deixe-as!
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Nos vemos nos comentários. Volto semana que vem com mais um capítulo, com esses três na Flórida.
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Beijos, até.